História Between Two Lines - Banho Gelado

POV CAMILA

As palavras de Lauren me confortaram de verdade, não esperava escutar tudo aquilo dela, mas a mágoa ainda estava comigo e era a minha vez de dizer o que eu estava sentido.

Me afastei de Lauren, saindo de seus braços, sentei de frente para ela na cama, abaixei o olhar procurando pelas palavras certas, fechei os olhos, passei a língua nos meus lábios para umedecê-los, soltei um suspiro, olhei para Lauren que me encarava apreensiva.

- Eu quero muito te ajudar, de verdade. Quero muito te fazer feliz, pois hoje eu só consigo ser feliz se você for feliz. Mas eu ainda estou magoada, muito mesmo, Lolo. - Passei a mão por uma mecha do meu cabelo que teimava em cair em meu rosto e a coloquei atrás de minha orelha. - Eu tenho um carinho muito grande por você, um carinho que eu nunca tive por ninguém, chega ser assustador. Eu nunca imaginei que eu pudesse amar alguém de forma tão intensa. E escutar tudo aquilo da pessoa que eu amo mais que a mim, foi doloroso.

- Me desculpa! - Seus olhos estavam cheios de lágrimas, tentei ignorar o máximo possível para não cair na tentação e deixar de falar o que eu precisava falar.

- Sabe... Eu não estou com raiva de você, eu não consigo ter raiva de você, mas aquelas palavras estão me machucando e é sempre a mesma coisa, você age sem pensar e depois me pede desculpa. Sei que dessa vez está sendo diferente e eu quero muito acreditar que tudo vai mudar, mas eu não posso simplesmente fingir que nada aconteceu, não enquanto eu estiver sentindo essa dor, bem aqui. - Coloquei a palma da mão direita entre os meus seios. - Dói de mais, mas o meu amor por você é maior que tudo isso. Eu quero muito, eu preciso que tudo dê certo, que a gente fique juntas e possamos ser felizes como sempre fomos, mas dessa vez com confiança.

- Como eu te disse, não prometo ser a melhor pessoa do mundo, mas eu prometo que farei de tudo para ser a melhor pessoa para você. Eu te amo, Camila! E também acho tudo muito assustador, porque também te amo de uma forma que nunca imaginei amar alguém, te amo mais que a mim.

- Eu sei que...

Eu ia começar a falar novamente, mas um estrondo se fez presente e meu coração acelerou, fechei os olhos no mesmo momento e me joguei em cima de Lauren que me abraçou com força.

- Shiii! Calma, Camz, estou aqui. - Ela começou a passar a mão em minhas costas em uma carícia confortante. - Vamos para sala, a lareira ilumina um pouco.

Eu não consegui dizer nada, o pânico havia voltado e a única coisa que eu queria era ficar agarrada a ela. Lauren me levantou com muito cuidado. Eu não soltava da sua cintura em hipótese alguma, meus braços a envolviam com força. Lolo por sua vez acariciava as minhas costas em um tentativa de me acalmar.

Chegamos na sala e pela primeira vez começei a ver as coisas um pouco melhor, não que a sala estivesse totalmente clara, mas a visão era bem melhor que a do quarto. Lauren me soltou com cuidado e sentou no sofá.

- Vem! - Ela me chamou enquanto pegava uma almofada e colocava no sofá para depois deitar de lado.

Deitei cuidadosamente ao seu lado, ficando de costas para ela, para melhor nos acomodarmos, por sua vez, Lauren me abraçou, envolvendo seus braços em minha barriga, pousei minha mão direita sobre as dela. Recebi um beijo em minha cabeça.

- Lunes me mandas flores. Martes me das excusas. Miércoles luna y mar. Jueves el sol se nubla. Viernes tu dueña soy. Sábado que sola estoy. Desapareces otra vez.

As voz rouca de Lauren se fez presente em um canto calmo, sensível, suave, um canto que me confortava e me confundia ao mesmo tempo. Fechei meus olhos em uma tentativa de entender aquela música que eu parecia conhecer de algum lugar.

- Tu me extrañas. Que pretendes. O será que yo voy a perderte. Es que me quieres. O ya no. Ya dímelo. Ya dímelo.

Eu realmente conhecia aquela música, música que me fez começar a entender o que eu sentia por Lauren, ou talvez me confundir mais ainda. Música que fizemos juntas para minha "prova" de Inglês. Mas dessa vez ela estava sendo cantada por Lauren e dessa vez ela estava em espanhol, esse idioma que eu tanto amava escutar, ainda mais vindo da sua boca.

- Eres tu no sé. Lluvia de cristal. O tormenta cruel. Eres tu mañana. No quiero llorar por una semana. Eres tu para mi cuando caigo sin red. Eres tu para mi cuando muero de sed. Eres tu no sé. Si yo jamas cambie.
 

