História Before You (Imagine Jeon Jungkook - BTS) - Interessado

Capítulo 6 — Chapter Six. 

Pela primeira vez na vida, não me importei em ser o centro das atenções, não me importei com os olhares que eram direcionados a nós, e nem com os comentários que meus colegas de turma fariam depois de hoje. 

Ninguém pode me julgar, ninguém sabe o quanto os lábios de Jeon Jungkook são incrivelmente viciantes, quem o beija sequer precisa de nicotina ou qualquer outra droga, seus lábios já eram uma por si só, e se eu não tomasse o devido cuidado, me tornaria dependente deles. 

Suas mãos percorreram todo meu corpo, e ele me manteve pressionada contra ele do começo ao fim de nosso beijo necessitado, sempre que eu pensava em parar, minha mente me impedia, e ele também. 

Apesar de tudo, eu ainda tenho sérias dúvidas quanto a Jeon Jungkook, ele é bonito demais para me desejar tanto, e na minha cabeça, isso ainda não faz sentido, e talvez demore para fazer. Ultimamente tudo tem se tornado tão superficial, dificilmente alguém possui sentimentos sinceros por alguém, tudo se baseia em prazer e desejo. 

Talvez ele me deseje de verdade, suas atitudes anteriores comprovam isso, mas, minha baixa autoestima me impede de acreditar. E por conta disso, as sérias dúvidas voltaram a me pressionar, tirando meu foco de nosso beijo.

— Jeongguk... — Eu o afastei levemente, mantendo meu rosto bem próximo do seu. Suas orbes permaneciam fixas em minha boca, e ele nem parecia se importar com o que eu tinha para dizer. — Você tá bêbado, não tá? — Perguntei por pura desconfiança, me surpreendendo quando ele me olhou nos olhos, respirando fundo e apertando os olhos, enquanto pendia a cabeça para o lado. 

Eu não gostaria que a resposta fosse positiva. Beijá-lo apenas quando ele está fora de si é estranho, nada seria real caso eu continuasse a fazê-lo, nos beijaríamos apenas quando estivéssemos bêbados, apenas quando não estivéssemos nos importando com nada e nem com o que pensariam. 

— Um pouco. — Murmurou rouco, reprimindo os lábios. Eu preferia que a resposta fosse não. — Por quê? 

Eu o observei apertar os olhos novamente, imaginando o que se passava por sua cabeça, e o que ele realmente faria se estivesse pelo menos um pouco sóbrio. Só então me lembrei que o Jungkook de hoje mais cedo, era totalmente diferente desse, mesmo com suas leves provocações, era diferente.

— Nada... — Ditei de modo rápido, virando para o lado e chamando Taehyung e Jimin com um aceno, vendo-os se aproximar rapidamente. Jeongguk franziu o cenho, me encarando confuso. — Um de vocês pode pegar uma toalha para eu sair daqui? — Pedi.

— Vou pedir pro Peter. — Park respondeu, se afastando e se apoiando na borda da piscina, caminhando para o meio das outras pessoas.

— Também vou sair daqui, se eu pegar um resfriado, vou ter que matar o Jimin. — Taehyung ditou de modo engraçado, se preparando para sair também. 

Assim que ameacei fazer o mesmo, Jungkook me prendeu, me fazendo olhá-lo novamente. 

— Vai sair assim? Espera o Jimin trazer a toalha. — Ditou, olhando para meu rosto com o semblante confuso. — O que foi? Parou tão rápido... Já está arrependida? — Ele sorriu num tom malicioso, mas eu preferi ignorar sua pergunta e permanecer ali, até que Jimin voltasse com a toalha. 

— Quem vai se arrepender é você, pensei que estivesse sóbrio, mas nem vai lembrar disso amanhã. — Acabei não vencendo meus impulsos, o respondendo enquanto o encarava seriamente. — Só está fazendo isso porque está fora de si, e eu não quero te beijar só quando você ou eu estivermos bêbados. 

