1. Spirit Fanfics >
  2. BitterSweet >
  3. Running With the Wolves

História BitterSweet - Running With the Wolves


Escrita por: VictorStark

Notas do Autor


My heart still beats and my skin still feels | Meu coração ainda bate e minha pele ainda sente
My lungs still breathe, my mind still fears | Meus pulmões ainda respiram, minha mente ainda teme
I'm running with the wolves tonight | Estou correndo com os lobos hoje à noite

Running With the Wolves (Correndo com os Lobos)
Aurora

Capítulo 15 - Running With the Wolves


– Primeira regra, – Principiou o mais velho, tinha olhos sábios e profundos. Stiles quase ignorou-os, sabia os sermões que viriam.

– Pai, – Respondeu o garoto, tentando interromper o xerife – Eu tenho dezessete anos, eu não sou uma criança.

– Você é uma criança ainda, sim.

– PAI. Que parte dos dezessete anos na cara você não entendeu? – Respondeu o Stilinski, cruzando os braços e encarando o homem.

– Ouve seu pai – Resmungou uma voz, do sofá, assistindo MasterChef na TV, com um pacote de pipoca gourmet.

Ou melhor, pipoca com alguns temperos que deixavam com um gosto diferente. “Pipoca Gourmet”, insistia o pai. Talvez porque também assistia o reality show.

– Tudo bem – Respondeu Stiles, deixando o pai finalmente passar os sermões.

– Nada de dirigir – Começou o mais velho.

– Já estou traumatizado o suficiente.

– Segundo, – Continuou o homem – Nada de usar drogas.

– OK.

– Terceiro, nada de beijar.

– Pai! – Resmungou o garoto.

– Alguns beijos só.

– Pai. – Stiles fez uma cara muito inquisitiva, cruzando os braços, o mais velho bufou e coçou a cabeça.

– Ok, beijar pode. Mas só beijar.

– O que mais eu faria – Falou Stiles dando um grande sorriso.

Foi até a poltrona onde estava sua mochila, o pai veio atrás.

– Eu coloquei algumas camisinhas aí dentro – Falou o médico, do sofá.

– VOCÊ O QUÊ?! – Falaram juntos Stiles e Xerife. Ambos se encarando e depois encarando o médico, que comia pipoca.

– Céus, Sam, deixa seu filho transar – Disse o médico – Ao menos temos que ensiná-lo a fazê-lo o certo.

O xerife começou a piscar várias vezes, incompreendido os próprios pensamentos por alguns segundos.

– Tem tantas coisas erradas no que você falou – O homem resmungou, olhando o marido no sofá.

– Que diabos pai, aqui tem camisinha suficiente para eu transar até o resto da vida – Disse Stiles, tirando o pacote com várias coladas, uma atrás da outra, algo como cinco unidas.

– É, tem camisinhas demais! – Falou o xerife, pegando elas na mão, mas logo desistindo e devolvendo ao filho.

– Vocês dois são uns velhos mesmo, agora quietos – O médico abanou a mão para que ficassem calados, queria ver o programa de TV.

A campainha tocou, Stiles olhou para a porta.

– Eu... – Iria se oferecer para ir atender a porta.

Pelo horário, muito provavelmente era Derek. Olhou para o relógio na parede, 18:40. Ele diria que viria às 19.

– Eu atendo – Falou o pai, lhe impedindo.

O homem caminhou até a porta, Stiles sentiu o olhar do pai sentado no sofá.

– Filho, eu te amo, você sabe disso, não é?

– Eu sei pai – O garoto deu um pequeno sorriso, pegando a mochila e colocando nas costas.

– Vem aqui – Falou Noah Stilinski, e o Stilinski filho se aproximou, sentando-se próximo do pai adotivo – Não me desaponta, ok? Não faça nada que não queria, não use drogas, não beba coisas indevidas.

– Derek é uma boa pessoa – Argumentou Stiles.

“Apesar de ser um lobo que poderia me estraçalhar facilmente”, ponderou mentalmente.

– Eu sei, eu pesquisei sobre ele, não sou maluco o suficiente de te deixar ir assim – O pai deu um sorriso – O pai dele fez uma boa doação ao hospital, eles ajudam na cidade, são pessoas boas. Mas mesmo as melhores pessoas podem nos surpreender.

– Para bem, ou para mal – Resmungou Stiles, reflexivo.

– Para bem ou para mal – Concordou o pai, acariciando o filho – E não é Derek – Afirmou, ao ver o pai voltar com a pizza.

– Pizza ao Stiles da Casa – Afirmou Samuel, sentando-se do outro lado do filho, deixando o mesmo no meio.

Começaram a comer enquanto assistiam Masterchef. Três pessoas, uma família completamente diferente, mas, ao mesmo tempo, tão iguais.

Às 19 horas a campainha tocou. Stiles olhou o relógio na parede, apenas dez segundos depois das sete da noite. O rapaz beijou os pais e, claro, foi acompanhado pelo xerife.

– Hale – Falou o pai.

– Sr. Stilinski! – Exclamou Derek.

Stiles não conseguia conter o sorriso, Derek usava a camiseta que lhe dera por baixo da jaqueta de couro aberta, “Alpha”, estava desenhado. O garoto mordeu os lábios, olhou pai e ouvi-o começar a falar os sermões novamente.

– Não quero que meu filho beba bebidas alcoólicas – começou.

– Não irá ter bebidas, Sr. Stilinski – Afirmou Derek – É uma festa tradicional da minha família.

– Ótimo – Falou o pai.

Stiles esperou que o pai falasse mais, mas o homem apenas fechou o punho e trincou o maxilar um pouco, mas logo assentiu;

– Ótimo – Afirmou novamente o mais velho – Vocês garotos, se divirtam... É... É isso – O homem assentiu mais algumas vezes, vendo Stiles e Derek se afastarem.

Derek não podia estar mais feliz, tudo estava ocorrendo bem, os preparativos haviam se concluído, tudo em um tempo perfeito.

– Gostou da camiseta? – Perguntou Stiles, mostrando a sua própria, abrindo o moletom que usava.

O sorriso de Derek foi instantâneo.

– 3,14 – Afirmou o homem-lobo, com o sorriso estático no rosto, entrando na camionete junto à Stiles.

– Está se tornando um perfeito matemático, quando memorizar as primeiras cem casas decimais...

