1. Spirit Fanfics >
  2. Black X White >
  3. One shot, one chance

História Black X White - One shot, one chance


Escrita por: KIAN-

Notas do Autor


Olá gente <3333

É, eu sei que demorei, mas vocês não sabem como foi difícil conseguir uma forma de postar.
Nesse exato momento estou na direção do colégio roubando Wi-Fi, então por favor, me perdoem pela demora e também pelos possíveis erros encontrados ><
Ps: Kart se lê como Cârt.
Bem, estou com bastante pressa para postar esse capitulo, então nos vemos nas notas finais.
Ah, e agradeço a todos os comentários e favoritos, tentarei responder todos eles o mais rápido possível, sempre no recreio ou no final da aula eu costumo roubar Wi-Fi do colégio, então eu lerei e comentarei todos, não se preocupem e por favor, comentem nesse capitulo também ><
Boa leitura <33

Capítulo 6 - One shot, one chance


Fanfic / Fanfiction Black X White - One shot, one chance

As ordens eram claras: vá ao deposito de Kart e interrogue-o. Kihyun cumpriu sua missão muito bem, aliás, bem até demais, mas não esperava que ele desse tantas informações.

Kihyun estava neste exato momento em uma casa velha localizada no meio de um beco sujo e esquecido de Incheon, mais especificamente em um cômodo que ele deduziu ser o escritório, mas que poderia ser facilmente confundido com um banheiro público de beira-de-estrada. Imagine um quarto de tijolos sem reboco, tamanho 7x9, um sofá-cama desarrumado e cheio de revistas pornô espalhadas por cima, muita poeira em todos os móveis, uma lâmpada amarelada pendurada no teto apenas pelos fios elétricos e balançando, dando uma iluminação precária para o local, tênis de corrida sujos e fedidos jogados ao lado de uma tigela de macarrão instantâneo no chão, meias e cuecas com odor desagradável espalhas pelos cantos, um vaso sanitário deitado e rachado no canto da sala, como se a pessoa estivesse com preguiça de estala-lo no banheiro, uma televisão antiga e grossa que passava um programa de leilão de maquinas agrícolas e tudo em preto e branco. Terrível, não é?! Agora imagine uma balança e saquinhos de drogas em cima de uma mesa lotada de filmes pirateados e celulares roubados e para piorar, o odor de esgoto, mofo e pizza estragada, tudo misturado. Esse era o inferno na terra, mais conhecido como casa do Kart.

— É sua última chance de falar, Kart. Quem foi que mandou mudar a rota dos lotes?

Kart se via preso firmemente em uma cadeira, as pernas amarradas às da cadeira e os pulsos amarrados nos braços da mesma. Um corte profundo se via em seu antebraço e hematomas no rosto, seus cabelos oleosos estavam desgrenhados, sua barba malfeita com direito a costeleta e tudo. Kart não era asiático e nem tinha a fisionomia de um, na verdade ele era um australiano muito parecido com uma mistura estranhamente feia de um viking e um mexicano. Nariz grande, pele em um bronzeado que lembrava ferrugem, dentes podres de fumo, olhos esbugalhados e avermelhados. Suas roupas esfarrapadas e sujas faziam-lhe parecer um sem-teto que havia fugido dos campos nazistas de concentração, e sem dúvida parecia um viciado em heroína. Kihyun tinha sua faca a milímetros da artéria do pescoço do homem. Não foi difícil para o Yoo amarra-lo, ele tinha prática em missões desse tipo, mas também não saiu ileso, pois adquiriu um pequeno corte no pescoço e alguns hematomas espalhados aleatoriamente.

— Eu já disse que não sei de nada, eu sou só o entregador. Quem cuida de tudo é o Kwangji. Você está interrogando a pessoa errada. — Kihyun aproximou mais a faca do pescoço, fazendo escorrer um filete de sangue do local. — Espera!

— Eu não tenho o dia todo, Kart e você também já quebrou as regras muitas vezes, te matar seria muito fácil para mim.