— Quê?... — Franziu o cenho, rindo soprado em seguida. — Não estou tão bêbado ao ponto de não perceber o que estou fazendo, te beijei porque quis, porque senti vontade, e você deveria acreditar mais no efeito que está causando sobre mim. — Apertou minha bochecha, rindo da minha cara emburrada. — Eu vou lembrar disso amanhã, e com muito prazer, bebê. — Me roubou um selinho, e pelo susto, eu desferi vários tapas fracos em seu braço, vendo-o rir alto. 

— Idiota. — Murmurei, cruzando os braços e olhando para o lado, vendo Park voltar correndo com uma toalha nas mãos. 

— Tá na mão! — Jimin parou ao lado, e eu finalmente consegui me afastar de Jeongguk, subindo e sendo enrolada na toalha grande e branca. — Olha que gracinha. — Jimin sorriu orgulhoso, terminando de me cobrir. 

— Meus tênis estão cheios de água. — Murmurei chateada, imaginando o trabalho que teria para secá-los até amanhã. 

— Os meus também. — Jungkook falou enquanto saía da piscina, ficando em pé do nosso lado com a camisa molhada nas mãos. 

— Desse jeito as gatas dessa festa não vão nem olhar pra mim. — Park comentou emburrado, cruzando os braços e olhando para seu primo, que jogou os cabelos para trás, os bagunçando e respingando água para todos os lados. Eu revirei os olhos, fingindo que não estava vendo todo seu charme.

— ‘To afim de meter o pé, minha cabeça tá doendo pra um caralho. — Taehyung voltou de seja lá onde ele havia ido, coçando a nuca com uma expressão dolorida no rosto. 

— Eu também quero ir embora. — Falei enquanto o olhava, notando o olhar rápido de Jeon sobre mim. 

— Vocês podem ir, eu e Jungkook vamos pra casa depois daqui. — Jimin disse enquanto olhava para o lado distraído. — Ainda quero curtir a festa. 

— Então tá certo. — Taehyung vestiu sua camisa molhada, apertando a mão de Jimin e se despedindo dele. 

— Tchau, princesa. — Jungkook murmurou enquanto se aproximava de mim, me forçando a abraçá-lo. — Da próxima vez eu não vou beber nem uma gota de álcool. — Sussurrou, antes de se afastar de mim e apertar minha cintura, me fazendo bufar. 

— Não vai ter próxima vez. — Respondi, cruzando os braços e esperando Taehyung e Jimin acabarem com sua despedida dramática. 

— Eu duvido muito. — Sorriu, se afastando e caminhando para o outro lado. 

Jeongguk é tão atraente, eu não recusaria ter algo com ele, mesmo que ainda possuísse uma parcela de raiva de sua cara. Raiva que eu já estava estranhando, por ser persistente demais. 

Eu e Taehyung nos despedimos de todo mundo, saindo da festa e caminhando até a casa dele. Durante o caminho não tão longo, ele reclamou de toda sua roupa molhada e me jogou umas indiretas sobre eu ter beijado Jeongguk novamente, rindo sempre que eu me irritava com suas falas. Tae estava convencido demais, principalmente agora, que eu o dei razão. 

Quando chegamos em sua casa, eu peguei o secador dele para secar meus tênis molhados, já que ainda teria que usá-los para ir à escola amanhã. Por conta dessa ideia idiota, passei praticamente a madrugada inteira acordada, enquanto meu melhor amigo dormia feito um urso, sequer se importando com o barulho que eu fiz a noite toda. 

Assim que abri os olhos de manhã, senti a carga da madrugada inteira acordada cair sobre mim, eu estava com tanto sono que nem conseguia andar direito pelo quarto de hóspedes, mais dormindo do que me arrumando. 

— Caraca, você tá horrível. — Taehyung comentou de boca cheia assim que eu entrei na cozinha. Com olheiras profundas e o cabelo desgrenhado, já vestida em meu uniforme.

— Você é horrível todo dia e eu nem falo nada. — Murmurei sonolenta, me sentando na cadeira do balcão e apertando os cadarços dos tênis sequinhos. — Nem me ajudou a secar meus tênis. 

— Eu estava morto, tá ok? — Ditou antes de enfiar uma torrada inteira na boca, fazendo-me encará-lo surpresa. 

