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História Between Two Worlds (Imagine Rosé) - I've lost my place


Escrita por: badgirldown

Notas do Autor


olá anjos, um cap em pleno domingo? isso mesmo, não é um treinamento 😂




enfim, agarrem uns lencinhos e boa leitura 💓

Capítulo 20 - I've lost my place


Fanfic / Fanfiction Between Two Worlds (Imagine Rosé) - I've lost my place

 Seus cabelos flutuando para longe de seu rosto por conta do ventilador na frente do palco, sua vestimentas leves e sofisticadas modelando as características de seu corpo, suas mãos presas no microfone e seus olhos fechados com delicadeza. Foram muitas vezes que eu vi essa mesma cena enquanto eu dormia, uma repetição de um momento em que eu deixei meu coração se afundar ainda mais nos sentimentos que cresciam dentro de mim. Entretanto, naquele dia, enquanto eu observava esse cenário pela primeira vez, eu não imaginei que a garota pudesse sentir o mesmo. Pelo contrário, todas as vozes na minha cabeça repetiam incansavelmente que ela não desejava o mesmo que eu, que seu medo e receio eram mil vezes mais fortes do que qualquer mínima fração de reciprocidade que brilhava dentro dela. Mas eu estava errada. Ela sentia o mesmo, ela desejava o mesmo, mas ela estava assustada o suficiente para não querer arriscar. E mesmo assim, ela arriscou, ela me deu com suas próprias mãos a chance de prova-la que eu seria diferente, que eu não a magoaria, não a usaria como alguém possivelmente fez no passado. Ela me deu a chance de provar que eu merecia um lugar ao seu lado, e eu falhei em fazer isso. Droga, eu não queria ser pessimista, mas o que eu poderia dizer a ela? Durante aqueles minutos dentro do táxi eu tentei pensar em qualquer coisa que me ajudasse a ganhar a compreensão de Chaeyoung, qualquer história que se encaixasse perfeitamente naquele cenário. Mas eu não consegui. Minha mente ficava vazia e depois se preenchia com os pensamentos negativos. Como o fato de que eu estava mais uma vez decepcionando alguém que eu amo, e esse sentimento ruim apenas crescia mais e mais quando eu revivia a conversa que tive com minha mãe uma hora atrás. A mais velha poderia ter me machucado com a sua decisão de se manter quilômetros de distância, mas eu também não fiz esforço algum para quebrar esse espaço. Eu fui embora sem aviso após expor que eu não sobreviveria se eu aceitasse a vida que ela queria para mim. Eu a magoei, a decepcionei, como sua filha, e agora eu estava repetindo os mesmos passos com a garota que amo. Porém, dessa vez, eu não iria fugir. Eu não poderia deixar que a mesma história se repetisse mais uma vez. Eu tinha que resolver isso.

- Com licença. Bom dia, senhor - Falei educadamente, um sorriso fraco e esperançoso sendo as únicas frações positivas em meu rosto. Me aproximei da entrada do condomínio e ajeitei minha jaqueta que estava dobrada no meu braço. Estava fazendo um calor insuportável. O senhor que estava do outro lado do enorme portão, dentro da portaria, deixou de folhear os papéis que estavam em suas mãos e me olhou com um semblante cansado.

- Oh, olá. Bom dia senhorita - Ele respondeu, sua simpatia ultrapassando a minha mera educação.

- Eu.. eu queria saber se Park Chaeyoung está? - Perguntei de forma hesitante. Era provável de que o homem, que aparentava estar em seus cinquenta e poucos anos, soubesse sobre a alocação da estrela do teatro no prédio, tanto pelo reconhecimento da garota quanto por ele estar ali todos os dias. Se ele não soubesse, eu provavelmente estava fazendo papel de palhaça.

- Sim, a senhorita Park está. Você vai visita-la ou você quer que eu a peça para descer? - Ele questionou, me fazendo engolir em seco. Se eu pedisse para ele telefona-la as possibilidades dela pedir para que ele me chutasse para fora eram enormes. Ela com certeza não iria gostar de me ver agora. Mas eu precisava vê-la.

- Hum.. tem como eu subir sem você avisa-la? - Arrisquei perguntar, passando uma mão nervosa pela nuca. Eu estava suando de ansiedade. Eu tinha noção de que pedir aquilo ao homem era um tanto atrevido, afinal o trabalho dele é literalmente impedir que as pessoas entrem quando querem no estabelecimento, porém, todavia, uma pessoa desesperada e apaixonada tenta de tudo. Certo?.

