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História Bebê a Bordo 2 - Papais têm um problema e eu sei disso


Escrita por: MKimjin e kimiejeon

Notas do Autor


OIEEEEEEEEEEE SENTIRAM SAUDADES? KKKKKKKKK
Ai gente, eu to empolgada, tá? Vou dar uns avisos aqui rapidinho pra gente seguir o fluxo hehehe
↬ Essa fic vai ser bem menor que a primeira temporada, então não se preocupe porque os problemas serão resolvidos rapidex;
↬ É nesta temporada que eles vão ser uns papais de colocar no colo e apertar as bochechas porque será fofo heheh;
↬ Eles são adultos agora, e vocês verão a maturidade logo no primeiro capítulo;
↬ É claro que vai ter conflito, mas eu vou fazer ele ser beeeeem breve e fácil de ler :3;
↬ O problema principal gira em torno da Somin, vocês vão entender kkkkkk;
↬ As atualizações provavelmente (quase certamente) será semanal como a primeira temporada;
↬ Terá Yoonmin, Namjin e Soyseok(??????) kkkkkkkkk
↬ Acho que é só isso kkkkkkkkk
↬ Boa leitura

Capítulo 1 - Papais têm um problema e eu sei disso


Fanfic / Fanfiction Bebê a Bordo 2 - Papais têm um problema e eu sei disso

Um bichinho de estimação, quando chega em casa, traz felicidade, sorrisos, momentos bons, e até alguns frustrantes, deve-se dizer. Eles vêm com aquela carinha fofa, aquele jeitinho envergonhado, e quando se acostumam, não hesitam em roubar chinelos ou comer parte do seu jardim. Eles podem irritar os donos, ah sim, eles podem. Os cães, por exemplo, uivam em horas nada adequadas, os gatos fazem um xixi de matar, os coelhos podem te morder e dar um problema bem grande, os porquinhos da índia são fofos, mas o que tem de fofos, seus cocozinhos tem de fedor. Resumindo, não haverá um bichinho de estimação, que não faça algo de inusitado, a não ser que sejam de pelúcia. Mas mesmo sabendo disso, as pessoas os amam. Elas querem dar o melhor para os bichinhos, elas riem de suas gracinhas, os induzem a fazer gracinhas, elas cuidam e dão um amor incondicional, porque eles precisam disso. Um bichinho vem trazendo muito amor, muita felicidade e muita luz para onde quer que eles estejam chegando e é isso que faz as pessoas os amarem cada vez mais.

Mas além disso, eles são bichinhos. Precisam de comer, beber, terem um lugar para dormir, precisam de brinquedos, precisam de passear, precisam de descansar, brincar, precisam de cuidados, precisam de consultas médicas, remédios, vacinas, cobertor para o frio, precisam de banho, tosa, limpeza nos ouvidos e dentes, precisam de beijinhos e dependendo, até de pentear os pelinhos. Os bichinhos precisam que seus donos sejam responsáveis, porque eles não são uma pelúcia que se coloca na cama para enfeitar, eles são uma vida e por mais que tragam muita, muita diversão, eles ainda são seres vivos e precisam sim de cuidados.

A mesma coisa, é a família.

Seria estranho começar dizendo que a família é como um bichinho de estimação. Isso poderia causar confusão e um pouco entendimento para as pessoas, mas como agora já se sabe como é ter um bichinho, talvez esteja na hora de dizer como é ter uma família.

Família é união. Tudo bem que nem sempre é companheirismo, nem sempre é amor e quase nunca é perfeita, mas ainda assim, é união. Família pode te trazer felicidade, muita felicidade. A ideia de se ter uma família vem chegando tímida, assim como o bichinho, mas a partir de um tempo, já é algo que se acostuma e que vem trazendo sorrisos.

Família vem de um namoro, de uma marca, de um casamento, de um bichinho de estimação e de um filhote. Vem de momentos bons, de momentos ruins; vem de comer pizza juntos, de cozinharem juntos, de tomarem banho juntos, de chorarem juntos. Vem de um aconchego, de um beijo, de um abraço, de uma demonstração de amor, e bem devagarinho, a cada coisa, a ideia de família vai só aumentando, até que tudo estivesse ali, formado: o casal, um bichinho de estimação e um bebê.

Mas como o animalzinho, família também exige responsabilidades. O trabalho fica mais duro, as despesas ficam mais pesadas, acontecem imprevistos e acontecem cobranças.

A chegada de um bebê, é linda, mas também custa um canto para dormir, custa alimentação, custa conforto, brinquedos, passeios, remédios, cuidados, mimos e tudo mais o que for possível, custará.

Taehyung e Jeongguk estavam cientes disso, mas nada era um obstáculo para que eles quisessem enfrentar cada vez mais a ideia de fazer a família crescer. Desde o casamento, começaram a tentar uma nova gravidez a todo custo. Rejeitaram todos os tipos de remédio anticoncepcional, passavam longos dias de cio sem nenhuma proteção, insistiam fora do cio e não faziam absolutamente nada para evitar uma gravidez, mas acontece que o novo bebê nunca chegava.

As tentativas eram incontáveis, Taehyung já se pegou inúmeras vezes dentro do banheiro de sua casa, segurando um teste de gravidez entre os dedos trêmulos, para ver apenas um pontinho aparecer e piscar no visor a informação de que não havia gravidez. Foram várias as vezes que Jeongguk esteve junto consigo esperando pelo resultado, mas depois de um tempo, ele começou a testar sozinho, saindo sempre frustrado, por ver que não havia acontecido. Afinal o que havia de errado?

Com isso, Somin foi crescendo, seu trabalho como modelo de Phil foi ficando mais firme, e ela amava aquilo. A pequena começou a fazer pequenas viagens com o pai ômega e com o chefe Phil, que ela carinhosamente chamava de tio. Taehyung e Somin foram ficando cada vez mais imersos no mundo da moda, assim como Jeongguk, que após se tornar um dos compositores oficiais da agência, começou a fazer também, viagens importantes para composições em parcerias, ou para fazer seu papel de dançarino, oferecendo workshop em algum lugar que o grupo fosse se apresentar.

O novo bebê não vinha, mas eles ainda tinham um ao outro e tinham Somin, que lhes cobrava as responsabilidades necessárias de se ter uma família. Mas com isso, por mais doloroso que seja, era necessário afirmar que eles estavam afastados novamente.