 – Você não poderia estar mais perfeito hoje – Afirmou o lobo, assim que se afastava rua a dentro, dando um selinho no mais novo.

– Eu me esforço – Respondeu Stiles – E como será hoje? Verei novamente muitos homens pelados?

– O que diabos está falando?! – Resmungou Derek, rosnando baixinho, o seu cheiro em Stiles já estava tão fraco que parecia sutil. O que dois dias de distância não faziam?

– Sabe, essa coisa de vocês se transformarem e se destransformarem... – Completou o rapaz – Está virando corriqueiro observar caras pelados.

– É, vai ver alguns – Resmungou Derek novamente, apertando o volante, mas logo mais relaxando.

– Se eu fosse um lobo – Refletiu Stiles – Nunca me acostumaria – Afirmou para si mesmo – Eu já costumo ser o último a sair do vestuário da escola.

Derek lhe deu um longo olhar, depois voltou a dirigir.

– Olha só – Apontou Stiles, para o céu – É o crepúsculo.

– É sim – Afirmou Derek, observando o céu também, tinha uma coloração quase que completamente escura, o Sol descia os últimos raios.

– E hoje é lua cheia – Comentou Stiles, que simplesmente não conseguia ficar calado.

– Hoje é – Continuou Derek afirmando, não era tão acostumado a falar tanto.

– Scott vai ser iniciado hoje? – Questionou Stiles, pensativo.

– Não iria – Respondeu Derek, Stiles esperou por uma resposta mais completa, depois de alguns segundos o homem continuou – Eu iria deixar para o próximo ano, tem muito que ele tem que saber, se preparar e, mais importante, ele não tinha um clã, o lobo nele nasceu de forma forçada, sem sangue completamente lupino.

– E... – Resmungou Stiles – Ele vai ou não?

– Vai. – Afirmou Derek, assentindo – Depois que ele te salvou, eu resolvi deixar que ele se iniciasse finalmente. É importante também para ele cuidar de você quando eu não posso lhe olhar. Já que vocês são assim tão amigos.

– Eu não preciso de alguém me olhando! – Exclamou Stiles.

Derek apenas rosnou baixo, Stiles continuou.

– É um absurdo você está usando Scott como minha babá.

– Tudo bem, não vou formar seu melhor amigo.

– Ei! – Exclamou Stiles, olhando para o lobo com raiva – Isso é uma chantagem?

– É sim – Respondeu simplesmente o lobo, dando um meio sorriso, tentando alcançar o rosto do humano, para tocá-lo, senti-lo.

Stiles se afastou.

– Te odeio, Derek Hale – Afirmou Stiles, cruzando os braços, olhando para frente.

– Às vezes, eu também – Derek deu uma piscadela e um sorriso cínico, tentou novamente alcançar seu rosto.

Stiles não se afastou.

Lhe tocou, os dedos roçando na pele,

pele fria e pálida do rapaz Stilinski. Sua pele também, o lobo tinha todo aquele tecido para si, possessivamente. E não aceitava que Stiles se afastasse de seus toques, rosnaria, morderia, teria para si, mas,

bastava que o garoto se afastasse, para que seu coração desfalecesse em alguns pequenos pedaços, pedaços moídos e doídos. E gostava como ele não se afastava, gostava como ele lhe deixava o tocar, mesmo irritado, mesmo irado.

O lobo sorriu, enquanto manuseava o veículo, não mais cínico, mas satisfeito.

Passaram na casa de Scott e pegaram o jovem, que sentou-se na parte de trás do carro.

– Parecemos uma banda – Comentou Stiles, do banco da frente.

– Parecemos mesmo! – Exclamou Scott, ficando no meio entre bancos. Derek apenas olhou os dois, em silêncio, apenas com seus olhares longos e duríssimos.

– Eu sou o vocalista – Disse Stiles – Você, Scott, é o baterista. E Derek o guitarrista nervoso – Falou o humano, ao lado de Derek, que era todo olhares, olhares nervosos.

Stiles passou os dedos no rádio e começou a achar alguma estação de Rock, Derek até que gostava da música, mas já advertiu o namorado:

– Se começarem a cantar, eu empurro os dois para fora do caro.

– Que noite divertida – Resmungou Stiles, cruzando os braços, olhando para Scott, que parecia mais animado que o normal.

– Mas vai ser – Disse Scott – Os rapazes estavam me contando, sobre tudo que acontece essa noite.

– O que acontece essa noite? – Perguntou Stiles, curioso.

– É surpresa – Falou Derek, abanando a mão – Você é o primeiro humano a ver algo do tipo, então, é, vai ser surpresa.

– Aliás, Scott, onde está o amuleto que lhe emprestei? – Perguntou Stiles, ao notar que Scott não tinha no pescoço o amuleto de Derek, ou melhor, seu amuleto.

– Quer dizer, minha pedra? – Perguntou Derek em um resmungão nervoso, depois olhou para Scott através do retrovisor – Disse para ele guardar.

– Está no bolso – Explicou o rapaz.

– E porquê? – Perguntou Stiles em seguida, notando o ciúme de Derek.

– Porque não pega bem um recém-formado com uma pedra de lua mais forte que todas as outras juntas – Falou Derek, olhando então para o namorado.

– E outra, vou ganhar um medalhão novo – Falou Scott, com um grande sorriso – Nós fomos até a mina da família, pegamos a pedra, colocamos em um medalhão próprio nosso.

– Isso sim é legal – Disse Stiles, com um pequeno sorriso.

– Depois que acabar tudo vou te levar para conhecer – Afirmou Derek.

– Conhecer o quê?

– As minas da família.

– É realmente bem legal – Afirmou o amigo do banco de trás, então Derek lhe deu olhares ásperos, para que o jovem lobo se calasse.

O carro adentrou pela estrada vindoura da rodovia, nas propriedades da família Hale, nas propriedades de Derek, passando embaixo da grande escritura de Hobbes. A escuridão da noite criava longas sombras do farol do carro. Eles foram até a clareira das casas, a mesa estava posta, com várias comidas, com vários rapazes comendo.

– Eles não estão com frio não? – Perguntou Stiles, ao fechar a porta do carro, observando os rapazes que comiam e conversavam alto na grande mesa.

