Eunji encarava friamente sua irmãzinha que não desviou a arma um segundo sequer. S/N estava muito amedrontada, nunca antes tinha chegado perto de uma arma de verdade, quem dirá usar uma. Ela não queria ferir Eunji, mas sabia que teria que se defender se ele a atacasse, isso era o que ela mais temia.
Eunji— Eu não consigo me recordar dessas lembranças que você diz serem reais. — diz um tom baixo e frio.
Luhan— Não consegue porque Yumi mexeu com o seu psicólogo.
Eunji— Ela não faria isso. — balançou a cabeça em negação. — Lembro-me de viajar para Washington para participar de um evento de jogos muito importante. Lembro de chegar no hotel e admirar por um tempo a entrada, orgulhoso de mim mesmo por progredir com a carreira. Mas depois disso, só o que me vem na cabeça é escuridão.
Luhan franziu de leve o cenho atiçando sua habilidade de dedução. S/N observava aquela situação delicada, analisava de todos os ângulos possíveis para formar um plano vantajoso para todos.
Luhan— O que vem depois disso?
Eunji— Eu acordei em um apartamento sórdido. O primeiro que vi depois de retornar à consciência foi um homem chamado Ethan.
Luhan riu com o nariz, quase inaudível. Não foi difícil para S/N entender que o chinês conhecia o homem citado.
Eunji— Ele disse que era médico e que Yumi o contratou para cuidar particularmente de mim. — continuou, agora olhando para sua irmã. — Pelo que eu saiba, Yumi é sua amiga. Por isso confiei na sua palavra.
S/N— Ela não é minha amiga. Lhe disse isso quando fui ao Japão com Hana. Não se lembra? — a feição confusa do garoto foi a resposta.
Luhan— O que Yumi disse a você? — deu continuidade aos questionamentos com uma expressão inabalável.
Eunji— Que tentaram me assaltar, me levaram para um beco escuro e me agrediram, durante o ato eu bati a cabeça com força no chão...
Luhan— Deixa eu adivinhar. Yumi estava passando por perto e viu você, inconsciente, e depois que soube de sua amnésia fez o favor de lhe dizer que S/N estava em "perigo"? — o outro assentiu um pouco impressionado por ter chegado a tal conclusão. — Eunji, sei que você não confia em mim, mas precisa me ouvir e prestar bastante atenção...
Eunji— Não quero ouvir suas mentiras. Vai ser uma perda de tempo. Você está certo, eu não confio em você.
S/N— E em mim? — indagou com a voz um pouco trêmula, com receio de ouvir sua resposta. — Você confia em mim?
Eunji— Você é a pessoa em que eu mais confio.
S/N— Então acredite no que dizemos. — poucas lágrimas salgadas caíam dos olhos da garota.
Aquilo comoveu o coração de Eunji. Uma parte do seu cérebro avisava para nunca duvidar da honestidade de S/N, e seria isso o que ele faria.
Luhan— Você não foi assaltado e Yumi não lhe salvou, ela na verdade te sequestrou para que se tornasse seu aliado. Ethan estava lá para drogar você com um medicamento que resulta em amnésia.
Eunji— Por que ela faria isso?
Luhan— Tenho quase certeza de que o plano principal de Yumi é tirar as lembranças de S/N.
Eunji— Quase certeza? O que falta para você ter certeza absoluta?
Luhan— A confirmação dela. — disse com um tom meio irônico deixando bem claro que não precisava da palavra de Yumi para confirmar suas suspeitas. — Yumi queria que S/N ficasse bem longe do Baekhyun. Por isso te fez pensar que estava protegendo sua irmã a mantendo longe de todos nós, porque sabia que o seu primeiro ato seria ir embora de Seul com ela.
Eunji tentava processar tudo o que foi escutado, e de fato aquilo fazia sentido para ele, mas havia algumas pontas soltas.
Eunji— Enquanto a Dong-sun? — aquele assunto fez com que a dor no peito que S/N sentia aumentasse. — Yumi disse que ele foi morto por vocês, logo depois que descobriu sobre suas reais intenções.
Luhan— Isso é uma mentira. Yumi tinha um outro capanga e o mandou matar S/N. Em um ato heróico, Dong-sun a salvou. — tentou ser breve e cauteloso com as palavras, sabia que a garota ficava triste com aquele assunto.
S/N— Lealdade, coragem e amizade. Eram as coisas que eu mais admirava nele. — a sua voz quase falha ecoou pelo cubículo. — Ele deu sua vida para salvar a minha. Merece justiça.
Luhan— Só nos resta saber se você está do nosso lado.
Eunji se encontrou sem reação, em sua defesa, a sua confiança estava dividida. Não sabia qual era a verdade, não sabia em quem confiar. Ele não confiava nem em si mesmo, afinal sua mente era perversa, lhe enganava o tempo todo.
Com exceção dos três naquele quarto escuro e sórdido, as pessoas mais próximas do prédio abandonado estavam em um raio de milhares de quilômetros. Qualquer barulho, até mesmo um suspiro, é percebido por causa do silêncio cortante.
No entanto, os sensatos e cautelosos passos do agrupamento de homens passam-se despercebidos. Eles abriam cada porta do corredor, evitando ao máximo fazer barulho. O estrangeiro que liderava a equipe, Smith, gesticulou com a cabeça em direção a uma porta específica, a mesma estava um pouco aberta possibilitando-os de assistir o ocorrido dentro do cômodo.
Subitamente, a quietude cessou-se ao chute forte que a madeira recebeu de um dos homens. Eles adentraram rapidamente com as armas apontando para um só homem.
Smith— Você está cercado! Deixe suas mãos onde possamos vê-las. — ordenou para Eunji que se manteve paralisado.
A primeiro momento, parecia que Eunji estava prestes a confrontar o grupo mesmo que estivesse em uma grande desvantagem, mas ele não mexeu nenhum músculo. Com a confirmação de prendê-lo, dois dos policiais se aproximam, colocam suas mãos para trás e as prendem em algemas.
Mesmo muito conturbada com aquela cena, S/N pensava em Yumi, em como havia cometido mais um imperdoável erro. Induziu os pensamentos de Eunji quando encontrava-se vulnerável; planejou a morte de Luhan; Tiraria sem o menor direito as suas memórias com Baekhyun. Ela cuidaria para que Yumi se arrependesse pelo resto da vida pelos seus feitos.
Deixando sua raiva crescente de lado, ela sentiu a angústia em relação a Eunji tomar seu coração. Ele não podia ser preso, não tinha culpa.
Smith— Tem o direito de permanecer calado. Tudo o que disser será usado contra você no tribunal.
S/N— T-tribunal? — gaguejou colocando a arma em seu bolso e assistindo seu irmão sendo conduzido para fora como se fosse um malfeitor.
Luhan— Ele é inocente. — percebendo o incômodo da garota. — Está com problemas, não podem prendê-lo.