Desta vez não houve briga, não houve cobrança ou desentendimento, muito pelo contrário, quando os exames davam negativo, eles terminavam em um beijinho singelo e um jantar simples, para criarem um momento bom entre eles e para ouvir tudo o que Somin tinha para contar da escola ou que havia feito na agência. Mas no dia seguinte, já estavam imersos em seus trabalhos, afinal, se quisessem mesmo ter outro bebê, deveriam focar no trabalho que agora estava indo de vento em popa.

Somin estava cada vez maior, seus desejos cada vez mais caros, assim como as despesas com saúde, colégio, roupas e o que mais precisasse. Jeongguk nunca media esforços para dar o melhor para a filha, afinal, ele trabalhava tanto para que fosse um bom pai para a pequena, assim como Taehyung, que fazia de tudo para sua doce alfa. Com isso, o foco no trabalho foi ficando mais intenso, as tentativas de terem um bebê começaram a ficar mais distantes umas das outras e eles foram ficando menos como um casal e mais como pais. Eram dois amigos e uma criança dentro da mesma casa, e Somin começou a sentir. Ela dava crises de choro, que os pediatras caracterizavam como insegurança, por isso, a vida íntima ficou mais complexa. A filha não conseguia dormir em outro lugar, onde nenhum dos pais estivessem, e isso começou a impossibilitá-los de entrar no cio. Começaram a procurar alternativas para lidar com toda a situação, até que a filha estivesse melhor com sua saúde. Procuraram remédios para inibir, mas que no fim, os fizeram mal; procuraram passar os cios separados, o que também não estava dando certo e a última alternativa foi tentar fazer com que Somin ficasse na casa de Seokjin para brincar com Jinwoo. A última vez deu certo, mas o momento íntimo não foi como os outros. Ficaram preocupados, seus lobos atentos o tempo inteiro no lobo da filha e o cio durou apenas um dia, o que não foi nada saudável.

Depois disso tudo, resolveram ter uma conversa séria. Não dava mais para levar a vida daquela forma. Se amavam, e isso era um fato, mas nada ali parecia funcionar. Não vinha o bebê, não tinham mais cios, trabalhavam bastante e se preocupavam em excesso com todas as necessidades de Somin, e para que tudo isso continuasse, eles não podiam estar tão ligados um no outro, então decidiram desfazer a marca, processo este que já havia sido aprovado há algum tempo e até então, vinha funcionando.

Seria doloroso. Depois da decisão, choraram bastante um nos braços do outro, mas eles precisavam tentar, mesmo que depois refizessem a ligação. 

O problema, é que depois daquele dia, as coisas já não foram mais as mesmas.

↬↫

Jeongguk estacionou o carro na garagem, encostou-se no banco e respirou fundo. Enfim em casa, depois de um longo dia de trabalho. Como todas as vezes, esperou por cinco minutos, para se recompor e entrar com a melhor cara possível, para não demonstrar para a filha e para Taehyung, como estava cansado.

Passou as mãos entre os cabelos, ajeitou a camisa e colocou uma bala na boca. Antes de sair do carro, pegou uma caneta que estava no porta luva e sua mochila, e só depois saiu, encaminhando-se para o interior da casa.

Foi atingido com o melhor aroma possível da comida caseira e com um abanar de rabo desesperado de Yeontan, que quase sorria, de tanto colocar a língua para fora e mostrar os dentinhos. Ele se abaixou rapidamente, dando uma afagada na cabeça peluda do cachorro, que logo correu dali, provavelmente para se deitar em algum canto macio. Yeontan havia se tornado um preguiçoso mimado, afinal. As vozes na cozinha denunciavam que o marido e a filha estavam por lá e foi exatamente para onde ele correu, direto.

— Papai! — Somin puxou o ar de uma vez e se levantou da cadeira, correndo para seus braços. Ele a abraçou forte e ficou de pé, puxando a pequena para seu colo. — Eu não ouvi você chegar. — A vozinha fininha murmurou próximo ao seu ouvido.

— Papai chegou silencioso igual ao Homem Aranha. — Brincou, dando um beijinho na bochecha fofa da sua alfa e correndo os olhos pela cozinha, avistando o ômega encostado na bancada, com uma mão de cada lado do corpo e com um sorriso mínimo.

— Ei Tae.

— Ei Guk.

— Papai, o papai Tae está bravo hoje. Dá um beijinho nele para ele ficar bem? — Ouviu a filha pedir.

— Nem vem. — Taehyung desfez o sorriso. — Estou bravo sabe, Jeongguk, porque alguém anda brigando no colégio de novo! Então não me venham com beijos, porque isso não tira o fato de que eu fiquei bem chateado.

— Não acredito — Jeongguk encarou a filha, que fez um bico enorme, nem um pouco arrependida. — Por que está brigando no colégio de novo?

— Porque os meninos são bobos.

— Não pode brigar, filha.

— Ela bateu em dois alfas, Jeongguk, imagina a gravidade disso? E se eles a pegam?

— Eles estavam fazendo maldade com o Jinwoo, eu não ia deixar. — Somin tentou argumentar e Taehyung segurou para não rir.

— Mesmo assim, princesa, não pode. — Ele se curvou e a colocou de volta no chão. — Papai não quer saber de brigas, entendeu? Se o Jinwoo está com problemas, deixa que o tio Jin e o tio Nam resolvam isso.

Somin abaixou a cabeça, dizendo claramente que continuaria brigando, se os colegas ficassem implicando com o amigo.

— O que está fazendo aqui, hm?

— O dever. — Ela respondeu baixinho, apoiando a cabeça na mão. — Está chato, eu não quero mais fazer.

— Mas é necessário, para você ficar inteligente. — Ele respirou fundo e se endireitou. — Olha só, se fizer todo o dever, o papai vai ter dar uma coisa que ele comprou hoje.

— É um presente? — Seus olhinhos brilharam.

— Sim, é um presente, mas para ganhar, você precisa fazer todo o dever e depois a gente vai conversar um pouco sobre essas brigas. — Alertou e viu a filha bufar, desanimada. — Tudo bem?

— Tá bom. — Ouviu a resposta preguiçosa.

— Então tá. — Ele passou a mão de leve em seus cabelos e voltou a atenção a Taehyung, este que mexia a comida na panela. — E Tae, você pode dar uma chegadinha lá em cima fazendo favor? É rápido.