— Seu louco, vai engasgar desse jeito! — O repreendi, ouvindo sua risada engraçada assim que ele terminou de comer. — O que você vai fazer hoje? 

— Vou estudar, nunca respondi aqueles gráficos que você me entregou. — Suspirou, bebericando seu café. — Também preciso arrumar a casa, meus pais chegam de viagem hoje a tarde. 

— Preciso começar a organizar a minha também, vovó e vovô voltam no sábado... — Murmurei, fazendo bico e franzindo o cenho ao perceber que eu estava esquecendo de algo, parando um pouco para pensar e choramingando ao lembrar. — A Hyeon deve ter destruído a casa. 

— Você ainda tem dois dias para se preparar para a chegada deles. — Tae se levantou, carregando suas louças sujas até a pia. — E se eu fosse você, assim que eles pisassem fora do carro, eu contaria tudo e mais um pouco sobre Hyeon. 

— Não quero estragar o momento, eles vão chegar super animados contando sobre a viagem, seria desagradável se eu já fosse enfiando todos os problemas que enfrentei com essa desequilibrada. — Me levantei, pegando uma das torradas da mesa e comendo preguiçosamente. — Depois eu toco no assunto. 

— Então tá.... — Se virou para mim. — Não é por nada não, e nem querendo te expulsar da minha casa, mas você já viu a hora? 

— A hora... — Sussurrei sonolenta, piscando várias vezes antes de tocar a tela do meu celular, levando um susto ao perceber o quão atrasada eu estava. — Ai que droga, eu odeio minha vida. — Falei num tom de choro, me apressando e colocando minha mochila nas costas. 

— Você tem exatos dez minutos para conseguir entrar na sala de aula, boa sorte! — Tae falou em meio ao riso, se desencostando da pia e caminhando até a porta comigo, a abrindo para que eu saísse. 

— Tchau seu tonto! — Me despedi, correndo pela calçada enquanto amarrava meus cabelos. 

— Corre mais que dá tempo! — Ele gritou, rindo sem parar e me irritando com toda sua tranquilidade. 

Eu nunca corri tanto como hoje. 

Só nessa correria até a escola quase perdi minha vida uma cinco vezes, ultrapassando pessoas e passando em frente à carros como uma louca — e tudo isso pra nada. Assim que pisei na escola, me vi de frente para os corredores vazios e salas fechadas, caminhando até a minha e ouvindo a voz calma do professor de matemática. 

Bati na porta levemente, abrindo-a e enfiando a cara ali. Todos da sala olharam para mim, comentando entre si e me fazendo perceber que a maioria deles estavam na festa de ontem, e com certeza, estavam comentando sobre mim e Jungkook. 

— Professor, perdão pelo atraso, eu posso entrar? — Pedi receosa, apertando a porta e vendo-o me encarar seriamente. 

— Posso saber o motivo de seu atraso? 

— Ela beijou muito a noite inteira. — Ouvi alguns comentários no fundo da sala, misturado com risadas.

— Meu despertador não tocou... — Murmurei, engolindo seco e me sentindo desconfortável em meio a toda aquela situação. 

— Pode entrar, __________, mas saiba que não darei essa oportunidade novamente. — O professor falou rapidamente, e eu me apressei para ir me sentar.

Claire acenou para mim, com um sorrisinho no rosto, eu me sentei em sua frente, e ela se aproximou para cochichar no meu ouvido. 

— Estão comentando que você beijou um cara na piscina ontem, é quem eu to pensando? 

— Nem começa. — Suspirei, colocando minha mochila ao lado da mesa e a ouvindo rir disfarçadamente. 

Como eu peguei a primeira aula pela metade, ela acabou bem mais rápido que o normal, dando para Claire a oportunidade de me fazer inúmeras perguntas quanto ao Jungkook pouco tempo depois. 

A loira estava convencida, e assim como Taehyung, não parava de dizer que sempre esteve certa, apostando que isso voltaria a acontecer em breve.