Smith— Por ora, ficará na delegacia. — se aproxima de S/N que limpava as lágrimas com a palma da mão. — Você está bem? — ela negou com a cabeça. O delegado cobriu os ombros da jovem com sua jaqueta jeans. — Fui informado sobre o que aconteceu com Eunji. Garanto que ele não vai ser condenado e que vai receber os melhores tratamentos para se recuperar.
S/N— Obrigada, delegado Smith. — quis sorrir para demonstrar o agradecimento, mas não conseguiu esticar os lábios.
Os olhos dela se cruzaram com os do Luhan. Ele sorriu mínimo querendo lhe passar conforto, alívio. Ela não hesitou, correu até o loiro e o abraçou com cuidado. No primeiro momento ele se surpreendeu com o ato, mas logo retribuiu o gesto carinhoso gostando da sensação.
S/N— Eu pensei que você ia morrer. — sussurrou.
Luhan— Eu também. — foi sincero. — Mas estou vivo... Graças a polícia. — o sorriso dele aumentou. — Não conte a ninguém que eu disse isso.
Smith— Homens, vasculhem todos os quartos deste andar. — ordenou e assim os outros fizeram.
Luhan— Como descobriram onde ficava o esconderijo? — pergunta do delegado ao sair do abraço.
Smith— Tao tomou a medida de agredir Matt até que lhe desse a informação. Scarlett também participou.
Luhan— Ah, claro. Vocês só decidem me ouvir quando estou ausente! — ficou com os olhos semicerrados, indignado.
S/N— O senhor viu Baekbeom? — indaga com a voz carregada de preocupação.
Smith— Sim, logo que cheguei ao local. Ele está dentro da viatura junto de Scarlett, Tao, Kris e um japonês que diz lhe conhecer. — ela fechou os olhos sentindo alívio, sabia que se referia ao Hiroshi.
Os policiais continuaram vasculhando todo o andar. Em poucos minutos conseguem encontrar medicamentos em uma abundante quantidade, algumas armas carregadas e, o único objeto que despertou o interesse de S/N. O seu anel de noivado.
Smith— Isto pertence a você. — ele estendeu a aliança em direção a garota.
Ela pegou o anel, o olhou por um tempo em sua mão e depois apertou contra o peito. Queria chorar. Queria sorrir. Queria Baekhyun ao seu lado. Precisava dele. Sentia um grande vazio, como se estivesse incompleta.
Luhan— S/N... sei que está muito triste com o que aconteceu, mas tem que se recuperar. Você e eu vamos ao desfile e pôr um fim nisso.
S/N— Desfile?
Smith— Há um desfile acontecendo na S.M entertainemnt neste exato momento. — explicou rapidamente. — Está ficando tarde. Precisamos ir para lá e prender Lee e Yumi.
S/N olhou para o chão na tentativa de desacelerar o mundo a sua volta o bastante para absorver aquelas informações. Ela iria desmascarar os que tornaram de sua vida um inferno, iria vingar Dong-sun e reencontrar sua família.
Luhan— É isso. — tocou na mão de S/N fazendo um carinho. — O fim está próximo.
[...]
A viatura onde estava Eunji tomou rumo para a delegacia central, diferente das demais que foram para uma das melhores empresas de entretenimento da Coreia do Sul.
Não demorou muito para que o prédio ficasse cercado pelos carros policiais com sirenes desligadas, não pretendiam chamar a atenção de quem estava lá dentro, desejavam chegar de surpresa. Os fãs que aguardavam o encerramento do evento para novamente ver os seus ídolos foram forçados a sair de perto do tapete vermelho. Smith foi bem claro e exigente quando ordenou que os policiais militares vigiassem cada perímetro do local e fechassem todas as saídas. O caso acabaria naquela noite.
Smith— Fiquem aqui. — fala autoritário para os jovens encostados em uma viatura.
Luhan— Como é que é? — empurrou a própria cadeira de rodas até ficar de frente com o homem. — Fui eu quem praticamente desvendou todo o mistério. Tenho muito mais direito de entrar do que você.
Smith— Não tente me contrariar, Luhan. Você nos ajudou com as descobertas, mas na prática é a polícia quem resolve.
Watari— Me perdoe senhor Luhan, mas o delegado tem razão. — ele puxou a cadeira de roda para trás. Luhan ficou boquiaberto com a atitude de seu mordomo. — O senhor já passou por muita coisa hoje. Precisa de um descanso.
S/N— E eu? Posso entrar com vocês?
Hiroshi— Não é seguro, S/N. — sua voz era tranquila. Ele tocou no ombro dela para tentar acalmá-la, era visível a sua angústia.
Tao— Se Yumi ver você, não importa as circunstâncias, vai tentar lhe matar.
Kris— É melhor que fique aqui conosco.
Ela mexeu a cabeça em concordância, mas a sua vontade era totalmente contrária. Ficou presa por muito tempo, passou fome, sede, aguentou calada as ameaças de Yumi, e agora ela queria agir por si mesma.
Observou a grande maioria dos homens entrando no prédio com as armas erguidas, e logo os outros trancaram o acesso principal. Ela ficou inquieta, se perguntava o que estava acontecendo lá dentro e desejou ver a cara de Lee quando fosse acusado.
Como distração, ela olhou em sua volta e teve noção de quantas pessoas estavam lá dentro por causa dos inúmeros veículos. Viu os chineses dentro de uma viatura, também estavam inquietos mas tentavam ao máximo se acalmar e esperar pacientemente, era uma tarefa difícil principalmente para Luhan.
Ela forçou sua vista em um ponto específico. A parte de dentro de uma viatura que aparentemente estava vazia, mas em um ponto quase cego estava Scarlett roubando a arma de choque de dentro do porta luvas. S/N se aproximou dela sem se importar em ser percebida.
S/N— Por que está roubando isso? — ao notar sua presença, Scarlett puxou seu pulso para baixo fazendo a garota cair ajoelhada no chão e sentir um pouco de dor nos joelhos. — Por que fez isso?! O que está pretendendo?
Scarlett— Vou entrar no prédio e matar Yumi com minhas próprias mãos.
S/N estremeceu, não sabia se era por causa do frio ou das palavras tenebrosas da britânica.
S/N— Smith disse que é perigoso.
Scarlett— Eu não obedeço ordens, e não vai ser por causa de um cara armado usando uniforme que vou começar a seguir regras.
S/N— Espera. — a chamou quando fez menção de levantar. Scarlett já esperava por um longo discurso de como estava sendo imprudente, mas se surpreendeu quando a viu tirar uma arma do bolso. — Uma arma de choque não vai matá-la. Pegue. Só tem uma bala. Terá de ser um tiro de sorte.
Scarlett— Onde você conseguiu isso? — indagou mas depois balançou a cabeça para que ela não respondesse e pegou a arma. — Esqueça. Isso não é de grande importância mesmo.
S/N— Eu posso ir com você?
