História Better Man - Blood, Sweat and Tears (Part II)

Título do Capítulo: Sangue, súor e lágrimas

Luke Hemmings's P.O.V

Tudo aconteceu tão rápido, tudo o que vi fora Mike se atirar na minha frente, levando o tiro, que supostamente, fora disparado em mim. Meu amigo estava caído no chão, com seus olhos estatalados, sangrando. Num impluso, eu corri para cima do Nate, acertando um soco de cada lado do seu rosto, o moreno cedeu ao chão, cabaleando em seus próprios pés. Eu profanava, sentindo meus punhos tremerem, devido à adrenalina, que invadia minhas correntes sanguíneas. Ashton havia encontrado Anne, eles estavam em pânico, presenciando aquela cena terrível. Calum correu para acudir Michael, que nem se movia.

Aquilo tornou-se um caos, os capangas do Nate, brigavam com os meus amigos, juntamente com o polícial, que se perdeu, ao notar que aquele resgate, foi a merda. Nosso plano foi por água abaixo, e nesse momento, estava custando a vida do Michael.

Eu estava perdendo o controle de mim, tinha Nate nas minhas mãos, e ele nem sequer reagia, seus olhos estavam distantes. A imagem do Mike, salvando a minha vida, se passou diante dos meus olhos, várias vezes. Enquanto eu socava com toda raiva, o rosto do moreno.

Reage seu covarde!- falei, levantando meu punho, para deferir mais um soco em sua cara. Anne gritava, entre lágrimas e desespero, me chamando, na tentativa de me fazer parar com aquela briga. Nate manchava meu punho cerrado, com seu sangue, enquanto Mike manchava o chão com o dele. Meus olhos lacrimejavam e amenizavam a raiva descontrolada que eu sentia. Nate agarrou meu cabelo, movendo os lábios para dizer algo. Fechei meus olhos, respirando pesadamente e pedindo por calma, naquele momento.

Pegue a arma e me mata logo Luke, por favor- Nate sussurrou, fitando a sua arma caída ao lado do seu corpo. Ele tossiu sangue, e eu fitava a arma sem piscar, esse verme tentou me matar, e agora meu amigo está correndo risco de vida. Peguei a arma, deixando meu dedo no gatilho, Nate nem reagiu, quando eu repousei a ponta da arma, bem no meio da sua testa. Ele apenas fechou os olhos, esperando a morte.

Luke, não por favor!- Anne gritou, Ashton mantinha ela em seus braços, impedindo que ela fizesse alguma coisa. Eu pedira que ele a protegesse, e era isso o que ele estava fazendo.

Olhei para Nate, ele segurou minha mão, me incentivando a atirar nele. Acontece que a morte seria um presente para ele, Nate não temia nem um pouco, se iria morrer naquele momento. Ele realmente desejava morrer, e eu não o mataria. Ele vai pagar por tudo, não vai ser desta vez que ele vai escapar da vida miserável, que ele mesmo se enfiou. Puxei a arma com raiva, jogando ela para longe e socando Nate por uma última vez, ele apagou e eu me levantei, ainda com os punhos cerrados. Ashton me olhava assustado, enquanto Anne se escondia em seus braços. 

Corri ao lado do Mike, ele respirava fracamente, e Calum tentava parar o sangramento dele. Escutei dois tiros sendo disparados, olhei para trás, vendo os capangas do Nate caírem no chão. O polícial Shane tinha ganhado a briga, atirando nas pernas deles, impedindo assim, que fugissem. Voltei-me ao Michael, fitando seu rosto completamente pálido, enquanto pedi ao Calum, que chamasse uma ambulância. Escutei o polícial chamando viaturas, e eu repousei minha mão sob o peito de Mike, sentindo algum sinal vital. Minhas lágrimas caíram desenfreadas, pingando e molhando a roupa do Mike. Seus olhos fechados e imóveis, eu temia tanto não vê-lo amanhã, falando alto pelos cantos e jogando video game conosco. Eu temia tanto perder um dos meus melhores amigos, meu irmão. 

Minha mão se sujou com seu sangue, quando eu toquei seu coração. Calum chorava alto, entre soluços. Enquanto Ashton e Anne se ajoelharam ao nosso lado, fungando e derramando várias lágrimas pelo Mike. 

