1. Spirit Fanfics >
  2. Back 2 U (AM 01:27) >
  3. Capítulo 25

História Back 2 U (AM 01:27) - Capítulo 25


Escrita por: sichlng

Notas do Autor


oi fgente se em algum momento da fic eu falei q o ten era filho unico por favor me digam pra eu corrigir
esse capitulo tem mt pega~çao desculpahhhhhhhhh

boa leitura

Capítulo 25 - Capítulo 25


 

 [TEN POV.]

Muitos dias se passaram, e a cada segundo em que a paz estava presente entre a gente, só me deixava ainda mais feliz e satisfeito por tudo finalmente ter chegado a um fim e único contexto: nós agora poderíamos ficar despreocupados. E isso era extremamente bom, apesar de que a rotina continuava sempre a mesma, era melhor do que se preocupar por alguém querendo acabar com a nossa vida ou coisa parecida. 

Até que em uma madrugada, fui acordado por Johnny. Não era nada demais, é só que naquele dia, finalmente seria quando nós iríamos para Chicago, junto com o Jisung. Eu me sentia bastante ansioso, fazia muito tempo desde a última vez em que saí do país em que morava, e estas poucas vezes que deixei a Coreia, eu voltava para Bangkok para ficar com a minha família. Então depois de nós pegarmos tudo o destino era o aeroporto, mesmo que eu estivesse prestes a cair de sono.

• ● ◇ ● •

– Não entendi por que você tá usando essa máscara na sua cara. – Falei rindo enquanto me sentava ao lado de Youngho, esperando pra gente embarcar logo. Jisung estava inquieto e ansioso, não parava de andar pelo lugar.

– Pra me sentir aqueles famosos que sempre usam máscara no aeroporto. – Johnny respondeu. – Eu juro que me sinto mais superior usando isso.

– Você tá parecendo um idiota.  – Comecei a rir enquanto ele ignorava, convencido de que estava arrasando tampando metade do seu rosto. 

A gente ainda tinha que esperar pelo menos mais trinta minutos até realmente entrar no avião, então fui com Jisung até uma lojinha comprar alguma coisa já que ele reclamava de sede o tempo inteiro. Chegando no balcão, tentei parecer surpreso ao ver Taeil atendendo, mas nem isso consegui atuar, e ele também pareceu perceber que eu não estava lá chocado com seu mais novo emprego. 
Aquele tempo inteiro eu estava imaginando que iríamos para Chicago de uma vez, mas fizeram uma chamada para o voo com destino à Bangkok e Johnny levantou-se e pegou minha mão, puxando-me para a entrada no avião. Eu recuei.

–  Quê? A gente vai pros Estados Unidos, não para Tailândia.  – Indaguei. Youngho e Jisung me encararam ao mesmo tempo, até eles finalmente se tocarem, aqueles dois idiotas.

–  Ten... Essa é a primeira parte de muitas surpresas.  – Eu até tentei falar alguma coisa antes dele simplesmente me puxar pra dentro do corredor que levava ao avião. Fiquei calado até o momento que me sentei e me virei para Youngho que colocava a máscara abaixo de seu queixo. 

–  Eu... E-Eu tenho medo de você.  – Falei apontando meu indicador pra ele, que me olhou confuso. Jisung também estava sem entender nada.  – Meu Deus, eu falei aquele mesmo dia que queria te levar pra Bangkok e olha só pra onde caralhos a gente tá indo.  – Coloquei as mãos no rosto.

–  Eu já tinha arrumado passagem pra Bangkok antes mesmo de você me falar que queria me levar pra lá.  – Youngho respondeu se ajeitando na cadeira.  – Na verdade não eu, o Taeyong.

–  O que mais vocês dois planejaram?!

–  É segredo.  – Eu fiquei com raiva. Odiava que me deixassem curioso.

–  Ah, você e o Taeyong... Não sei o porquê de eu ainda tentar tirar alguma palavra da boca dos dois.  – Me encolhi para dormir no cantinho entre a parede do avião e a cadeira, já que tive o privilégio de me sentar ao lado da janela. Johnny riu e pegou uma almofadinha pra eu colocar ao redor do meu pescoço e me sentir mais confortável. Foi fofo mesmo que eu estivesse com raiva.