Scarlett— Tanto faz. Só aviso logo que eu não sou sua babá. Não vou ficar de olho em você e nem lhe proteger...
S/N— Já entendi. — a interrompeu se surpreendendo com o próprio tom um pouco rude. — Não vou te seguir o tempo todo e nem te atrapalhar. Assim como você tem as suas prioridades, eu tenho as minhas.
A britânica ficou chocada com a firmeza nas palavras de S/N, mas a sua fisionomia continuou intacta e rígida.
Sem mais delongas, as duas andaram com cautela até a parte dos fundos do prédio. Como foi feita a ordem de Smith, os policiais vigiavam cada canto externo da empresa e bloquearam as saídas, mas com insistência e uma simples ameaça vindo de Scarlett, um dos homens liberou a entrada de ambas.
Já na parte de dentro, elas se deixaram levar pelo som de uma música alta que não vinha de tão longe. Caminharam em passos rápidos até o centro do primeiro andar onde viram uma multidão acumulada em volta de um palco montado, os olhos vidrados no telão onde passava o vídeo do assassinato e várias feições de choque e desespero, mas o rosto de fúria de Lee foi o que mais entreteve S/N. Sentiu satisfação pelas coisas estarem dando certo. Ela se virou para ver como Scarlett estava diante daquela cena e se surpreendeu com a ausência da morena.
Passou o olhar pelo rosto das pessoas próximas, não a procura de Scarlett, tinha dito que não a seguiria e era isso o que iria fazer. Também disse que tinha as suas prioridades, e essa era uma delas. Encontrar Baekhyun. E depois disso, sair dali o mais rápido possível e ir para qualquer lugar longe da polícia, longe de Yumi, longe de Lee.
Ela não estava sendo egoísta em pensar em sair dali somente com ele. Se preocupava com seus amigos, com a sua irmã, com o seu pai... E estava confiando a proteção de todos eles à Smith. Sabia que não a decepcionaria.
Agora, olhando para os olhos marejados de seu noivo em meio a aglomeração, depois de tanto tempo, ela sorriu com muita alegria e sinceridade. O viu dar os primeiros passos em sua direção, ela estava pronta para correr e se jogar em seus braços e nunca mais soltá-lo, mas o repentino blackout lhe impediu.
S/N— Baekhyun! — chamou aos prantos, mas não foi mais alto que os tiros e os gritos agudos dos outros indivíduos.
Ela tentou andar na direção em que o viu antes, mas as pessoas lhe empurravam para lados diferentes até não ter mais ideia de onde estava. Ela andava lentamente com as mãos na frente do corpo, e para seu espanto, alguém puxou seu braço com força a levando na direção contrária.
S/N— Me solta!! Por favor, alguém me ajuda!! — se debatia, não estava vendo quem a puxava mas tinha um pressentimento ruim.
Uma porta foi aberta, o indivíduo largou a garota lá dentro a fazendo bater sua cintura contra uma mesa. O barulho do alvoroço foi cessado assim que a porta foi fechada. De primeira, S/N pensou que estava na sala de gravação por causa das paredes a prova de som.
— Me desculpe se eu fui meio agressivo, mas precisava te tirar de lá. — disse uma voz familiar.
S/N— Como conseguiu entrar aqui?
Antes de respondê-la, o homem ligou a lanterna do celular a possibilitando de olhar em seus olhos.
Tao— Vi você e Scarlett entrando e as segui com a intenção de levá-las de volta para a parte da frente. — deixou o aparelho sobre a mesa e olhou para S/N atentamente. — Você foi baleada? Está ferida?
S/N— Não. Eu estou bem... — sentiu um forte cheiro de sangue com sua aproximação. Não tinha entendido mas soube quando uma mancha de sangue em sua camisa na região de seu ombro. — V-você...
Tao— Estou bem, não foi nada demais. — a tranquilizou. — Bem, vamos ficar aqui por enquanto. Lá fora está parecendo um cenário de guerra.
S/N— Nem pensar. — totalmente contra sua ideia. Ele não entendeu sua reação. — Eu tenho que encontrar Baekhyun. O vi antes da energia ser cortada. Deve estar por perto.
Tao— Acho que ele se escondeu em um lugar longe do tiroteio. — não foi verdadeiro com as palavras. Tinha certeza que o amigo estava virando o lugar de cabeça para baixo a procura dela, mas tinha de se lembrar de que ela era o alvo principal.
S/N— Que seja. Eu vou encontrá-lo onde quer que esteja. — decidida, caminhou até a porta, mas Tao ficou em sua frente.
Tao— Acha que Baekhyun gostaria que você fizesse isso?
S/N— Não tente apelar para o meu lado emocional.
Tao— Está me forçando a isso. Sei que quer vê-lo, mas primeiro pense na sua própria segurança. Espere mais um pouco, logo vão conseguir localizar Lee e Yumi e todos vamos estar seguros.
Antes que ela respondesse com mais uma de suas teimosias e insistência em sair por aquela porta, foi interrompida quando um indivíduo adentrou a sala de gravação.
[...]
Já havia minutos desde o fim dos tiros. Ninguém sabia ao certo quanto tempo, mas fora muito. No segundo andar do edifício, em uma das salas de dança, acumulava-se dezenas de vítimas feridas e aterrorizadas. Por sorte, eles tinham a médica Park por perto. Ela fazia tudo o que estava ao seu alcance para amenizar a situação.
Suho— Ainda bem que Sun Hee está aqui. Se não fosse por ela, alguns poderiam estar em estado muito grave. — diz aliviado, mas não o suficiente para se esquecer de que ainda estava em perigo.
Chen— É... Que bom que ela está aqui. — em um tom preocupado. Gostava de vê-la cuidando das pessoas, mas já estava exausta e se esquecia de cuidar de si mesma.
Chen se aproximou da loira quando a mesma finalmente conseguiu um tempo para respirar.
Chen— Você devia descansar um pouco.
Sun Hee— Não posso. Sou a única com experiência médica aqui. Vou usar as minhas habilidades para salvar essas pessoas. — seu tom era sério, mas tirou um pequeno sorriso de Jongdae.
Chen— Sabia que uma das coisas que eu mais admiro em você é a sua bondade? — mesmo com a pouca iluminação, ele viu que ela corou. — Sun, eles estão feridos mas não é nada grave. Vão sobreviver. Você precisa de um descanso.
Sun Hee—Mas eu estou... — a mesma se interrompe quando viu o olhar de reprovação dele.
Chen— Suho e eu podemos tomar conta por alguns minutos.
Sun Hee— Tem certeza disso?
Chen— Absoluta. — ela agradeceu com um sorriso e foi para um canto recarregar as suas energias.
Chanyeol também estava naquela sala. Andava de um lado para o outro questionando cada um sobre Hana. Estava enlouquecendo por sempre receber a mesma resposta de que não a viram durante a correria.