O coração do Mike em minhas mãos ainda batia, mesmo que fraco. Peguei ele no colo, andando desesperadamente para fora daquela boate. Ignorei os outros, que me chamavam, Mike ainda estava vivo, e o socorro estava demorando, cada segundo que se passava, era precioso para Michael. Eu não podia ficar alí, esperando alguém ajudá-lo, ou vê-lo morrer. Coloquei Mike no banco de trás do carro, o sangue na minha camisa secava aos poucos, me sentei no lado do motorista, e em seguida Ashton, Anne e Calum entraram no carro, fitei eles sem falar nada, pisando no acelerador e indo até o hospital mais próximo. Engoli as lágrimas, que desceram rasgando a minha garganta. 

Luke calma, vai mais devagar!- Ashton disse, eu batia meus dedos inquietos no volante, pisando com tudo no acelerador, fiz a curva do hospital, fazendo todos se segurarem e gritarem comigo, com medo de que eu batesse o carro, a qualquer momento. 

Abri a porta do carro, indo até o banco traseiro. Peguei Michael no colo, carregando ele rapidamente para dentro daquele hospital. Escutei os passos desesperados dos meus amigos, ao meu encalço. Eles tentavam falar comigo, mas eu simplesmente tinha as minhas palavras presas na garganta, que se misturavam com as lágrimas. Tudo o que consegui pronunciar, fora um grito por socorro, logo os enfermeiros me rodearam, trazendo uma maca, repousando o corpo pálido do Mike lá. Em questão de segundos, eu estava sendo bombardeado em um interrogatório.

Ashton respondeu à todas as perguntas, ao perceber que eu não estava em condições de o fazer. Me sentei naquelas cadeiras, cobrindo meu rosto com as mãos, que estavam sujas com o sangue do Nate, e também do Michael. Eu me balançava, tentando manter a calma interior. Senti alguém pousar a mão em minhas costas, se sentando ao meu lado. Pelas pernas, eu vira que era Anne.

Ele vai sair dessa Luke, tudo vai ficar bem, eu prometo meu amor- Anne sussurrou em meu ouvido, levantei meu olhar, fitando a morena ao meu lado. Anne não estava no seu melhor estado, a garota tinha seus cabelos desgrenhados, o vestido vermelho escuro amassado. Aquele mesmo vestido, que ela foi ao nosso encontro. Engoli as palavras presas na garganta, tentando me pronunciar com ela. Seus dedos tocaram levemente a minha bochecha, fechei meus olhos, sentindo seu carinho. Mas afastei a mão da Anne, assim que notei as marcas em seu pulso. Segurei as mãos dela, encarando aquelas marcas, claramente feitas por cordas. Anne também olhava para seus pulsos, ela mordeu os lábios, com seus olhos se enchendo de lágrimas. E mais uma vez, aquela raiva descontrolada me dominou.

Ele te amarrou?- indagei entredentes, Anne balançou a cabeça levemente. Me levantei, passando a ponta dos meus dedos nos meus fios de cabelo. Eu andava de um lado para o outro, cerrando meu punho.

Luke se acalma!- Ashton exclamou, se levantando da cadeira, onde ele estava sentado ao lado do Calum.

Me acalmar? Olha o que aquele miserável fez com a Anne!- exclamei, apontando para os pulsos dela, todos a encararam e a morena se encolheu na cadeira, mordendo os lábios, para controlar o choro.

Eu estou bem Luke- Anne disse, se encolhendo e escondendo os pulsos, no tecido do seu vestido. Eu me martirizava, ao pensar em Nate machucando ela, ou até mesmo sendo mais baixo, se Nate abusou da minha Anne, ele seria um homem morto amanhã mesmo. Bufei pesadamente, me sentando ao lado dela, trazendo a garota para mais perto, abraçando ela, que se descontrolou em chorar.

Eu não sei o que faria se alguém te machucasse Ann, eu realmente não sei- falei baixo, repetidas vezes. Anne soluçava em meus braços, tudo o que aconteceu fora traumatizante, ainda mais para ela.

Senti o celular em meu bolso vibrar, afastei Anne de mim, e Ashton a acolheu em seus braços. Atendi o telefone, fitando meus amigos, que estavam em prantos, apenas ao imaginar o Mike partindo.

Na chamada, eu falava com o polícial Shane, ele pediu o endereço do hospital, pois os pais do Mike já foram avisados do acontecido, e os pais da Ann queriam vê-la. Passei o nome do hospital para ele, em seguida a chamada fora encerrada. Guardei novamente o celular no bolso, passando a mão pelo meu rosto, nervoso.

