História Badboys Não Me Afetam - Como pensar no crush toda a hora e adormecer com pó de fada

O tão barra não esperado dia da prova de físico-química havia chegado. Durante a manhã inteira eu estava tão aéreo que mal me concentrei naquilo que as pessoas à minha volta diziam, apenas encarando o chat vazio com Minhyuk e suspirando. Moonbin disse que desistiu de mim e da minha paixãozinha, eu nem quis saber. Desde que havia chegado à escola nem sinal do crush, e eu havia de estar preocupado justamente com aquele falsiane?

Não.

Já estavam todos os alunos na sala. Eu estava sentado sozinho porque o meu colega do lado havia faltado, melhor ainda, porque não teria de ser punido por estar a deixar colarem por mim. Claro que eu deixo, não sou obrigado nem nada. Que ideia.

Talvez Rocky estivesse com a namoradinha, fumando e andando de moto e sabesse lá. Quem sabe Myungjun tivesse razão, e o Park não fosse o tipo ideal para mim. Ele não me parece ser do tipo fofo e romântico e clichezão, e é disso que eu gosto. Eu gosto de me sentir amado, e durante estes 3 anos na sombra de Park Minhyuk, o badboy cretino, ele nunca demonstrara qualquer tipo de afeto por moi. Seria o meu cabelo? Ou talvez eu fosse alto demais e ele só gostasse de garotos mais baixos que ele…

Ou talvez ele nem gostasse de garotos?

Decidi afastar esses pensamentos e focar-me no importante: a prova. A professora acabara de entrar e já estava a gritar connosco e a queixar-se da sua triste vida. Ela é meio como eu, sem amigos nem amor, só que ela é feia e gorda. Eu sou maravilhoso.

Depois de uma breve chamada e da prova entregue, eu fiquei em branco. Juro que, ao ler a simples primeira questão, a minha mente bloqueou. Quando tentava me lembrar daquilo que havia estudado nos dias passados, só me vinha à mente um sorriso bonito, um rosto bonito, um corpo bonito e um filho da porta que não deveria ocupar os meus pensamentos. Eu não havia estudado? Sim! Mas talvez a única química em que eu prestara atenção fora aquela que provocava faísca quando os nossos olhares se encontravam…

Yoon Sanha, a garotinha de dorama.

Podem se rir de mim, sou motivo de troça mesmo. E acreditam que foram necessários incríveis 10 minutos para eu conseguir me focar? A restante prova fora feita em mais 15, sobrando-me ainda quase meia hora para olhar o teto branco, as paredes sujas, a professora feiosa e as moscas que voavam em volta do Lary-Mal-Cheiroso (um colega de intercâmbio que mal coreano sabe falar mas cheira pior que bosta de galinha).

Pelo menos Rocky cheira bem.

Eu cheguei em casa mais aéreo que o avião, helicóptero, que seja, e decidi preparar algo gostoso e pouco saudável para comer porque eu precisava de repor as energias e nada melhor que comida para isso, não é? E só Jinwoo-hyung e as suas vegetarianices é que me proibiam de comer, e advinhem quem não estava em casa? Isso mesmo.

Joguei -me no sofá com a minha lasanha e suspirei, abrindo a latinha de Coca-Cola e guardei lá aquela coisinha que se usa para abrir a lata (eu faço coleção, já tenho quase 100 amores, sintam inveja). Pensei em ver algum filme interessante mas a única coisa que me veio à cabeça foi uma vozinha sinistra que parecia sussurrar no meu ouvido “Maratona de Sininho e as Fadas…”, e foi oque eu fiz.

Adormeci no segundo filme, mas pelo menos tinha a barriga cheia.

“Algo de muito estranho aconteceu.” - minha mãe disse, já na hora de jantar - “Algo desapareceu. Acho que fomos roubados.”

“Oquê, omma?” - perguntei confuso. Como assim fomos roubados?

“Ontem eu achei que tinha perdido a minha pulseira de ouro que era da tua avó, mas afinal lembrei-me que a deixei em cima da mesa da cozinha antes de sair para o trabalho… Por acaso não a viste, pois não?”

Engoli em seco. Não podia, ou… Ou podia? Não, Minhyuk não seria capaz disso.

“Não, mãe… Não a vi.” - eu precisava de falar com ele, e era algo muito sério - “Vou dormir, estou sem muita fome. Boa noite.”

Subi as escadas a correr, bati com o dedinho do pé na esquina do móvel do corredor e amaldiçoei todas as gerações futuras de Park Minhyuk (a não ser que estas gerações futuras sejam meus filhos e netos, né rs). Ao chegar no quarto tranquei a porta, porque os meus pais adoram entrar sem bater e eu odeio isso, só Jinwoo me respeita nesta casa - na verdade, só Myungjun mesmo, ele vive mais aqui que na própria casa. Peguei o celular e digitei tão furioso que juro que ia ter um treco, só depois apercebi-me de que havia simplesmente sustido a respiração por demasiado tempo.

“Precisamos de falar. Urgentemente, amanhã às 8AM na escola, não esqueças.”

Fui direto, mais direto impossível, mas no fundo eu estava a tremer-me todo por saber que iria apanhar novamente do Minhyuk… Pensando bem, fazia um tempo que ele não passava de ameaças. Será que isso significava alguma coisa?

Mas bem, mais iludido que Yoon Sanha, só dois.