Durante a manhã que se passou, eu tentei concentrar minha atenção nos professores, mas acabei cochilando várias vezes ao longo dos seis horários de aula. Assim que acabou, eu caminhei preguiçosamente até meu armário, colocando alguns livros ali e pegando outros. Estava tão distraída com o sono persistente que sentia, que nem notei a garota loira que continuava do meu lado, falando sem parar. 

— Eu pensei que dormiria com ele ontem, mas ele decidiu me deixar em casa na última hora, acredita? — Ela dizia de modo zangado, reclamando sem parar, só então percebi que ela estava falando de Blake. — Não sei o que está acontecendo com ele, mas eu vou descobrir! — Me olhou, percebendo minha cara de morta enquanto ouvia toda sua história. — Você dormiu essa noite, _____________?

— Parece que eu dormi? — Bufei, trancando meu armário e me encostando nele, fechando os olhos enquanto suspirava. — Quando você foi embora, ele me jogou na piscina com roupa e tudo, tive um trabalho do caralho pra secar meus tênis durante a madrugada. 

— Foi nessa hora que vocês se beijaram? — Assenti.

— Sim… — Olhei para a frente, relembrando aqueles momentos. — Ele é um idiota, eu pensei que ele estava sóbrio, mas havia bebido antes. Tenho certo receio quanto a isso, Jungkook é muito bonito, é tão estranho que ele se sinta atraído por mim, e quando ele me disse que estava um pouco bêbado eu…

— Calma lá! — Minha amiga me interrompeu, me encarando com o semblante indignado. — Não é impossível alguém se sentir atraído por você, olha pra sua cara __________, você é linda!

— Não tão linda pra alguém como ele. 

— Sua baixa auto estima me dá vontade de te esganar. — Se aproximou de mim, me abraçando fortemente. — Eu sei que você deve estar achando que ele te beijou só porque estava meio bêbado, mas não acho que tenha sido isso. 

— Obrigada, Claire. — Retribui seu abraço, sem muita animação. — Queria acreditar nisso. 

— E você vai, eu sei que vai, quando ele continuar no seu pé pelos próximos dias! 

— Nossa, mal posso esperar. — Fingi empolgação, ouvindo-a rir de modo engraçado. A loira segurou minha mão, e assim caminhamos até a frente da escola, onde nos despedimos e fomos para o lado contrário uma da outra. 

Claire é uma boa amiga, eu adoro sua amizade, mas não acredito em tudo que ela me disse quanto ao Jungkook. Talvez eu acredite, mas, ainda precisaria de algum tempo para processar essa informação. Não tive nenhum namorado durante a vida toda, e os meus ficantes eram pessoas passageiras demais, resumidamente, nunca fiquei com uma pessoa por mais de uma vez, nunca houve alguém fixo na minha vida. 

No fundo eu me sinto sortuda por ter beijado um cara como o Jeongguk mais de uma vez, porém, eu jamais admitiria isso, ele já é convencido o suficiente. 

Enquanto continuava a pensar sobre isso, eu abri a porta de casa, derrubando minha bolsa no chão imediatamente ao levar um susto com toda a bagunça que havia logo na entrada. Vários papéis higiênicos espalhados pelas escadas, pacotes de salgadinhos e doces, latas de cerveja e mil e uma coisas, eu paralisei por alguns minutos ao ver toda aquela bagunça. 

Hyeon deu uma festa, isso estava claro, não é possível que apenas ela e aquelas outras cinco pessoas fossem capazes de fazer tudo isso sozinhas. 

E claro, se tá ruim, pode piorar, assim que entrei em meu quarto, me deparei com minha cama toda bagunçada gerando-me náuseas ao imaginar o que havia acontecido ali. Bastava aquilo para que eu surtasse. 

Puxei minhas cobertas com força e rapidez, correndo com elas até a máquina de lavar e as jogando ali, logo depois voltando para o quarto e virando a cama para o outro lado que estava limpo. Logo depois, me preparei para o resto, eu jamais deixaria a casa nesse estado, qualquer resquício de bagunça me deixava nervosa, e meus avós chegam em dois dias, eu precisava organizar tudo isso. 