Taeyeon— Acalme-se, Chanyeol. A Hana deve estar escondida em algum lugar. Talvez tenha seguido os outros. Talvez esteja com o Min. — fala tentando lhe passar tranquilidade.
Chanyeol— Espero que sim. — sentou-se no chão muito abatido. — Eu não vou me perdoar se alguma coisa acontecer com ela e o nosso filho.
Taeyeon— Nada vai acontecer. — ela se abaixou e sentou ao lado do Dumbo.
Chanyeol— Como você consegue ficar tão calma em um momento como esse?
Taeyeon— Quem disse a você que estou calma? — Chanyeol analisou seu rosto. Podia jurar que ela estava bem sossegada. — Estou morrendo de preocupação, mas não quero ficar pensando no pior. Os policiais estão lá fora nos corredores, eles vão prender Lee e Yumi facilmente e nós vamos ir embora daqui à salvos.
[...]
O lugar que antes era visto como uma fábrica dos sonhos, atualmente tinha a aparência de um filme de terror. O silêncio era de amedrontador, os corredores eram pouco iluminados pelas lanternas largadas no chão junto dos corpos dos policiais inconscientes.
Kyungsoo— Meu pé, Minseok! — exclama logo depois de levar um pisão.
Xiumin— M-me desculpe... — com muito medo, olhando para os militares no chão. — Aigo. Vamos logo nos esconder. Não é seguro ficarmos andando desprotegidos.
Kai— Eu concordo plenamente com o hyung! — ficou ao seu lado do mais velho, visivelmente apavorado.
Min— Falem por vocês. — se pronunciou em um tom sério. Pela a primeira vez o viram daquele jeito. Ele estava com medo, só não queria demonstrar. — Vou atrás dos geradores e reiniciar a energia, depois vou procurar por Taeyeon.
Kyungsoo— Estou com você nessa. E vocês dois? Estão com a gente ou não?
Xiumin— Eu vou. — um pouco hesitante, mas ele não queria ser um medroso que se esconde ao invés de ajudar.
Kai— Eu também vou, mas... — engoliu em seco nervoso. — Se por acaso eu morrer, quero dizer algo a você, Kyungsoo. — ele se aproximou do mais baixo que aparentemente estava muito curioso e nsi fazia ideia do que se tratava. — Escondi o seu Death Note aqui na empresa.
Kyungsoo— Eu já suspeitava que tinha sido você. — não mostrou surpresa. — Depois que ligarmos os geradores, você vai me levar até o caderno.
Min— Por que você se importa tanto com esse caderno?
Kyungsoo— Não é com o caderno, é com o que tem dentro dele.
[...]
Distante de onde os outros estavam, o líder da equipe vasculhava todos os locais da empresa. Às vezes encontrava pessoas que estavam se escondendo, mas ele não dava atenção. O seu foco era apenas um: encontrar Lee e Yumi. Só assim para salvar a todos.
Smith não estava sozinho. Durante sua busca, encontrou alguns outros que estavam ao seu lado durante o caso e os permitiu que lhe acompanhasse.
Smith— Um grande número de policias foram mortos. — sussurrou sendo bem direto e frio. — Lee deve estar armado e muito bem escondido.
Beth— Ele está com vantagem por conhecer a empresa melhor do que ninguém.
Cristine— O que faremos? Continuamos o procurando nessa escuridão?
Kris— Em primeiro plano, vamos para o subsolo reiniciar os geradores. — optou e o delegado concordou com a ideia.
Lay— E depois? — questiona o outro chinês. — Depois que a energia voltar, vamos libertar os inocentes?
Smith— Ninguém vai sair deste prédio até que eu os encontre. — dito isso, ele se abaixou e pegou uma lanterna da mão de um homem sem vida. — Peguem as lanternas e as armas deles. Vão precisar.
Lay— M-mas eu não sei usar isso. — ele estremeceu quando Kris lhe entregou a arma. — Não tenho coragem de puxar o gatilho.
Kris— Só atire se for necessário, e não se sinta culpado. Estará escolhendo entre si mesmo e dois psicopatas que querem tirar a vida dos nossos amigos. Qual vai escolher?
O silêncio de Lay foi a resposta.
[...]
Sook— Odeio ficar aqui sem saber o que está acontecendo com os outros! — roía as unhas andando de um lado para o outro na sala de composição.
Sehun— Eu também. — bufou irritado encostado em uma parede. — Fico ainda mais apreensivo agora que sei que a anjinha está aqui.
Sook— Exato! — olhou para o namorado. — A minha dongsaeng está no mesmo lugar que uma maníaca que quer matá-la! Como vou ficar tranquila em uma situação dessas?
Scarlett— Já disse que ela está segura. — revirou os olhos sentada em uma cadeira. — Eu a vi com o Tao entrando em uma sala no primeiro andar.
Sook— Aish... Não devia ter deixado ela entrar aqui com você. — diz para a britânica que apenas desviou o olhar frio. — E você, Luhan, devia ter impedido a S/N quando a viu entrando escondido!
Luhan— O que queria que eu fizesse? Que corresse atrás dela? — seu tom era irônico.
Sehun— Avisar aos outros polícias seria uma boa ideia.
Luhan— Eles não resolveriam, e a S/N entraria aqui de um jeito ou de outro.
Tomando a atenção dos três, Scarlett se levantou e foi até a porta sem pronunciar uma palavra sequer.
Sook— Aonde vai? — questiona mas a outra não respondeu e sai da sala. — Essa garota é maluca!
Luhan— Deixe ela. — fala calmamente.
Ele sabia que Scarlett não voltou para a Inglaterra porque queria ter a certeza de que Yumi pagaria pelo que fez, e não seria ele quem a impediria.
Sehun— Lá fora está parecendo um campo minado, você pode morrer a qualquer hora.
Luhan— Infelizmente, nós não podemos fazer nada a não ser esperar. — ele não tinha opção. Mais uma vez teria de confiar sua vida à polícia.
[...]
Encolhida no chão frio e abraçada aos próprios joelhos, S/N olhava fixamente para o chão com os pensamentos vagos. Tao estava perto da porta para no caso de alguém entrar novamente. Na primeira vez, tiveram sorte por ter sido Hana — que agora estava sentada em uma cadeira lendo vários papéis em cima do painel de controle —, mas não podiam mais contar com o fado. Eles não tinham armas de fogo para se proteger, mas S/N tinha uma arma de choque que conseguiu com Scarlett e a entregou para Tao.
Hana— Já disse que posso me defender com a minha meia de manteiga. — repetiu para Tao que a olhou com tédio.
Tao— Hana, não é hora de brincadeiras.
Hana— Mas eu não estou brincando! — insistiu e o semblante dele ficou duvidoso.
Tao— Uma meia de manteiga dói tanto assim?
Hana— Quer testar? — ele balançou a cabeça em negação, temendo que fosse verdade. — Você devia estar preocupado com o seu ombro. Parece estar perdendo muito sangue.