— Uhum, claro. — Viu o ômega tampar a panela e secar os dedos no pano de prato. — Mocinha, eu já volto e você trata de cuidar desse dever e nada de chegar perto do fogão, ok?

— Ok! — Somin respondeu animada, com um sorriso sapeca. Ela imaginava que eles iriam se beijar e ela amava isso.

Seus pais ultimamente não estavam dando beijos e ela sentia falta. Desde pequena, sabia que os beijos eram coisas boas e isso significava que eles estavam felizes. Ela sempre via os tios se beijando, mas não via os pais, e isso ficava martelando em sua cabeça, do porquê. Soyeon tentou até convencer a sobrinha de que os pais eram reservados e faziam isso escondido, então, sempre que estavam sozinhos, ela acreditava que eles estavam se beijando, e isso a deixava feliz.

Jeongguk subiu as escadas com certa pressa e Taehyung foi atrás. Por mais que a filha fosse obediente em boa parte do tempo, a ideia de deixá-la perto do fogão quente era complicada, então sempre resumiam o assunto, para evitar acidentes.

O ômega fechou a porta do quarto atrás de si e deu dois passos à frente, vendo o alfa tirar a mochila das costas e a abrir.

— Então? — Perguntou. — Aconteceu algo?

Jeongguk tirou um envelope branco da mochila, ajeitou as pontinhas que estavam amassadas e o entregou para Taehyung.

— O que é isso?

— É o resultado do meu exame de teste para liberação do processo de desfazer a marca.

Taehyung gelou, ao mesmo tempo que a saliva não quis descer quando ele tentou engolir.

— E aí, o que deu? — Perguntou temeroso, já tirando o resultado de dentro do envelope.

Jeongguk esperou que ele pegasse o papel e encontrasse o resultado, só para depois responder entre um suspiro.

— Positivo. — Tentou usar um tom simples, que não carregasse o que ele estava realmente sentindo naquele momento. — Estou apto a fazer o procedimento. — Sentou-se na cama, tirando a meia dos pés. — Agora você já pode fazer o seu também.

— Eu vou… — O ômega umedeceu os lábios, guardando o papel de volta, com os olhos perdidos. — Vou solicitar amanhã mesmo.

— Certo. — Ele fitou o chão e pensou um pouco no que dizer, mas não havia nada para dizer. — Eu vou começar a procurar um apartamento pra mim. — Comentou. — Os médicos indicam que fiquemos separados por um tempo, até que o processo cicatrize, então eu vou começar a providenciar isso.

— Tudo bem. — Taehyung assentiu e colocou o resultado sobre a escrivaninha do quarto. — Eu… eu vou descer. Somin está sozinha na cozinha.

— Vai lá. — Jeongguk assentiu, se levantando da cama para ir tomar um banho.

Não esperou o ômega sair e logo entrou no banheiro, mas antes de se enfiar no box, sentou-se na privada e escondeu o rosto entre as mãos, permitindo-se a chorar.

Nunca havia escutado uma situação em que o casal precisa desfazer a marca para continuarem juntos. Seria tudo tão estranho depois disso. Ele e Taehyung já estavam tão estranhos, e acabar com a ligação parecia uma ideia pior ainda. Não conseguia se imaginar sem sentir o ômega, sem tê-lo daquela forma, mas ao mesmo tempo, sabia que não podia continuar assim, levando essa vida onde a filha tinha seus medos, o que impossibilitava que eles fossem um casal de verdade.

Os pediatras os aconselharam a cuidar bem dessa parte da pequena, antes que os medos se tornassem pânico ou até mesmo algo mais grave. Era doloroso, mas era por amor, por mais estranho que tudo aquilo fosse. Mas de uma coisa Jeongguk tinha certeza: depois do corte da marca, ele e o ômega não seriam mais um casal.

Permitiu-se a chorar o tempo que achou necessário. Com o passar dos anos, aprendeu que precisava de um tempo só para si e em muitas vezes, chorava. Naquele dia, chorou o quanto achou necessário para que não o fizesse na frente da filha e do ômega. Eles haviam chegado à tal conclusão juntos e ele não queria mostrar que nada daquilo o deixava feliz, por mais que fosse preciso.

Seu banho foi rápido, já que havia tomado um na agência, após passar o dia como dançarino. Só queria mesmo ter o cheirinho do sabonete de casa e depois colocar uma roupa confortável, para passar o restante da noite com sua família.

Ajeitou-se como pôde, passou um hidratante que Taehyung gostava, só para deixá-lo ao menos com vontade de ficar perto de si e após tudo isso, pegou a caneta que daria à Somin e desceu.

— Anda, filha, para de fazer hora. — Ouviu Taehyung resmungar. — Já é a segunda vez!

— Calma papai.

— Não me manda ficar calmo, sabe que não gosto disso.

— Que foi? — Jeongguk chegou na cozinha, vendo a filha com as bochechas todas sujas de comida.

Taehyung respirou fundo e coçou a testa, nitidamente irritado.

— Somin pensa que virou um bebê e olha só a bagunça.

— SoSo, pra que isso? — Ele se aproximou, pegando um prato e se servindo com o jantar. — Pare de brincar com a comida, sabe que isso não é legal.

— Mas está quente! — Ela falou mais alto, como se fosse algo óbvio. — Se eu comer depressa, vou me queimar.

— A senhorita sabe soprar, então pare com gracinhas! — Taehyung franziu o cenho, deixando a filha em alerta.

Os médicos disseram que ela começaria a testá-los, quando sentisse algo estranho em casa. Seu lobinho não era bobo e os pais sabiam que as brigas no colégio, as bagunças com a comida e a preguiça em fazer o dever, não eram de graça.

— Por que você está irritado, papai? Desde que eu cheguei você está brigando, que saco!

— Jeon Somin Kim, respeita! — Jeongguk falou alto, fazendo a filha se encolher. Ela tentava desafiar Taehyung por ele ser ômega, mas ela nunca levantava a voz para Jeongguk. — Taehyung é seu pai e olha como fala com ele!

— Mas-

— Chega! Sem mas. Coma sua comida agora, sem gracinha!

Os olhinhos puxados lacrimejaram e ela abaixou a cabeça, voltando a prestar atenção na comida à sua frente.

Jeongguk bufou irritado. Ele também estava com vontade de dar uns gritos, mas não podia e tudo o que tinha que fazer agora, era manter a paz dentro de casa.