Hyeon com certeza voltará horas antes deles, com aquela cara fingida e a boca pronta para mentir sobre últimos dias. Eu deveria contar sobre tudo isso, Taehyung tem toda razão. 

Passei longas horas arrumando toda a casa, me jogando no chão várias vezes ao perceber que, quanto mais eu arrumava, mais bagunça aparecia. Esse com certeza é o pior dia da minha vida, e eu não deixaria isso passar batido, iria contar tudo para a vovó e pro vovô, que se foda Hyeon e toda sua imaturidade. 

— Que bom que decidiu contar sobre a confusão que ela causou aí, mas acho que eles já devem desconfiar disso. — Taehyung falava do outro lado da linha, dando um riso longo. — Você já comeu alguma coisa? 

— Só consegui tomar banho desde que cheguei, vou fazer alguma coisa agora. — Suspirei pesadamente, jogando-me no sofá e apertando os olhos. — Tô acabada, o estresse ainda vai me matar. 

— Sei quem pode te deixar melhor. 

— Quem? — Ele fez um silêncio suspeito, e eu ri ao perceber o que ele quis dizer com aquilo. — Você é louco, Taehyung, a essa hora ele já deve ter esquecido que nos beijamos lá na piscina. 

— Pois pode ter certeza que não. — Riu novamente. — O Jimin me ligou pra contar sobre o que eles fizeram na festa depois que saímos, ele disse que Jungkook não ficou com mais ninguém, só bebeu mais um pouco e implorou pelo seu número, mas o Jimin decidiu ser bonzinho com você e não passou sem sua permissão. 

— Finalmente ele pensou em mim. — Ditei, rindo sem vontade. 

— Eu sei que você queria que ele tivesse passado. 

— Ele estava bêbado, nem sabia o que estava fazendo. 

— Vai continuar com essa história? — Suspirou. — Ele tá afim de você mesmo.

— Certo, quem sabe eu acredite nisso um dia? — Sorri, ouvindo meu melhor amigo bufar e rir soprado. 

— Tudo bem, vamos ver. Agora vá comer alguma coisa, já são quase seis horas da tarde!

— Isso é culpa da Hyeon, nem consegui descansar. — Olhei para a janela, vendo o dia ter seu fim, não consegui nem estudar. 

— Coma e descanse, nem pense em ir pra sua escrivaninha ok? 

— Ok. — Murmurei, me despedindo dele antes de desligar a chamada. 

Eu fiz exatamente o que Taehyung pediu, até porque, eu sequer teria tempo para fazer outra coisa. Ainda tenho que ir para a escola amanhã, e quero estar bem acordada e produtiva, já que apenas dormi em todas as aulas de hoje. 

A vovó ainda me ligou antes de eu dormir, mas não consegui falar por muito tempo, já que sono estava me pegando de jeito. Ela percebeu meu cansaço, e me desejou uma boa noite antes de desligar a ligação. 

Eu acordei de manhã com o celular debaixo da cara, notando que eu nem havia saído do lugar após a ligação. Pelo menos consegui me arrumar mais cedo, indo para a escola e assistindo todas as aulas com mais atenção. 

Claire ainda estava brigada com Blake, e já é o segundo dia que ele falta aula, eu percebia que ela estava preocupada, até desconfiada, mas tentava transparecer tranquilidade. 

Problemas de casais… Será que irei enfrentá-los algum dia?

Eu aproveitei o resto da sexta feira para organizar mais a casa. Hyeon havia quebrado um vaso de flores da vovó, e havia terra debaixo do tapete da varanda, o qual eu só percebi quando me dei falta de um dos vasos. Taehyung chegou a me ligar durante o dia, e Jimin também, mas eu nem tive tempo de atendê-los, e quando tive, estava com sono demais para conseguir me comunicar.

Eu peguei no sono minutos depois de tomar banho, acordando algumas vezes durante a madrugada ao ouvir o quarto de Hyeon virar do avesso, mas eu nem me levantei, sabia que minha tia havia chegado, ela queria se prevenir. 

