História Between Two Lines - Camz... Lolo...

Passei a noite toda pensando no esbarram que eu dei nela. Fui dormir quando estava clareando. Acordei já era bem tarde, devia ser umas quinze horas. Mamãe toda hora entrava no quarto dizendo que alguém estava me ligando, mas eu sempre ignorando. Até que desisti e resolvi atender, sem olhar o visor da tela.
 

- Oi?

- Ei, Laur! Você vem? Tá todo mundo aqui, já!

- Aqui onde? Quem tá falando?

- Alexa, pô. Não conhece mais minha voz?

- É que acabei de acordar, mas você tá onde?

- Na casa da Verô. Tá tendo Churrax, esqueceu?

- Não tô com cabeça pra isso!

- Lauren Jauregui perdendo uma festa, não tô acreditando nisso!

- Vem logo, Laur - Verônica berrou no fundo.

- Tá bom! Daqui a pouco tô aí!
 

Levantei da cama, tomei um banho. Coloquei um biquíni preto, afinal, precisava por algo que desse contraste com a minha pele. Fui até o banheiro e comecei a me maquiar. Por mais que fosse uma Pool Party, precisava estar apresentável. Passei o corretivo, o pó, uma lápis preto e dessa vez apenas um brilho labial. Sai do banheiro do meu quarto e abri o armário. Peguei um short jeans cós-alta e uma baby look preta a cima da barriga. Peguei minha bolsa e sai do quarto. Passei pela sala e quando fui abrir a porta, minha mãe me chamou.
 

- Lauren? - Mamãe estava atrás de mim. Virei para ela.

- Oi?

- Vai pra onde?

- Hoje tem festa na casa da Verônica!

- E não vai nem almoçar?

- É churrasco. Lá eu como - Respondi me virando, mas fui interrompida de novo.

- Lauren? - Vire de novo para ela - Vai ter meninos?

- Vai, né! Vamos comemorar o jogo de ontem.

- Lauren...

- Mãe, - Dessa vez eu interrompi - não se preocupa que eu não farei nada que eu vá me arrepender.

- E vai ter bebida alcoólica?

- Vai! Mas eu não vou encher a cara mãe, eu sei que eu ainda tenho dezessete anos - Virei para sair antes que ela falasse algo.

- Juízo!

 

Estacionei o carro em frente a casa da Verônica. Pelo incrível que pareça, não tinham muitos carros, provavelmente resolveram ir de táxi para encherem a cara o dia todo. Peguei minha bolsa e meu celular estava apitando, peguei ele para checar e eram mensagens do whatsapp, algumas de Alexa, outras de Keegan e algumas da própria Verônica, mas resolvi não responder. Caminhei até a entrada, pensei em tocar a campainha, mas a porta estava entreaberta, então entrei. Um casal que se beijava no sofá tomou um susto quando eu entrei. O som estava tão alto que dava para escutar da sala. Ignorei o casal e continuei andando em direção aos fundos, onde ficava a piscina. Passei pela porta da cozinha e finalmente cheguei no gramadinho da piscina e logo Verônica se aproximou.
 

- Até que enfim. Achei que não fosse vir - Verônica estava com dois copo de cervejas na mão e me deu um.

- Eu? Perder uma festa? Nunca - Sorri e dei uma golada no copo.

- Sinta-se em casa - Ela sorriu pegou minha bolsa e provavelmente foi guardar no quarto dela, como ela sempre fazia.
 

Tomei novamente um gole da cerveja. Olhei em volta. Keegan e Cody estavam perto da churrasqueira, deviam estar tentando fazer alguma carne sair, eles eram enrolados, bobos, mas eram pessoas boas. Austin conversava com alguns jogadores do time de futebol. Algumas meninas estavam sentadas na borda da piscina. Do outro lado estavam Gregg, de sunga e Camila com uma saia e a parte de cima do biquíni, abraçados. Ela o enchia de selinhos.
 