— Tudo bem! Olha, um dia eu fiquei até tarde trabalhando e ouvi Kwangji falar ao telefone com alguém. Eu não sei quem era, mas ouvi ele dizendo que mudar a rota traria muitas consequências.

— Mas ele fez assim mesmo, não é? — Kihyun recolheu a faca.

— Você sabe como ele é. Impossível e não segue ordens. Mas ele também não é burro, afinal, pagando bem, que mal tem?

Kwangji era imprevisível, dono da maior boca de tráfico de entorpecentes e armamentos da Coreia. Ele entregava lotes para todo tipo de gente, exportava e importava produtos, tudo fora da lei, obviamente. Ele nasceu em Toyota, mas a cerca de quatro anos se mudou para a Coréia, sendo o maior distribuidor do país. Tanto a Towa-kai quanto a Inagawa-kai faz negócios com ele, portanto, era um homem de muitas informações.

— O que mais você sabe?

— Eu sou um cara de muitos contatos, mas não sei muita coisa sobre isso! — Admitiu. — Tudo indica que foi a Towa-kai que mandou desviar a rota, mas eu não contaria muito com isso.

Franziu o cenho. — O que quer dizer?

— Pensa bem Yoo. Por que a Towa mandaria desviar a rota, sendo que nem ao menos necessitavam daqueles produtos no momento. Com certeza não foi para provocar. — Kihyun sabia que essa teoria fazia sentido. — De qualquer forma, um dos lotes da Towa foi saqueado por iraquianos em Daegu e os lotes desviados da Inagawa nem sequer chegaram à mansão de Satoru.

— Mas… se não foi a Towa, então quem poderia…

— Eu nunca disse que não havia sido a Towa, apenas que era pouco provável. — Falou, deixando o garoto confuso. — Kakuji e Satoru têm uma rivalidade antiga, desde a guerra que tiveram com a máfia Chinesa eles não se entendem mais. Um é mais infantil que o outro. — Riu curto. — Olho por olho, é o que dizem.

— Por que eles têm tanta rivalidade um do outro?

— Eu não sei ao certo. Ninguém sabe. — O homem parecia se perder cada vez mais em devaneios. — Mas eles já foram amigos no passado, eram como irmãos, quando se juntavam em batalhas sempre saiam vencedores. Ahh… era incrível! Um verdadeiro massacre. Mas isso mudou naquela noite.

— Que noite? — O garoto só ficava mais curioso. — O que aconteceu?

— Como já disse, ninguém sabe. Mas dias antes deles saírem em missão, talvez meses, para falar a verdade. Eles começaram a discutir muito e se desentender, nunca chegavam a um acordo e nunca concordavam um com o outro. Naquela época eles nem ao menos eram Oyabuns ainda, deveriam ter uns 32 anos. — Continuou. — A mulher de Kakuji havia sido sequestrada, estando gravida de um filho dele, Satoru liderava a missão de resgate da mulher de Inagawa, pois Kakuji estava fora do pais quando aconteceu, em uma missão nas Filipinas. Satoru conseguiu resgatar a mulher, mas ela havia perdido o bebê e quando Kakuji voltou de viajem e descobriu isso… bem, não foi muito agradável.

— Um culpou o outro, imagino.

— Sim, Kakuji o culpou por matar seu filho e Satoru o culpou por não ter salvo a mulher, por ter a posto em risco e grávida e ter viajado. De ter a abandonado. — Falou. — Mas eles já se desentediam antes disso.

Kihyun andou de um lado para o outro, tentando juntar as peças. — Depois disso, o que aconteceu? Kakuji adotou Gun e Satoru também adotou um filho.

