História Back Home. - Capítulo XXXV.

P.O.V. ASHTON ON.

- Cara, a gente nem devia estar aqui. – Luke falou, preocupado, enquanto andávamos pelo corredor da mansão.

- Se você quiser, pode ir. – Eu falei, irritado. – Mas, eu só saio daqui depois de saber que a Emma está bem.

- E se ela tiver saído?

- Eu falei com Leo e ela não foi trabalhar ontem porque estava doente. Mas, ninguém viu ela dentro de casa.

- Essa casa é enorme, por que alguém conseguiria achar ela aqui?

- Porque, ela sempre toma chá no mesmo horário à noite para conseguir dormir. – Eu falei, pensativo. A última vez que vi Emma foi no domingo à noite, após nos despedirmos na cozinha. Já era terça à noite e ela não tinha aparecido para tomar o chá. Então, convenci Luke de entrarmos na mansão para vasculhar, mas ele não estava muito empenhado.

Eu andei lentamente pelo corredor, decidido a ir direto para o quarto dela. Eu sabia que Adam estava viajando e sentia que algo não estava certo. Eu parei na porta e tentei ouvir através dela. Não havia nenhum som.

- Vamos perder o contrato e Mark vai nos matar. – Luke resmungou e eu o olhei com censura.

- Você quer calar a boca?

- Você está paranoico com a Emma desde que viemos para cá. É só porque você está tentando se convencer que o casamento dela não é perfeito.

- Shhhh! – Eu disse, irritado e voltei a tentar ouvir. – Emma? – Eu decidi chamar, mas não houve resposta. Então sem eu perceber, Luke bateu na porta e eu me assustei.

- Cara, é só bater, muito mais fácil. – Ele falou sem paciência e eu revirei os olhos.

- Emma? – Eu chamei mais alto e ouvi passos. Meu coração acelerou, imediatamente.

- Ash? – Ela falava baixinho do outro lado.

- Emma? O que houve? Abre a porta. – Eu pedi, sentindo que algo estava muito errado. Olhei para Luke que cruzou os braços, começando a desconfiar de algo também.

- Ash, eu estou trancada. – Ela disse, chorosa e eu franzi o cenho. Tentei abrir a porta pela maçaneta e realmente estava trancada.

- Você está chorando? Emma, calma. Eu vou tirar você daí. – Eu disse, sério, mas a verdade é que nem eu estava calmo. O que tinha acontecido para ela estar trancada no quarto? Todo esse tempo ela estava ali?

- Eu preciso sair daqui. – Ela falava chorosa, e eu sentia meu coração apertar.

- Emma, está tudo bem. – Eu falei, analisando a porta. – Eu vou abrir a porta. Por favor, se afaste.

- Tá. – Ela disse do outro lado. Eu esperei alguns segundos e olhei para Luke.

- Juntos? – Ele perguntou, decidido.

- Juntos. Um, dois, três e... – Nós dois corremos até a porta com força e ela quase cedeu. Eu olhei para o lado e faltava pouco.

- Ash, vai fazer muito barulho. – Ela resmungou do outro lado e parecia apavorada.

- Não, não. É rapidinho. Eu prometo. – Eu tentei acalmá-la, sem muito sucesso. Fiz um sinal para Luke com cabeça e tentamos de novo, escancarando a porta que ficou pendurada. Eu mal entrei no quarto e Emma correu para os meus braços, me abraçando com força. Eu a segurei próxima de mim, enquanto ela chorava assustada. Luke me encarou, perplexo. Algo estava errado.

P.O.V. ASHTON OFF.

P.O.V. EMMA ON.

Eu abracei Ashton sem conseguir parar de chorar. Eu já estava começando a acreditar que ficaria mesmo presa a semana inteira naquele quarto. Adam tinha me deixado sem o meu celular e Louise tinha hora marcada para deixar a comida e sair do quarto. Eu ficava sozinha o dia inteiro sem poder sair. Mas, finalmente, eu estava livre, então precisava ser rápida.

- Você está bem? – Ashton perguntou, preocupado e eu corri pegar meu tênis. – Emma, o que houve? – Ele continuava perguntando, enquanto Luke ficava mudo ao seu lado.

- Eu vou embora.

- O quê? A essa hora?

- Adam sabe que a gente já namorou. – Eu o informei rapidamente. – Foi por isso que ele me trancou aqui.

- O QUÊ? – Ashton perguntou, atônito. – Ele te trancou aqui?

- Sim. E eu preciso ir embora o mais rápido o possível. Pego minhas coisas depois. – Eu disse, decidida e saí do quarto. Os dois me seguiram confusos, a passos largos.

- Emma! Espere, vamos conversar. Eu te levo para um hotel, mas me explique o que está acontecendo.

- É isso, Ash. – Eu disse, andando rapidamente para o jardim. – Adam não é mais o mesmo. Algo mudou. Esses dias ele... Ele me agarrou com força. Foi estranho. E agora ele me trancou no quarto para que eu não saísse. Eu preciso ir embora antes que ele volte.

- Tudo bem, mas deixe que eu te levo. Está muito tarde, Emma.

- É verdade, Ems. – Luke concordou, nos seguindo. – Não é uma boa ideia você ficar andando sozinha por aí.