Todos estavam praticamente sem camisetas, com bermudas surradas. Tinham os corpos pintados, vermelho, negro, verde. Pinturas grandes e belas, feitas com os dedos de suas mães, de seus pais. Scott estava ao lado de Stiles, ambos observando de longe, enquanto Derek se afastava com a camionete, indo guardá-la.

O Pi e o Beta receberam olhares da maior parte da mesa.

– Ok Scott, não me envergonhe – Afirmou Stiles, pegando toda sua atitude e carisma, se aproximando da mesa com pessoas.

– Eu tenho quase certeza que deveríamos esperar Derek – Scott murmurou, andando em um passo rápido atrás do rapaz Stilinski. Mas Stiles não escutou, apenas se aproximou das pessoas sentadas na mesa.

– Ei! – Disse uma voz feminina, era a mãe de Derek, que se aproximou imediatamente. Ela tinha um grande sorriso.

Era mais ou menos da altura de Stiles, e a mulher lhe deu um abraço firme. Ela vestia-se com roupas leves e belas, com cores neutras. Tinha o belo cabelo solto, um batom muito vermelho e a pele livre de imperfeições.

– Que bom que veio! – A mulher exclamou – Espero que esteja com fome, eu mesma quem fiz a maior parte das comidas – Afirmou ela, estendendo a mão para a mesa, Stiles se aproximou, parecia delicioso.

Não dispensaria uma boa comida, especialmente por não ter comido em casa, ao menos não o suficiente. Meia pizza não eram suficientes para Stiles. E deus sabia o quanto duraria essa dita cuja iniciação.

– Pode se sentar onde quiser, você é de casa – Afirmou a mulher – Agora tenho que ir ajudar as garotas a se prepararem também – Ela deu uma piscadela, beijando a bochecha de Stiles.

O garoto ficou com a bochecha marcada com o beijo.

– Melhor limpar isso – Ela afirmou, deslizando os dedos pela bochecha do humano.

– É, melhor, seu filho é um maníaco.

– Ele é? – Perguntou ela, com um sorriso doce, animado.

O dia parecia contagiar todos. Talvez fosse também porque a Lua cheia subia no céu.

– Ele é impossível, deveria ter deixado ele de castigo mais vezes quando criança – Comentou Stiles, sentindo ela terminar de limpar sua bochecha.

– Bem, nunca é tarde demais para deixar os filhos de castigo – Ela sorriu ainda mais, os olhos belos e azulados observando o entorno. – Fique a vontade, filho, coma bem, um bom lobo tem sempre que estar bem alimentado.

Stiles sorriu e apenas assentiu. Achou doce como ela lhe chamou de filho, de forma tão simplória e profunda. Achou doce como ela lhe chamou de lobo, mesmo não sendo. A mulher se afastou e o rapaz notou como a mãe de Derek era incrível.

E isso lhe fazia refletir, mesmo que momentaneamente como deveria ser um lobo, como deveria ser estar entre os seus e sentir a natureza tão próxima. O humano então se aproximou dos lobos descamisados e pintados.

Havia lugares mais do que suficiente, sentou-se junto à Scott no meio, sem compromisso algum com as regras de etiqueta começou a encher o prato. Sentia-se como Rony Weasley no primeiro banquete na mesa da Grifinória.

– Então, você é o Beta do Derek, hum? – Disse um rapaz, sentado à sua frente. Era o primeiro que conversava consigo naquele grupo, além de Scott. O rapaz tinha cabelos negros e olhos perfeitamente azuis.

– Pensei que Derek não deixasse ninguém falar comigo – Falou sarcasticamente Stiles, encarando o sujeito, que pegava mais um pedaço farto de carne na panela.

– E ele não deixa – Respondeu um rapaz ao lado do rapaz que lhe falara primeiro – Sou Theo – Murmurou um rapaz louro, os olhos azuis fustigantes. A falta de camiseta expunha os músculos definidos dele.

“Malditos rapazes lobos e seus corpos perfeitos”, pensou Stiles, imaginando se ser um lobo dava consigo um super-metabolismo também. Ele tinha que se controlar muito para não engordar demais.

– Eu sou o Liam – Apresentou-se o rapaz que lhe falara primeiro – Muito prazer, Beta do Derek – O rapaz estendeu a mão. Stiles estendeu a sua e cumprimentou o rapaz.

– Me chamo Stiles, também, sabe, só para saber, não preciso ser chamado de Beta do Derek, ou algo do tipo – Respondeu o humano, balançando a mão do garoto e depois voltando ao seu prato, enquanto levava outra garfada de comida a boca, mastigava, engolia e então continuava a fala: – E não sou bem o Beta dele, sabe, não sou um lobo gigante ou coisa e tal.

– É, estamos ligados – Respondeu uma terceira, uma garota, ela tinha olhos verdes e cabelos acobreados, depois de bater a grande caneca de alguma bebida qualquer na mesa, observando o humano – Teve uma treta enorme por causa disso – Disse a garota.

– Eita, treta – Murmurou Stiles, pensativo, com uma cara de assustado a principio, mas depois deu um típico sorriso – Adoro.

– Me chamo Liza – Falou a garota, em seguida, não querendo soar muito rude.

– Muito... Prazer. – Murmurou Stiles, entrecerrando os olhos, não sabendo se a garota gostava dele ou não.

– O Tio do Derek, queria tirar ele do controle, – Murmurou o primeiro rapaz, o dito cujo Liam – Nosso Alpha deu uma lição nele.

– Derek apenas falou para o tio dele ir embora, Liam – Falou a garota, remexendo a comida – Tenho certeza que terá retaliação.

– E tem a coisa desses outros lobos – Scott falara pela primeira vez.

– É, tem sim – A garota afirmou, olhando para o rapaz – Você teve sorte, garoto – Ela falou, – Poderia ter sido feito em pedacinhos.

– Ele tinha a mim – Afirmou Stiles, cruzando os braços – Eu posso ser humano, mas peguei um deles de jeito – Não queria parecer tão fraco.

– Aposto que sim – Disse Liam, parecendo contemplativo, observando o “Beta” (e definitivamente não conseguia chamá-lo de outra coisa) de Derek. Não estava sendo sarcástico, realmente acreditava na magia dos lobos e como as pessoas eram escolhidas.

– Obrigado... – Falou Stiles, assentindo, convencido.