Taehyung estava com os olhos abaixados, fitando seu copo de suplemento, o que ele vinha bebendo no jantar, para substituir a comida, na nova dieta. Ele não gostava de brigar com a filha, ainda mais porque sabia que o temperamento estressadinho, vinha porque seu lobo estava preocupado com a situação dentro de casa, mas ela precisava de limites.

Comeram em silêncio, todos. A filha fungava baixinho a cada colherada, mas parou de tentar chamar a atenção e comeu sozinha, da forma que ela conseguia. Se sujou sim, enfiou os dedos na comida, mas pelo menos comeu sem fazer gracinha.

Ao terminar, olhou para os pais, ainda com os cílios molhados e fungou mais uma vez.

— Acabei. — Falou baixinho.

— Vá colocar seu prato na pia. — Jeongguk falou sério e ela obedeceu imediatamente, levando seu próprio pratinho para ser lavado.

— Pronto. — Ela voltou para perto deles, coçando os olhos com as costas das mãos.

Taehyung a encarou e ela abaixou o olhar, envergonhada.

— Vá para seu quarto e separe o pijama. Vamos tomar banho agora.

— Tá bom.

Somin saiu andando e o ômega bufou, cansado.

— Ela vai parar. — Jeongguk estendeu a mão sobre a mesa e segurou a sua. — Isso é momentâneo. Depois da nossa separação, ela vai parar.

— É, eu espero. — Ele piscou devagar. — Tudo o que eu não quero, é que isso seja em vão.

— Não vai ser — tentou usar seu tom mais seguro, embora ele mesmo estivesse morrendo de medo do que viria. — Depois do banho, voltem, eu preciso conversar com ela. Eu prometi um presente.

Taehyung não disse nada, apenas assentiu e se retirou da cozinha, assim que colocou o copo com metade do suplemento sobre a pia.

Somin estava no quarto, terminando de separar a roupa que vestiria depois do banho e assim que viu o pai, pegou sua toalha na gaveta e o sabonete.

— Tudo pronto? — O ômega perguntou, vendo-a assentir. — Então vamos.

O banho foi silencioso. Taehyung estava evitando falar qualquer coisa, porque sabia que perderia a paciência se Somin fizesse mais alguma malcriação consigo, e tudo o que ele não queria, era descontar suas frustrações na filha, apesar de que a mesma estivesse precisando de um puxão de orelha.

Ao fim, foram até o quarto infantil, onde ele a vestiu com cuidado, calçou um par de meias nos pés gelados e a colocou sentada na cama, de costas para si, para começar a pentear os cabelos.

Somin continuou quietinha, apenas sentindo o lobo do pai com uma presença forte, quase irritada. Ela sentia como se ele estivesse querendo gritar, mas segurasse os gritos para si. Era sufocador, assim como suas inseguranças.

— Pronto. — Taehyung quebrou o silêncio, assim que colocou os longos fios pretos da pequena alfa, por trás de suas orelhas. — Vamos descer, seu pai quer conversar com você.

Ela se virou rapidamente na cama e ficou de joelhos, de frente para si.

— Papai. — Teve coragem de chamar, recebendo a atenção do mais velho. — Por que você está nervoso comigo?

— Não estou nervoso com você.

— Você fica brigando comigo toda hora. — Ela fez um biquinho, denunciando que voltaria a chorar.

— Somin, pensa nas coisas que você anda fazendo. Brigar na escola não é legal, brincar com a comida é menos legal ainda e fazer malcriação comigo, é assim — ele ergueu as mãos — é horrível, entende? Eu não sou como o Guk, mas eu sou seu pai também, e você precisa me respeitar. Você não está me ouvindo mais e agora, para que as coisas funcionem, eu preciso ficar nervoso, preciso brigar com você ou então eu preciso do Jeongguk para fazer você me ouvir. Tem ideia de como o papai fica triste?

Ela balançou a cabeça positivamente e sentou sobre os pés.

— Me desculpa. — Pediu baixinho, como se fosse doloroso se desculpar. Alfas.

— Pelo quê, exatamente?

— Por ter respondido você. Eu não queria, mas você estava nervoso e quando você está nervoso, eu fico com medo. — Ela fungou, esfregando as costas das mãos sobre os olhos. — Eu não queria ter sido mal educada, papai. — Ela soltou um soluço, sem conseguir segurar o choro.

— Certo, vem cá. — Taehyung puxou seu braço e a colocou sentada em seu colo. — Eu te amo, filha, mais do que tudo no mundo. — Murmurou, passando as mãos nos cabelos da pequena. — O papai te ama demais, de verdade.

— E-eu s-se-ei. — Soluçou.

— Não precisa chorar assim, hm? Eu sei que você sabe que errou e eu aceito suas desculpas, tá bom?

Ela assentiu, escondendo o rosto em seu peito.

— Agora olha para mim. — O ômega pediu, se afastando para vê-la. — Não faça aquilo de novo e está tudo bem. Podemos combinar assim?

Ela assentiu novamente, voltando ao seu peito e abraçando-o.

— Pronto, então estamos resolvidos. Chega de choro agora, está tudo bem, o papai não está bravo mais. Me dê um abraço bem apertado de filhinha amorzão do pai.

Ela deu um sorriso entre o soluço do choro e se ergueu, passando os braços em seu pescoço para abraçá-lo forte.

— Pronto, assim está ótimo! Que abraço mais gostoso. — Ele abaixou a presença, tentando fazer seu lobo recuar um pouco, para não assustar a filha. — Agora nós vamos no papai Guk, porque pelo que eu me lembre, ele tem um presente. — Taehyung se levantou com a pequena grudada em si. — Meu Deus, que peso, eu não consigo mais pegar essa garota pesada. — Brincou, saindo do quarto e descendo as escadas.

Jeongguk estava sentado no sofá e arqueou as sobrancelhas quando os viu. O ômega fez sinal para que ele ficasse calado.

— Olha Guk, eu tenho uma macaquinha pendurada no meu pescoço.

— O quê? — Ele fingiu estar assustado. — Mas você foi dar banho na SoSo e voltou com uma macaquinha? Onde está a SoSo?

— Desceu pelo ralo.

— Não acredito! — Ele se aproximou, cutucando a cintura da filha e fazendo cócegas. — Não, eu quero a minha filha de volta. Macaquinha, traga a minha filha de volta!