— Sim, mas isso veio depois da mulher de Kakuji morrer. Eu não sei os detalhes, mas aquela era uma época tensa de conflitos entre as máfias, muitos acontecimentos após o outro, muitas mortes e destruição, após a morte da mulher, ambos pararam de se falar e a união das duas famílias se rompeu, dois anos mais tarde eles assumiram o cargo como Oyabun e adotaram Kobuns. Mesmo naquela época de conflitos, as duas famílias ainda trabalhavam juntas, ninguém sabe ao certo porque, já que não se suportavam, mas os filhos de ambos os Oyabuns cresceram juntos, eles eram amigos, irmãos como Satoru e Kakuji foram uma vez, mas mesmo não sendo filhos de sangue, parece que herdaram essa rixa dos pais.

— O que aconteceu com os dois? — Ele ficava cada vez mais intrigado a respeito de toda essa história.

— Com Jooheon e Gunhee? Tch! — Deu de ombros. — Isso já não é da minha geração. Não sei nada sobre isso.

Kihyun rodou a faca entre os dedos. Por que Kakuji e Satoru se odeiam, se eram tão próximos? Ele não conhecia muito da história de Gun, mas já ouvira algumas vezes que Gun e Jooheon, Kobun de Satoru, eram grandes amigos, na verdade Hyungwon também era amigo deles e dos outros rapazes que ele já ouvira, mas nunca conheceu. Tanto ele quanto Wonho chegaram a Inagawa na mesma época, mas diferente de Hyungwon e Gun, eles ficaram no Japão e não na Coreia, o que o excluía da “panelinha” deles. Isso o chateava as vezes, ele se sentia de fora. Qualquer que seja o motivo do rompimento da amizade deles, afetou ainda mais a rivalidade e rancor entre as duas famílias, não saber o motivo de tudo isso e estar ciente que todos esses anos Hyungwon e Gun sabiam, mas não contavam, o deixava intrigado e era mais um motivo para se sentir intruso entre os amigos.

— Será que pode me soltar agora? — Kihyun saiu de seus devaneios e olhou para o homem.

— Eu tinha ordens de te matar caso não cooperasse.

— Mas eu cooperei! — Acrescentou rapidamente.

Kihyun anuiu. — Realmente, mas você sabe que Kakuji é rancoroso, depois daquela sua última, ahm… “mancada”, ele achou uma boa ideia uma punição. Sabe, talvez um dedo a menos ou alguns cortes.

— Pequeno psicopata! — Xingou nervoso.

— Eu só sigo ordens. — Falou sem expressão.

— Não. Por favor! Você disse que me deixaria ir se eu falasse! Você prometeu!

Kihyun se agachou a sua frente. — Eu disse que te deixaria ir, mas não mencionei nada sobre ileso.

— Não! Não! Não! — Se debatia na cadeira. — Você não pode fazer isso! Não, por favor, eu faço o que você quiser!

— Qual é Kart, não complique as coisas para mim, você sabe como Kakuji é, se você não estiver com pelo menos um membro a menos, eu é que estarei com um faltando. — Deu de ombros, levando a faca até a mão esquerda do mais velho. — Eu prometo que será rápido.

— NÃO! — Fechou as mãos em punhos, escondendo os dedos da lâmina.

— Você não está me dando escolha a não ser cortar sua mão inteira fora. — Kihyun mantinha o tom monótono e casual na voz.

— Kihyun, me escute. Eu faço o que você quiser. Eu prometo, é só pedir.

Kihyun o olhou e pensou: Ótimo, estou conseguindo meu objetivo. — Eu preciso que você seja meu informante. Descubra o máximo de informação que conseguir sobre a Towa e a Inagawa, sobre os Oyabuns e seus Kobuns.

— E-Eu não posso fazer isso. É traição. Se eles descobrirem eu serei morto. Eu prefiro perder a mão a ser morto.

— Você que sabe. — Aproximou a faca da mão do mais velho.

— ESPERA! — Kihyun parou o ato. — Tudo bem, eu faço! Eu faço, tá legal?!

— Ótimo. — Cortou as cordas das mãos do homem, mas deixou as dos pés para ele mesmo desamarrar. — Foi um prazer fazer negócios com você.