– Aposto que você realmente foi a coragem em pessoa – Afirmou a garota, essa sim com um tom de sarcasmo.

– Hey! – Stiles, o mestre do sarcasmo, reconheceu o tom da garota – Você não estava lá. O bicho era gigante, ele tinha patas enormes e saí todo arranhado, olha! – Mostrou as suas cicatrizes de guerra à garota.

– Impressionante, humano – Ela falou, com um pequeno sorriso – Mas queria ver se o “bicho” tivesse te mordido, estaria sem os braços, provavelmente.

– Mas a coisa é que ele não me pegou – Respondeu Stiles, cruzando os braços, estreitando os olhos – Nunca podemos saber o que teria acontecido.

– Enfim, antes que vocês se matem, ainda tem sobremesa! – Falou o garoto chamado Theo – E eu quero me formar hoje ainda, antes que Derek nos mate, Liz.

– Sabe como eu não gosto que me chame por esse apelido infantio, Raeken – Afirmou a garota – Seu morto de fome.

– Como acha que eu mantenho esse corpo fitness – O rapaz flexionou o braço, exibindo os bíceps à garota.

– Comendo muito, suponho – Disse a voz abobalhada de Liam, ao lado do amigo.

– Exatamente – Afirmou Theo, pegando mais um pouco de proteínas.

“E onde está meu namorado?”, pensou Stiles, observando ao redor, depois olhando para Scott ao seu lado, que não comera muito. Parecia ansioso demais para comer mais.

– E você? – Questionou Stiles ao amigo, do seu lado.

– Eu o quê? – Perguntou Scott, com medo de Stiles lhe envergonhar ou coisa do tipo na frente dos outros lobos. Deus sabia o que saía da boca do garoto humano às vezes.

– Não vai... se pintar que nem eles?

– Não é se pintar, é se marcar – Explicou Scott, abaixando a cabeça, seu corpo não expunha nenhuma demarcação – E não, são os familiares que pintam eles. Eu não sou filho de ninguém aqui.

– Tadinho – Falou sarcasticamente Liza – Você deveria pintar ele Stiles, os dois têm a mesma origem. Os dois têm pais humanos.

– Você é tão maldosa Liz – Afirmou Theo, olhando para os dois amigos – Mas tem razão. Apesar de que realmente estamos proibidos de falar das origens do Scott, pelo que me lembro.

– Teoricamente – Liam assentiu com a cabeça.

– Mas regras são feitas para serem quebradas – Afirmou a garota, se levantando da mesa.

– Eu gosto dessa menina – Disse Stiles, se levantando.

O grupo se levantou, atraindo alguns olhares, que voltaram a conversar e a comer.

– Vamos antes que Derek chegue – Afirmou o humano, fugindo dali com o grupo de adolescentes. Viu Derek de longe, parecia ocupado conversando. Apesar de tentar se disfarçar e dar uma escapada, o Alpha lhe olhou, ou melhor, podia sentir o olhar dele. Quase podia ver a contração do maxilar dele, então apenas abaixou a cabeça e continuou andando, como se fossem as pessoas mais inocentes do mundo.

– Ainda tenho tinta aqui – Disse a garota, e agora sob a luz da casa de Liz, podia ver que a mesma usava apenas um top para cobrir a nudez dos seios, e o corpo belo tinha belas linhas de tintura avermelhada e negra, em símbolos estranhos que o humano desconhecia.

– O que eu desenho? – Perguntou Stiles, pegando o vidro com uma substância estranha – O que é isso?

– É sangue dos nossos inimigos – Afirmou Theo.

– Eu não vou colocar meus dedos nisso! – Exclamou Stiles.

– Isso é tinta – Falou Liam, olhando para Theo com reprovação – Não somos bárbaros.

– Mas bem que poderia ser o sangue dos nossos inimigos – Afirmou Theo – Vovô me contava histórias de outros tempos...

– Tudo bem, vou fazer isso, o que quer que eu desenhe Scott? – Perguntou Stiles, mergulhando dois dedos na tintura. Estava gelada, levou os dedos às costas do melhor amigo, fazendo algumas linhas.

– Desenha uns símbolos de poder, sabe, um fogo, o símbolo do ar... – Falou Theo, mostrando seus próprios símbolos.

– E aquele símbolo do Derek? – Perguntou Stiles, copiando alguns símbolos de Theo, nas costas do amigo.

– Aquele símbolo é só do Alpha – Falou imediatamente Liz – Não vá ser louco suficiente de fazer isso no filhote.

– Eu realmente não gosto desse apelido – Afirmou Scott, rosnando baixo.

– Apelidos não são para se gostar, filhote – A garota afagou a cabeça de Scott, que empurrou ela com violência. Liz sorriu e sentou-se.

– Se sente mais poderoso? – Perguntou Stiles, enchendo as costas de Scott de linhas com a tinta avermelhada, gostando de fazer isso. Era divertido – Desenhei um monte de coisas, é pra destruir tudo.

– Não funciona assim – Falou Theo rindo.

– O que é que você está fazendo? – Perguntou Scott, ao ver que Stiles ia ao seu braço esquerdo, fazendo duas linhas.

– Bem, eu não consigo fazer uma tatuagem maori – Falou Stiles.

– Como você sabe... – Questionou Liz, observando o que Stiles fazia nos braços de Scott.

– Como eu sei o quê? – Perguntou Stiles, observando a garota, que observava a “Tatuagem” que Stiles fazia no braço do amigo.

– Você fez um alinhamento, duas linhas paralelas, são o alinhamento Terra e Lua – Afirmou a garota.

Stiles entrecerrou os olhos. Poderia muito bem falar a verdade. “Eu apenas fiz duas linhas no braço, está na moda”, mas não:

– Eu... apenas sei – Disse todo misterioso, com um meio sorriso enigmático, suspirou e se levantou, olhando Scott sentado, falando em seguida: – Levante-se Scott Mccall, você estava sem desenhos como uma criança, e agora se levanta como um homem.

Ouviu-se um pigarro. Derek estava à porta. Os cinco olharam para a figura do Alpha na porta da casa de Liz.

– O que vocês estão fazendo aqui?

– Coisas inocentes, claro – Respondeu Stiles, o único que não empalidecera mortalmente na presença do alpha.

