História Be Free - What is that ?

Pov's Luce

A situação havia passado de descontraída para tensa, no momento que Jimmy subiu com Kristen e os meninos resolveram ir desaparecendo aos poucos deixando apenas eu e Liam na sala que agora parecia grande mais, vazia demais, com sentimentos frios e uma situação constrangedora pairando no ar. 

Liam me encarava e eu tentava olhar para baixo. Ele demorou 5 minutos para tomar uma atitude, cinco minutos torturantes de silencio com ele me encarando. 

- Luce - ele se levantou e se sentou desajeitado ao meu lado - estou perdido.

Olhei em seus olhos e vi as lagrimas. Suspirei. Abraçei minha barriga e naquele momento eu tive um ponto de coragem. Eu devia contar. Salva-lo de si mesmo, sabia como era ruim se perder dentro de si mesmo, sabia como era e não queria isso para ele, pois eu o amava. Eu deveria gritar agora. Fechei meus olhos. Contei até 5 eu precisava fazer isso. Liam suspirou e me deu a mão, meu corpo se arrepiou inteiro. E meus olhos se abriram lentamente enquanto o barulho de um casal amigo de Mark ia embora, sorrindo atoa, de mãos dadas, taças a mãos e beijos. Apaixonados. Um amor lindo, que por alguns segundos encheu a sala de algo mágico que passou tal rápido como chegou. Meu momento de coragem havia ido embora. Eu voltei a ser apenas a fraca Luce que escondia algo tão serio.

- Liam -o chamei de novo e tampei minha respiração mais assim que seus olhos cansados se encontraram com os meus eu desisti de novo - me ajuda a subir as escadas ? 

Ele se levantou rápido e me deu as mãos e eu sorri. Eu e ele estávamos nos tratando como estranhos, e eu forçando manter um minimo contato com ele, que parecia totalmente desequilibrado. Eu daria tudo para saber o que se passava por sua cabeça nesse momento! 

POV's Liam 

O simples contato com sua pele, o seu cheiro. O seu chato vestido que lhe atrapalhava a andar, como era bom te-la de novo, enquanto subíamos a escada eu desejei que ela fosse infinita, Luce estava em meus braços, reclamando a cada degrau, era assim que deveria ser. Era assim que deveria estar destinado a ser, eu e ela juntos esperando nossa pequena Toya. Me passou por segundos a ideia de rouba-la, a pegar no colo, a jogar no carro e ir para o outro lado do mundo. Outra ideia foi matar Mark mas essa eu havia guardado em meu mais profundo interior desde o dia em que em uma cabana no escuro Luce recebeu uma ligação e eu descobri sobre a existência desse idiota. Eu estava destinado ao fracasso, ao sofrimento e a dor. Eu estava perdendo o pouco que me faltava de esperança. Era realmente uma vida de merda. Perdi meu filho a 4 anos atrás. Perdi meu irmão a 10 meses. Perdi minha esposa parcialmente louca. Perdi meus pais também parcialmente, porque depois da morte de Jer não era a mesma coisa, nunca seria. E por ultimo e não menos dolorido, perdi a mulher que eu amo. Parecia ironico perder alguém que estava em seus braços agora, mas eu sabia que havia um abismo entre nós, algo que estava alem da capacidade de qualquer um entender, algo que nem mesmo se quer eu entendia. Eu gostaria de saber o porque de tudo ser tão complicado, porque as coisas podem se tornar uma verdadeira tsunami quando na verdade você só queria pular uma onda. Mas e a vida um dia você mergulha para dentro da onda, e no outro ela esta engolindo você. E quem dera eu estivesse falando de algo físico mas minhas comparações caminhavam para algo mais complicado. Afinal quem no mundo um dia poderá verdadeiramente explicar como funciona o cérebro humano, como funciona o nosso pensamento. E como fazer para não deixar a onda de pensamentos invadir você e te destruir. Te fazer se sentir um merda. Bem que minha mãe me falava, seu pior inimigo e você mesmo. Bem que ela falava ...

- Liam - Luce me empurrou sorrindo e eu voltei minha atenção para ela.

- Oi - minha voz saiu calma e cansada e ela sorri abrindo a porta de seu quarto.

- Quer entrar ? - ela entrou e deixou a porta aberta, entrei e fechei a mesma. Na verdade tranquei. Torcendo para eu poder ter Luce por mais uma vez, por mais que eu houvesse perdido as esperanças a tempos, eu ainda tinha uma imensa vontade guardada em mim de te-la novamente. Mas ela estava casada, eu não podia agarrar uma mulher gravida que tinha acabado de se casar, era imoral fazer isso.

- Poderia por favor me ajudar ? - ela gritou de dentro do banheiro.

Corri para lá e ela me olhava sorrindo.

- Abri o vestido pra mim.

Ri disso e cheguei perto dela. Minhas mãos suavam e eu não sabia bem o que fazer. O zíper a minha frente parecia ter dentes prestes a me morder. Fechei os olhos e o abri. Tentando não ter pensamentos pervertidos com a mulher gravida a minha frente.

- Obrigada.

Ela fechou a porta do banheiro e eu fiquei em seu quarto.