- Não acho que isso seria adequado, senhorita. Eu tenho que avisa-la - Ele insistiu, arrancando um suspiro de meus lábios. Olhei em volta do bairro, observando brevemente os carros passando. Ela não me receber em sua residência parecia menos doloroso do que qualquer mentira que eu estava planejando conta-la. Respirei fundo e voltei a olhar o homem.

- Okay. Pode avisar que a S/N está aqui? - Pedi, um semblante mais sério se apoderando de meu rosto. O mais velho assentiu e esticou o braço na direção do interfone que ficava grudado na parede, ele discou alguns números e então esperou, o objeto preso contra sua orelha direita.

* Bom dia, Senhorita Park! Sim, estou bem. O dia está lindo hoje. Bom, tem uma moça querendo falar com você, posso deixa-la subir? * Ele disse, seu tom de voz demonstrava o respeito e o sentimento recíproco de amizade que ele tinha pela garota. Observei toda a conversa batendo a sola do sapato no chão, eu estava nervosa e toda a minha postura entregava que eu estava aflita com algo.

* S/N é o nome dela * Ele comentou, e eu mordi o lábio, meu peito inflando com a sensação de que ela não me aceitaria.

* Oh, okay. Tudo certo então. Tenha um bom dia senhorita Park * Eles finalmente finalizaram. O homem colocou o telefone no gancho e se virou para mim com o mesmo sorriso que ele me ofereceu quando cheguei, e por algum motivo isso me deixou nervosa. Será que ele estava preparando o terreno para me dar uma resposta negativa? Ou eu que estava me alimentando de pensamentos pessimistas? Talvez a segunda opção.

- Ela permitiu a sua subida - Ele disse depois de um leve mistério, me fazendo suspirar aliviada. Essa era a minha chance. Esperei o mais velho abrir o portão e então adentrei o condomínio com pressa e entusiasmo.

- Muito obrigado, senhor. Tenha um ótimo dia - Falei agradecida, lançando um sorriso verdadeiro para o homem. Ele sorriu de volta e assentiu com um gesto de mão, voltando a folhear seus papéis. Inalei pela última vez o ar da cidade e rumei até a entrada do prédio, fazendo o meu caminho até o andar desejado. O que eu faria se ela não estivesse em casa? As contas eram um tanto difícil de ser feitas, mas eu conseguia ter a percepção de que era final de semana, o que significava que ela não poderia estar no teatro.

Os míseros cinco minutos que eu passei dentro do elevador pareceu décadas, me fez até mesmo pensar que a caixa de metal iria travar no meio da jornada e me deixar presa ali por dias. Okay, talvez eu estivesse surtando. E por isso, eu senti um alívio enorme ao pular para fora da máquina, percebendo que o corredor se encontrava vazio e silencioso. Caminhei até a metade do mesmo e então parei de frente a porta, o número 122 ainda pendurado na altura de meus olhos. Puxei o ar abafado do local com força e exalei com calma, entregando um pouco de equilíbrio para o meu corpo. Vai dar tudo certo. Levantei minha mão direita e dei duas leves batidas na porta.

- Chae, eu- - Falei assim que a porta se abriu, revelando a loira do outro lado.

- Como você pôde fazer isso? - Foi o que ela disse primeiro, cortando minha fala e ignorando qualquer tipo de introdução ou início de conversa, me acertando diretamente com suas dúvidas que eu não poderia responder com honestidade.

- Não é o que você está pensando, ok? Eu não estou me envolvendo com mais ninguém e eu nunca, nunca na minha vida te usaria dessa forma - Respondi prontamente, encarando-a com uma expressão atenta e firme. Pelo menos uma boa parte do que iria sair pela minha boca nos próximos minutos não seria totalmente mentira. Os meus sentimentos eram reais, verdadeiros, assim como a minha intenção de não querer decepciona-la ou machuca-la.

- Por que você sumiu então? - Ela questionou, e nesse instante eu me mantive em silêncio, observando o olhar exausto que ocupava o seu rosto. Eles estavam inchados, os seus olhos, provavelmente ela havia chorado a noite inteira. Ou a semana toda. E essa informação rasgava o meu peito. Engoli o gosto amargo que se formou na minha boca.