— Ah, sou eu! — Ela gritou em meio às risadas pela cócega, se contorcendo no colo do ômega.

— Ah socorro, está pesada demais e eu não aguento. — Ele se sentou no sofá e Jeongguk veio logo para seu lado.

— Pesada? — Perguntou.

— Uma moça já, está difícil segurar.

— Aaah então vem cá, filha. — O alfa esticou os braços e em segundos, Somin já estava sentada em seu colo.

— Você disse que tinha um presente. — Ela o encarou e ele revirou os olhos.

— Eu tenho, mas antes, precisamos falar sobre algumas coisas.

Ela assentiu.

— Primeiro de tudo, seu pai Tae.

— Nós conversamos. — Taehyung assentiu, piscando devagar, garantindo que não precisavam insistir com aquele assunto. — Ela me pediu desculpas, né filha? Agora está tudo bem.

— Ok, mas eu quero deixar uma coisa bem clara aqui. — Ele disse sério e Somin abaixou a cabeça. — Olha pra mim. — Pediu. — Já falei que aqui a gente conversa olho no olho, de igual para igual.

Jeongguk odiava essa história de filho ter que abaixar cabeça para pai. Fazia parecer que eram submissos e ele nunca admitiu tal coisa. Tem que conversar sério? Vai conversar sério, mas olho no olho e ambos da mesma altura, sem toda aquela pose de “eu sou mais alto, eu sou a autoridade e você deve abaixar a cabeça para mim”.

Somin o encarou, mordendo o lábio inferior, com medo.

— Não precisa ficar assim, só quero conversar com você. — Usou um tom calmo, acariciando a bochecha direita da pequena. — Você se desculpou com o papai porque ele pediu ou você reconheceu seu erro?

— Eu sei que errei.

— Ótimo! Isso me deixa bastante feliz, de verdade. É importante reconhecer que errou, assumir o erro e se desculpar. Mas eu quero que entenda uma coisa muito importante.

— O que é?

— Nem sempre, desculpas resolvem tudo. Você pediu desculpas, o papai aceitou e está tudo bem agora, mas isso não quer dizer que você pode fazer o que quiser e pedir desculpas depois, ok?

Ela assentiu rapidamente.

— Nós erramos mesmo, não é Tae?

— É, Guk.

— Nós erramos, filha. Reconhecer o erro e se desculpar é importante, mas agora você já sabe que fez errado, é mais importante ainda, cuidar para não fazer de novo, tudo bem?

— Tudo bem.

— Promete que vai cuidar para não fazer errado de novo?

— Prometo.

— E agora, sobre as brigas na escola. Eu vou falar com o tio Nam pra ele ir na escola e reclamar com a diretora sobre os meninos que estão implicando com o Jinwoo. Você sabe muuuuuito bem que o tio Jin é bravo e que ele com certeza vai até lá para brigar para defender o JinJin, mas eu quero a senhorita fora disso e de qualquer outra briga.

— Mas papai, olha só. — Ela arqueou as sobrancelhas e esticou os dedinhos das mãos, já vindo com alguma desculpa.

— Hm. — Jeongguk sabia que ela tentaria argumentar, mas ainda assim, achou melhor ouví-la.

— Eles queriam bater no JinJin e eu não ia deixar. O tio Nam vai lá, mas quando ele for, o JinJin já vai estar machucado.

— Filha, mas você fica procurando briga, imagina se vem alguém maior e te machuca por isso!

— Aí você e o papai Tae vão lá brigar também.

— Não inventa. — Jeongguk segurou o riso, achando a maior graça nas artimanhas da filha.

— E eu faço aulas de luta, ninguém vai me bater.

— Pior ainda, Somin. — Taehyung encostou-se no sofá. — Você faz aula de luta e pode machucar alguém que não sabe nada.

— Problema deles, ué. Querem bater no meu amigo.

— Não, sem isso. — Jeongguk negou com a cabeça. — Quando combinamos de entrar na luta, a ideia não era ficar brigando na escola.

— Ai, tá bom. Eu vou parar.

— Promete que vai se esforçar para ficar longe das brigas? — O alfa perguntou erguendo o rosto da filha.

— Prometo.

— E quanto à comida, hm? Nem preciso dizer, não é?

— Vou parar de brincar.

— Mas vai mesmo ou só está fugindo do assunto?

— Eu vou, papai. Eu prometi.

— Ótimo. Então, já que é assim… — Ele enfiou a mão no bolso. — Já que aprendemos que não devemos fazer errado e já que prometemos nos esforçar para não fazer de novo, vamos ao presente.

— Eba! — Ela sorriu largo, apertando os olhinhos que agora se assemelhavam aos do Kim.

— Toma, mais uma pra você. — Ele ergueu a caneta, vendo os olhinhos da alfa triplicarem de tamanho e os dedinhos gordinhos ficarem em torno do objeto.

— Uma caneta nova! — Exclamou, animada. — E ela é colorida!

— É sim olha só, à medida que você vai escrevendo, ela vai mudando de cor.

— Que linda! Olha papai. — Ela esticou a caneta para o ômega, que a pegou.

— Que bonita, filha. Agora você pode começar a escrever seu diário.

— Eu vou! Sabia papai, que o papai Tae vai me ensinar a fazer um diário?

— Não brinca.

— É sério! Eu vou escrever nele todos os dias! A doutora Cho pediu pra eu fazer um.

— Nossa, que doutora exigente. — Jeongguk arqueou as sobrancelhas. — Um diário? Que psicóloga é essa?

— Isso é normal, Guk. — Taehyung devolveu a caneta para a filha.

— Pra uma menina de cinco anos?

— Ela está tentando.

— Uau, estou assustado. — Ele encostou-se no sofá, vendo os olhinhos brilhantes da criança.

Taehyung suspirou, se encostando ali também.

Ficaram em silêncio. Somin passou um bom tempo observando a caneta, até que ela se curvou e se apoiou no peito de Jeongguk. Ele lhe fez carinhos nas costas e ficou pensando na vida. Queria tanto que a filha ficasse bem para que eles não precisassem desfazer a marca, queria tanto, mas tanto que as obrigações não os fizesse mudar e isso não a deixasse insegura. Jeongguk não queria se desvencilhar do ômega, não queria se afastar, não mais do que já estavam.