Meus olhos começaram a pesar, mesmo de olhos fechados eu já os sentia arderem, a voz de Lauren parecia distante.
 

[...]

POV LAUREN

Acordei sentindo uma puta dor nas costas, mas a dor logo foi esquecida quando senti o cheiro da minha pequena, a abracei com mais força, trazendo-a mais para mim. Escutei Camila resmugar e deixei um sorriso brotar em meu rosto, selei sua bochecha direita com um beijo demorado. Me levantei com cuidado, para que ela não acordasse, chequei a lareira, mas ela já estava apagada, fui ao banheiro fazer minha higiene matinal.

Caminhei até a cozinha, abri a geladeira, peguei o leite, abri o armário e peguei o achocolatado, coloquei os dois em dois copos e os misturei. Peguei os dois copos e caminhei de volta para a sala, colocando um dos copos em cima da mesa de centro.

- Que linda! - Falei para mim, enquanto observava Camz dormir.

Soltei um suspiro, me ajoelhei em frente ao sofá, com a mão direita que estava livre comecei uma carícia de leve no rosto de Camz. A morena resmungou e franziu as sobrancelhas em forma de reprovação ao meu ato.

- Camz, acorda! - Resmungou novamente. - Pequena, você precisa acordar! Seus pais devem estar preocupados! - Havíamos ligados durante o caminho na noite anterior, mas fazia tempo que estávamos sem área, então provavelmente Sinu e Michael deviam estar preocupados.

Ela abriu os olhos com dificuldade e me fitou. Dei um sorriso e recebi outro de volta. Levei o copo de achocolatado que estava em minha mão esquerda em sua direção.

- Fiz para você! Não tem quase nada na geladeira, não tenho vindo muito aqui. Mas toma esse achocolatado só para forrar a barriga até chegar em sua casa.

- Obrigada! - Camz sentou no sofá e pegou o copo.

Peguei o meu e sentei ao seu lado. Tomamos todo o líquido em silêncio. Terminei e acabei fitando Camz que também havia terminado, mas algo me chamou atenção, ela tinha uma espécie de bigode de achocolatado. Levei meu polegar direito a cima da sua boca e o passei para limpar o bigode. Olhei para o dedo sujo e o levei até a boca, chupando-o, Camz apenas observou meu ato, olhei para ela com um sorriso bobo.

- Eu vou lavar isso aqui! - Ela se levantou apontando para o copo.

- Não precisa! Vá lavar seu rosto e escovar os dentes. Eu lavo isso.

Me levantei enquanto falava, peguei o copo de sua mão e logo fui para cozinha sem dar chances dela responder.
 

Estávamos em frente a casa de Camz. Sai do carro e me encostei na porta. Camz deu a volta no carro e veio em minha direção.

- Quer entrar?

- Não, acho melhor não! Meu pai quer que eu vá para casa cedo, ele está preocupado. A gente se vê amanhã no colégio.

- Tudo bem.

Camz colocou a mão em meu ombro, aproximou seu rosto do meu e me deu um beijo demorado na bochecha. Sorriu assim que se afastou e logo me deu as costas para caminhar até sua porta de entrada, quando a alcançou tocou a campainha. Não demorou nem dois minutos para a porta se aberta pelo senhor Cabello, foi quando virei de costas para entrar no carro, mas a voz do homem me impediu de continuar minha ação.

- Lauren! - A voz de Alejandro era um pouco mais alta. Me virei para ele.

- Bom dia, senhor Cabello! - O cumprimentei de longe.

- Entre! - Ele me fitava sério.

- Obrigada, senhor Cabello! Mas preciso ir para casa. - Respondi já me virando, mas novamente sua voz me impediu.

- Quero conversar com você, Jauregui! Prometo não demorar.

Virei novamente para eles e olhei para Camila confusa, que me devolvia o mesmo olhar. Não respondi nada, apenas caminhei para a casa dos Cabello, ganhando a enorme sala. Camz veio logo atrás de mim. Escutei o barulho da porta se fechando e um arrepio correu pelo meu corpo.

- Sente-se. - Alejandro disse enquanto se sentava em um dos sofás.

Olhei para Camila sem entender nada e sentei no sofá ao lado de onde estava o homem, Camila sentou ao meu lado com a mesma expressão confusa.

- Então, Lauren! Vou ser bem direto com você. - O homem me encarava apreensivo.

- Sim, senhor! No que posso ajudar? - Tentei soar o mais calma possível.

- Quais são suas intenções com minha filha?

Como é que é? Como assim o pai da minha ex, ou talvez futura namorada estava me perguntando aquilo? Por que que eu tinha que passar por aquilo e não Camila? Por que não era o meu pai fazendo aquela pergunta?