Tao— Já disse que não é nada demais. — olhou o ferimento por debaixo da manga da camisa e fez uma leve careta por causa da dor.
Hana desviou o olhar para sua amiga no canto da sala. Fazia muitos dias que não se viam, e quando enfim se reencontram, elas estavam presas em um cubículo enquanto inocentes lá fora se machucavam.
A grávida se levantou com um caderno nas mãos, sentou-se ao lado de S/N que não desviou o olhar do chão. Hana apoiou a sua cabeça no ombro dela.
Hana— Olha o que eu encontrei. O Death Note do Kyungsoo.
S/N olhou para o caderno de capa preta por um tempo com desânimo, viu Hana abrir o mesmo e, para um pouco da melhora de seu humor, ambas riram fraco ao lerem os nomes de todos os integrantes do EXO, exceto o de Kyungsoo, logo na primeira página.
Hana— Nome: Lee Soo-man. Causa: Vai ser espancado até a morte. — leu em uma das folhas.
S/N— Nome: Lee Yumi. Causa: Ataque de tubarões. — Hana riu um pouco mais alto.
Tao olhou para as duas e sorriu mínimo com aquela cena. Hana continuou folheando o caderno, não conseguia segurar os risos quando via o nome do próprio namorado que era um dos mais citados ali. De repente, para a sua surpresa, sobre seu colo caiu um papel de dentro do caderno.
Hana— O que é isso? — pegou o papel e o abriu. Não precisou ler muito para saber que aquilo era uma carta, também sabia quem era o autor.
S/N— Por que você está com essa cara? Parece até que viu um fantasma.
Hana— Isto é pra você.
S/N não se moveu com receio de pegar a carta. Desconfiou de que aquilo tinha haver com seu relacionamento, e sabia que se a sua suspeita estivesse correta ela não suportaria a dor que até agora evitou. Ficar chorando no canto não ia ajudá-la, só a tornaria mais fraca.
S/N— Eu não quero ler. — virou o rosto.
Hana— Mas você tem que ler. — a outra continuou com o rosto virado. — S/N, eu não estaria insistindo se não fosse importante.
Ela não queria ficar abatida, ainda mais na situação em que mais precisava ser forte, mas no fundo queria ler cada palavra escrita naquele simples pedaço de papel.
Com mais algumas insistências de sua amiga, ela decide ceder e pegar a carta. Hana se levantou logo depois e voltou a sentar na cadeira para deixar S/N a vontade. O que iria ler mexeria com os seus mais verdadeiros sentimentos.
Apenas o simples gesto de abrir a carta e passar os olhos pela caligrafia lhe causou um grande aperto no coração.
"S/N,
Pedi para Kyungsoo lhe entregar esta carta no caso de não haver mais chances de você e eu ficarmos juntos. Espero que não esteja lendo isto, mas se estiver, então lhe peço desculpas por ter falhado. Eu prometi que estaria ao seu lado quando tudo acabasse, perdoe-me por ter quebrado a promessa. Você já deve saber de todo o plano da Yumi. Acho que você vai ficar irritada comigo por ter aceitado me casar com ela, mas pense pelo meu lado. A sua segurança é a minha maior prioridade, mesmo que me custe a própria vida. Sei que, assim como eu, você vai ficar magoada por tomarmos rumos diferentes. Pode ser difícil, mas quero que siga em frente. Não lhe contei antes, mas prometi ao seu pai que você teria um futuro brilhante. Não deixe de viver a sua vida por minha causa. Eu me odiaria se quebrasse outra promessa. E sempre que alguém tentar opinar sobre as suas escolhas de um jeito negativo, quero que não dê ouvidos. Quero que siga o seu coração, e lembre-se sempre que eu acredito em você. Não importa quanto tempo passe, você vai estar no meu coração, sempre e para sempre. Seu jeito cativou-me de uma maneira inexplicável. O meu corpo deseja sentir apenas os seus toques, meus lábios querem beijar apenas os seus... Cada pensamento meu, pertence a você. Eu sou seu. Minha pequena, eu amo você. Para muitos essas três palavras significam bastante, mas para mim elas são inadequadas para expressar tudo o que sinto, mas ao mesmo tempo são as mais precisas como nenhuma outra conseguiria ser.
Com todo o amor do seu homem — que continua sendo o cantor mais bonito do mundo...
Baekhyun."
Ao chegar no final da carta, permitiu que as lágrimas caíssem lentamente ao mesmo tempo em que sentia que sua vida perdera o sentido. Pode parecer dramático, mas ela não conseguia ver um futuro sem Baekhyun ao seu lado, e quando pensava nos planos que fizeram sentia uma forte dor invadir seu corpo e alma.
E por isso que ela não ficaria nem mais um minuto ali, com medo de sair e enfrentar os que queriam destruir sua felicidade.
Depois de recuperar suas forças, ela se levantou, limpou as lágrimas com as mãos e tentou sair da sala. Novamente foi impedida pelo chinês.
Tao— Não vamos voltar com essa discussão.
S/N— Então me deixe passar!
Ele suspirou percebendo que ela não iria desistir. Teria de deixá-la passar, mas negava-se a permitir que ela saísse sozinha, a única opção seria acompanhá-la, porém juntamente não podia deixar Hana desprotegida na sala e nem levá-la por estar carregando um filho na barriga.
Totalmente indeciso, não se deu conta de que S/N aproveitou sua distração e correu para o lado de fora.
Tao— Ei! Espera! — por impulso ele corre atrás dela, e Hana não ficou de fora.
[...]
O grupo de Smith estava descendo as escadas que davam no subsolo com muita cautela. Smith ia na frente iluminando os degraus com uma lanterna, logo atrás vinha Cristine, Beth, Kris e Lay.
Por vezes eles espirravam ou tossiam devido ao excesso abusivo de poeira, também havia teias de aranha, comprovando que fazia um bom tempo que alguém desceu ali.
Quase no final das escadas, o delegado parou de andar repentinamente fazendo dona Cristine bater em suas costas.
Kris— Por que você... — Smith levou um dos dedos até os lábios. Kris logo se calou ao entender o aviso.
Sem ter tempo para elaborar um plano sem falhas, Smith desceu mais apressado e os outros seguiram lentamente. Quando teve certeza da movimentação de outros seres no porão, o líder ergueu a arma em direção aos sujeitos.
Smith— Ah... — resmungou abaixando a arma como se estivesse decepcionado. — Garotos, o que estão fazendo aqui?
Kyungsoo— Suponho que o mesmo que vocês. — olhou para o restante descendo as escadas. — Min está ligando os geradores.
Kai— Tentando, pelo menos. — sentado no chão impaciente olhando Min mexendo no indutor bem concentrado e analítico.
Lay— Sabem onde os outros estão?
Xiumin— Não, mas vendo pelo lado bom, não vimos nenhum amigo inconsciente. Devem estar muito bem escondidos.