Não tinha muito o que fazer ali dentro na verdade, então eu dormi por um tempo, e quando acordei, Jisung também já estava adormecido, assim como Youngho. Eu estava tão bêbado de sono que logo quando me lembrei que estava indo em direção à Bangkok, a emoção me veio a flor da pele e me senti obrigado a ir até o banheiro jogar um pouco de água no rosto. Como era algo simples que eu faria rapidamente não me prestei ao serviço de trancar a porta, mas soube que havia cometido um erro quando Youngho entrou ali dentro aleatoriamente.

– Ah, você tá aqui, então. – Ele disse, sorrindo.

–  M-Meu Deus, você não tava dormindo?!  – Perguntei assustado enquano secava as mãos. Minha tentativa falha de recuar só me fez ficar mais nervoso pois fiquei com as costas contra a parede e não tinha como fugir dos toques de Youngho, que envolveu minha cintura com sua mão e aproximava seu rosto do meu. v Youngho...! A-Aqui não... Que falta de noção... A-Ah!  – Suspirei um pouco mais alto quando ele mordeu meu pescoço, e depois tampei minha boca para que não soltasse mais daqueles barulhos e chamasse atenção das pessoas lá fora. –

Ah... A-Aqui é pequeno demais...

– Mas ainda dá pra você fazer algo por mim.

– Q-Quê?! – Perguntei espantado, mas logo ele colou seus lábios nos meus e começou a me beijar ferozmente, de modo que eu quase não consegui o acompanhar. Depois que nós dois ficamos sem ar, Johnny finalmente soltou da minha boca. 

– Vai fazer isso pra mim, não vai?

– O-Óbvio que não! Todo mundo lá fora já deve estar estranhando a nossa demora... 

– Todos estão dormindo. 

– Merda, Youngho... – Continuei resmungando até ele finalmente me convencer a ajoelhar ali e fazer o que queria. Encostei na coxa de Youngho, eu estava com vergonha e incerto se realmente deveria fazer aquilo ali.

– Quanto mais demorar, pior, TenTen. – Disse sorrindo malicioso. Eu abaixei a cabeça em derrota e fui logo em frente com aquilo.

...

Eu saí de dentro daquele banheiro minúsculo me sentindo estranho, e com um gosto estranho na boca, já que Youngho evitou uma sujeira e tanta, mas acabou sobrando pra mim. Ainda um pouco traumatizado eu voltei para o meu lugar e Jisung já tinha acordado, assim como todo mundo daquele avião. 

– Você... Tá bem...? – Ele perguntou e eu rapidamente assenti com a cabeça, sorrindo sem graça. – Seu cabelo tá muito bagunçado, pai.

– Ah, é... É que... – Comecei a ficar sem jeito por conta do trauma e Youngho me ajudou.

– Ten começou a se sentir ansioso e nervoso, precisei ir ajudar ele. – Disse, Jisung pareceu entender e voltou a ler um mangá que havia trago. Eu suspirei aliviado e relaxei na cadeira, quando uma das comissárias de bordo simplesmente brotou do nosso lado oferecendo coisas pra comer e beber. 

Jisung pegou uma coca-cola e quando a mulher ia me oferecer alguma coisa, uma outra voz surgiu ali.

– Algo para comer ou beber, senhor? – Ela perguntou sorrindo.

– Eu já dei algo pra ele. – Johnny disse me encarando malicioso. Jisung engasgou, e eu só não me assustei e tive uma reação precipitada porque eu ajudei o mais novo, depois olhei para Youngho com fogo nos olhos, ele estava relaxado, e logo tirou uma garrafa d'água da mochila. – Mas se quiser pegar alguma coisa, fique à vontade, amorzinho.  

– Eu... Tô bem. – Respondi me encolhendo e a aeromoça ainda sorria paralisada e traumatizada com os três piores passageiros daquele avião, depois saiu apressada de perto da gente. Jisung começou a ter uma crise de riso e eu não conseguia fazer ele parar, então me escondi dentro de um cachecol de Youngho e da blusa de frio que estava vestindo. Eu com certeza não entraria em um avião de novo tão cedo, quem dirá daquela companhia.

...