Tive certeza de sua chegada quando levantei de manhã, vendo seu casaco preto no sofá ao lado da porta de casa. O vovô e a vovó chegam às 10, e eu levantei um pouco mais cedo para preparar o café para eles. 

— Bom dia, pirralha. — Hyeon adentrou a cozinha, com o cabelo todo bagunçado e a cara amassada, carregada de uma maquiagem borrada. Eu não a respondi, continuei comendo meu cereal e olhando para baixo. — Vi que você arrumou a casa, gostei! 

— Claro que arrumei, a vovó enlouqueceria se chegasse aqui e visse toda sua bagunça. — Respondi, olhando-a seriamente. 

— Nem estava tão bagunçado assim, você que é louca por limpeza. — Se sentou no balcão. 

— Eu acho que nem vou precisar contar que você estava fora por todos esses dias. Eles já desconfiam. — Sorri maldosa, tendo seu olhar sério sobre mim. 

— Não se faça de santa, ______________, eles não sabem que você passou mais de uma noite fora de casa. 

— Foi você quem fez com que eu saísse, com toda sua arrogância e imaturidade! — Rebati, me levantando e levando meu pote de cereal para a pia. Hyeon observou meus passos com um sorriso nos lábios, suspeito até demais, enquanto cruzava os braços e pendia a cabeça para o lado. 

— Você é totalmente diferente dos seus pais, é até curioso. — Ditou com aquele tom de arrogância, enquanto se afastava para longe da cozinha. Minha tia tem sã consciência do quanto eu odeio quando tocam nesse assunto, quando citam meus pais ou os usam como exemplo. Mas ela nem se importa. 

Eu tomei um banho demorado após nossa conversa estressante, todas eram assim, ela abria a boca e eu já perdia todo o meu bom humor. Estou ansiosa pela chegada dos meus dois velhotes, isso com certeza me deixaria melhor, e eu estava certa, já que, assim que vi o carro parar em frente a casa, meu peito se encheu de alegria, e eu desci as escadas com passos apressados, abrindo a porta com rapidez e correndo em direção ao meu avô, pulando em seus braços fortemente. 

— Opa! Quanta falta eu senti da minha menina. — Ele me carregou, me enchendo de apertos e beijinhos carinhosos, me fazendo rir e me aconchegar em seu aperto. 

— Eu também senti muita, vovô. — Murmurei com a voz abafada, já que estava com a cara enfiada em seu ombro. — Não viajem mais sem mim… 

Vovô deu leves tapinhas em minhas costas, afastando meu rosto de si e me encarando preocupado. Pelo seu olhar, eu tive certeza de que ele sabia de Hyeon e de suas noites fora, não é como se fosse algo impossível de se desconfiar. É típico dela. 

— Coloca minha menina no chão, eu quero abraça-la também. — A voz da vovó soou ao nosso lado, e eu ri enquanto saía dos braços do meu vô, abraçando a mulher com força e puxando o ar, sentindo o cheiro do perfume adocicado que ela tanto ama. — Comprei muitos presentes pra você, tenho certeza que vai gostar. — Acariciou minhas madeixas. — Agora vamos entrar, os vizinhos donos da rua já estão de olho em nós. — Rimos juntos, e então, eu os ajudei com as malas e sacolas de compras. 

Hyeon estava no topo da escada quando entramos, com os braços cruzados e um sorriso ladino. Ela apenas acenou para seus pais, caminhando pro seu quarto sem dizer mais nada, vovô Clark mantinha um olhar sério em sua direção, até que ela sumisse de nossas vistas, logo depois ele me direcionou uma pergunta. 

— Ela não esteve por aqui nos últimos dias, esteve?

Eu apenas balancei a cabeça, carregando várias sacolas que vovó havia me entregue. 

— Você dormiu sozinha todas essas noites?

— Eu dormi na casa do Taehyung… — Murmurei receosa.

— Tudo bem. — Ele disse por fim, terminando de carregar as malas. A vovó logo me arrastou para me mostrar todas as suas compras, ela havia comprado muitas roupas, e uma boa parte era pra mim. As suas histórias sobre a viagem logo preencheram meus ouvidos, e sua empolgação me fazia rir, eu adorava seus sorriso. 