Kyungsoo— Conseguiu encontrar Lee? — pergunta de Smith.
Smith— Infelizmente não. Também não temos sinal da Yumi. — elevou seu olhar para o Min. — Conserte isso rápido, não podemos perder muito tempo.
Min— O que pretende fazer depois que a energia voltar? — parou com o que fazia para olhá-lo.
Kris— A eletricidade vai facilitar a nossa busca. — deu um passo a frente para respondê-lo. — Vamos informar aos outros lá fora para mandarem reforços.
Min— Enquanto as vítimas? Vão mantê-las presas aqui?
Cristine— Não gostamos dessa decisão, mas é o necessário.
Smith— Não podemos correr o risco de deixar os criminosos escaparem em meio aos inocentes. — Min balançou a cabeça discordando da ideia, mas nada disse e voltou ao que fazia antes.
[...]
Baekbeom tentava não gritar de dor por causa da perna que tinha sido baleada. Não conseguia correr, nem andar. Estava sentado no chão e perdia muito sangue.
Baekhyun estava desesperado. O irmão estava impossibilitado de se mover e eles não podiam continuar sentados naquele corredor por mais tempo, esperando pelo pior.
Então, o mais novo ajudou o irmão a se levantar e apoiou o braço dele em volta de seu pescoço. Eles começam a caminhar sem rumo, rezando mentalmente para que uma luz no fim do túnel surgisse. Baekhyun estava tão preocupado com o irmão que se esqueceu do perigo que era não estar escondido em uma das salas. Talvez Lee tivesse uma arma, e não hesitaria em atacar se o visse com Baekbeom.
— Baekhyun! — o chamado despertou-o de seus devaneios e a esperança incendiou o seu coração.
Ele olhou ao redor até encontrar o ser alto vindo até os dois em passos rápidos.
Chanyeol— Vocês estão bem? Estão feridos? — passou os olhos rapidamente pelo rosto e corpo de ambos, até parar na perna de Baekbeom.
Baekhyun— Ele foi baleado... — diz com a voz cansada e preocupada. — Ele precisa de ajuda. Está perdendo muito sangue.
Chanyeol— Vamos. Sun Hee pode ajudá-lo. — o ajudou a segurar seu hyung que estava quase desacordado e foram às pressas até a sala de dança.
Ao se aproximarem, Chanyeol empurrou a porta de maneira brusca o que assustou as pessoas ali presentes. Assim que Taeyeon viu a situação grave, chamou pela médica que de imediato foi até eles.
Sun Hee— O que aconteceu? — pergunta rapidamente.
Chanyeol— Baekbeom levou um tiro na perna. — responde ao ver que Baekhyun não estava em condições para falar.
Sun Hee— Deite-o. — autoritária, e assim eles fizeram. Deitaram Baekbeom no chão e a médica elevou a perna baleada apoiando-a em sua bolsa. Chen e Suho se aproximam para ajudá-la. — A bala não saiu e eu não tenho recursos para retirá-la.
Chen— O que isso significa? — pergunta aflito pensando no ruim.
Sun Hee— Não se preocupem, isso pode esperar por mais um tempo. Primeiramente tenho que estancar o sangramento. — dito isto, ela tirou sua jaqueta de pano e a enrolou ao redor do ferimento para manter pressão.
Baekhyun se distanciou do círculo de pessoas que se formou em volta do irmão. Aquela noite estava sendo um trauma para ele. Estava assustado o suficiente para não agir logicamente.
A imagem do irmão machucado refletia em sua mente, juntamente com a de S/N. Sentiu muito medo em pensar que ela podia estar ferida ou que Yumi e Lee a encontraram. Ele tinha que ser rápido, sua decisão já estava tomada. Não iria perdê-la de novo.
Sem que alguém percebesse, Baekhyun saiu da sala voltando aos corredores escuros. Ele correu até as escadas e subiu os degraus rapidamente.
Quando olhou para S/N minutos atrás, teve certeza de que ela não tinha perdida a memória. Viu os mais puros sentimentos em seus olhos e sorriso. Então decidiu ir para o terraço. Sabia que aquele lugar tinha um pouco de significado para ambos. Baekhyun tinha crença de que ela pensaria o mesmo e que o encontraria lá.
[...]
S/N continou correndo sem parar. Abria todas as portas do primeiro andar, encontrava algumas pessoas tremendo de medo mas as ignorava e voltava a procurar Baekhyun sem pensar em desistir.
Por um minuto, refletiu onde ele poderia estar. Pensou que estaria em um lugar não tão óbvio e ao mesmo tempo fácil para ela de adivinhar.
Tao— S/N! — para na sua frente com a respiração compassada por causa da corrida. Tomou pouco fôlego apenas para possibilitar sua fala. — Qual é o seu plano? Vai correr por todos os lados até encontrá-lo? — referiu-se a Baekhyun.
S/N— No momento, sim.
Tao— Tem noção de que esse é o plano mais estúpido e imprudente que poderia ter?
S/N— E você tem outro melhor? — ela retrucou fazendo Tao ficar sem argumentos.
Hana— Já chega de discussão! — diferente de Tao, ela se aproximou andando com a mão sobre a barriga ainda pequena.
— Pela primeira vez, eu concordo com ela. — a voz feminina ecoou em seus ouvidos. A primeiro ponto eles se viraram assustados por alguém se dirigir a eles.
S/N— Scarlett. — chama seu nome e se aproxima lentamente da garota. — Encontrou Yumi?
Scarlett— Não, ainda não.
S/N— E as minhas irmãs? Meu pai? Os meninos? Você os viu em algum lugar?
Scarlett— Uma pergunta de cada vez. — diz e logo lhe deu as costas. Seu ato fez com que S/N pensasse que ela estava a ignorando, ou estava tentando deixar ainda mais claro que não ligava para o paradeiro do restante. Mas ela continuou. — Rápido. Me sigam. Os levarei até os outros.
Os três se entreolharam com esperança e felicidade no olhar, logo já seguiam Scarlett em passos rápidos.
Eles não conseguiam ignorar os corpos desacordados no caminho, mas a tristeza era inevitável. Lembrar que essas pessoas tem família, um parceiro que lhe espera em casa todas as noites, talvez filhos... Mesmo sendo desconhecidos, ficaram muito abalados pelas perdas.
Scarlett parou em à uma porta e a abriu revelando a sala de composição.
Scarlett— Não vai entrar, S/N? — indaga segurando a porta, logo depois que Hana e Tao entraram.
S/N ficou hesitante de repente. Achou que, pelo canto do olho, viu uma espécie de vulto passando não muito longe. Sentiu um frio na barriga, desconfiou que estava sendo observada.
Scarlett— É pra hoje ou 'tá difícil? — sem paciência, a acordou dos desvaneios.
Ela adentrou a sala decidindo ignorar a sensação estranha de antes. Abraçou Luhan e Sehun, feliz por não estarem feridos, depois abraçou Sook que demorou um bom tempo para soltá-la.