Boas horas depois nós pousamos em Bangkok. Me levantei pegando minhas coisas e a mesma comissária que havia nos servido ainda estava nos encarando estranho, então para não deixar uma impressão ruim antes de ir embora eu tentei sorrir gentilmente e fui pegar as minhas malas, mas Youngho me impediu e insistiu que as levaria. Enquanto a gente caminhava pra fora do aeroporto me surgiu uma dúvida. 

– Onde a gente vai ficar? – Perguntei enquanto cruzava meu braço com o de Youngho. Ele parou aleatoriamente e me olhou.

– Como assim você não sabe? Óbvio que é na casa da sua da família. – Johnny realmente parecia surpreendido.

– Quê?! – Eu falei alto e acabou chamando a atenção das pessoas dali. – Eu nem sei se eles ainda moram aqui!

– Meu Deus caralho. – Youngho colocou a mão na testa e me levou até a rua para chamar um táxi, disse que ia procurar um hotel mais próximo pra gente "se virar" e eu realmente não estava crendo naquilo. Era para ser uma viagem perfeita mas ele simplesmente esqueceu e pensou que nós iríamos dormir na rua. Só pode. 

O táxi chegou e eu entrei no carro emburrado e estressado, planejava deitar e descansar depois que chegasse mas pelo jeito isso levaria algum tempo. 

Uns minutos depois no carro, paramos em algum lugar que eu nem fiz questão de olhar, fiquei no celular o tempo inteiro procurando distração da raiva.

– Ten. – Youngho chamou meu nome. - Chittaphon.

– O que foi merda? – Respondi grosseiro. Johnny pacientemente respirou fundo e apontou para uma casa, e olhei e senti meu coração apertar. Era onde eu morava antes de mudar de país e ver aquela residência depois de muito tempo era algo extremamente nostálgico. Quis dar um soco em Youngho por ter me enganado assim tão na cara dura, mas eu apenas o abracei forte e deixei meus olhos lacrimejarem.

– Achou mesmo que eu iria te levar pra viajar assim de qualquer jeito, seu idiota? – Ele disse me abraçando de volta. – Eu falei que ia ser uma viagem inesquecível. 

– Eu odeio você. – Falei limpando o rosto. Depois de pegarmos todas as nossas coisas eu fui até a porta, e duvidava um pouco que estivesse aberta, mas assim que coloquei a mão na maçaneta ela se virou sozinha e surgiu uma imagem feminina na minha frente. – T-Terny?!

– Chittaphon! – Minha irmã sorriu e me abraçou rapidamente, feliz por me ver. Faziam muitos anos que a gente não se via, porque ela não foi pra Coreia comigo e meus pais. – Ahh, eu estou muito feliz de te ver de novo, irmão. Estava prestes a viajar para ir morar com você, até aprendi coreano!

– Sério? Também estou feliz de te ver. – Depois de uns minutos abraçados e dizendo o quanto nós sentimos falta um do outro, mesmo brigando na maior parte do tempo, Terny me soltou e cumprimentou Youngho e Jisung.

– Não acredito que um acéfalo como o Chittaphon conseguiu criar uma família tão linda. – Revirei os olhos, estava bom demais pra ser verdade ela sendo tão boazinha assim. Entrei em casa e encontrei-me com vários familiares, inclusive meu pai também estava ali, só senti um aperto pela ausência de minha mãe. Foi incrível poder apresentar Jisung e Youngho para todos os meus parentes, pelo jeito haviam se dado muito bem. Levei os dois para meu antigo quarto, apresentei a casa inteira, e também senti aquele sentimento gostoso da nostalgia, dava falta de quando eu tinha alguns poucos cinco anos de idade e brincava, aproveitava aquela casa ao máximo.

Me sentia cansado, desabei na minha cama que ainda permanecia a mesma durante tanto tempo e fechei os olhos. Youngho se sentou do meu lado e cutucou minha barriga, me fazendo levantar rapidamente de susto.

– E aí? 

– ... Eu não sei se eu te odeio ou eu te amo. – Falei sorrindo.

– Pode fazer os dois desde que me ame mais. – Ele devolveu a expressão e acariciou minha mão. – Espero que você esteja gostando.

– Eu estou. Estou amando. Você é incrível.

– Eu sei que sou.

– Idiota. Vou dormir depois dessa. – Me deitei de novo e abracei meu travesseiro, fazendo-o rir e se deitar do meu lado.