- Posso entrar? - Perguntei, acenando com a cabeça para o interior do apartamento. Chaeyoung hesitou por um segundo, seus olhos castanhos analisando os meus traços, mas ela deu um passo para o lado e abriu mais a porta, me oferecendo a passagem. Entrei no local e vasculhei cada centímetro da sala de estar, procurando alguma diferença. Como eu senti falta de estar aqui, de correr pelos cantos na tentativa de alcançar a loira e segurar o seu corpo em meus braços, dos diversos beijos que trocamos naquele sofá. Eu estava mesmo prestes a perder todas aquelas memórias que já foram e as que estavam programadas para vir?.

- Oh. Não lembrava de ter deixado isso aqui - Comentei surpresa, me aproximando do sofá e observando o boné que estava jogado em cima do móvel. Peguei o objeto em minhas mãos e o encarei, uma sensação estranha e preocupante passeando pelo o meu corpo. Eu literalmente não conseguia me lembrar do momento em que deixei o acessório no apartamento da loira. Será que minha memória estava se entregando também? Assim como todas as outras coisas dessa realidade? Engoli em seco.

- Apenas fale o que você tem pra dizer, S/N - A garota citou, um tom indiferente e amargurado vibrando em sua voz. Senti os pelos dos meus braços se arrepiarem, nunca pensei que eu conheceria esse lado da estrela. Limpei a garganta e virei em meus calcanhares, voltando a depositar a minha atenção na loira.

- Você está bem? Como foi esses dias? - Questionei interessada, eu pretendia recolher informações pelo menos sobre esse fator. Afinal, o que aconteceu durante essa semana que eu estava "desaparecida"? Seria possível eu saber a resposta? Talvez o meu erro fosse pensar que esse era o melhor momento para entender isso.

- Você quer mesmo que eu responda? - Ela rebateu, seus braços cruzados abaixo do busto e um olhar distante em seu rosto. O que se passava pela cabeça dela naquele instante? Eu realmente havia arruinado tudo entre nós?.

- Chae… você tem todo o direito de estar brava comigo, mas... não acredite na primeira coisa que vier á sua cabeça, está bem? É tudo o que eu peço - Falei meia hesitante, dando um passo na direção da garota e automaticamente vendo-a recuar um passo para trás. Havia tantas emoções a rodeando, ao mesmo tempo que parecia não existir nada através de seus olhos. Um sentimento entorpecido aparentava ser a melhor classificação para a energia que ela transparecia. Ela havia desistido de mim? Ela já estava decidida em relação a como ela me enxergava agora? Isso sem nem mesmo me dar a oportunidade de prova-la o contrário. Respirei fundo e decidi iniciar aquela batalha.

- Bem, eu… eu não queria ter sumido dessa forma, ok? Apenas.. aconteceu - Disse de forma desconcertada, não sabendo exatamente como dar um começo para aquela história mentirosa.

- Como? O que isso quer dizer? - Ela questionou, uma sobrancelha se arqueando em seu semblante frustrado.

- E-eu.. eu fiquei presa nesse lugar que eu tive que ir por pedido do Sr. Hayes, e consegui voltar pra casa apenas… hoje de madrugada. Por isso não dei sinal nenhum de vida - Expliquei vagamente, escondendo minhas mãos trêmulas atrás de gestos nervosos. Eu me sentia uma criminosa por estar inventando tal situação, todo o meu corpo reagia á aquela mentira da pior forma possível: demonstrando o quão inquieta eu estava me tornando. Era como se eu estivesse na frente de um juiz tentando convencê-lo de que eu possuía um álibi, quando havia provas que diziam que eu estava na cena do crime.

- O seu chefe pediu pra você ir nesse lugar não identificado? Você está certa disso? - Chaeyoung perguntou, seu olhar firme pesando sobre o meu rosto.

- S-sim. Era um depósito. Eu estava lá para pegar alguns equipamentos - Continuei a mentir, assentindo apressadamente de acordo com as palavras que caíam de minha boca. A loira desceu seu olhar para o chão e então suspirou decepcionada, antes de levantar o queixo e me encarar com uma expressão devastada.

- O Hayes perguntou de você no teatro. Ele estava preocupado porque você nunca faltou um dia sequer no trabalho. Por que está mentindo pra mim? - Ela disse, e eu mordi o lábio inferior fortemente. Era possível ver as lágrimas se formando aos poucos em seus olhos inchados.

- Chae… - Sussurrei, quebrando o enorme espaço entre nós e me aproximando da garota que ainda estava de pé em frente a porta. Estiquei uma mão, tentando alcança-la mas ela rapidamente desviou do meu ato desesperado, dando um passo para o seu lado direito.