Luhan— Temos que arranjar um jeito de tirar todos da empresa. — fala pensativo.
Tao— É melhor esperarmos. Smith disse que não ia abrir as portas até que a missão fosse cumprida.
Luhan— Isso é o de menos. — ele olhou para S/N em uma cadeira longe dele, curioso com o que ela tanto pensava por não ter dito muito desde sua entrada. — A vida dessas pessoas é o que mais importa.
Scarlett— Só está dizendo isso porque está com medo. — ele a fuzilou com os olhos. — Você diz que não tem medo de morrer, que ninguém no mundo lhe assusta, mas isso é uma mentira.
Luhan— Estou com raiva, cansado, sem paciência... Mas com medo? — arqueou uma sobrancelha. — Pare de dizer besteiras.
Na realidade, Scarlett tinha meia razão. Ele não temia Lee e Yumi, muito menos a sua morte. Ele tinha medo do que não conseguia controlar.
Sook— Se reiniciarmos a energia, temos mais chances de sairmos daqui.
Sehun— Lee e Yumi também vão fugir. — lembrou aflito.
Luhan— Eles podem fugir, mas não para sempre.
Enquanto debatiam sobre o assunto, um outro ser estava do lado de fora escutando cada palavra atentamente. E de repente, este mesmo começou a assoviar. O silêncio pairou na sala de composição assim que a melodia assustadora chegou aos seus ouvidos. Todos olharam para a porta fechada, perceberam por debaixo da porta a sombra do indivíduo passando, até parar aparentemente bem em frente a porta. Parecia que o mundo tinha parado. Eles não se mexeram, muito menos piscaram. Até que o indivíduo puxou o gatilho e atirou na parede que o separava dos outros. Os tiros atravessaram a barreira facilmente. Tao foi rápido e empurrou a cadeira de Luhan para o canto o fazendo bater de costas contra a outra parede, logo todos se jogam no chão para se protegerem. S/N fechou os olhos com vontade de gritar apavorada pelos estrondos que despedaçavam a parede, mas a sua voz falhou.
Os tiros foram cessados. Pairou-se pelo ambiente o cheiro da pólvora misturado com sangue, o que era muito enjoativo. S/N abriu os olhos, mas se arrependeu do ato. Ela viu ao seu lado o corpo de Scarlett desacordado e com sangue escorrendo em sua testa. Com muito esforço, ela olhou para o outro lado vendo os seus amigos ainda abaixados.
Ela escutou o grunhido da porta que foi aberta lentamente e depois o som dos passos vindo em sua direção. Havia lágrimas em seus olhos e isso embaçada sua visão, mas reconheceu Lee quando parou em pé ao seu lado. Seu sorriso tinha um ar vitorioso, ele começou a rir histéricamente.
Lee— Eu nunca quis matar você, mesmo depois de descobrir que estava tendo um romance com Baekhyun. — sua voz era serena o que era extremamente assustador. — Pensei que vocês não iam durar, porr isso não vi como uma ameaça no começo, mas isso mudou quando fomos para a China, para o casamento de Eleanor. Baekhyun levantou o tom de voz para mim pela primeira vez. Agora imagine, um moleque como ele se revoltou contra o homem que lhe deu oportunidade de realizar o seu sonho e que fez o seu nome ser reconhecido pelo mundo, tudo por causa de uma criança como você.
Inutilmente, ela tentou esquivar-se, mas Lee a chutou na região de sua costela o que a fez se encolher de dor com a mão no local atingido.
Luhan— Não! — gritou desesperado. Lee se virou ao escutar uma das vozes que mais detestaaa e só então notou a presença do loiro no canto da sala. — Não ouse tocar nela!
Lee— Se não o quê? Você vai se levantar dessa cadeira de rodas e vir me bater? — ele riu o que fez Luhan sentir ainda mais nojo do homem.
Luhan avaliou melhor aquela situação e percebeu que Lee estava perto de matar S/N. Foi então que seu peito começou a doer. Não queria perdê-la, mas não podia fazer nada que reverteria as posições.
O loiro abaixou a cabeça ao sentir um acúmulo de água em seus olhos que logo deslizou sobre seu rosto como uma lágrima. Ele não se reconhecia. Estava desistindo fácil e chorando bem em frente ao inimigo. Ele não deixaria que isso continuasse. Ainda que tenha poucas probabilidades de salvá-los, não entregaria a vitória.
Luhan segurou firmemente nos braços da cadeira e, com todas as suas forças, o seu afeto por S/N e o ódio e ira de ter sido tratado como um insignificante por Lee... com muita dificuldade e apoiado nos braços da cadeira, ele firmou seus pés no chão e se levantou, ficando em pé.
S/N— L-Luhan… — admirada com o que viu, assim como todos presentes.
Suas pernas tremiam um pouco, mas isso não o impediu de continuar. Ele deu um passo curto, parecia que estava aprendendo a andar novamente. Mais alguns passos foram dados, não o suficiente para chegar muito perto de Lee, e em seguida o loiro caiu no chão sentido seu corpo doer por completo.
Lee— Francamente... — debochou indo até ele se agaichando na sua frente. — Você sempre será um inútil e insignificante. Eu devia ter te matado antes. — seu sorriso ficou mais largo enquanto brincava com a arma em sua mão. Ele volta com a feição séria quando Luhan, mesmo estando muito fraco, começou a rir como se o mais velho tivesse caído em uma pegadinha. — Do que está rindo, seu verme?!
Luhan— Você se distrai muito fácil.
Antes que Lee o questionasse mais uma vez sobre suas palavras, ele sentiu um objeto pontudo perfurar a sua coxa. Ele gritou com a tamanha dor e ardência, perdeu totalmente o foco no que estava acontecendo antes. Sook tinha tirado a tesoura que usou para consertar as roupas antes do desfile, entregou o objeto para Sehun que aproveitou a distração de Lee e a cravou em seu corpo.
Tao tirou do bolso a arma de choque, a mesma que Scarlett roubou da viatura. Se aproximou ligeiramente de Lee e pôs a arma em seu pescoço o eletrocutando. O corpo dele ficou imobilizado, mas não seria por muito tempo. Ao pensar nisso, S/N avistou a arma que antes Lee usava para lhe ameaçar. Sem pensar no que estava fazendo, ela se levantou e rapidamente pegou a arma.
Quando olhou para frente, viu Lee ainda ajoelhado, mas estava virado para ela. Traços de dor eram visíveis em suas feições, mas ele sorria como se ainda estivesse no comando, enquanto todos já estavam de pé observando o estado daquele homem que sempre teve a imagem de um ser inabalável.
Com a simples menção de Lee em ficar de pé, S/N ergueu a arma em sua direção sem hesitar. A gargalhada histérica dele preencheu os seus ouvidos.
Lee— Você não consegue me matar! — seu ar era duvidoso. — Você é muito fraca pra...