– Faço de tudo pra ver esse sorriso lindo no seu rosto mais lindo ainda. – Fiquei vermelho. Fervendo de vergonha. E isso fez ele se divertir mais ainda com minha situação.

– Eu realmente odeio você.

– Então você vai dormir dentro do abraço do cara que você odeia e vai descansar. – Youngho puxou-me para mais perto, e eu o abracei como um travesseiro, preparado para descansar nos braços daquele cara que com certeza havia gastado muito só pra me ver feliz.

• ● ◇ ● •

– Jisung, eu fiz isso especialmente pra você. – Coloquei um prato na frente de Jisung, ele olhou estranho, meio desconfiado e confuso.

– O que é isso? – Perguntou enquanto pegava uma das flores fritas, que era uma iguaria da Tailândia.

– Te juro que é gostoso. Eu comi muito disso quando era pequeno. – Jisung continuou parecer enojado, revirei os olhos, peguei uma e comi. – Deixa de ser fresco.

– Eu escolho o que eu como pela imagem e isso não me parece muito promissor. – Ele disse rindo.

– Você quem é mimado. – Youngho chegou por trás.

– O que é isso? – Perguntou pegando uma das flores e enfiando na boca rapidamente, depois de comer, fez uma cara de aprovação.

– Viu, Jisung? Até o Youngho comeu, ele quem deveria ser o mimado daqui, esse riquinho. – Johnny ficou emburrado e me fez rir. Depois nós começamos a ouvir uma gritaria vinda do andar de cima, e uma porta batendo forte. – O que é isso? 

Terny e um cara desceram da escada, ela chorando e ele gritando xingamentos em tailandês que eu me agradeci por Jisung e Youngho não entenderem, era pesado. Nós tivemos que separar os dois e eu levei minha irmã pra um lugar mais reservado.

– O que aconteceu? – Perguntei passando a mão pelo rosto dela para limpar aquelas lágrimas que insistiam em descer.

– Ah, ele é um idiota! – Terny gritou. Senti medo do cara ouvir e ir atrás de nós dois pra bater na gente.

– Quem é? É seu namorado? – Ela assentiu calada. Respirei fundo e voltei até a sala, cruzei os braços, inflei as bochechas e olhei para cima, diretamente no rosto daquele cara exageradamente alto. – Ei, você, é melhorar parar de magoar a minha irmã ou eu vou chamar meu namorado pra te dar uma lição! – O cara me olhou confuso e depois encarou Youngho, voltou seu olhar à mim e ainda parecia confuso. Acho que ele pensou um pouco sobre o que estava fazendo e saiu da casa. Eu realmente esperava que ele sentisse medo de Johnny e não voltasse ali nunca mais. – Pronto, Terny. Eu acho que você não namora mais. 

– Obrigada por me proteger, Chittaphon. Eu nem aguentava mais ele mesmo. – Minha irmã disse. – Mas não vou ter um par hoje à noite.

– Pra onde você vai, mocinha? – Não é possível que ela havia acabado de terminar o namoro e já estava querendo arrumar alguém de novo.

– Minha escola tá promovendo uma festa de máscaras hoje à noite, pra arrecadar fundos pra nossa formatura. Praticamente todo mundo vai, mas precisa de um par pra entrar. – Eu olhei pra Youngho, que estava na mesa distraído tentando tirar uma foto qualquer, e tive uma ideia.

– Então... Você deveria ir com o Jisung, e eu e Youngho vamos também.

– Ah, mesmo? Eu posso ir com ele? – Os olhos de Terny brilharam com minha proposta.

– Vai, mas se eu ver você fazendo qualquer outra coisa eu encho a sua cara de chinelada, garota. – Ela concordou.

– Jisung, vem comigo, vou te mostrar uma roupa que você vai se amarrar. – Minha irmã foi com Jisung para seu quarto, e mesmo que ele estivesse confuso já que não ouviu a conversa direito, duvido que negaria ir à festa. Só ficamos eu e Youngho ali, ele percebeu o silêncio e me olhou.

– O quê? – Perguntou, já que eu estava sorrindo, imaginando-o nas mais variadas roupas. – O que foi?!

– Ahhh, você vai ficar lindo demais.