Kart grunhiu. — Psicopata.

— Pare de reclamar, eu fui bem generoso com você. — Guardou a faca no cano da bota. — Agora, seja cuidadoso e não deixe que o peguem, mas se pegarem, não mencione meu nome. Se mencionar… sua punição será pior que a morte.

Engoliu à seco e assentiu. Kihyun muitas vezes odiava os trabalhos que precisava fazer, mas Kart?! Esse merecia morrer, era o tipo mais viscoso, desprezível e nojento de homem, vocês não gostariam de saber dos detalhes, acreditem. Mas ele estava sendo bondoso em, no mínimo, o manter como um escravo.

.

.

.

Chang já vira muita coisa estranha nessa vida, desde uma galinha pondo ovo à uma velinha dançando hip-hop na frente do shopping vestida com roupa escocesa, mas uma prova escrita da Yakuza era muita loucura. O que é? Assassinos alfabetizados?

— Por favor, me diga que eu não terei que fazer isso.

Jooheon estava ao seu lado, agora sem o jaleco. Ambos recém haviam chegado na mansão e um gerente do clã — cujo o nome não quis nem perguntar — havia informado que as provas começariam semana que vem.

— Eu realmente não sei, mas eu sugiro que você estude. Quem vai mal na prova é punido.

— P-Punido?

— É. Cortar a grama, esfregar os vasos com escovas de dentes, limpar o canil. Essas coisas.

Chang suspirou aliviado. — Que tipo de prova é essa? Quantas bombas são precisas para explodir um prédio? Se Joãozinho têm um fuzil, quantas pessoas restarão vivas? Ou quem sabe qual a forma mais rápida de matar um homem?

— Que? Não, não, nada a ver. — Negou com a cabeça. — Em 2009, a primeira família, Yamaguchi-gumi criou um exame de 12 páginas para os membros. O movimento veio depois que o governo aprovou leis mais duras contra o crime organizado. O teste foi a tentativa do clã para ter certeza de que os membros estão cientes sobre as novas leis e assim evitar problemas. O teste verifica o conhecimento dos membros sobre os detalhes das “atividades” que são permitidas ou proibidas. Com um bom conhecimento da lei anticrime, os líderes têm condições de orientar melhor os seus subordinados sobre as práticas realizadas, evitando que todo o grupo sofra consequências do ato.

— Então, basicamente eu terei que ter aulas de crime? — Arqueou uma sobrancelha. — E quando eu acho que não pode piorar…

— Fica tranquilo, muito dos veteranos dão aulas aos calouros, por assim dizer. Você terá uma semana para estudar. A prova não é tão difícil.

Chang revirou os olhos. — Eu não tenho tempo para isso, sem contar que nem um membro daqui eu sou. Nem sei o que eu sou. Prisioneiro?

— Não faça drama, se você quiser sair, você sai, ninguém está te prendendo aqui. Sinta-se sortudo por não ser um membro, o pagamento para sair da Yakuza é bem caro. — Chang não quis perguntar que tipo de pagamento, mas tinha a impressão que não era só em dinheiro.

— Não estão me prendendo, mas estou preso de qualquer forma. — Começou a andar em direção ao corredor dos quartos e Jooheon o seguiu.

— É, isso é uma merda, mas você pode tornar menos desagradável.

— Está sugerindo que eu me entregue a criminalidade? — Olhou de relance para Jooheon ao seu lado.

Jooheon riu. — Não, estou dizendo para seguir as regras, sabe… quanto menos complicação melhor.

— É, você está certo, mas não estou muito ansioso para isso. — Chang parou de frente para a porta do seu dormitório e a abriu, mas parou na entrada e se virou para o maior. — Alias, por que está me seguindo?

Jooheon revirou os olhos. — Esse ainda é meu dormitório, sabia?

— Você disse que não o usa mais.

— Não, eu disse que quase nunca o uso. — Falou. — Além do mais, ainda têm coisas minhas aí dentro.