Engoliu em seco, triste. O silêncio persistiu, até que foi cortado pelos suspiros da alfa. Ela havia dormido.

Ele virou o rosto de lado e encontrou os olhos do ômega em si, porém, estavam perdidos, como se ele viajasse longe em algum pensamento. Levou a destra até o rosto magro e fez um carinho, capturando a atenção do marido.

Se encararam por um tempo, mas não disseram nada. A verdade é que nem sabiam o que dizer. Ambos queriam acabar com a ideia maluca de se separar, mas aquele pequeno ser dormindo logo ali, fazia com que eles não pronunciassem a ideia em voz alta.

Doía e já fazia falta.

Taehyung abriu a boca, passando a língua entre os lábios. Queria dizer tantas coisas, mas todas elas ficaram travadas em sua garganta. Sufocava.

Respirou fundo, correndo os olhos pelas costas da filha e logo voltando ao alfa.

— A psicóloga pediu que ela fizesse um diário — começou a explicar —, podia ser em forma de desenho, colagem ou até escrita, não importava. Ela só queria saber como a SoSo estava se sentindo. Quem escolheu escrever foi a própria Somin e como ela já está quase alfabetizada, eu prometi ajudar.

Jeongguk assentiu devagar, trazendo a filha para mais perto.

— E ela disse se teve alguma melhora no quadro dela?

— Bom, aparentemente sim. — Taehyung deu um sorriso aliviado. — Ela disse que a Somin parece um pouco mais segura de si. Recomendou que a gente tente deixar ela um pouco mais solta, porque ela é apegada demais a nós dois e isso pode estar afetando ela. 

— Já sabíamos disso. — Ele murmurou. — Mas e quanto aos remédios? Nenhuma novidade? Ela não deu nenhuma notícia boa?

Taehyung negou com a cabeça bem devagar, o que o fez respirar fundo, derrotado. Ainda tinha esperanças, mas depois que Taehyung fizesse o exame de aptidão, se o resultado desse positivo, ele sabia que não haveria como voltar atrás.

— Bom, então é isso. Continuamos da mesma forma. — Desviou o olhar do ômega e deu um beijo no topo da cabeça da filha. — Ela estava cansada. — Comentou. — Já dormiu.

— E nem esperou a história.

— É… ela sempre espera a história. — Jeongguk suspirou, sabendo que até Somin estava esgotada. — Eu vou colocá-la na cama.

Taehyung apenas assentiu, antes que ele se levantasse do sofá.

Jeongguk subiu as escadas calmamente e levou-a até o quarto. Yeontan já estava dormindo em sua caminha no canto e apenas abanou o rabo de leve quando despertou ao ver o alfa chegando com a filhote.

Ele se curvou sobre a cama, deitou a filha e travou a cerquinha que evitava que Somin caísse. Suspirou mais uma vez, puxando a poltrona para sentar, logo esfregando o rosto nas palmas das mãos. Seu peito doía demais com tudo o que estava acontecendo e ele ainda não entendia como tudo aquilo poderia ser uma boa escolha.

Ficou um tempo ali, olhando a calma que a criança dormia e se perguntando o que é que passava pela cabeça dela. Queria tanto que o novo bebê chegasse, para que ele e Taehyung voltassem a ser um casal completamente focado em dar tudo para os filhos e não um casal que trabalha bastante com uma mini estrela da moda dentro de casa. Ele queria tanto que — embora os trabalhos agora estivessem mais que magníficos —, eles deixassem as empresas um pouco de lado para dedicarem um tempo a si.

E se fizessem uma viagem? Poderiam ir à praia, poderiam ir à algum lugar calmo, assim como poderiam escolher uma viagem cheia de coisas, para fazer Somin aproveitar bastante do tempo em família, assim como ele sabia que eles aproveitariam.

O grande problema é que não dava. Nunca dava. Somin tinha colégio, consultas com o psicólogo, tinha ensaios na Black, entrega de material fotográfico e aulas de Taekwondo. Ela era enérgica e a psicóloga recomendava que ela fizesse coisas para se distrair, então a própria escolhia o que queria fazer. A aula de luta veio por ideia própria, após ver Jeongguk treinar no jardim dos fundos da casa; o trabalho na Black era algo que ela sempre amou fazer, então não tinha o porquê encerrar, e ela ainda dizia que queria aprender a tocar piano. Agenda cheia para uma menina de cinco anos, mas ela sempre foi uma alfa decidida e fazia tudo com pura maestria, sem demonstrar exaustão.

Após Taehyung não conseguir engravidar de novo, ele parou de focar a atenção nisso e dedicou todo seu tempo à própria Somin. A levava para onde queria, para fazer tudo o que queria, mesmo que isso fosse um ensaio na Irlanda, ao lado de Phil e Hoseok. 

Jeongguk, por outro lado, deixou que a filha criasse asas para correr atrás de seus sonhos, e acabou também se enfiando no próprio mundo musical. Mas agora, parando para pensar, ele se pega perguntando mentalmente, se realmente deveriam ter feito isso. Pode ser que sim, devessem ter dado um tempo com as tentativas frustradas de terem um novo filho, mas às vezes, a ocupação de Somin e o foco completamente nela talvez não tenha sido uma ideia muito boa.

Eles deixaram de ser uma família, para serem agentes da filha, e foi aí que se perderam novamente, se afastando, deixando seus lobos sem rumo e ocasionando no desembaraço mental da pequena, que agora precisava de tomar remédios para não dar crises de choro repentinas e nem entrar em colapso, que era o maior medo de seus pais.

Jeongguk mordeu o lábio inferior e estalou a língua no céu da boca, antes de se levantar da poltrona. Deu na filha um beijinho de boa noite, a cobriu e logo saiu do quarto, deixando uma gretinha na porta, para entrar luz.

Caminhou pesadamente até o próprio quarto, fechando a porta atrás de si. Taehyung estava de pé terminando de passar um hidratante nos ombros e aquilo fez seu coração bater um pouco rápido demais.

Ele chegou mais perto, levou as mãos para a cintura do marido e o puxou para si, o virando de frente.

— Está muito tarde para te dizer que te amo? — Perguntou num sussurro, recebendo um sorriso simples do ômega.

— Claro que não. — Taehyung passou os braços por seus ombros, o abraçando. — Nunca é tarde. — Respirou fundo. — Na verdade, é o momento certo. Sempre é.