- Não me toca! Por que você está fazendo isso?! Você desgosta tanto assim de mim para mentir tão facilmente? - Ela exclamou, elevando uma terceira de sua voz, falhando antes mesmo de alcançar o tom, causando um som estridente em meus ouvidos. Senti minha pele estremecer com sua fala.

- Chae, não fala isso. E-eu.. se eu disser a verdade você não vai acreditar em mim - Confessei, meu semblante se tornando amedrontado e angustiado. Como eu concertaria isso? Luz vermelha, luz vermelha, luz vermelha. Meu cérebro gritava, tornando minha cabeça um local cada vez mais insuportável.

- Por que não? É algo tão inacreditável assim? Pra você ter que inventar essas desculpas esfarrapadas? - Ela desbravou, mudando completamente sua postura decepcionada para uma furiosa.

- Você não entenderia - Murmurei, deixando que meu olhar despencasse na direção dos meus pés. Passei minhas mãos pelo meu cabelo e tentei manter minha respiração, sentindo o meu peito apertar de ansiedade. Eu poderia morrer ali e acordar numa outra vida, sem nenhuma informação ou contexto do que aconteceu aqui. Ou simplesmente voltar para a realidade que eu pertencia, deixando toda a dor para trás, assim como a garota diante de mim. Mas, como isso seria o melhor para mim? Como o destino poderia me desejar um final infeliz?.

- Eu não entenderia... - Chaeyoung sussurrou para si mesma, um riso de descrença sendo compartilhado com o ar sufocante do apartamento.

- Você está certa. Eu realmente não entendo. Não entendo como eu fui idiota por achar que você não faria isso comigo. Por achar que você seria diferente de todas as outras pessoas que apenas queriam se aproveitar da minha imagem! - Ela gritou, trazendo o meu olhar de volta para si.

- Chae, olha bem pra mim. Como que eu estou me aproveitando da sua imagem? Ninguém sabe sobre nós! - Aumentei meu tom de voz também, permitindo que o sentimento de indignação da conversa que eu tivera uma hora atrás com minha mãe voltasse a me preencher. Como a loira poderia pensar isso de mim?.

- "Nós"? Essa palavra não existe para você! Como você pode me tratar como a melhor pessoa do mundo para depois mentir desse jeito? Você é tão insensível assim? - Ela voltou a cuspir suas palavras, as lágrimas agora caíam excessivamente de seus olhos. Trinquei o maxilar com a imagem, na minha própria tentativa de não me deixar chorar na frente dela.

- Por favor, Chae. Não diga essas coisas, e-eu.. eu te amo - Disse, minha fala saindo embolada por conta do nó em minha garganta enquanto eu apressava os meus passos na direção da loira. Peguei suas mãos e a olhei com minha expressão de medo, de insegurança. Eu não deveria perdê-la. Certo? Pelo menos eu estava me segurando nessa opção, que não importasse o que estava acontecendo ali agora, nós ficaríamos juntas no final. Eu estava depositando esse peso no destino. Seus olhos se arregalaram por um segundo, talvez conscientes e assustados com o quê eu havia acabado de confessar, porém, na mesma velocidade em que eles se espantaram, eles se desviaram do meu rosto.

- V-você… não presta. Vai embora - Ela murmurou para o chão, soltando minhas mãos e dando um passo para trás.

- Chaeyoung.. - Chamei-a, aterrorizada com o que aquele pedido poderia significar. A garota fungou, mais gotas salgadas acertando o piso como uma bomba.

- Vai embora! Me deixa em paz. Esquece que qualquer coisa já aconteceu. Eu não quero mais vê-la, não enquanto você mentir para mim - Ela exclamou, seu braço se erguendo e apontando para a porta que estava logo atrás de si. A cena diante de meus olhos me perturbava. Os olhos avermelhados, as lágrimas descendo como se não tivessem fim, suas bochechas molhadas e seus lábios tremendo de emoção. Eu apenas queria vê-la sorrir, me agraciar com sua risada e então se jogar em meus braços, me acolhendo com o seu corpo quente. Mas eu não teria isso. Eu não teria por um bom tempo. Por enquanto, eu seria obrigada a conviver com aquela imagem.