- Laur, - Alexa berrou da piscina - vem!

- Depois eu vou.
 

Tirei minha camisa, coloquei em cima da espreguiçadeira, depois tirei o short e coloquei também. Nessa hora senti alguém me pegando no colo, como recém casados e quando pensei em gritar já estava caindo dentro da piscina com a pessoa, mergulhei e tentei abrir os olhos em baixo da água, mas com a pressão que a água fez no choque com nossos corpos, não consegui ver nada, além de bolhas que a água fazia. Levantei com a cabeça para atrás, sabendo que assim meu cabelo não ficaria nem no meu rosto nem bagunçado. Olhei para frente e era Keegan. Ele era um idiota, um doido, mas eu gostava dele. Quando percebi todos estavam olhando para a gente rindo. Taquei um pouco de água nele e fui até Alexa, que conversava com umas duas meninas e um menino.
 

- Bela entrada, Jauregui - Alexa me olhou sorrindo e eu pisquei de volta.

Ficamos ali conversando durante alguns minutos, na verdade eles conversavam, eu apenas observava. Pela primeira vez na minha vida, estava sem saco para festa, só tinha ido, porque eles perturbaram!
 

Estava anoitecendo. Cody e Keegan já não estavam mais na churrasqueira, na verdade não tinha mais ninguém ali. Estava tudo pronto e quem quisesse comer algo, que fosse lá comer. Eles estavam na piscina. Alexa estava na cacunda de Cody e Keegan me puxava para ir para a dele.
 

- Vem logo Laur, vamos brincar.
 

Keegan mergulho e colocou o pescoço entre minhas pernas me fazendo sentar na sua cacunda. Ele levantou e eu fiquei apenas com os meus pés na água. Olhei para atrás e Camila continuava ali com Gregg, bebendo seu terceiro copo que me parecia ser de caipirinha, já que ela detestava cerveja. Senti alguém me puxando. Era Alexa. Ela tentava me derrubar, afinal, essa era a brincadeira. Quem conseguiria ficar ali, sem cair na água.
 

- Laur, presta atenção! Assim a gente vai perder - Virei para frente e empurrei Alexa, tomando distância.

- Acordou, foi? - Alexa perguntou - Bora Cody! Chega mais perto! - Cody foi chegando.

- Vai, Laur! - Verônica berrou.

- Vamos, Keegan! - Gritei e dei um tapinha no ombro dele.

- Assim que eu gosto! - Ele foi para cima deles.
 

Estávamos ali a uns três minutos. Empurra para lá, empurra para cá, quase caía. Mas quase não é cair, então ninguém havia perdido ainda. Alexa me segurava pelo cotovelo e eu fazia o mesmo, mas diferente dela, segurava de leve. Gregg estava dentro da piscina rindo com o time de futebol. Olhei em volta e vi Camila bebendo com algumas meninas, ela virava o copo como se fosse água, ela quase caiu, mas se segurou na bancada perto da churrasqueira. Não parava de rir. Na verdade todos já estavam altinhos. Olhei para Alexa e senti ela me empurrar, cai junto com Keegan. Alexa começou a comemorar ainda na cacunda de Cody. Eu ia saindo da piscina, mas Keegan me puxou.
 

- Por que você se jogou? A gente podia ter ganho! - Keegan ainda segurava meu braço.

- Preciso resolver uma coisa - Percebi que ele olhou para Camila. E eu continuei olhando-o.

- Tudo bem! Vai lá - Keegan sorriu.
 

Acho que ele tinha sacado o que eu quis dizer. Keegan era um babaca, mas sempre foi legal comigo, sempre me ajudou com minhas loucuras. Fui caminhando até a escada e sai da piscina. Olhei para Camila que continuava rindo. O Pessoal da piscina continuou com o jogo, Alexa ficava lá toda boba se gabando. Verônica passou do meu lado e a segurei pelo braço.
 

- Que foi? - Verônica se virou para mim.