– Ten, você me dá muito medo. – Comecei a rir e o levei pro meu quarto também, já sabia o que daria para ele vestir. Eu lembro que meu pai tinha um terno muito chique e detalhado em dourado, que costumava usar com o meu tio, e um dos meus maiores sonhos era poder usá-lo, já que eu achava bonito. 
Eu terminei de me arrumar rapidamente, mas Youngho demorava demais por causa da sua vaidade e eu precisei sair na frente junto com Jisung.

• ● ◇ ● •

Todo mundo estava bem arrumado ali, e eu me sentia ansioso. 
Jisung parecia sedento nas bebidas, deixei explícito que ele não podia beber e para fazer uma pequena inveja eu comecei a tomar um coquetel que havia pego bem do lado dele, fazendo-o ficar emburrado.

– Não adianta fazer essa cara. – Indaguei, deixando Jisung ainda mais bravo.

– Você é muito chato. – Ele respondeu derretendo no sofá onde estávamos sentados. 

– E você tem quinze anos. – Fiquei ali com o garoto bravo de braços cruzados por não conseguir o que quer até ver uma imagem conhecida vindo em nossa direção. Me levantei e fui até Terny. 

– Chittaphon, você ficou muito bem nessa roupa. – Eu sorri e agradeci. – Mas tem alguém melhor que você te esperando pra dançar. – Comecei a olhar ao redor à procura de Youngho, e o vi parado no meio daquele aglomerado de pessoas. Andei até lá com o coração na mão, e quando já estava em sua frente, ele se abaixou formalmente, e pegou uma de minhas mãos.

– Me concede essa dança? – Johnny perguntou me encarando bem nos olhos, deixando-me demasiado sem jeito, eu sorri sem graça.

– Você consegue mudar só usando uma máscara. – Colei meu corpo ao seu, colocando uma de minhas mãos em seu ombro, enquanto a outra era levitada por Youngho. Uma música calma começou a tocar e permitiu tornar aquela simples "valsa" em um momento mágico sem igual. Nós chamamos tanta atenção que as pessoas ao redor aos poucos paravam de dançar para nos observar, e uma luz forte e brilhante focava na gente. 

Era inacreditável o modo como Johnny conseguia ser romântico em uma fração de tão pouco tempo, acho que aquela máscara havia lhe dado o clima para ficar daquela forma. Seu toque era leve, e me fazia esvoaçar sobre aquele chão de madeira escura, como se aos poucos nós levitássemos.

O silêncio atacou. A música havia acabado.

E quando menos percebi, meus instintos haviam guiado meu rosto para que ficasse próximo ao de Youngho, ansiando por seu beijo doce. E eu concedi aquilo. O colar dos lábios daquela noite de gala mágica, que me fazia sentir num conto de fadas da vida real.

As pessoas ao redor aplaudiam, gritavam, torciam por aquele momento. Depois eu só pude sorrir como um bobo apaixonado enquanto Youngho ria dos meus sentimentos tão fáceis e manipuláveis, ele sabia disso e me moldava, me deixava envergonhado e vulnerável à tudo o que fazia. Mas era bom, continuava sendo confortável e satisfatória aquela sensação de confiança, de que mesmo me tendo por inteiro em suas mãos, Johnny sabia como cuidar de mim dentre seus palmos. E nós ficamos ali, sorriso com sorriso, sem vontade de deixar aquele momento passar. Mas é que a gente precisava liberar a pista e fomos obrigados a interromper aquele "sonhar acordado".

Youngho se sentou no mesmo lugar onde eu estava junto com Jisung e me puxou para que pudesse sentar ao seu lado.

– Não sabia que você dançava valsa tão bem. – Falei deitando minha cabeça em seu ombro.

– Eu nem sabia que você dançava valsa. – Ele riu. – Quando eu era mais novo eu dancei em mais festas de 16 anos do que você imagina.

– Você realmente é um príncipe. – Sorri beijando a cabeça de Youngho, que ficou tímido. 

– Essas bebidas que estão servindo... São boas?

– São bebidas normais, Youngho.

– Ah, nunca se sabe, estou na Tailândia... Eu nunca vim à Tailândia.

– Idiota. Vá e pegue alguma coisa pra gente. – Me encostei no sofá e bufei.