Juro que algo dentro de mim começou a ficar estranho, um desespero bateu em meu corpo. Minhas mãos começaram a suar frio, meus olhos se arregalaram com sua pergunta, minha perna direita começou a tremer, o ar começou a faltar.

- Pai! - Camila o repreendeu. A fitei rapidamente antes de fitar o chão e ela parecia estar da mesma forma que eu.

- O que foi, Camila? Estou apenas fazendo o meu papel de pai. Pelo visto vocês já voltaram e eu quero saber o que realmente Lauren quer com você. Não quero vocês brigando atoa. Quero entender quais são as intenções de Lauren.

Eles falavam como se eu não estivesse ali e aquilo de uma certa forma estava me irritando.

- Pai, Lauren e eu não... - Camila ia falar algo que eu não queria ouvir, então tratei de interrompê-la.

- E-eu amo sua filha, s-senhor Ca-cabello. - Gaguejei entregando todo meu nervosismo. Encarei o homem em minha frente. - Camila foi a melhor coisa em minha vida. Ela tem me feito crescer por dentro e crescer por fora.

- Crescer por fora? - Alejandro me encarava sério.

- Pai! - Camila o repreendeu de novo.

- Sim, senhor Cabello. - Segurei a mão de Camila. - Sua filha está me fazendo amadurecer de todas as formas.

- Chega, Jauregui! - Ele ordenou, mas eu continuei com muito medo, mas continuei.

- Quero fazer sua filha a pessoa mais feliz do mundo. Não sou uma pessoa perfeita, sou digna de erro como qualquer outra pessoa, mas o garanto que minhas intenções com Camila são as melhores possíveis. Quero cuidar da sua filha, quero ser cuidada por ela. Quero conquistar a confiança dela.

- Lauren, ultimamente Camila anda muito magoada, não disse  o que é exatamente, mas Sinu e eu sabemos que é por sua causa. Camila nunca foi tão entregue a alguém assim, nem mesmo ao Gregory. Camila é minha pequenina, Lauren. Cuide dela como se fosse sua vida.

- Ela é a minha vida, senhor Cabello! Camila é minha vida.

- Eu acredito, Jauregui. - Ficamos em silêncio por alguns segundos. - Gostaria de te fazer uma última pergunta! - O homem me encarou mais sério ainda, dei um leve apertão na mão de Camila.

- Qua-qual pe-pergunta? - Gaguejei novamente.

- Você gosta de seus dedos? - Olhei para minha mão que estava entrelaçada com a de Camila, sem entender a sua pergunta.

- Gosto!

- Então os mantenha longe de você sabe onde!

- PAI! - Camila soltou um grito!

- Eu estou falando sério.

- Alejandro! Eu escutei isso. - Sinu apareceu na sala, cumprimentou Camz e eu, para logo sentar ao lado de Alejandro.

- Mas é sério, Sinu! Camila é minha pequenina e Lauren deve se cuidar em relação a isso!

- A gente vai subir um pouco.

Camila me puxou sem deixar que eu pensasse, sua mão estava quente. Caminhamos em direção as escadas, mas algo nos impediu de continuarmos. Camz quase caiu do meu lado. Consegui a segurar por trás dando equilíbrio ao corpo dela.

- O que houve, Camz? - Perguntei assustada, enquanto Alejandro e Sinu se aproximavam correndo.

- Me senti um pouco tonta. - Ela respondeu se ajeitando.

- Você comeu algo? - Alejandro perguntou.

- Achocolatado! - Respondi por ela. Sinu se aproximou e levou a mão até a testa de Camila.

- Filha, pelo amor de Deus! Vocês está queimando em febre. - Sinu continuou passando a mão no rosto de Camila. - Eu irei ver algum remédio para você e fazer uma sopa, você precisa se alimentar.

- Vou te dar um banho gelado, dizem que isso melhora. - Fiz carinho no rosto de Camila quando Sinu se afastou.

- Você o que? - A voz forte de Alejandro me fez pular de perto de Camila e o encarar.

- E-eu vou levar Camila até o quarto para que ela possa tomar um banho gelado. Sozinha! Um banho gelado sozinha.

- Pai. - Camila dessa vez falou de forma manhosa e rindo.

Eu estava realmente nervosa. Alejandro tinha virado um monstro que se descubresse tudo que Camz e eu já fizemos com certeza eu nunca mais escreveria nada minha vida. Não sobraria nem um dedo para digitar a história.

- Acho melhor a gente ir. - Disse encarando o homem pela última vez.

Pude escutar Sinu rindo. Mas preferi não dizer nada. Com cuidado ajudei Camila a subir as escadas e a acompanhei até o quarto. Camila resmungava dizendo que já estava bem, que era apenas uma febre, mas eu não a soltei em momento algum.

- Vai, Camz! Tome um banho gelado, vai melhorar!
 