- Me faz um favor? - Pedi enquanto soltava o braço dela.

- Qual?

- Quer dizer. Você não acha que a Camila tá bebendo demais? - Olhei para Camila.

- É, ela parece altinha - Verônica sorriu de lado, a olhando também.

- Você podia ir lá e falar com ela, - Olhei para Verônica - já que vocês são amigas agora, né? - Verônica voltou a me olhar.

- E por que você não vai?

- Custa você ir lá? - Fiz uma cara tristinha.

- Tá bom! Eu vou.
 

Verônica se virou e continuou andando. Sentei na espreguiçadeira e a observei de longe. Ela se aproximou do grupo de meninas e tirou o copo da mão de Camila. Camila tentou pegar de volta, mas Verônica deu uma golada nele, sem deixar ela pegar. Ela deu uma viradinha e piscou para mim, sorri de volta para ela. Algumas meninas se despediram de Verônica e foram para a saída da frente. Eu deitei um pouco e fiquei olhando as estrelas.
 

Já deviam ser uma hora da manhã. Quem estava altinho, já estava "trêbado". Austin foi carregado por Cody e Keegan. Gregg se aproximou de Camila, ela também parecia bêbeda. Quer dizer, ela com certeza estava. Gregg abraçou ela de lado e foi andando com ela. Hesitei ir até eles, mas Verônica foi mais rápida e os parou. Falou algo com ele que não consegui escutar, ele deu um selinho em Camila e foi embora. Camila se sentou perto da churrasqueira e Verônica pegou um copo de água para ela. Fiquei as observando.
 

- Vamos? - Alguém falou, mas não respondi - Lauren tô falando com você - Virei e era Alexa.

- Não vou agora não, pode ir.

- Como assim? Foi todo mundo embora e quem ainda não foi tá se ajeitando pra ir.

- Eu fiquei de ajudar a Verônica - Me levantei, mas Alexa me puxou pelo braço fazendo nossos corpos colarem.

- Pára de fugir de mim - Ela colocou a mão no meu rosto.

- Não tô fugindo, realmente preciso ajudá-la.

- Ela tem empregados, não precisa de ajuda.
 

Olhei para Camila, ela estava com a cabeça para atrás, encostava na parede. Alexa me puxou pelo rosto com uma mão e a outra me puxou pela cintura. Olhei para ela, mesmo não querendo. Ela se aproximou e colou seus lábios nos meus, desviei o meu rosto e ela beijou meu pescoço, aquilo de certa forma me arrepiou, olhei para Camila de novo e me afastei.
 

- Alexa, é melhor você pegar um táxi e ir embora - Comecei a colocar o meu short e em seguida a baby look - Vem eu te levo - Segurei ela pelo braço e fui a carregando.

- Você tá de carro? - Perguntou enquanto caminhávamos.

- Tô.

- Então por que você não me leva em casa? A gente podia aproveitar...

- Alexa, eu não vou agora - Vi que Keegan ainda estava esperando provavelmente o táxi - Hey.

- E aí? - Ele me olhou.

- Será que dá para levarem a Alexa? - Perguntei.

- Eu não preciso de táxi - Alexa cruzou os braços.

- A gente já lotou um, mas posso pedir outro - Keegan falou enquanto pegava o celular.
 

Assenti com a cabeça. Logo o primeiro táxi chegou e Cody e Gregg foram com Austin, porque ele não estava aguentando nem ficar em pé. Alguns minutos depois chegou o outro. Alexa insistiu em ficar comigo, mas Keegan a convenceu de entrar no táxi. O táxi deu partida e eu voltei para a casa, que já estava vazia, só tinham Verônica e Camila nos fundos. Fui até elas. Camila continuava com a cabeça encostada na parede e Verônica com o copo de água na mão.
 

- E aí? - Perguntei colocando as mãos nos bolsos do short.

- Já fiz de tudo, mas ela não quer beber - Verônica me olhou com o copo na mão. Peguei o copo.