— Tá… — Chang o olhou desconfiado e entrou no quarto. Desde que entrou para aquela mansão começou a ficar paranoico, principalmente depois da Naomi ter saqueado sua carteira na noite passada e roubado cinquentinha e um cupom de desconto em uma churrascaria.

Jooheon entrou e olhou ao redor. Chang não havia o arrumado, portanto estava como ele sempre o deixava. A beliche arrumada no canto esquerdo do quarto, um guarda-roupa ao lado direito da janela. No canto direito da parede do quarto havia um gaveteiro e ao lado uma caixa que assemelhava-se a um baú. Ao lado da porta havia uma mesa de trabalho com papeis espalhados, lápis, canetas e outras tranqueiras. Ao lado do beliche de baixo havia um criado-mudo e na cama de cima uma prateleira acima da cabeceira da cama; Como Jooheon costumava dormir na cama de cima, a prateleira estava com alguns livros e arquivos, também havia um despertador digital quebrado e um carregador velho. A porta para o pequeno banheiro ficava na parede esquerda aos pés do beliche.

— Estou vendo que preferiu dormir em cima. — Sorriu de canto, mas Chang não compreendeu a malícia nesse ato.

— É. E daí?

Jooheon sorriu mais, mas sem mostrar os dentes. — E daí, que essa era minha cama. — Chang corou, o que satisfez o maior. — Eu compreendo você. Deve ter se atraído pelo meu cheiro.

— Cala a boca! — Se virou e foi até sua mala, levando-a para perto do roupeiro para arrumar suas roupas.

— Ah, é. — Se lembrou e foi até o roupeiro, o abrindo em seguida. — Têm umas roupas minhas aqui, mas acho que cabe as suas se eu dar uma arrumada.

Chang o olhou um tanto intrigado. Era impressionante como ele mudava de humor rápido, às vezes parecia frio e arrogante, às vezes palhaço e idiota, às vezes atencioso e as vezes um tarado. Chang desistiu de compreender o mais velho e se levantou, indo ao seu lado e vendo a baderna do guarda-roupa.

— Você tem mais roupa que uma mulher.

— Não seja sexista, eu apenas gosto de me vestir bem. — Deu de ombros. — É um dos prazeres de ganhar bem.

Jooheon empurrou todos seus cabides com roupas para o lado, dando espaço para pendurar mais roupas nos cabides restantes e empilhou as peças de roupas em dois únicos montes.

— Pronto, agora deve caber. — Falou. — A gaveta de cima está sendo usada, mas a de baixo está vazia.

— Obrigado. — Agradeceu casualmente.

Jooheon foi até a mesa de trabalho e começou a vasculhar em busca de seus pertences. Changkyun não demorou para arrumar as roupas, afinal não haviam muitas. Assim que acabou de arrumar tudo, se virou vendo Jooheon abrir a gaveta, bagunçar tudo e fechar.

— O que está procurando?

— Algumas coisas. — Falou, revirando mais um pouco. — Um contrato, processo, indenização e etc.

— Nem vou perguntar. — Foi até o beliche e se sentou na cama de baixo, apenas observando o maior.

— Há! Achei! — Pegou o envelope preto e sorriu. — Agora só falta… — Se virou e andou até o criado-mudo ao lado da cama. Abriu sua gaveta e começou a vasculhar.

— Queria voltar para casa. — Chang nem se deu conta que havia falado aquilo. Acho que pensei alto demais.

Jooheon que estava agachado procurando alguma outra coisa na gaveta, parou o que estava fazendo e olhou para Chang, tendo que levantar a cabeça por conta de estar agachado.

— Não é seguro.

— Eu sei. — Suspirou. — Esquece o que eu disse.

Jooheon largou o envelope em cima do criado-mudo e se virou ainda agachado para Chang.

— Você não está gostando da mansão, não é? — Sorriu de canto compreensivo.