Era enorme, havia uma cama de casal e um pijama masculino dobrado em cima da cama que tinha um forro vermelho vivo e um bilhete em forma de coração. Havia uma tv de lede e vasos com plantas enormes, uma estante cheia de livros e uma mesa com um computador. Um armário. E uma Luce deitada na cama comendo mais bolo em sua calça de moletom e sua blusa larga. Seu cabelo preso em um coque e ela sem maquiagem. Seus olhos não tinham brilho, estavam fundos e com olheiras, seus braços estavam enormes e bom seus seios também mas não de uma maneira sexy. Os lábios de Luce estavam ressecado e seu cabelo mesmo preso parecia não ter um brilho que mesmo em Eritreia ele tinha. A boca de Luce estava seca e branca. E sua pele ressecada. 

Me sentei a sua frente e não sabia direito como agir, meus pés dispararam a batucar no chão enquanto ela que comia o bolo falou de boca cheia, e eu nem se quer liguei :

 - Minha mania - ela olhou para o meu pé - esta tudo bem ? 

- Você casou - suspirei - não, não está tudo bem 

- Honestamente - ela colocou o bolo de lado e com dificuldade subiu a perna para a cama, as cruzando e sentando a minha frente um pouco mais perto - estou aliviada que você não atrapalhou, pensei que fosse parar meu casamento, e torci muito para que não fizesse nada, e por parte também torci para fazer.

Ri disso e ela também.

- Estamos loucos - comentei - eu e você, precisamos de psicológicos e tudo mais.

Ela riu e eu suspirei observando sua risada que por um momento a deixou viva novamente.

- Estou com acompanhamento médico - ela me deu a mão - você deveria procurar um também - ela pigarreou e continuou e eu senti a amargura em sua voz - talvez Dani possa te ajudar.

- Não existi mais - suspirei - Dani.

Ela arregalou os olhos e sorriu, mas depois me deu um soco.

- Me fala isso depois que eu caso Payne - ela negou com a cabeça - o que aconteceu ? 

- No dia que recebi seu convite - ela fez uma careta - eu meio que surtei, e gritei com ela, quando voltei pra casa ela não estava mais lá, deixou um bilhete falando sobre o advogado mandar os papeis, e para que eu ligasse. Não fiz questão.

- Então e culpa minha ? - seus olhos se encheram de lagrimas e eu apertei mas suas mãos contra as minhas.

- E tudo culpa sua Luce - brinquei - eu estou melhor assim, pode parecer que não mais futuramente vou ficar.

- Liam - ela me abraçou e começou a chorar.

POV's Luce 

Eu não podia. Como eu iria privar ele de algo assim ? Como eu olharia em seus olhos agora, conversaria com ele sabendo que no fundo existe um segredo do caralho guardado comigo. Como ? 

Eu nunca iria me perdoar se morresse sem falar com Liam sobre isso, uma coisa que aprendi em minha viagem foi que você deve sempre fazer as coisas na hora certa, que talvez não vá existir uma oportunidade depois, era esse meu sentimento agora. De não ter uma oportunidade depois, Liam merecia saber, ele sempre foi tao bom e agora ele nem estava mais casado, não tinha nada para impedir o fato de que ele deveria e tinha o direito de ser o pai dessa criança. Mas uma outra coisa que eu havia aprendido em minha viagem foi ter medo. E eu estava morrendo de medo agora. Medo de não saber qual seria sua reação, ainda mais quando eu tive mil e uma oportunidades para contar, ainda mais com uma matéria solta por ai. Eu não podia enlouquecer de novo. Respirei algumas vezes enquanto os dedos de Liam faziam carinhos em minhas costas. 

- Hey o que aconteceu ? 

Solucei e tentei falar : 

- E-eu es-estou tão assus-assus-ta-tada - falei em meios a soluços chatos que me cortavam ao meio. Ele beijava minha cabeça e eu fechava os olhos cada vez com mais força desejando com força para que aquilo durasse eternamente. Que eu tivesse o poder de congelar a situação. 

- Meu casamento esta fardado ao fracasso, que tipo de mulher deixa seu marido a meio de perus e vai pro quarto chorar no colo de outro cara ? 

- Tem uma exceção se esse cara deveria ser seu marido.

Soltei um suspiro, quem dera. 

- Não me tortura - entortei a cabeça de lado e estavámos tão perto - eu quero que de certo, quero que ambos sejamos felizes Liam, sera tão difícil achar a maldita felicidade ?

Ele arqueou as sobrancelhas e deu um sorriso irônico, cansado. Uma virada de olhos e mexeu em meu cabelo.

- Enquanto estamos longe um do outro tudo parece mais difícil nessa merda! 

Voltei a encostar minha cabeça em seu pescoço, tentando memorizar de vez seu perfume em minha cabeça. Algo a mais para meus sonhos. Minhas mãos o apertavam com força. Até que ele gemeu e meu corpo se arrepiou. Não por prazer de escutar a voz de Liam em meio a gemidos mas um arrepio ruim que percorreu minha espinha, desceu para minhas pernas enquanto a forte pontada em meu ventre me fez gritar. O que estava acontecendo ?