O homem entrou na casa, a pressão do lugar pareceu mudar, pois as brincadeiras morreram a medida que ele adentrou mais o lugar.

– Elizabeth – Falou Derek, olhando para a garota – O que estão fazendo?

– Scott não tinha marcas...

– E você trouxe... – Iria falar “Meu Pi”, mas apenas mudou para Stiles. Aquela denominação era apenas deles – Stiles, aqui? Para que ele passasse as mãos no corpo de outro lobo?

– Eu... – A garota começou a falar, mas logo estranhou, nunca vira Derek com ciúmes, não daquela forma. Ela apenas começou a corar muito, as bochechas tomando uma coloração atomatada. – Eu...

– Você – Afirmou Derek – E vocês? – Perguntou Derek à Liam e Theo.

– Eu quem quis fazer isso Derek. Ele é meu melhor amigo, é a família mais próxima que ele tem, para ajuda-lo nessa nobre missão – Afirmou Stiles, com muita dignidade.

– E quem diabos disse que apenas a família dele poderia fazer isso? – Derek questionou, depois olhando para os outros três, que coraram, Scott estava apenas pálido. – Vamos, já vamos indo, vão – Rosnou baixo Derek, apontando para a saída.

Os cinco começaram a sair.

– Não você Stiles.

Stiles ficou imóvel, deixando os amigos irem. Enquanto os outros quatro passavam por si, faziam expressões e murmuravam:

– Ele não vai te morder – Disse Theo, com uma piscadela.

– Não muito forte – Continuou Liz o comentário de Theo, em um murmuro.

– Vai ficar tudo bem – Murmurou Liam, olhando nos olhos de Stiles.

– Obrigado, irmão – Disse Scott, feliz por ter suas marcas como os outros.

Finalmente os quatro saíra, ficaram a sós na cozinha da casa de Liz. Derek ficava realmente inquisitivo com aquelas sobrancelhas grossas, arqueadas. Longamente arqueadas, pedindo todo o tipo de explicações com o olhar para Stiles. O rapaz apenas estava encostado no arco da porta.

– Então? – Questionou Derek.

– Então... – Perguntou retoricamente Stiles.

– Você parece que gosta de me provocar – Falou Derek, se aproximando, com os dentes levemente revelados.

– Eu tento – Respondeu Stiles, dando de ombros. Derek que já estava próximo, socou a mão ao lado de Stiles, o punho ficando marcado na parede de madeira. – Ai Caramba! – Exclamou Stiles, se assustando, olhando para o lado, depois para Derek novamente.

Apesar do susto, seus olhos não demonstravam medo. Por alguma razão, sabia que Derek nunca lhe machucaria. Apesar do ciúmes dos olhos do lobo, eram apenas isso: ciúmes. Não havia raiva. A fúria em seus olhos eram uma ilusão fácil de se revelar.

– Você é adorável – Falou Stiles, dando um tapinha no rosto de Derek, os dedos roçando na barba mal-feita dele.

Derek tirou um rosnado baixo do seu interior. Os dentes se revelando levemente afiados.

– Scott é meu melhor amigo, Derek – Afirmou o garoto, mordendo os lábios, enquanto Derek se aproximava de seu pescoço – Por favor, não me morda de novo. – Pediu o garoto, que ainda tinha o ombro dolorido da última mordida.

Apenas sentiu um beijo de Derek em seu pescoço. O homem então saiu de cima de si, indo para a porta, sendo seguido pelo humano.

A clareira tinha apenas pais e mais velhos, enquanto que os adolescentes e os que seriam iniciados explodiam em formato de grandes lobos, indo em direção à floresta. Enquanto Stiles caminhava, apenas podia ouvir comentário dos pais como:

– Eu te disse para tirar as cuecas quando for se transformar! – Gritava uma mãe, recolhendo pedaços da cueca de um filho, que como lobo, já corria floreta a dentro – Francamente é a última esse mês que compro para esse garoto. – Indagava a mulher.

– Isso é para você – Afirmou Derek, tirando do bolso um objeto.

– Outro presente – Falou Stiles, pegando o pequeno embrulho.

– É. – Derek resmungou – Espero que não dê para ninguém.

– Foi necessidade – Explicou Stiles, se referindo obviamente ao amuleto, este guardado por Scott.

– Scott me deu para guardar novamente – Afirmou Derek.

– Eu dei para ele guardar! – Retrucou Stiles.

– Eu vou devolver depois. –Derek disse, observando enquanto Stiles abria a caixa, perfeitamente embrulhada. Fora a mãe de Derek quem embrulhara.

– Isso é... – Disse Stiles, tirando o objeto de dentro da caixinha.

– Um canivete.

Stiles deu um meio sorriso.

– Ao menos esse não está enferrujado – Afirmou Stiles, apertando o mecanismo e tirando a faca de dentro.

– Cuidado, está bem afiada.

– É um ótimo presente para se dar – Falou sarcasticamente o humano, manuseando no ar.

– Só tente não se cortar. É para últimos casos – Disse Derek, pegando o objeto da mão de Stiles e o fechando.

– Tudo bem, para últimos casos – Stiles assentiu, ignorando a parte do “tente não se cortar”.

– Agora vamos, tenho que tirar as roupas.

– Gosto dessa parte. – Stiles deu um grande sorriso, caminhando junto à Derek floresta adentro.

 

oOo

 

O rapaz andava pela escuridão, a luz da lua conseguia atravessar as copas das árvores sutilmente. Mas vez ou outra quase tropeçava e caía. Quase. O lobo negro vinha ao seu lado e lhe guiava. Nas costas, a mochila com os itens próprios e as roupas recém retiradas de Derek.

– Sabe, você poderia deixar eu montar em suas costas – Disse o humano, olhando para o grande lobo ao seu lado. Derek rosnou baixinho – Eu sei que você vai latir e tudo mais – Resmungou Stiles, já cansado, deveriam ter andado quase um quilômetro.

Derek rosnou baixo, em um resmungo amargurado.

– Tudo bem, rosnar, me esqueço que lobos não latem. Ou latem?

Os grandes olhos azuis-acinzentados lhe observaram

– É, rosnam – Afirmou Stiles, em um monólogo – Mas você fala, digo, igual nos filmes e tudo mais... Consegue falar com outros lobos, através dos rosnados e tudo mais.