Jeongguk se aproximou um pouquinho e deixou um selar firme sobre seus lábios, se afastando apenas para sussurrar:

— Eu te amo. — Voltou a colar suas bocas com certa pressa, prendendo Taehyung em si, num abraço bem apertado. O ômega aproveitou do momento e se permitiu a beijá-lo, como vinha querendo, ultimamente.

Sentiam tanta falta um do outro e era tão complicado lidar com tal coisa! Eles estavam sempre juntos, mas parecia ser apenas a presença de corpo, como se os pensamentos estivessem completamente distantes.

Jeongguk puxou Taehyung mais para si, o beijando com certo desespero, como se precisasse muito de aproveitar aquele momento, mas o ômega interrompeu o beijo, e apoiou as mãos em seus ombros, deixando apenas suas testas juntas.

— Que foi, hm? — Perguntou, de olhos fechados e coração pulsante no peito.

— Não dá. — Taehyung falou baixinho, negando com a cabeça.

— Por quê? 

— Não estou no clima. Me desculpe.

— Nossa, amor, gente não se beija mais, não se abraça…

— Não estamos sabendo lidar com tudo isso. — Taehyung balançou a cabeça negativamente, assumindo. — Eu não estou sabendo lidar. — Se afastou do abraço. — Eu não consigo te dar um filho. — Riu sem humor. — E agora muito menos consigo olhar para você.

— Por quê? — Jeongguk franziu o cenho.

— Porque eu… — Suspirou, prestes a soltar o que estava pesando seu coração. — Eu me tornei um ômega inútil. — Confessou, se jogando na cama e abaixando a cabeça, envergonhado.

Jeongguk se aproximou cautelosamente.

— Sabe… — Fungou, tentando não chorar. — Eu não queria desfazer a marca, mas agora mais do que nunca, eu quero apoiar essa ideia. 

— Mas por que, Tae? — Jeongguk franziu o cenho, sentindo o peito se apertar.

— Pra te deixar livre. Pra você se sentir desejado de novo, por alguém que não está preso na própria mente e que não consegue ser um bom pai e nem um bom marido.

— Não, Tae, não é assim! — Ele se ajoelhou perto do marido. — Taehyung, por que está pensando assim? Eu realmente não estou te reconhecendo! O que… o que aconteceu com você?

— Me tornei apenas pai. — Fungou, tentando não chorar tudo o que estava preso em seu peito. — Engraçado, né? Porque a gente queria outro bebê. Mas eu fui tão imprestável com essa ideia, que nós apegamos à Somin e damos à ela tudo que daríamos ao novo bebê, e agora a gente mal se fala… de novo.

— Eu não acredito que estou ouvindo você falar isso. É a SoSo, Tae!

— É ela e mais ninguém, esse é o problema, Guk. Você entende o quão inútil eu me tornei? Tão inútil, mas tão inútil, que seu lobo liberou seu corpo para desfazer a marca. — Taehyung engasgou no próprio choro que tanto tentava segurar. — Ele não precisa mais da minha presença.

— Taehyung!

— Minha filha está à base de remédios para não colapsar com o próprio lobo, porque ela quer se ver livre e o lobo dela não deixa, a prendendo na gente e sabendo o tamanho da angústia que tem dentro de nós dois! Eu estou fazendo vocês dois sofrerem.

— Não, amor, não pense nisso.

— Eu sei Guk — ele fungou, esfregando o rosto — que depois que a gente desfizer a marca, logo vamos desfazer o casamento também.

— Não por mim. Eu não quero acabar com nosso casamento. Sendo sincero, mesmo tendo chegado a um acordo com você, eu também nunca apoiei a gente desfazer a marca, mas depois que tudo pareceu ser a única solução pra Somin se sentir mais segura, sem ser afetada pelo que nós dois sentimos, eu comecei a aceitar a ideia, por ela, apenas. Eu não quero deixar você e muito menos que você me deixe com a desculpa de que quer que eu me sinta desejado por outra pessoa. — Jeongguk soltou o ar de uma vez. — Você me ofende falando assim. Parece que você não me deseja mais e acha que eu devo ser desejado por alguém! Você falando faz parecer que eu só ligo pra isso e mais nada.

— Você quer muito um filho, Guk — Taehyung negou com a cabeça —, mas eu não posso te dar.

— Eu tenho você e a Somin, pronto, já está de bom tamanho, não preciso de mais nada.

O ômega abaixou a cabeça, esfregando os olhos mais uma vez.

— Eu queria… — Respirou fundo, tentando se controlar. — Eu vivia sonhando sabe, com aqueles anúncios de gravidez, vivia pensando em inúmeras formas de te contar que estava grávido de novo, toda vez que eu saía para comprar um teste, eu comprava do mais caro e do mais bonitinho pra fazer uma revelação linda pra você. — Soluçou, liberando mais lágrimas. — Eu planejei tanto, eu escolhi tantas formas de fazer algo especial, sabe, para compensar aquela forma complicada que ficamos sabendo da gravidez da Somin. — Negou com a cabeça, esfregando a mão no nariz, afastando a coriza. — Mas sempre negativo e negativo e negativo. Parece até uma piada do destino. A SoSo veio quando a gente menos esperou, e você pode falar o que quiser, mas nós não a queríamos. Ela foi uma gravidez muito mais que surpresa, mas ela veio. Agora que a gente quer tanto mais um bebê, ele não vem e eu fico aqui, igual a um idiota, tentando fingir que tá tudo bem, e dizendo para ela que estou chateado porque ela brigou na escola, sendo que a verdade é que eu me sinto apenas um personagem que sobra na história principal. 

— Tae… não é assim, poxa, por que não conversou isso comigo antes? Caramba, eu queria ter ouvido isso de você!

— Não falei antes porque a realidade chegou no exato momento em que você me entregou o resultado do seu teste. — Fungou, secando as lágrimas. — No momento em que eu vi que seu lobo permitiu você a se desvencilhar de mim, eu caí na real. Eu caí num abismo, pra falar a verdade.

— Amor… — Jeongguk se levantou e sentou-se ao seu lado, o abraçando.

— A Somin me ama, e ela diz isso todos os dias, mas eu não sou tão importante para ela, quanto você.

— Não é assim! Taehyung, para com isso!

— Ela não me ouve direito mais, eu sou sempre o irritado, o estressado e o pior é que ela tem razão. E ela manda você me dar beijos para me acalmar, porque ela sabe que é você que controla tudo.