Diferente dela, o velho Clark continuava do mesmo jeito, com a mesma expressão e uma desconfiança declarada no olhar. Eu percebi quando ele colocou a mão sobre a bancada da cozinha, olhando ao redor e abaixando a cabeça. 

A vovó ainda me mostrava suas compras, mas eu continuava olhando para meu velho, notando quando ele abaixou-se atrás do balcão, pegando uma garrafa vazia de vodca ali e a girando na mão. 

— Também comprei essas sementes para plantarmos no quintal… — Voltei a atenção para ela, olhando os pacotes pequenos em suas mãos e sorrindo enquanto os pegava. 

— Girassóis são legais. — Sorri, tentando concentrar meu olhar entre ela e o outro. 

— Querida. — A voz do vovô ecoou, naquele mesmo tom. Eu e a vovó olhamos para ele, que se virou lentamente em nossa direção, com aquela garrafa vazia nas mãos. — Princesa, você já tomou café? — Olhou para mim. 

— Comi cereal antes de vocês chegarem, mas tem café pronto. — Falei rapidamente, sorrindo.

— Faz o seguinte, pega esse dinheiro e dá uma passadinha na cafeteria que você gosta, uh? — Colocou a mão no bolso, pegando umas notas de won e jogando para mim. Eu conhecia essa fala, então, nem ousei questionar ou dizer que já não tinha mais fome alguma. 

A mulher a minha frente me olhou desconfiada, logo depois se virando para ele. Levantei receosamente, pegando meu casaco e calçando meus tênis, sorrindo para a vovó que fez o mesmo antes de acenar. 

Assim que pisei os pés pra fora de casa, dei um suspiro pesado, não demorando a ouvir o grito estridente do vovô contra Hyeon, gritos que me fizeram apressar o passo para longe dali. 

Ele estava furioso, eu sabia disso, sua voz carregava todo e qualquer sentimento relacionado a decepção e raiva. Mas de todos esses sentimentos, a frustração o dominava. 

O vovô e vovó são as melhores pessoas do mundo, e eu os amo mais que qualquer coisa ou pessoa existente na terra, é decepcionante ver que mesmo sendo tão bons, estão propensos a esse tipo de situação, assim como todos os seres humanos existentes na terra. 

Era impossível guardar o choro, Hyeon provocava tanto caos em meio a situações felizes, provocava tanta tristeza. Mas sequer se importava com isso. 

Eu adentrei a cafeteria calmamente, sentindo o cheiro de café e lavanda preencher minhas narinas. Com certeza, isso é uma terapia. Me sentei na última mesa ao lado da janela, tendo a visão da praça ao lado, cheia de crianças brincando. A essa hora minha casa deve estar virando para baixo, com gritarias do vovô e da Hyeon, e dos choros magoados da vovó.

Ficar aqui é melhor, mas eu ainda gostaria de estar lá, acalmando os dois. 

Uma lágrima escapou de meus olhos, fazendo-me abaixar a cabeça rapidamente enquanto a enxugava, as coisas poderiam ser mais fáceis. 

— Ora, ora… — Uma voz rouca e conhecida me despertou, e eu levantei a cabeça rapidamente enquanto voltava a enxugar o rosto. — Está me seguindo? 

— Eu quem te pergunto. — Murmurei com o cenho franzido, vendo-o sentar em minha frente. 

Jeon Jungkook, do sorriso encantador, de moletom escuro e cabelos negros, suas sobrancelhas são lindas, e sua boca é vermelhinha e chamativa. Um conjunto de tudo que me atrai. 

Ainda assim, eu não esperava vê-lo agora, só que sua presença repentina me deixou… feliz?

— Esse é o único lugar que eu conheço totalmente até agora, o café daqui é muito bom. — Seu olhar passou por todo meu rosto. — Espero não ser uma má companhia agora. — Ele pareceu notar meu semblante diferente, já que seu cenho franziu por alguns segundos enquanto ele olhava para meus olhos vermelhos. 