— Ontem eu fui roubado e hoje eu quase não chego no trabalho por causa dos Park. Sem contar que o Inu tentou me morder no jantar.

Jooheon riu, mostrando suas covinhas. Fofo. Pensou Chang, mas logo afastou esse pensamento.

— Pode ser difícil de se adequar no começo, mas com o tempo você vai fazendo amizades e quando ver, já os considera sua família. — Chang o olhou.

— Isso se aplica a você?

— Eu acho que sim. Quando cheguei aqui demorei meses para me adaptar, mas agora eu não me imagino longe desse lugar. Aqui é minha casa, esses são a minha família e futuramente eu terei que lidera-los e protege-los. — Jooheon olhava para as próprias mãos. Chang percebeu certa preocupação em sua voz, mas não se sentia intimo o suficiente para perguntar sobre. — Mas enfim… não é tão ruim assim depois que você conhece. Claro que tem muitos pontos negativos e certamente alguns perigos. Tá, talvez muitos perigos. — Voltou a olhar para Chang, agora com um sorriso. — Mas não é tão ruim.

— É… talvez. — Deu um sorriso de canto. Era meio raro eles concordarem em algo.

— Bem… — Voltou a mexer na gaveta. — Se você quiser pode passar uns dias lá em casa. — Chang arregalou levemente os olhos, surpreso. — Ah! Achei. — Jooheon pegou uma caixinha do tamanho de um estojo, fechou a gaveta, pegou o envelope e se levantou.

— Sério?

— É, olho só. — Mostrou a caixa.

— Não. Sobre ficar na sua casa. — Esclareceu.

— Ah! Bem… se você quiser. — Deu de ombros. — Eu não costumo ficar muito em casa, geralmente só volto a noite mesmo, não seria nenhum sacrifício ter você lá, mas claro, só por uns dias.

— Você não costuma ficar muito nos lugares. — Observou.

— Você pode até não acreditar, mas eu faço mais do que ficar me vestindo de médico e salvando mocinhos indefesos. — Fez piada.

— Há! Há! — Fingiu uma risada, como se dissesse: “muito engraçado! ”. — Mas sobre essa proposta… — Desviou o olhar. — Eu posso pensar sobre isso?

Jooheon o olhou e deu de ombros. — Claro.

— Hey, você é meio irritante as vezes, mas valeu por estar me ajudando. — Sorriu fraco.

— Nossa, isso foi quase um elogio. — Ironizou como se estivesse comemorando um progresso, Chang deu uma curta risada.

Abruptamente a porta foi aberta, fazendo Lim dar um pulo de susto e quase bater a cabeça na cama de cima.

— Chang! Chang! Chang! — Minhyuk correu em sua direção.

— O que aconteceu?

Parou em sua frente, ignorando completamente Jooheon. — Você é médico, né?! — Perguntou nervosamente.

— Sim, mas o que…

— Ótimo. Preciso da sua ajuda. — E saiu puxando o Lim pelo pulso.

.

.

.

O ferimento de Gun já estava melhor. Não cem por cento, mas estava bom o suficiente para voltar as atividades normais. O grampo cirúrgico teria que ser retirado daqui uns dias, como o corte não foi grande, e sim profundo, a recuperação externa estava rápida, entretanto seu pai insistiu para que ele não se envolvesse em missões ainda. Gunhee só ficou aborrecido ainda mais pelo fracasso da missão, agora estava se sentido inútil.

Aquela missão estava correndo bem. Roubou a joalheria, conseguiu algumas informações, não muito úteis ou importantes, mas informações. Mas aí Minhyuk foi designado para lhe encontrar e ele conseguiu, surpreendentemente, conseguiu. Gun notou o quanto o mais novo havia mudado desde a última vez. Estava mais alto, cabelos tingidos, seu físico havia amadurecido, estava mais astuto e habilidoso. Minhyuk mudou em vários aspectos, mas nunca achou que ele teria coragem de atirar em si. Aquilo certamente o surpreendera. Não podia culpa-lo afinal, diante das circunstâncias, ameaças e chantagens, não o impressionava que o menor tivesse tomado aquela atitude. De qualquer forma rever Minhyuk trouxe de volta velhas lembranças, o que não lhe era agradável.