- Eu pego um carro.

- Dona Emma? – O segurança me abordou e eu parei para falar com ele quando chegamos perto do portão.

- Abra o portão, preciso dar uma saída.

- Nós não temos autorização para isso. – Ele disse, sério e eu arqueei as sobrancelhas.

- Como é que é? Abra esse portão. Eu vou dar uma saída. – Eu disse, irritada.

- Desculpe, Dona Emma, mas não podemos autorizar a sua saída da casa.

- Vocês não tem que autorizar nada. – Eu disse, nervosa, e peguei o meu próprio controle do portão na bolsa para abri-lo, mas congelei antes de apertar o botão. Um clique se fez atrás de mim e eu sabia exatamente o que era sem ao menos ter ouvido aquilo algum dia.

- Por favor, Dona Emma, volte para casa. – Eu levantei as mãos lentamente, tentando respirar fundo, enquanto outro segurança apontava uma arma para a minha cabeça por trás. Eu tinha certeza que era uma só pela expressão de horror nos rostos de Ashton e Luke.

- O que você pensa que está fazendo? – Ashton se assustou, ficando irritado, mas outros três seguranças surgiram apontando as armas para ele e Luke.

- Não aponte a arma para eles. – Eu pedi a um dos seguranças que eu sabia ser o chefe. – Eu vou voltar para casa.

- Emma... – Ashton tentou me chamar, mas o segurança me puxou para perto pelo pescoço, encostando a arma na minha cabeça. Isso me fez fechar os olhos por um momento, instintivamente.

- Mais um passo e eu atiro nela. – O segurança ameaçou e Ashton ficou imóvel, me encarando, em pânico. Eu engoli em seco e segurei no braço do segurança que quase me sufocava.

- Vamos, Senhora Willes. – Ele me puxou, me fazendo cambalear em direção a casa.

- Emma! – Ashton gritou, mas eu pude observar enquanto o segurança engatilhou a arma, pronta para atirar na sua cabeça, fazendo ele voltar a ficar imóvel.

Ao adentrar a mansão, o segurança me jogou em outro quarto novo com a porta intacta e me trancou novamente. Eu corri para a janela, mas não conseguia enxergar onde Ashton estava. Eu não estava preocupada de ficar trancada ali, eu só queria saber se Ashton e Luke ficariam bem.

---*---

- Emma? Você está aí? – Eu acordei de madrugada, meio zonza.

- Estou! Estou! – Eu pulei da cama, tonta, ao ouvir a voz de Calum.

- Graças a Deus! – Ele respirou, aliviado, do outro lado.

- Cal, onde está o Ash? E o Luke?

- Estão bem, Emma. – Ele me confidenciou. – Nós... Nós tentamos dar queixa na polícia. Mas...

- Adam controla a polícia. – Eu concluí, lembrando de quantos contatos Adam tinha na força policial da Itália.

- Não se preocupe, Emma. Ashton falou com o nosso advogado. Nós vamos dar um jeito de tirar você daqui.

- Mas... E vocês?

- Eles não querem a gente, Ems. Ashton está livre e pode sair se ele quiser, porque Adam está seguro que controla a cidade toda. Ninguém pode te deixar sair daqui.

- Diga para ele ir embora, Cal, por favor. Adam vai mata-lo se souber...

- Adam mataria?

- Eu tinha uma arma na minha cabeça hoje, Cal. Não duvido mais de nada. – Eu confessei, me sentando na porta. Senti que ele sentou na porta do outro lado também e respirei fundo.

- Ems, o Ash nunca vai te deixar aqui. Nem eu deixaria. Você vai sair daqui com a gente.

- Eu vou ficar bem se for obediente, mas vocês...

- Não fale assim, Emma. Nem pense nisso. Nós só saímos daqui com você. – Ele disse, irritado e eu respirei fundo.

- Até lá, vou ficar trancada aqui. Adam volta no domingo.

- Até domingo, teremos um plano. – Calum falou, decidido.

---*---

Eu acordei na quarta cedo com um barulho na janela. Eu abri lentamente o vidro, ainda sonolenta e Ashton estava escalando a parede. Eu o olhei espantada e tentei enxergar se os seguranças conseguiam vê-lo.

- Ash, por Deus, vão te ver!

- Shhh! – Ele pediu, enquanto continuava escalando. Eu coloquei a mão na testa, tensa. Mas em questão de segundos, ele já estava me encarando na janela com as covinhas que faziam meu coração aquecer. Eu o ajudei a entrar no quarto pela janela pequena demais para o tamanho dele. Ashton entrou cambaleando e respirou fundo. – Consegui!

Eu sorri, satisfeita, e corri para abraçá-lo forte. Ele me envolveu em seus braços e eu finalmente respirei aliviada. Como se sentir melhor logo após ver a pessoa que você ama com uma mira de arma na cabeça? Talvez, ele sentisse o mesmo por mim.

- Você veio. – Eu o encarei, empolgada.

- Você não pode sair do quarto, mas sozinha também não vai ficar. – Ele sorriu para mim e logo depois me beijou. Eu correspondi o beijo sem pensar nas consequências. Louise só deixava a minha comida perto do meio dia. Até lá, ninguém aparecia no meu quarto, então nós não tínhamos com o que nos preocupar.