Derek lhe fitava. Ele em formato lobo e humano eram bem parecidos, ambos falavam pouco. Colocou a mão sobre o namorado, o pelo era espesso, a pele, embaixo da pelagem, muito quente. Stiles admirava como ele era gigante. Um verdadeiro lobo gigante.

– Você é tão fofinho – Disse o rapaz, ainda passando as mãos na pelagem de Derek. O lobo direcionou o focinho para si, mostrando a arcada dentária afiada – Perigoso, pero fofinho – Falou Stiles, sorrindo de lado, Derek abanou a cabeça e voltou a fitar o rumo.

Talvez Derek visse que o caminho ainda estava muito distante, e que ele e o namorado demorariam uma eternidade para chegarem. Se recusava veemente a fazer o que iria fazer. Era algo muito... Humilhante. Carregar uma pessoa em cima de si.

Mas teria que fazer, não tinha outro modo. Ou não chegariam tão cedo, ao menos na velocidade que Stiles andava. Então esperou o seu humano lhe ultrapassar um pouco e veio entre suas pernas, colocando a cabeça ali.

– O que diabos! AAAA! – Exclamou Stiles, enquanto o lobo fazia um movimento longo com a cabeça, empurrando o namorado para as costas.

Stiles ficara assustado à princípio, mas logo se agarrou firmemente aos pelos de Derek, segurando-se ali enquanto sentia toda a musculatura do alpha trabalhar para lhe carregar. Se contraiu sobre o corpo do namorado e apenas sentiu a floresta.

A velocidade era alta, corriam quase como um carro. Derek pulava, mas o corpo e a pelagem dele absorviam a maior parte dos impactos.

– Incrível! – Exclamou Stiles, com um enorme sorriso, enquanto sentia a roupa farfalhar dentro da noite, os braços agora passados no pescoço da grande fera. O cheiro de mato e de vida em seu nariz.

Em seus narizes.

Ambos se sentiam tão juntos naquele momento.

Besta e Humano, não poderiam ser mais imortais do que naquele momento.

Em que toda a floresta gritava para eles, os aromas de terra e de grama, a violência do correr do lobo, o afundar de suas patas na terra fofa. Os outros animais se escondendo enquanto humano e fera passavam.

Os pássaros nas árvores voando longinquamente, ao escapar das copas das árvores pela presença de um alpha.

Sob seus dedos firmes, Stiles podia sentir a musculatura do animal trabalhar. Não era um animal, era Derek. Tão consciente e presente. Sentia o cheiro de sua pelagem, um almíscar violento de várias essências. Seria esse o cheiro que ele mesmo possuía? Esse seria o cheiro de Derek?

Era amadeirado, perdeu-se alguns minutos de olhos fechados, o nariz muito perto de sua pelagem, enquanto se agarrava ao pescoço do lobo gigante. Era um cheiro muito bom.

Abriu os olhos ao sentir a repentina desaceleração. Até que Derek finalmente parou. O lobo abaixou a cabeça, seria um sinal para descer?

Mas continuava imóvel sobre o corpo da fera.

– Não quero descer – Disse o garoto, se agarrando em um abraço forte ao redor do pescoço de Derek.

O lobo se moveu um pouco, quase como se se sacudisse. Stiles começou a rir, ainda agarrado firme. Tinha uma pegada apertada. Derek rosnou baixinho e reclamou, fazendo o seu papel de “SourWolf”, querendo derrubar o humano sem o machucar.

– Isso é incrível demais – Indagou o menor, agarrado ao seu lobo – Eu sou um cavaleiro de lobos, algo assim.

Sentiu algo muito estranho acontecer.

– AHH QUE DIABOS!? – Gritou Stiles, ao sentir Derek ficar sobre as duas ´patas´, enquanto pelo, braços e corpo mudavam de uma forma muito, muito bizarra.

– Nós já chegamos – Falou a voz de Derek humano.

– Você... – Indagou Stiles, pendurado nas costas de Derek.

– Gostou? – Perguntou o maior, com seu rosto tipicamente sério.

– Foi incrível – Confessou Stiles – Agora, você está pelado.

– Estou, é. – Afirmou Derek, olhando para o próprio corpo.

As árvores tampavam a maior parte da luz, mas a que entrava era suficiente para que Stiles pudesse observar aquele corpo que já conhecia tão bem.

– Vou pegar suas roupas – Disse Stiles, virando a mochila, buscando as roupas de Derek, retirando a calça, depois a camiseta de “Alpha”.

É claro que os preservativos que o pai lhe dera caíram junto as roupas de Derek. E é claro que o Alpha os pegou, enquanto rapidamente se vestia.

– Você trouxe... Preservativos? – Questionou Derek, com um sorriso divertido. Era tão raro ver aqueles sorrisos que, para Stiles, o que ele dava no momento era quase pervertido.

– É, meu pai, ele me deu – Explicou Stiles, tentando tomar da mão de Derek.

– Ele deu... Para usarmos?

– Em casa de emergência, me dá – Afirmou Stiles, puxando o envelope dos dedos de Derek.

– Não vamos precisar disso.

– Ei, eu só faço sexo seguro – Disse o menor, fechado o zíper da mochila.

– Lobos não pegam doenças – Explicou Derek – Ao menos não as humanas.

– Legal, mas ainda posso pegar raiva, ou algo do tipo – Stiles deu um meio sorriso. Derek resmungou baixo – Mas eu acredito em você.

– A não ser que você esteja com medo de engravidar, ou algo do tipo – Disse Derek, começando a andar ao lado do namorado novamente.

– Ei, ei, ei! – Indagou Stiles – Primeiro, isso é... Digo, é impossível, não é? – Afirmou Stiles, depois de tudo que acontecera, não duvidava nada, não duvidava que de alguma forma a mordida de Derek pudesse lhe modificar, ou algo do tipo.

– Se você fosse um ômega, não. – Explicou Derek, sem dar muitos detalhes mais.

– E segundo – Continuou Stiles – Ainda não nos decidimos quem é o ativo, quem é o passivo da coisa.

– Vamos dizer que eu sou o alpha grande daqui – Disse Derek, com um pequeno rosnado.

– Isso não quer dizer nada! – Afirmou o rapaz, andando.

– Vamos dizer que isso quer dizer tudo.

Stiles se moveu lentamente, observando Derek.

– E mais uma coisa.