- Por favor.. - Supliquei, finalmente libertando as lágrimas, um choro silencioso e sofrido. Chaeyoung se pôs a soluçar, seu peito gritando cada vez mais por oxigênio, mas isso não a fez mudar de ideia. Sua dor apenas a fez ter certeza de que ela queria aquilo, naquele exato momento. A loira passou uma mão pelo rosto e se livrou de algumas lágrimas, virando-se para a entrada do apartamento e então abrindo a porta.

Eu nem sei o que me moveu para o lado de fora, se foi a minha compreensão de que talvez ela precisasse desse espaço ou as minhas pernas bambas que caminharam até ali, pois, no segundo em que a porta se fechou na minha frente eu caí de joelhos no chão, afundando o meu rosto avermelhado nas palmas de minhas mãos. Eu havia perdido o meu lugar.

[…]

Desolação deveria ser um sinônimo para os meus sentimentos quando finalmente consegui me colocar de pé e rumar para a saída do condomínio, entretanto, o que eu estava sentindo possuía uma perturbação maior do que isso. Era inclassificável o que eu sentia naquele instante, talvez nada nunca poderia ser comparado a isso. Então é assim que as pessoas se sentem quando elas perdem aquilo que mais desejam? Quando elas perdem aqueles que amam? Quando elas se vêem presas numa situação que parecia que nunca iria acabar? Porque se essa for a resposta, então me leve de volta ao momento em que eu desconhecia essa sensação. Eu não queria soar melancólica ou dramática, muito menos caminhar pelas ruas da grande cidade emanando essa energia, porém o que eu poderia fazer sobre isso? Não havia nada que pudesse me arrancar aquela emoção, pois enquanto aquele cenário da estrela chorando e duvidando das minhas intenções continuasse vivo na minha memória então aquele sentimento viveria para sempre. Eu nunca mais me sentiria satisfeita. E isso era um perigo. Uma área restrita da qual eu tinha que me manter longe, mas eu não conseguia. A cada passo que eu dava naquela calçada, a cada loja de conveniência que eu passava do lado, a cada carro que buzinava no meio da rua, a cada estranho que esbarrava em meus ombros, eu me sentia mais próxima dessa zona arriscada, simplesmente porque eu desejava sanar mais uma de minhas dúvidas. Ou eu enlouqueceria de verdade.

No primeiro alerta de que o sinal havia voltado a se abrir, eu atravessei a rua, chegando perto do enorme prédio do qual eu frequentei durante essa semana toda, porém na outra dimensão. As diferenças eram quase imperceptíveis como a cor que pintava o exterior do estabelecimento e o homem que deveria estar na entrada do local, sendo agora ocupado por uma mulher, mas todo o resto era similar. Um incômodo surgiu em meu estômago. Aquilo parecia errado, era quase como se eu estivesse correndo atrás de mais problemas, por isso a similaridade com uma área restrita. Era uma decisão alarmadora mas eu precisava saber quem realmente residia ali. Eu precisava saber se havia qualquer outro motivo para as coisas desandarem com Chaeyoung naquela realidade, além da conveniência que se juntou com os meus dias de sumiço, quando tudo estava indo meramente bem entre mim e Rosé no outro universo. E sim, as palavras de Jisoo ainda não haviam sido expulsas de minha mente. Eu queria a estrela do teatro, era ela quem eu amava, mas o destino poderia estar querendo outra coisa para mim, outro desfecho, e por isso, eu precisava saber se ela estava atrás daquela porta. Eu precisava saber se Rosé existia também naquela dimensão.

- Hum… olá, desculpa incomodar - Falei timidamente quando a porta se abriu, revelando uma garota de estatura mediana e cabelos coloridos, ela vestia uma blusa simples e leve branca e um short jeans, um ótimo look para aquele calor infernal.

- Posso ajudar? - Ela disse, seu cenho franzido me encarando com desconfiança. Engoli em seco. E se eu estivesse no lugar errado? Era possível que a universitária morasse em outro prédio? Ou em outro apartamento? Eu queria muito acreditar nisso, apenas para não surtar com a probabilidade de que na verdade ela sequer existe naquela dimensão. Eu lembrava perfeitamente que foi daquela porta que eu saí na manhã seguinte da noite no Spotlight. Não tinha como não ser ali.

- Hum.. sim, claro. Você mora aqui? - Perguntei, receosa com a reação da garota desconhecida. E se ela achasse que eu estava ali para assalta-la ou algo do tipo? Eu não iria saber lidar com isso, apenas aceitaria sua suposição e deixaria a polícia me levar para a delegacia. Talvez isso fosse mais fácil do que toda a loucura que estava acontecendo na minha vida.