— Você acha que nós a educamos errado, fazendo parecer que eu sou o único que manda?

— Não, eu acho que eu que deixei a desejar. Eu me afastei das questões familiares por causa do nosso problema com a gravidez e ela se acostumou a isso. Antes não era assim. Antes a gente era uma família mesmo, Guk, que dava banho no cachorro, que deixava o bolo queimar, que se sujava de farinha, que fazia aviãozinho para colocar comida na boca, que brincava de qualquer coisa que ela quisesse… mas agora, o que nós somos? Eu particularmente me tornei uma pessoa que manda ela trocar de posição para tirar a foto, ou que simplesmente fica focado no trabalho, desenhando e desenhando enquanto ela faz seu próprio trabalho na Black. Eu vivo por ela, mas ao mesmo tempo, eu estou afastado dela. É como se eu fosse um funcionário da Phil’s, que ajudasse ela com o que ela precisa, ou então um babá de tempo integral.

— E eu que sou um distribuidor de presentes. — Jeongguk sorriu de lado, mencionando o fato de que ele, como passava menos tempo com a filha, tentava suprir isso em forma de agrados. — Ela também me ama, mas ela já está acostumada a receber presentes e a obedecer em troca deles.

— Resumindo, a gente se afastou por causa dos problemas da gravidez, e erramos com ela, achando que estávamos fazendo um papel de pais incríveis.

— Então sim, nós estamos a educando errado. — O alfa suspirou. — E o que vamos fazer?

— Eu não sei. — Taehyung negou com a cabeça. — Mas eu quero que você me dê um tempo para me aceitar. — Ele se virou, ficando de frente para Jeongguk. — Não sei o que vamos fazer e nem como será nossa vida daqui pra frente, mas até então, estamos num processo de desfazer nossa marca e seu lobo permitiu isso, então é fato que eu estou muito mal e me sentindo pior do que já estava.

Jeongguk assentiu, passando a mão direita para seu rosto.

— Me deixe colocar a cabeça no lugar?

— E com isso você quer o quê? Que eu me afaste? Que eu alugue o apartamento logo para te deixar um pouco livre?

— Não, eu só quero um tempo para pensar mesmo. Eu não vou conseguir te encher de beijos agora e dizer que está tudo bem, já que descobrimos que estamos fazendo tudo errado. — Fungou. — Eu só quero colocar meus pensamentos em ordem para não fazer uma besteira, porque meu lobo está… uma fera. Ele quer me fazer gritar de ódio e decepção de mim mesmo, e eu simplesmente não vou conseguir te dar beijos e carinhos por enquanto.

— Seu lobo quer matar o meu, né?

— Não, ele quer me matar, figurativamente falando, claro. — Riu soprado. — Para ele, eu sou o inútil, entende? Ele acha que eu não sou capaz de te fazer feliz.

— Manda seu lobo se lascar.

— Estou prestes a fazer isso. — Ele engoliu em seco. — Mas não o culpe. Ele se importa demais com vocês e ele está me fazendo enxergar a tempo, que eu estou seguindo um caminho errado. No passado seu lobo não fez você ver que estava errado?

O alfa assentiu.

— Agora é minha vez. Eu preciso consertar umas coisas e pensar um pouquinho, tá bom?

— Como quiser. — Jeongguk assentiu. — Talvez seja bom pra gente. Eu também preciso colocar minha cabeça no lugar. Não é só você que fez errado. Nós estamos juntos no quadradinho de erros e eu também quero reparar os meus.

— Tudo bem. — Taehyung sorriu, mesmo com os olhos lacrimejantes. — Obrigado por me entender.

O Jeon estalou a língua.

— Eu estou aqui para isso também. — Ofereceu um sorriso, deixando um selar sobre a aliança de casamento. — Só te peço duas coisas, Tae.

— O que é?

— A primeira delas, não me deixe de novo, indo para a casa dos seus pais. 

— Não irei.

— E a segunda, não tire essa aliança, por favor. 

— Eu não vou tirar — ele se ajoelhou na cama e envolveu o pescoço do alfa com um abraço apertado. — Eu te prometo, Guk, eu não farei isso novamente. Eu nunca mais vou te abandonar. Vamos consertar isso juntos.

Jeongguk engoliu em seco e o puxou para seu colo, tão fácil como se fosse a Somin, e eles se abraçaram com força, trocando calor e carinhos. 

— Eu pelo menos posso dormir colado em você? — Perguntou divertido. — Estou sentindo frio.

— Oras, mas quem foi que disse que não sente frio? — Taehyung se afastou, olhando seu rosto.

— Ah, mas hoje eu estou com frio. — Respondeu, piscando os olhos repetidas vezes, fazendo charminho, como Somin costumava falar.

— Você é muito cara de pau, sabia?

— Sabia.

— Ok — Taehyung estreitou os olhos — então só porque está sendo sincero e assumindo que está fazendo essa cara só para me amolecer, eu deixo.

— Ah, estou radiante agora. — Jeongguk se levantou com o ômega no colo, apagou as luzes do quarto e foi para a cama, colocando-o para dormir, da mesma forma que fazia com Somin. 

Ele se abaixou, deixou um beijo na testa do Kim e só depois puxou as cobertas para si, se aconchegando sobre o lençol ainda frio.

Taehyung se arrastou, chegando bem perto e passou o braço sobre seu pescoço, para acariciar seus cabelos.

— Está cheiroso. — Falou baixinho.

— Passei um hidratante que você gosta.

— Huum… e por acaso você já planejava dormir coladinho comigo hoje?

— Na verdade, eu não pensava nisso até a gente terminar aquela conversa.

— Foi bom conversar.

— Foi sim.

— Me sinto mais leve.

— Menos culpado?

— Talvez. — O ômega suspirou, realmente se sentindo um pouco menos sufocado. — E a propósito, eu também amo você.

— É bom ouvir isso. — Jeongguk lhe deu um beijo na testa, chegando mais perto só para abraçá-lo. — Vamos dormir, hm? Amanhã teremos um longo dia pela frente.

— Certo. — Respondeu num sussurro bem baixinho. — Boa noite.

— Boa noite.


Notas Finais


Okay, não precisa pedir para comentarem, precisa? (Comentem aí e favoritem também) kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk quero muito saber o que acharaaaam *-*
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Beijos e até o próximo


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