Que demora para darem alguma notícia!- Calum resmungou, se levantando e indo para fora do hospital, ele estava muito calado, me levantei e fui atrás dele, para conversarmos um pouco. Ashton ficou com a Anne, confortando-a.

Calum?- o chamei, ele estava de costas para mim, apoiando seu braço direito na parede, enquanto fitava o gramado. Ele nem sequer se moveu, ao escutar minha voz, me aproximei dele, pousando minha mão em seu ombro. Trouxe ele para meus braços, Calum agarrou minha camisa, soltando finalmente, as lágrimas presas em seus olhos. Ele fazia ruídos estranhos, enquanto chorava e molhava minha camisa, que naquele momento, estava suja.

Ele vai ficar bem- falei, mesmo sem ter total certeza disso. Calum começou a soluçar, enquanto falava adjetivos que descreviam o Mike. Eu batia em suas costas, mentindo para ele e para mim mesmo, ao dizer que Mike ficaria bem.

Eu não tenho certeza, pois seu coração batia tão fraco em minhas mãos, quando eu o trouxe para cá. Sua pele estava mais branca do que de costume. Ele levou o tiro que era para me acertar, ele salvou a minha vida, mas como eu salvaria a dele agora? Eu preferia que aquele maldito tiro tivesse me acertado, pois Mike tinha muito pela frente, uma vida toda. Ele tinha a Cindy, mãe e pai que o amam muito, eu não tinha mais ninguém, e o lado bom seria que eu estaria junto com a minha mãe, mais uma vez.

Merda, eu que tinha que ter levado aquele tiro! Sou eu quem deveria estar morrendo, não ele- falei, entrando em desespero com todos aqueles pensamentos. Calum negava com a cabeça, e a desordem emocional me atingiu.

Não Luke- Calum gritou comigo, segurando meu punho, que estava indo em direção a parede de tijolos. Minhas lágrimas molhavam meu rosto, enquanto minhas mãos tremiam.

O Mike tem que viver, ele ainda tem uma vida pela frente, sou eu quem tinha que morrer! Eu não tenho mais ninguém mesmo- falei em um sussurro, mas Calum ouvira. Ele negou mais uma vez, soltando meu pulso, que se mantinha cerrado.

Não, você tem a nós, a Anne! Ela te ama Luke e nós também, tudo vai ficar bem- Cal disse, me abraçando agora. Eu era um caos em pessoa, e a minha fé se esvaía, a cada minuto sem notícias do estado de saúde do Mike.

Vimos os pais dele entrar no hospital, e logo atrás deles estavam Will e Mary, os pais da Ann. Olhei para Calum, que respirou fundo, seguimos para a entrada do hospital. Vi Karen, a mãe do Mike, se desmoronar nos braços do marido, e aquilo me partiu em pedaços. Caminhei até Anne, que estava abraçada com seu pai, Mary estava de costas para mim, e quando me viu, seu semblante não era nada bom. Engoli o seco, temendo suas duras palavras.

Se afaste da minha filha, ouviu bem? Se afaste dela!- a mulher, cheia de rugas e uma cara inchada disse, apontando o dedo para Anne, pela primeira vez, pensei em levar em concideração seu pedido, eu queria Anne bem, e eu não sabia se eu fazia bem para ela naquele momento.

Fitei Anne, com seu rosto manchado pela maquiagem borrada, seus pulsos marcados pelas cordas, que Nate apertou. Pensei em tudo o que aconteceu, e na bagunça que eu fiz na vida dela. Eu devia nunca ter pisado naquela igreja, e então, nunca teria visto Anne na vida. Eu devia ter me afastado, quando ela me olhava com seu olhar curioso, eu devia simplesmente ir embora, me afastar, como a mãe dela pedia.

Não se preocupe senhora, eu não vou mais colocar sua filha em perigo- comentei, me afastando deles, Anne me olhou confusa, e correu atrás de mim, ignorando sua mãe, que gritava o nome dela. Fechei a porta de vidro do hospital, deixando Anne mais para trás, apressando meus passos até o carro. Senti sua mão segurar meu braço, me puxando com uma certa força. Abaixei meu olhar, fitando seus olhos castanhos cheios de lágrimas.

O que você quis dizer com aquilo? Não me diga que...- ela falava, mas eu a interrompi.