— Não… Tá tudo bem, você não é uma companhia tão ruim assim. — Sorri, me apoiando na mesa e olhando para ele. — Você já tomou o milkshake daqui? É tão bom quanto o café. 

— Cafeteria que vende milkshake? — Riu fraco. 

— Em Busan não vende? — Acompanhei seu riso, arrastando o cardápio para mim.

— Vende, mas eu não entendo. — Lambeu os lábios, me olhando com um sorriso no rosto. Era um papo sem importância até, mas eu gostei da forma como ele estava levando a conversa, parecia querer me acalmar. 

— Bom dia, o que vão pedir? — Um dos funcionários perguntou ao parar do lado da nossa mesa.

— Eu quero um milkshake de baunilha. — Falei, olhando para Jeon de soslaio e esperando ele pedir alguma coisa. 

— Eu também. — Ditou suavemente, me olhando de canto. 

— Dois milkshakes de baunilha, ok. — Ele anotou em seu caderninho. — Não vai demorar! 

— Sem problemas. 

Eu voltei meu olhar para a mesa assim que o atendente saiu, sentindo novamente a preocupação tomar conta de mim. Imaginei como as coisas deveriam estar agora, e em como estariam quando eu voltasse. 

— Você parece preocupada. — Jeongguk colocou a mão sobre a mesa, bem próxima a minha. 

— É, eu… Tô um pouco cansada. — Sorri falsamente, olhando em seus olhos. Tão lindos…

— Quer que eu pague seu milkshake? — Perguntou, mas antes que eu pudesse respondê-lo, ele me interrompeu. — Ok, eu pago, vai ser bom fazer algo por você. 

— E por que você quer fazer algo por mim? — Reprimi os lábios. 

— Por nada, pra ser sincero, eu só senti um pouquinho de saudades de você. — Sua mão tocou a minha de leve, e ele sorriu ladino enquanto observava um sorriso bobo nascer em meu rosto. 

— Fala sério… — Ri balançando a cabeça, tentando conter a vergonha. 

— Tô falando sério. Não te vejo a dois dias e como não tenho seu número, acabei sentindo sua falta. — Deu de ombros. 

— É uma ótima forma de pedir o meu número. 

— Consegui ser convincente? — Eu e ele rimos ao mesmo tempo. 

— Talvez. — Ele sorriu mais uma vez, pendendo a cabeça para o lado e intercalando o olhar rapidamente entre meus lábios e olhos. — O que você quer, Jungkook?

— Como assim? 

— Não sou acostumada com um garoto bonito me seguindo, nem me olhando assim, você me deixa com vergonha sempre que está por perto. — Ele riu com minha fala. 

— Então você me acha bonito? 

— Olha só como você é, sua atenção só se voltou para isso? — Ri. 

— Não, só achei interessante você dizer isso estando sóbria. — Eu fiquei calada por um tempo, pensando no que ele queria, no que ele quis dizer. 

— Você ainda não respondeu a minha pergunta. — Engoli seco, colocando os cotovelos sobre a mesa e apoiando a cabeça nas mãos. Mantendo minha atenção totalmente nele. 

— Não quero nada ___________, eu só… Gosto da sua presença. — Respondeu, imitando minha postura. 

— Da minha presença? — Ri soprado. 

— É, e da sua boca também! 

— Garoto cala boca. — O repreendi, ouvindo sua risada contagiante se misturar a minha. 

— Você achou que eu não lembraria do nosso beijo por ter bebido um pouco, mas eu lembro. — Sua mão pousou sobre a mesa, triscando meu braço com o indicador. — Só não sei se você lembra disso com tanta frequência como eu. 

— Está mesmo tentando fazer isso? — Murmurei, sentindo meu corpo arrepiar. Ele é bonito demais. — Não acredito que esteja tão interessado, você é tão… Irreal. 

— Irreal? — Riu. — É assim que você me descreve? 

— Você parece ter saído de um dorama. — Nem me importei com o fato dele sair totalmente convencido depois. — Não faz sentido na minha cabeça…

— Se você soubesse o quão atraente você é, deixaria de se rebaixar tanto, e entenderia porquê estou tão interessado.