História Bate o sino de Hanói - 2,4-D - 2,4,5-T

Do Thi Nga nunca se destacou em nada, mas se esforçava ao máximo para conseguir ser ao menos bom em tudo. Costumava atentar a quaisquer assuntos e indagar acerca de cada detalhe, por vezes arrancando olhares tortos e comentários que lhe julgavam como um menino muito curioso; e era, mas não caracterizava um defeito.

Do Thi Nga tinha muitos colegas e alguns amigos, um menino e uma menina da mesma idade. Eram da mesma turma na escola e estavam sempre juntos em qualquer missão, desde escalar árvores para pegar frutas e ingerir sem se importar em lavar a estudar para provas difíceis. Falavam sobre o futuro mas mudavam de planos diariamente, geralmente esqueciam de todos 10 minutos depois.

Do Thi Nga, da última vez, disse ao pai que queria ir ao espaço, mas que tinha medo de não conseguir retornar à Terra e ficar preso pelo resto de sua vida em uma nave. Após o comentário, imaginou que não poderia ser tão ruim, afinal, teria uma visão privilegiada dos astros.

Do Thi Nga, para todo lugar, carregava consigo um par de sinos dourados dados pelo avô materno. Acreditava que lhe davam sorte e nunca saía de casa sem eles, era um amuleto inseparável. A pintura descascava com o tempo, mas seu efeito permanecia sendo o mesmo e era isso que importava.

Quando Do Thi Nga corria, os sinos batiam. O cachorro no quintal percebia sua chegada, os pássaros se preparavam para voar longe e todo mundo, no final, se alegrava.

Naquele dia, no entanto, os sinos caíram de suas mãos e foram perdidos.

Para sempre.

Do Thi Nga era uma criança cheia de sonhos — e todos eles foram manchados pelo laranja.