- Faz um prato com alguma coisa pra ela comer, por favor - Sentei ao lado de Camila - Camila? Camila? - Segurei o rosto dela e o virei para mim.

- Que? - Ela me olhou irritada.

- Bebe só um pouquinho - Fui com o copo na direção da boca dela e ela desviou o rosto - Por favor? Só um pouquinho? - Ela olhou para mim e bebeu - Isso - Sorri.

- Chega - Ela falou um pouco enrolado, virando o rosto.

- Tá bom! Mas daqui a pouco você bebe mais.
 

Verônica chegou com um prato com carnes, sentou do lado dela, peguei uma carne e comi, também não tinha comido quase nada. A carne estava fria, mas até que estava gostosa, ou vai ver que na hora da fome a gente não pensa em nada. Peguei outra.
 

- Vai Camila, come um pouco - Verônica pediu empurrando o prato para ela.

- Não quero - Ela encostou a cabeça na parede de novo.

- Deixa comigo - Peguei outra carne.

- Vou aproveitar e tomar um banho então, qualquer coisa me chama - Verônica deixou o prato no banco e entrou na casa.

- Camila? - Ainda com a carne na mão - Comi um pouquinho.

- Não quero - Ela estava de olhos fechados.

- Por favor? Por mim?
 

Ela me olhou e eu sorri, fui com a carne na direção da boca dela, ela hesitou e finalmente comeu. Suspirou fundo enquanto comia e olhou para a piscina, desviando o olhar de mim, eu apenas sorri. Peguei outra carne. Ela olhou para mim, fui com a carne na direção da boca dela, mas ela fechou, fiz biquinho e ela riu, abriu a boca e eu coloquei a carne na boca dela. Logo depois dei mais um pouco de água. Depois de alguns minutos ela começou a rir do nada, devia ser o efeito do álcool.
 

- Vamos pra piscina? - Ela levantou me puxando.

- Claro que não! Tá tarde e tá frio - Levantei também.

- Por favoooor? - Ela implorava fazendo apelo com as mãos juntas.

- Não Camila, não vamos! Eu vou te dar um banho e você vai dormir.

 

Abracei ela de lado pela cintura. Ela fez um biquinho lindo e fomos entrando na casa, ajudei ela subir as escadas e Verônica apareceu no corredor secando seu cabelo com a toalha. Verônica estava com um vestinho, uma camisola soltinha, que realçava os seus seios. Sorri para ela.
 

- Acho melhor dar um banho nela - Disse quebrando o gelo.

- Não quero banho - Camila falava enrolado.

- Vai no banheiro do meu quarto mesmo, vou pegar uma roupa pra ela.
 

Verônica entrou no quarto e em seguida nos entramos em direção ao banheiro. Verônica foi rápida e assim que entramos ela já estava lá com uma camiseta grande, que parecia de homem e um short.
 

- Peguei isso aqui, foi a primeira coisa que eu vi, acho que também tô altinha - Ela riu.

- Tá ótimo. Vai comer alguma coisa e depois vai descansar, deixa que eu cuido dela - Respondi enquanto segurava a Camila.

- É! Eu vou lá na cozinha comer algo. Qualquer coisa só me berrar.
 

Pisquei para ela, Verônica saiu do banheiro e logo do quarto. Olhei para Camila que estava encostada na parece com a cabeça para o alto de olhos fechados. Ela estava de biquíni e saia. Fiquei a olhando e suspirei.
 

- Camila, tira a saia pra você tomar banho - Continuei a olhando.

- Não posso só dormir? Amanhã tomo banho - Ela continuava ali de olhos fechados.

- Não Camila, se não você vai acordar muito mal.

- Então... - Ela veio em minha direção e envolveu os seus braços em meu pescoço - Vem comigo? - Sussurrou.

- Não Camila, vai você primeiro - Tentei tirar os braços dela, mas ela não deixou.