– O que? – Perguntou irritado Stiles, ainda andando, olhando para Derek que ia ao seu lado.

– Esse preservativo, é do tamanho normal?

– É sim. – Afirmou Stiles, era dos preservativos que davam nos hospitais, era do tamaho normal.

– Não serve.

– WTF?! – “Que diabos”, afirmou Stiles, parando alguns segundos enquanto Derek continuou a andar.

Não falaram muito mais, apenas chegaram onde os lobos estavam. Uma grande clareira. Existia ali uma grande pira. O fogo já queimava lindamente, e tão grande era a fogueira que Stiles podia sentir o calor irradiar em suas bochechas.

Haviam vários jovens ali, eles conversavam, se divertiam em pequenos grupos, haviam bancos improvisados de troncos de madeira.

– Deveria ter trazido Marshmello – Falou Stiles, abrindo as mãos para aquecê-las, realmente, aqueles doces deliciosos ficarem bem deliciosos naquela grande fogueira.

– Você deveria – Respondeu Derek, com algo que Stiles percebeu se tratar de um adorável sorriso – Já vai começar, pode se sentar em qualquer lugar, ok? Eu vou fazer o discurso e vou contar as histórias.

– Tudo bem – Afirmou Stiles, pegando a mão de Derek suavemente.

Derek se afastou de si, indo para perto dos novatos. Stiles observou o entorno, pensando em qual tronco de árvore se sentaria. Um homem lhe abanou a mão.

– Ei, garoto, aqui – Disse, era o dito tal primo de Derek. Stiles se aproximou por educação – Senta aqui – O homem bateu a mão ao lado, e Stiles se sentou – Acho que é o primeiro humano em milhares de geração à assistir uma iniciação – Afirmou o lobo.

– Você é o... – Stiles queria se lembrar do nome,

– É Wolfgang, é um nome diferente, eu sei – Afirmou o homem de cabelo loiro com raízes negras.

– Eu vou ser seu padrinho de casamento.

– É verdade, – Afirmou o homem, sorrindo – Gostaria que minha esposa estivesse aqui, mas ela só chega a próxima semana. Ela viajou para a África.

– Eu não sei muito bem o que um padrinho faz – Afirmou Stiles, olhando para o homem – Talvez Derek devesse escolher outra pessoa, sabe, para ser o par na hora do casamento...

– Oh, não. Apenas casais verdadeiros podem ser padrinhos nos nossos casamentos – Afirmou o homem, ficando muito pensativo, e sério – Mas fique tranquilo, não há nada demais. Não somos a máfia ou algo do tipo.

– É um alívio saber.

– Não totalmente parecido – O homem deu uma piscadela.

Stiles tirou o celular do bolso e tirou uma foto da fogueira, o fogo crepitando. Haviam quase trinta mensagens das amigas. Suspirou e apenas ignorou por enquanto, depois contaria algo para elas.

– Você só não pode tirar foto dos lobos, ok? – Disse Wolfgang rindo – Só do pessoal pelado, sabe, só para zoar depois.

– Tudo bem – Respondeu Stiles rindo também, guardando o celular em seguida.

Derek ficou próximo à fogueira na semilua formado pelos troncos-assentos. A pira no foco dessa semilua queimava belamente, enquanto o Alpha afagou as próprias mãos.

– Irmãos – Falou com força, a voz ressoando no lugar – Hoje celebramos mais um ano em que os jovens deixam de ser filhotes e passam a ser verdadeiro lobos. E como sabemos, existem três histórias que nos definem como irmãos de sangue e de alma. O porquê da nossa existência, o porquê dos nossos antepassados terem fundido a alma de um homem com um lobo.

O silêncio era gritante, nem mesmo as árvores cochichavam entre si mais, nem o vento ousava uivar naquele momento. Apenas a voz do alpha e o crepitar baixo do fogo consumindo a madeira.

– Três histórias: A primeira, a criação do primeiro lobo, a dança dos lobos. A segunda, a luta contra o Berserker e o significado de alcateia. E a terceira, a união de duas almas em uma só pata.

Por alguma razão, Stiles sabia que a última história diria respeito ao que ele era de Derek. De alguma maneira sentia-se ruim, naquele momento, em ser apenas um humano. Apenas um humano no meio de tanta magia. Sentiu o olhar de Derek sob si e levou os dedos ao ombro, onde a mordida do alpha já não doía mais. Por alguma razão masoquista, talvez, queria estar sentindo a dor da presença que Derek significava em seu corpo.

– Vamos ouvir o que nossos antepassados têm a dizer, então – Falou Derek. O lobo se aproximou de Stiles, e ficou com medo que fosse uma reunião interativa, ou algo do tipo.

*****(8)

Mas Stiles logo ouviu o som de uma flauta, uma flauta pan. O som era melodioso e enigmático, parecia vir do interior, parecia se estender por toda a floresta. As árvores pareciam se mover, um vento ainda mais enigmático começara a açoitar o fogo. O humano sabia que aquilo ali não lhe pertencia, era algo mágico. Algo profundo. Observou a pessoa que tocava a flauta. Quem será que contaria as histórias?

– Olhe – Ouviu Derek lhe murmurar.

Stiles virou o rosto e procurou ao seu redor, o que é que Derek queria dizer com “Olhe”. Viu Scott sentado a uma distância, viu os amigos, todos fitavam a pira no centro da meia-lua. Também passou a fitá-la. O fogo crepitava mais, o vento açoitava mais o fogo e, o fogo subia mais, parecia envolvê-lo, tal como a flauta profunda.

Não ouvia mais nada. Só a flauta e o crepitar distância, dentro de sua mente. O fogo queimava seus olhos e parecia dançar, até que as chamas lhe envolveram em um calor que não queimava.

Sentia-se correndo, estava sobre dois pés. Corria rapidamente, estava nu. A tribo inimiga insistia em destruir as árvores, em destruir os territórios do que outrora foram seus pais, que outrora foram seus avôs e os pais deles. E que seriam dos seus filhos, e dos filhos dos seus filhos e de todo o porvir de seu sangue.

A tribo inimiga não respeitava isso, roubavam as frutas, salgavam as terras com suas mãos libidinosas. Tinham o apoio de Archan, o deus das trapaças. Uma grande raposa que enganava os Yucán, seu povo.