– Se eu te embebedar demais a gente pode se pegar no banheiro o resto da noite? – Ele perguntou levantando do sofá. Nunca me agradeci tanto por falar em uma língua que quase ninguém entenderia, imaginava se alguém ouvisse aquelas merdas que Youngho falava. É por isso que amo ele.

– Só pega a merda da bebida. – Depois de rir da minha cara Johnny foi pegar as bebidas. Eu esperei ele se afastar pra rir sozinho pelo que havia dito sobre pegação, sentindo o rosto queimar, eu me fiz de desentendido mas não vou mentir que queria, Youngho estava lindo demais naquela noite, na verdade ele tinha uma boa aparência todos os dias, mas dessa vez, caprichou.

Coloquei a mão sobre a boca e fiquei refletindo no quão sortudo eu era, como um bobo, mal percebi que Johnny havia retornado.

– Tá pensando no que, hein? – Ele perguntou enquanto me dava o copo, que eu peguei rapidamente e já coloquei o canudo entre meus lábios pra sentir o gosto forte do álcool.

– No meu noivo lindo e maravilhoso. – Respondi sem olhar pra ele, apenas observando o que Jisung estava fazendo no meio de tanta gente naquela festa. Medo era o que eu sentia do que aquele garoto de quinze anos com os hormônios à flor da pele podia fazer, mas aliás, como ele iria fazer se não sabia falar tailandês? Acho que não tinha muito com o que me preocupar.

– Não sou tão incrível assim... Talvez um pouco.

– Eu realmente deveria parar de te elogiar, você é convencido demais.

– Ah, é por instinto. Não acho que eu precise ficar te lembrando toda hora que você é maravilhoso. Eu até fico tímido falando.  – Mordi o canudo. Que droga de homem.

– Gosto quando a gente conversa assim. – Quando menos percebi meu copo já estava vazio e comecei a beber do dele.

– Também gosto. Quer ir pro banheiro?

– Quero.

Nós nos levantamos e fomos até lá, não me surpreendia que estava cheio de pessoas fazendo o mesmo que nós dois pensamos. Pelo menos tinha um lugar onde conseguimos ficar sem que ninguém ficasse atrapalhando, tipo um beco isolado, do lado de fora da festa. Fui jogado contra a parede e meu pescoço foi atacado pelos lábios de Youngho, que me fez gemer baixinho.

– Isso me lembra tanto a gente no avião. – Disse. – Qual a diferença de lá pra cá? Você não parece receoso.

– A diferença é que em um avião se precisa ter educação e noção. – Segurei seu queixo e comecei a encarar seus olhos. - Duas coisas que você não tem. – E comecei a beijá-lo, sedento para sentir seu gosto, me sentia um jovem, e me veio à cabeça aquela primeira vez que fiquei com Youngho, onde estava tão bêbado a ponto de nem saber quem me beijava. 

Ele apertava minhas coxas tão forte que arrepiei, soltando um suspiro e jogando minha cabeça pra trás. Aos poucos eu ia lhe abrindo os botões da camisa social para revelar seu peitoral, e mordi seu lábio inferior.

Mas nós ouvimos um barulho.

E aquilo interrompeu tudo.

– Aish, não acredito que até em outro país isso vai acontecer. – Youngho revirou os olhos e tirou suas mãos de mim, andando até de onde aquele barulho havia vindo. – Ten... Fica aqui, por segurança.

– Você não vai se machucar? – Perguntei encolhido.

– Não se preocupa comigo... Só fica aqui. – Fiquei incrédulo e irritado, não era possível que iriam nos aterrorizar até fora da Coreia, assim tão de graça. Fiquei parado, tentando me esconder do frio, esperando que ele voltasse logo e se possível sem nenhum hematoma. Passaram pelo menos cinco minutos e ouvi um barulho.

– Youngho...? – Perguntei baixinho, olhando ao redor. 

– T-Ten... – A voz era igual a dele e eu me deixei levar pelo instinto de querer ajudá-lo, segui a voz, e fui atacado quando me aproximei do breu, com a boca tampada pelo braço de seja lá quem queria me sequestrar. Mesmo que eu tentasse gritar com todas as minhas forças, estava incapaz. Receoso, mordi aquela pessoa e lhe dei um golpe com o cotovelo para que pudesse me afastar, talvez eu estivesse aos poucos me lembrando de quando lutava e finalmente havia achado uma finalidade para aquilo. 