- Não. Minha amiga mora nesse apartamento - Ela declarou, e uma sobrancelha se arqueou em meu rosto com esperança. Será que era ela?.

- E-e.. eu posso saber se ela está? - Tropecei nas palavras por puro nervosismo, vendo a garota franzir e cerrar cada vez mais os seus traços na minha direção. Ela estava certa em duvidar e suspeitar da minha presença, afinal ela não fazia a mínima ideia de quem eu era. Não iria julga-la por isso.

- Me desculpa mas.. qual o seu nome? - Ela questionou, cruzando os braços e mantendo sua aura desconfiada e firme. Engoli em seco novamente. Seu olhar era tão intenso e penetrante que por um segundo eu pensei que ela iria me atacar ali mesmo.

- S/N - Respondi.

- Certo… eu já volto - Ela falou, me analisando da ponta da cabeça aos pés e então adentrando o apartamento, encostando a porta por alguns centímetros, me impedindo de ver o que acontecia no interior do estabelecimento.

- Sim? Posso ajudar.. - Em menos de dois minutos depois outra garota apareceu, seu cabelo era um vermelho forte, suas vestimentas se igualavam ao de sua amiga, mudando apenas a cor e o modelo da blusa, sua expressão demonstrava divertimento e distração. Talvez elas estivessem ocupadas com algo.

- Espera. É você! A garota daquela noite. Pensei que eu nunca mais fosse te ver - Ela disse quando sua atenção caiu finalmente no meu rosto, me proibindo de dizer qualquer coisa antes disso. Arregalei os olhos com sua afirmação e então senti o meu corpo inteiro estremecer. Rosé realmente não existia. O choque era real mas ao mesmo tempo não parecia tão destruidor. Eu havia recebido sinais sobre isso. Eu não possuía o número da loira antes de ter voltado para a outra realidade pela primeira vez, ela não havia me contatado nessa dimensão, Chaeyoung não havia citado nenhuma irmã quando falamos sobre sua família, não havia nenhum nome no bilhete deixado pela garota no dia seguinte da nossa noite juntas. Acredito que eu não queria aceitar a verdade, afinal, isso significaria aceitar o fato de que esse universo realmente não me convém, o que faz mais sentido agora que a estrela do teatro não me quer por perto. Mas por que eu havia sido trazida para cá então? Somente para me apaixonar por uma garota e depois magoa-la com as improbabilidades dessas viagens malucas? Não fazia sentido.

- Você está bem? - A garota questionou, me fazendo pular para fora dos meus pensamentos e encara-la com uma expressão assustada.

- S-sim. Olha, eu sei que vai soar estranho mas… - Comecei, mesmo possuindo a resposta, eu queria ter certeza de tudo. Eu não queria acreditar que eu passei por todas essas situações, nessa realidade, apenas para ter a única coisa boa que eu ganhei nesse jogo temporal destruída. Não é possível que o meu destino seria perder a garota que eu amo.

- Sim, a gente ficou naquela noite. Desculpa ter saído sem me despedir - Ela respondeu antes mesmo que eu terminasse a minha pergunta, apoiando uma de suas mãos na parede e me encarando com um semblante animado.

- N-não, não tem problema - Falei, ainda desconcertada com a situação. Levei meu olhar até a ponta de meus sapatos e suspirei. Por que eu estava passando por tudo isso?. Senti um gosto amargo voltar para a minha boca.

- Você veio aqui só pra lembrar desse dia? - Ela questionou, uma sobrancelha arqueada em meio ao seu tom de curiosidade. Balancei a cabeça negativamente, trazendo o meu semblante cabisbaixo para cima.

- Não… eu pensei que.. que eu encontraria outra pessoa aqui - Falei sinceramente, olhando para o final do corredor e ignorando a lágrima que descia pela minha bochecha esquerda.

- Entendi.. bom, a gente se vê por aí? Talvez no Spotlight de novo? - A garota propôs, um sorriso gentil em seus lábios. Olhei de volta para ela e sorri fracamente, assentindo automaticamente.

- Ok. Tchau - Ela disse, acenando brevemente para mim e então fechando a porta, a vibração de uma música tocando dentro do apartamento chegando nas extremidades do lado de fora.

- Tchau.. -


Notas Finais


doeu em mim também tá? 🥺


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