O fogo consumiu a imagem que foi até uma grande clareira, haviam ali vários bichos, aves, grandes porcos selvagens, cavalos selvagens, e os lobos, grades e belos lobos. Eles eram os reis daquele lugar. Não gostavam dos humanos, eles apenas destruíam, não gostava de Archan. Mas Alibac, o deus da verdade, o grande lobo negro, simpatizava com seu povo, com os Yucán.

Alibac então propôs dar seu sangue para Graan, o chefe da tribo dos Yucán. Graan comeria a carne de Alibac, comeria a carne crua e beberia o seu sangue em um sacrifício em uma noite de lua cheia. A alma de Alibac estaria presa no corpo de Graan.

Assim fez Graan. Mas não pôde receber em sacrifício a alma do grande deus lobo. Na clareira, baixo a lua cheia, o chefe da tribo dos Yucán dançou com o lobo. Ambos se rodearam, ambos se atacaram, dentes e unhas, punhos e dedos. O humano não sobreviveria ao ataque do deus lobo. Não normalmente. Mas a lua cheia regava a alma do homem e matou com as mãos o deus lobo, e comeu sua carne e bebeu o seu sangue.

Naquela as estrelas caíram na terra, dentro de cavernas, criando pedras vindouras daquela noite em que o homem e seus ancestrais dançaram com os lobos. Os Yucán venceram o inimigo que, pela vitória, seus nomes foram esquecidos.

O fogo engoliu a história, o passado e o tempo. O pacto com os lobos estava firmado. Agora, existia dois amigos, ambos eram almas gêmeas. Ambos eram descendentes dos primeiros homens-lobo, e ambos defendiam as terras que eram dos seus ancestrais, ambos defendiam dos homens que queriam roubar as estrelas que caíram na terra naquele tempo anterior ao próprio tempo. As estrelas que caíram quando Os Yucán fundiram alma e coração ao deus lobo.

Mas eram atrapalhados, nenhum conseguia ouvir o outro. Ambos queriam mandar, e perderam as terras depois de batalhas em que cada um foi separado e separados, vagaram.

Dentro de uma caverna, solitário, Alpha procurou por Beta, seu irmão gêmeo, sua alma gêmea. Alpha prometeu que protegeria Beta, enquanto que Beta lhe protegesse. Ambos, agora unidos por algo muito além do que o próprio sangue, recuperaram as fontes de estrelas vindouras da lua do tempo de Alibac e Graan.

O fogo novamente envolveu tudo, história e tempo. A floresta parecia muito mais cinza agora, os homens vestiam roupas pesadas. Os homens haviam se espalhado em tribos menores, tribos espalhadas pelo mundo. Mas aquela ali em especial tinha algo errado. Não se uniam, tentavam caçar sós. Todas as noites um lobo desaparecia e nunca mais voltava.

Havia a lenda de que um Berserker espreitava pela floresta. Um homem-urso. E que este desunia os lobos e os atacava um por um. O Alpha daquele clã de homens que vestiam peles pesadas não conseguia pensar em uma maneira de caçar esse Berseker. Até que estipulou uma lei, uma lei mortal. A alcateia apenas sairia em bando, pois o lobo solitário morria, mas a alcateia sobrevive. E assim caçaram o homem-urso. Foi a maior luta que uma alcateia já teve. Muitos morreram, o homem que virava urso era solitário, não queria viver em bando com os seus, e mesmo pelo tamanho, mesmo tendo matado tantos outros lobos, a alcateia sobreviveu.

O fogo envolveu tudo, e Stiles acordou daquele devaneio, daquelas histórias. Sentia-se arrepiado, Derek tinha pego em sua mão, também estava em transe, assim como todos.

– O LOBO SOLITÁRIO MORRE, MAS A ALCATEIA SOBREVIVE!

Gritaram todos em unisom, Stiles se arrepiou, mesmo que não fosse, sentia-se quase como um lobo agora. Não havia como não se sentir. Algo muito profundo em seu ser lhe tocava, mesmo que fosse humano... Era o Beta de um Alpha. Protegeria Derek, de alguma forma, mesmo que não tivesse garras para fazê-lo, mesmo que não tivesse dentes para fazê-lo.

– Eu te Amo – Murmurou Stiles, muito baixo, em um som que praticamente Derek poderia ouvir enquanto todos os lobos conversavam novamente, extasiados depois do transe.

Aquelas palavras, de Stiles, significavam o mundo para Derek. Mesmo que Stiles não fosse um lobo de verdade e sim um singelo humano. Havia muito mais entre a floresta e os rios, e entre toda a magia que existia no mundo para que compreendesse os reais motivos dele ter sido sua escolha para um Beta.

Ou melhor, como a camiseta do próprio Stiles dizia. Ele era muito mais que um Beta, era um Pi.

Algo completamente irracional, diferente de qualquer outro.

Queria ouvir novamente o Eu te amo de Stiles, mas sabia que não viria assim tão gratuito e talvez gostasse assim. Tinha mais significado. Dessa vez foi Derek quem ficou em um silêncio contemplativo.

Apertou a mão de Stiles e a beijou sutilmente.


Notas Finais


Olá crianças, desculpem mesmo a demora! Mas é que minhas provas estão chegando, e estou estudando muito, então, praticamente escrevi esse capítulo hoje de manhã, pois se deixasse para mais tarde, não conseguiria fazer T...T Então desculpem os errinhos desde já =3

Espero que tenham gostado desse capítulo, foi tão especial escrevê-lo. Essa parte da fogueira, eu realmente amo mitologias, algo que envolvesse o leitor, e espero que tenha os envolvido. <3

Agora, agradeço à ~ArikaKohaku; ~malecsterek ~RMCardoso; ~Caduferreira; ~Sue_Stilinski; ~claricessm; ~candy555; ~TyHoe; ~BrunoStilinski; ~S-1994; ~DeanCasstiel; ~Assuncao; ~Tgwar; ~FelippeOliver; ~Cinxryuuu; ~nrsantoris; ~TollieStiles; ~KFair; ~Lolita_Micah; ~ankergayshipper; ~mimi_tommo; ~mewruivx_allan; ~LoupGarouBerkan; ~AmaSenju; ~madlayla; ~Maga31; ~Tia_Da_Merenda & ~Thor_Lins

Até o próximo pessoal! ^^´


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...