Mesmo que Gun estivesse o dia inteiro em casa, ele não estava sem fazer nada, pelo contrário, estava terminando papeladas, contratos e propostas, a maioria relacionada a Inagawa, mas outras eram de política. A parceria entre os mafiosos e os partidos de extrema direita nacionalista continuava até hoje e trazendo benefícios para ambos os lados. Enquanto a Yakuza ganha influência sobre as decisões políticas por vias legais, os políticos podem usar a força da organização para atividades ilegais. Embora a Towa-kai possuísse maior vantagem na política neste país, pois estavam na Coreia e era tecnicamente seu território, Gun cuidava virtualmente das coisas no Japão, algumas vezes precisava viajar para resolver certos assuntos.

Gunhee estava na sala mexendo em seu notebook e terminando de responder algumas mensagens, nem sabia ao certo quanto tempo estava ali, mas a julgar pelo sol na janela, deveria ser tarde. Ouviu a chave girar na porta e em seguida Kihyun passar por ela, assim que entrou ele paralisou momentaneamente ao lhe ver mas desviou o olhar e fechou a porta. Gun notou um pequeno corte em seu pescoço, com um filete de sangue já seco. Kihyun se virou e começou a andar.

— Como foi na missão? — E então ele parou.

— Foi… normal. — Falou, e antes que voltasse a andar novamente, Gun fala:

— Ainda está bravo comigo? — Só assim ele vira sua atenção para si e Song não conseguia ler sua expressão.

— Sim. — Kihyun não costumava ser tão direto, o que lhe fazia pensar que havia mais algum motivo para isso ou que realmente o havia magoado. — Mas você deve ter seus motivos. — Desviou o olhar.

Gun se levantou e andou alguns passos em sua direção. — Me desculpe por não poder te contar.

 — Mas acontece que você pode, você só não quer me contar. — Voltou mais uma vez a lhe fitar.

— Então você está chateado porque eu não quero te contar? — Kihyun corou.

— Não, é só que… — Suspirou. — Esquece. Não é como se você me devesse satisfação. — Se virou para sair, mas Gun segurou seu pulso esquerdo, o impedindo e fazendo se virar de frente para si. Kihyun olhou para a mão do moreno sobre seu pulso e corou novamente.

— Kihyun, eu não quero ficar brigado com você. Pode me dizer o que está acontecendo? — Yoo lhe olhou relutante e assentiu. Gun o soltou.

— É que… eu te conheço a anos e mesmo assim não sei nada sobre você e nem mesmo sobre Hyungwon. Antes de eu e Wonho chegarmos vocês possuíam outra vida, com outras pessoas e eu sei o quanto essas pessoas significam, seja de modo bom ou ruim. Elas são importantes. Toda vez que você fala sobre o passado, que é quase nunca, eu sinto que cada vez menos conheço você. — Kihyun não notou quando começou a falar “você” ao em vez de “vocês”. — Seja lá o que tiver acontecido entre todos vocês, sem dúvida te marcou, foi importante e eu sinto que eu não faço parte disso, entende?!— Gun prestava atenção sem conseguir dizer nada, estava muito surpreso pelo desabafo do outro. — É como se você tivesse seus amigos, sua família e eu fosse apenas um intruso. Como se não pertencesse a esse lugar… ou a lugar algum.

— Kihyun, eu… eu não sei o que te dizer.

Abaixou os ombros. — Não precisa dizer nada. Eu só tive um dia muito cheio hoje, estou estressado, só isso. Só… só esquece que eu disse tudo isso, está bem?