- Vem? Vem? Vem? - Ela começou a rir - Você tá com medo! - Acariciou o meu rosto.

- Camila, - Tirei os braços dela - vamos lá, você vai acordar muito mal se dormir assim. Você bebeu muito.

- Nem bebi tanto - Ela desistiu e tirou a saia. Entrou no box e abriu o chuveiro.

- Eu vou ali e já volto, vai tomando banho.
 

Ela assentiu com a cabeça e eu fui para o quarto. Me joguei na cama, minha cabeça latejava. Eu não tinha bebido muito, mas o suficiente para ficar um pouco altinha. Mesmo assim, eu estava em si, estava bem. Peguei meu celular e tinham umas sete ligações da minha mãe. Enviei uma mensagem para ela.
 

"Desculpa mãe, estou ajudando a Verônica, mas já já estou indo para casa. Beijos."
 

Passei a mão na cabeça. Camila estava muito tempo em silêncio, era só para ela jogar uma água na cabeça e sair. Levantei da cama e caminhei até a porta do banheiro, pensei em entrar, mas achei melhor primeiro chamá-la.
 

- Camila, acabou? - Perguntei. O silêncio continuou. Só escutava o barulho da água caindo - Camila? - Insisti.
 

Ela não me respondeu. Resolvi entrar. Ela estava fora do chuveiro, com o cabelo seco ainda. Apoiava o braço na parede e a cabeça no braço. Fiquei preocupada, ela não respondia e não se mexia. Entrei no box, passei a mão no cabelo dela fazendo carinho.
 

- Camz, você tá bem? - Ela assentiu com a cabeça e continuou ali - Você precisa lavar a cabeça com essa água gelada, ela vai te fazer bem.

- Eu não quero, Lolo! - Ela se virou para mim com uma carinha de neném - Tá frio.

- Vai, por favor? Depois você troca de roupa e deita na cama quentinha! - Sorri para ela.

- Tá bom!
 

Que lindo ela me chamando de Lolo, ninguém nunca me chamou assim. Ela fez carinha de neném de novo e entrou no chuveiro. Eu fiquei a olhando. Ela ficou de costa para mim, deixando a água cair pela sua cabeça, eu podia ver o seu corpo todo arrepiado, ela se abraçava. Camila encostou a cabeça na parede. E eu me aproximei só um pouco para não me molhar.
 

- Camz, tá tudo bem? - Coloquei a mão no ombro dela.
 

Ela segurou a minha mão, se virou para mim, me puxando ao mesmo tempo. Quando me dei conta eu estava em baixo do chuveiro junto com ela. Tentei me afasta, mas ela já me abraçava pela cintura.
 

- Camila, você me molhou toda - Joguei meu corpo para atrás deixando a água ficar entre nós.

- A pára de ser fresca, Lauren - Ela me puxou pela cintura para baixo do chuveiro - E toma banho comigo.

- Camila...

- Shh.
 

Ela colocou o dedo sobre os meus lábios, me pedindo por silêncio. Estávamos as duas em baixo da água, nossos corpos colados, ela me abraçava pela cintura, minhas mãos estavam encostadas em seus ombros e meus braços apoiados em seus seios. Ela se aproximou mais um pouco, nossas testas se tocaram, fechei meus olhos e dezenas de lembranças vieram na minha cabeça, desde a primeira vez que a esbarrei, até aquele momento. Senti seu nariz tocar no meu, abri os olhos, olhei para sua boca e depois para os seus olhos, eles estavam fechados, ela virou o rosto encaixando nossos rostos, meu coração acelerou e eu virei o rosto, me esquivando.
 

- Ai... O que foi, Lolo? - Ela perguntou sussurrando enquanto abria os olhos lentamente.

- Camz, assim não. Você tá bêbada - Me afastei, ela já tinha soltado minha cintura. Ela fechou o chuveiro.

- Esquece a razão e siga o coração - Ela fez uma voz como se estivesse me imitando - Esse é o seu problema. Você não sabe aproveitar - Ela estava de costa pra mim.