O mesmo interrompeu-se quando sentiu uma ardência no peito, a dor se espalhou por todo o seu corpo até que caísse desacordado no chão. Todos olham surpresos para S/N por ter a coragem de disparar um tiro no peito de Lee, nem ela mesma acreditava no que tinha feito. Sabia que nunca esqueceria disso, mas estava sendo movida pela raiva pensando que se não fizesse isso, Lee teria feito com ela. Estava apenas se defendendo.
Hana— Você fez o certo. — diz para sua amiga e a abraçou. S/N deixou a arma cair no chão para retribuir o abraço.
Os outros foram ajudar Luhan que não estava bem fisicamente e psicologicamente. O colocam sentado na cadeira com cuidado e perguntaram se estava bem, mas ele não respondeu, achava que o seu estado não era o mais importante.
Luhan— Ele está morto? — questionou Tao assim que o viu verificando o pulso de Lee.
Tao— O coração dele ainda bate.
Luhan— A morte é boa demais para ele, tem que sofrer atrás das grades pelo resto da vida. — fala friamente. — Enquanto a Scarlett? O ferimento dela é grave?
Tao— Não. — negou olhando de perto o machucado na testa da britânica que ainda estava desacordada. — Ela vai se recuperar.
Tornando inútil a lanterna dos celulares, a energia voltou deixando mais visível a sala que estava em um estado deplorável. Paredes perfuradas, decorações quebradas, cacos de vidro espalhados, sangue no carpete...
As vítimas estavam assustadas com a série de tiros que ecoou por todos os lados minutos atrás, mas decidir se arriscar. Sairam de seus esconderijos e correram para a porta principal clamando por ajuda dos policiais do lado de fora.
Sook— O pesadelo está quase no fim. — suspirou sendo abraçada por Sehun.
Sehun— Parecer que estamos seguros agora, mas não vamos esquecer de Yumi. Ela ainda está a solta.
Ao lembrar disso, todos procuram com os olhos pela pessoa que estava segundos atrás com eles na sala. E como um passe de mágica, ela tinha sumido sem que ninguém percebesse.
Luhan— Cadê a S/N?
[...]
— Todas as unidades de controle estão entrando. Repetindo. Todas as unidades de controle estão entrando.
S/N já não sabia quantas vezes escutou aquela frase sendo repetida enquanto subia as escadas com rapidez, e ao mesmo tempo com cuidado para não tropeçar.
Ela devia ir para a porta principal assim como os outros, mas ignorou a opção. Assim como Smith está cismado em concluir o caso, ela está almejante em reencontrar Baekhyun. Foi com esses pensamentos que ela pensou na possibilidade dele estar no terraço, e se não estivesse iria continuar procurando, não pararia até encontrá-lo.
Quando avistou a porta que dava para o terraço, sentiu uma alegria imensa lhe invadir o peito. Subiu o resto dos degraus e empurrou a porta com lentidão, mas isso não passou despercebido pelo indivíduo que estava ali, a espera da mulher que tanto amava.
Baekhyun virou-se para ela, estreitando os olhos como se não acreditasse no que via. Seus olhos estavam vermelhos e cansados, o que entregava que ele estava chorando antes.
S/N correu freneticamente a distância que os separavam e se jogou nos braços dele, em prantos, com o rosto em sua camisa. O cheiro dele tomou posse dos seus pulmões. Ela pensou que nunca mais ia sentir aquele cheiro, ou vê-lo olhar para ela, sorrir para ela...
Baekhyun a apertou em seus braços como se precisasse daquilo para viver. Sentiu tanta falta daquela garota que não cabia em seu coração tanto sofrimento.
S/N— Eu senti tanto a sua falta... — fala meio trêmula. — Pensei que nunca mais ia te ver.
Baekhyun— Estou bem aqui. Pequena. — sussurrou em seu ouvido enquanto acariciava seus cabelos com uma mão enquanto a outra estava pousada em suas costas mantendo os seus corpos colados. — Você está bem? Está ferida?
S/N— Baek-ah... — hesitou em dizer e isso o deixou ainda mais preocupado.
Baekhyun— Alguém machucou você? — segurou seu rosto com delicadeza e procurou preocupado por algum ferimento. — Me diga quem foi o infeliz porque eu vou...
S/N— Não precisa, eu já tratei disso. — ela sorriu minimamente. — Estamos juntos agora, isso é o que importa.
Ele ainda tinha preocupação no olhar, mas decidiu deixar aquele assunto de lado por enquanto, eles tinham todo o tempo do mundo para falar sobre aquilo.
Baekhyun— Se eu pudesse fazer com que todos esses problemas deixassem de existir, eu não hesitaria. — apoiou sua testa na dela fechando os olhos lentamente. — Mas se tem uma coisa que posso fazer é permanecer ao seu lado, para sempre.
S/N— Então vamos sair daqui. Podemos ir para qualquer lugar longe, não me importo para onde, só quero estar com você.
Ele abriu os olhos assim que ouviu a proposta. Os seus lábios se esticaram em um sorriso quadrado.
Baekhyun— Vamos, hoje mesmo. — ele segurou em sua mão. — Vai ser só nós dois.
— É melhor não cantarem vitória cedo demais.
O casal escutou a voz dela... justo a última pessoa que desejariam ver naquele momento. Baekhyun foi rápido e se pôs na frente de S/N a protegendo.
Baekhyun— Yumi... Abaixe essa arma.
Yumi— Não. — continuou mirando na direção dos dois sem tremer a mão. — Essa vai ser a última chance que lhe dou, Baekkie. Venha comigo, vamos nos casar e construir uma família.
Baekhyun— Por favor, nos deixe ir. — era a primeira vez que ele implorava algo dela. O medo era visível em seus olhos. — Perdoe-me por não corresponder aos seus sentimentos, mas o meu amor pertence a S/N e isso nunca vai mudar.
Yumi— Não... — seus olhos se enchem de lágrimas e pousaram em S/N.
Baekhyun— A polícia está chegando. Você vai ser presa de qualquer jeito e tudo isso vai acabar.
Yumi— Já aceitei que irei para a cadeia, mas não aceitarei que vocês tenham um final feliz. — ela apertou a arma com mais firmeza e Baekhyun escondeu S/N ainda mais atrás de si. — Está pensando que vou matar ela? — Yumi soltou uma risada sem humor. As suas palavras causaram um desespero em S/N por ter entendido sua verdadeira intenção. — Está enganado se pensa isso, Byun Baekhyun. Eu te amo, mas do que a mim mesma, e é por isso que você tem que ser só meu. E se não for, então não será de mais ninguém.
A porta do terraço foi aberta e uma equipe grande de policiais apareceram, mas já era tarde demais.
Yumi disparou um tiro que acertou em Baekhyun. Antes dos militares reagirem, o segundo tiro foi disparado e desta vez foi certeiro na cabeça.
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