Entrei em um conflito com aquele homem estranho, levei um soco forte na boca mae devolvi outro tão impactante quanto, fazendo-o bater a cabeça na parede e desmaiar. Então pelo pânico da hora comecei a gritar pelo nome de Youngho, e o mesmo chegou na hora, ofegante por ter corrido tanto. 

– Chittaphon... – Ele segurou meu rosto com cuidado pois eu estava machucado, depois olhou para o homem desacordado e voltou seu olhar para mim um pouco incrédulo. - Foi você quem...

– Foi.. Ah... V-Vamos embora. – Falei com dificuldade caindo nos braços dele. Youngho apenas assentiu e me levou para a entrada, ligou para Terny do meu celular e fomos para casa. 

...

– O que aconteceu? – Minha irmã perguntou enquanto passava um algodãozinho com remédio no canto dos meus lábios onde eu havia me machucado. Eu não queria responder algo que a preocupasse.

– Só um bêbado que puxou briga comigo enquanto o Youngho não estava. – Respondi indiferente olhando no celular. Falando nele, Youngho chegou e pediu para que cuidasse de mim, Terny saiu e eu estava sozinho com ele no meu quarto. Fiquei com medo de ser reprimido, não que tivesse um motivo pra isso, mas só estava receoso.

– Está sentindo menos dor? – Johnny perguntou observando meu rosto pouco ferido.

– Estou melhor do que antes... Mas ainda dói. 

– Entendi... Você foi corajoso. – Ele sorriu acariciando minha bochecha. – Não sabia que era tão forte.

– Eu fiz luta há muito tempo, mas perdi a essência, foi espontâneo. Era pra ser uma noite legal.

– Até certo ponto, foi. Mas você deveria descansar... E esfriar a cabeça.

– Não me sinto estressado. – O encarei um pouco confuso e depois me deitei sobre a cama.

– Mas vai se sentir, se esse ataque não for uma mera coincidência.

– O que quer dizer com isso? 

– Você sabe o que eu quero dizer. – Youngho se deitou ao meu lado e me abraçou. – Vamos descansar e esquecer o que aconteceu. Inclusive o que eu acabei de dizer.

– Eu vou tentar... 

...

• ● ◇ ● •

– Que pena que vocês já vão embora. – Terny disse depois de me dar um abraço demorado. – Fiquei muito feliz durante essas duas semanas que vocês passaram aqui com a gente. 

– Vamos voltar em breve. – Youngho disse. – Mas temos um último destino pra ir.

– Pai! Você não disse que a gente ia pra Orlando? O que quer dizer com "último"?! – Jisung perguntou revoltado. 

– Porque foi uma forma de te fazer viajar sem reclamar. – Johnny respondeu e deixou o garoto emburrado. Eu ri mesmo que não estivesse entendendo nada. 

– Obrigado por nos receber Terny, quero que você vá passar algum tempo com a gente na Coreia também. Nos vemos em breve.  – Falei sorrindo e minha irmã devolveu a expressão.

– Sim... Muuuito em breve. – Depois ela olhou para Youngho e os dois começaram a rir. Era suspeito. 

...

Nós saímos de casa e mais uma vez estávamos no aeroporto. Mais uma vez Johnny vestia aquela máscara idiota como se fosse uma celebridade, e eu me lembrei que precisava o dar um recado importante. Esperei Jisung se afastar.

– Nada de fazer aquilo no banheiro do avião de novo. – Youngho começou a rir.

– Só queria saber como era. Valeu a experiência. – Revirei os olhos e coloquei meus fones de ouvido. Fazia muito tempo que eu não ouvia Dream in a Dream, e me trouxe nostalgia.

Vi que Youngho e Jisung estavam saindo, provavelmente a chamada para o embarque estava sendo feita, mas eu não prestei muita atenção pois estava mexendo no celular e apenas os segui. Na fila, recebi minha passagem e era familiar, até que uma pontada na cabeça me fez lembrar que eu já havia visto aquilo antes. Então me dei conta, nossa última parada, era em Chicago.

 

E eu me sentia bastante ansioso pra isso.















 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...