- É, realmente. Esse é o meu problema. Eu não quero me aproveitar de você - Falei calmamente.
 

Peguei uma das toalhas que estavam ali, sai e fechei a porta. Comecei a enxugar o meu cabelo, pensando no que tinha acontecido. Meus olhos se encheram de lágrimas, passei a mão no rosto. Eu não conseguia tirar ela da minha cabeça. Isso nunca tinha acontecido comigo, eu não era de me apegar, eu gostava de curti. Eu tinha um lema, que a vida era feita para ser curtida e que para ser curtida eu não podia me apegar a nada, porque isso me tornaria uma pessoa fraca, porque quando você ama, você tem um ponto fraco. Terminei de me enxugar, o que não adiantou muito, porque minha roupa estava toda molhada. Escutei um barulho da porta abrindo e virei para olhar. Ela tinha saído do banheiro, de camisa e calcinha. Tudo bem que a Camisa cobria metade da sua bunda, mas não dava.
 

- Camila, coloca o short - Ela se jogou na cama.

- Não quero, tô com calor.

- Mas você tava com frio? - Dei a volta na cama para ficar do lado dela.

- Mas agora tô com calor - Ela segurou a minha mão - Agora vem deitar comigo - Ela me puxou.

- Camila, eu tô toda molhada - Tentei me soltar, mas ela não deixou.

- Só um pouquinho, por favor? Até eu dormir.
 

Acabei cedendo. Sentei na cama. Ela me abraçou apoiando a cabeça na minha barriga. Envolvi meu braço direito em suas costas, e com a outra mão acariciei a sua cabeça. Fiquei ali, a admirando enquanto acariciava o seu cabelo. Tirei uma mexa de cabelo que tapava o seu rosto e percebi que ela já dormia. Dormia como um anjo, as vezes ela lançava um sorriso fofo. Devia estar sonhando com algo bonito.
 

- Por que você disse que tá apaixonada pela Alexa, Camz? - Fiquei a olhando sem parar de fazer carinho em seu rosto - Por que você beijou ela, Camz? Por que?
 

Meus olhos se encheram de lágrimas, uma pequena gota escorreu pelo meu rosto, levantei a cabeça e suspirei, fechei os olhos e encostei minha cabeça na cama. Apenas a abracei em forma de proteção. Novamente me perdi em meus pensamentos. Escutei um barulho de porta abrindo, abri os olhos lentamente e era Verônica, que estava preste a sair do quarto, mas nossos olhos se encontraram. Eu não pensei em disfarçar, não via motivo para isso.
 

- Desculpa! Pensei que vocês tavam acordadas. Vou ficar no quarto dos meus pais, qualquer coisa... - Enquanto Verônica falava, eu me levantei com cuidado para Camila não acordar.

- Não - A interrompi. Ajeitei Camila no travesseiro.

- Não precisa levantar, pode ficar ai com ela, pega uma roupa minha ali - Verônica apontou para o armário.

- Não posso ficar e também não quero - Já estava de pé, olhando para a Camila.

- Por que não, Laur? - Verônica se aproximou.

- Porque eu não quero que a Camila acorde e me veja do lado dela.

- E qual vai ser a diferença? Você acha que ela não vai lembrar?

- Talvez não! - Olhei para Verônica - Talvez ela não lembre de nada - Sorri para ela - Vou indo - Dei um beijo na testa de Verônica e caminhei até a porta.

- Laur? - Virei para ela - Eu vou cuidar dela!

- Obrigada - Sorri.
 

Por mais que a gente tivesse ficado afastadas durantes meses, por uma coisa idiota, que até hoje eu me arrependo de ter feito, Verônica me mostrou que me conhecia melhor que eu mesma. Ela sabia o que eu exatamente estava sentindo, mesmo eu ainda não sabendo o que era. Verô era como um anjo em minha vida!