POV CAMILA

Meu pai realmente tirou o dia para assustar Lauren, aquilo estava me rendendo muitas risadas. A gente não tinha voltado oficialmente, mas as palavras de Lauren eram tão firmes que eu podia jurar que nunca havíamos nos separados.

Essa febre caiu como um bomba em meu colo, eu estava me sentindo realmente enjoada, meu corpo estava mole, mas toda aquela situação tinha acendido um fogo em mim, e eu realmente precisava que Lolo o apagasse.

- Não vai me dar banho? - Me aproximei de Lauren e dei uma mordida em meu lábio inferior.

- Não é uma boa ideia. - Lauren olhou para os meus lábios e eu podia ver o quanto ela estava nervosa com a situação.

Eu não estava nem ai para o que meu pai tinha acabado de falar, toda a situação tinha apenas me excitado. Toda a proibição, todo o perigo, Lauren tinha razão quando dizia que dessa forma era mais gostoso.

Me aproximei de Lauren com o sorriso mais cínico possível. Juntei todo seu cabelo sobre seu ombro esquerdo, deixando o direito livre. Dei um beijinho de leve em seu pescoço direito e fui arrastando minha boca até o seu ouvido.

- Tem certeza que não quer me dar banho? - Sussurrei.

- Camz... - Sua voz falhava, mas com um ato rápido, Lauren me deu um leve empurram pelos ombros. - Não! Não! Para com isso! Seu pai pode chegar.

- Chata! - Dei careta para ela e entrei no banheiro.
 

POV LAUREN

Aquele jogo de Camila estava me matando, eu estava carente e a ponte de ceder, mas a imagem do homem querendo me matar não saía da minha cabeça, então preferi não arriscar, até porque eu sabia que tudo aquilo era um jogo de provocação de Camila. Que ela ainda estava magoada e estava apenas brincando comigo e eu realmente queria conquistá-la, queria mostrar o quanto eu estava disposta a mudar e não queria se rendesse tão fácil assim.

Camz não demorou muito para sair do banho. Sua sopa já a esperava, estava com um cheiro delicioso, Sinu era boa na cozinha.

- Senta aqui, Camz. - Bati na cama ao me lado.

- Eu não vou comer isso! Está horrível! - Ela disse enquanto se sentava ao meu lado.

- Não está nada, Camz! Está uma delícia. E você precisa tomar. - Peguei uma colher da sopa e comecei a assoprar para esfriá-la.

- Uma delícia? Você não comeu para saber! - Ela me encarava com um bico.

- Se eu tomar uma colher, você toma tudinho?

- Tudo bem! Mas tem que ser uma colher cheia. - Camila parecia uma criancinha. Peguei a colher e levei até a minha boca.

- Está uma delícia, agora é a sua vez. - Enchi a colher novamente e fui em direção a boca de Camila, mas ela a fechou. - Você prometeu.

- Espera só um pouquinho.

- Camila, para de bobeira. É só uma sopa.

- Mas é ruim, Lolo! - Ela fez careta.

- Não é ruim, eu provei e está uma delícia.

- Então toma mais uma!

- Tudo bem! Mas você terá que tomar tudo dessa vez. Promete?

- Prometo.

Levei novamente a colher em minha boca e tomei mais uma vez. Camila fez uma cara feia enquanto me olhava. Confesso que não era algo gostoso de se tomar, ou comer, sei la. Mas eu precisava mostrar a Camz que era uma delícia. Ela precisava daquilo para ficar melhor.

Depois de insistir por alguns minutos e depois de algumas malcriações, Camila acabou cedendo e tomando toda a sopa. Deixei o prato em cima do criado-mudo. Camila se virou ficando de frente para mim e eu fiz o mesmo. Sua mão pousou em cima da minha coxa em uma carícia calma.

- Obrigada, Lolo! Obrigada por cuidar de mim.

- Não quero que me agradeça. - Levei minha mão em direção ao rosto de Camz e comecei uma carícia. - Quero que me prometa que vai ficar bem logo.

Camz não me respondeu nada, apenas me olhou dentro dos olhos, me senti nua, era como se aquela conexão estivesse de volta, era como não, aquela conexão estava de volta, eu podia sentir. Olhei para minha mão que acariciava o seu rosto, olhei para seus lábios, subi até seus olhos e percebi que eles estavam perdidos em meus lábios, voltei a fitar os delas. Aproximei meu rosto com calma, fechei os olhos e senti meus lábios se encostarem nós delas. Extintivamente um arrepio tomou conta do meu corpo. Aquela sensação que eu não sentia há alguns dias havia voltado. Começamos com um beijo calmo, apenas lábios, comecei chupando de leve seu lábio inferior, depois o superior, mas Camz queria aprofundar o beijo, pois sua língua pedia por passagem e eu não neguei, deixei que ela fizesse o que eu tanto gostava!