Vou me afastar- falei, dando as costas para ela, mas Anne me puxou mais uma vez, com um semblante triste estampado em seu rosto. Ela mordia os lábios, controlando as lágrimas que teimavam em cair.

Não é assim que as coisas são Luke! Você não pode se afastar de mim- ela disse com a voz trêmula, apertando meus braços, para que eu não fugisse. Pisquei várias vezes, segurando minhas lágrimas, que embaçavam a minha visão.

Eu não posso ficar, eu não posso te machucar, eu apenas baguncei a sua vida Anne- falei rapidamente, sentindo a minha garganta trancar e meu peito se apertar. A morena negava sem parar, rodando sua cabeça e apertando mais ainda meus braços.

Não, não mesmo! Você foi a melhor coisa na minha vida, e ninguém vai nos afastar, merda! Eu te amo Luke- ela disse, segurando meu rosto molhado em suas mãos pequenas e delicadas. Tremi ao escutar aquelas três palavras, Anne selou nossos lábios, quebrando a distância entre nós. Aquele beijo tinha um misto de sentimentos e lágrimas, ela me agarrava com força, garantindo que eu ficasse alí, e não me afastasse. A respiração fez falta, mas Anne ainda continuou o beijo, agarrando agora a minha camisa fortemente, entre seus dedos. A garota partiu o beijo com demorados selinhos, sussurrando para que eu ficasse. Segurei seu rosto em minhas mãos, analisando cada detalhe dela, que era tão linda.

Seus olhos inchados e fundos, sua boca avermelhada por causa do beijo, com a respiração pesada. Anne acariciava meus cabelos, ainda segurando minha camisa com força, com sua outra mão.

Eu te amo Luke- ela disse mais uma vez, eu senti meu coração acelerar, ao escutar estas palavras. Sorri e me aproximei dela mais uma vez, beijando-a com todo meu sentimento. Ela era a garota dos meus sonhos, sorri entre o beijo, agarrando a morena e colando nossos corpos.

Eu te amo Ann- falei, entre um sorriso e respiração pesada, pois aquele beijo me tirou o fôlego.

Ficamos alí, nos encarando, até Calum nos chamar, dizendo que tinha notícias do Michael.

Corri com a Ann até lá, ansioso para saber como ele estava.

Entramos e nos deparamos com todos em prantos, aquela cena me deu na hora, a pior das ideias. Anne estava andando cautelosa, até eles. Eu parei e senti meu peito se partir, ao imaginar quais eram as notícias.

Vi Calum parado no meio da sala de espera, enquanto cravava as unhas com força em sua pele, com as mãos fechadas em punho. Ashton estava sentado, cobrindo seu rosto entre as mãos, fungando e soluçando. Karen e Daryl, os pais do Michael estavam abraçados, chorando e rezando pelo filho. A porta do hospital fora aberta, e por ela passou Cindy, correndo e respirando pesadamente. A loira vagou seu olhar por todos nós, e ao ver o mesmo que eu, seu semblante pesou, e logo as lágrimas já rolavam sem freio por seu rosto rosado.

Aquele fora o pior momento da minha vida, meus amigos choravam e negavam para sí mesmos. E eu estava paralizado, esboçando o vazio. Quem me visse, pensaria que eu não tinha sentimento algum, mas a verdade era que eles estavam travados em meu peito, que subia e descia rapidamente, dando-me aquela descarga de adrenalina, na qual desencadearia mais uma crise da minha parte.

As imagens do Mike sorrindo e tocando sua guitarra preta viera atropelando a minha mente, e eu via Ashton embaçado, me chacoalhando e me chamando, enquanto eu surtava em lágrimas. Eu não me perdoaria nunca, se Mike morresse.

Ashton me chamava sem parar, chacoalhando meu corpo,  logo senti algo me picar, olhei vagamente para o lado, vendo a silhieta turva de uma enfermeira. Meu rosto ardia e tudo se apagou. 

Meu corpo relaxou e eu não senti mais nada, além da escuridão.

Eu tinha surtado, apenas ao imaginar que meu amigo morreu no meu lugar, a insanidade emocional me dominou, e aquela injeção, dada pela enfermeira, fora o único motivo de me acalmar. Aquela droga me apagou por completo, eu não sentia mais nada. Esquecendo-me, por um tempo, que Mike não estava mais entre nós. 

Continua...