— Não. Não está nada bem. — Conseguiu falar. — Kihyun, por que você não me contou isso antes? Se eu soubesse…

— O que? Iria me contar seus segredos? — Riu, sabendo que a resposta seria não. — Não faria diferença, as coisas continuariam como sempre foram e sempre serão. — Se virou mais uma vez para sair, mas dessa vez Gun segurou seu pulso e o puxou até o quarto, fechando a porta e sentando Kihyun na cama, se sentando ao eu lado.

— O que você…

— Você queria saber. — Falou. — Eu vou te contar tudo. Pergunte o que quiser.

.

.

.

Se Shownu soubesse que o dono daquele cassino era Zhang, ele nunca teria aceitado aquela missão. O cara era um louco homicida que praticava extorsão e participava de apostas, entre elas brigas de galo, cães e lutas clandestinas ilegais. Na última vez que se encontraram ele o obrigou a participar de uma das lutas, o resultado não foi bonito e para piorar ele foi preso e demorou mais de um ano para ser solto. Provavelmente a pior experiência da sua vida.

— Ora, ora, o que temos aqui. — Sorriu o homem.

Ele trajava um terno e calças rosa salmão, gravata azul e uma crina loira punk que o fazia parecer a cruza do vilão Pagan Min do jogo Far Cry 4 com um cantor J-Rock. O lápis de olho exagerado não ajudava a ter outra comparação.

— O que devo a honra de sua visita? Veio para mais uma aposta? — Eles estavam em uma sala de jogos, mesa de sinuca, poker, bar e claro, algumas drogas e prostitutas.

Shownu rosnou. — Não venha com essa Zhang, você sabe o que fez.

— Ah, claro. Como pude esquecer. A cadeia. — Riu, distribuindo cartas na mesa. — Sentem-se.

Shownu estava fazendo essa missão com Seokwon, o que era a coisa mais lógica e estratégica a se fazer, levando em conta que o rapaz era ótimo em jogos de azar e que estavam em um cassino. Relutantemente eles se sentaram. Okay, vamos jogar seu jogo.

— Então. Se não vieram para apostas, vieram para…? — As cartas de poker foram distribuídas e as fichas já estavam na mesa.

— A fábrica abandonada, Zhang. — Falou Seokwon. — Aquela que explodiu.

— Mas é claro. — Sorriu debochado. — Achei mesmo que viriam, mais cedo ou mais tarde. Só não achei que fossem vocês. — Descartou uma carta e em seguida bebeu um gole de seu Whisky vagabundo.

— O que quer dizer? — Perguntou Shownu, dando continuidade ao jogo.

— Ah, vocês não ficaram sabendo? — Os dois se entreolharam. — Imaginei que não. — Tragou seu cigarro e devolveu ao cinzeiro em seguida. — Aqueles dois garotos retardados da Inagawa. Como era mesmo o nome? Ah! Kihyun e Wonho. Sim, esses mesmos. Não sei como sobreviveram, para falar a verdade.

Shownu nunca havia ouvido falar dos dois, e se tinha, certamente não se lembrava, mas pelo fato de apenas duas pessoas conseguiram explodir uma fábrica inteira, cheia de traficantes e mafiosos de Hong-Kong e ainda saírem vivos de lá, certamente eram talentosos.

— Por que eles explodiram a fábrica? — Seokwon perguntou, concentrado no jogo e no homem ao mesmo tempo, sempre com sua típica expressão poker face que superava até mesmo a de Chang.

— Opa, um interrogatório. — Riu. — Nada de respostas para vocês meninos, já dei informação demais.

— Se eu fosse você, eu responderia às perguntas. — Falou Shownu sério. — Se dois caras conseguiram atear fogo em uma fábrica com vários de sua gangue, imagina o que nós não fazemos em um cassino mal vigilado.

— Isso é uma ameaça? — Arqueou uma sobrancelha desafiadoramente.

— Interprete como quiser.

— Está certo. — Sorriu cinicamente. — Mas só se me ganharem no jogo.

Seokwon abaixou as cartas. — Ganhei. Agora responda as perguntas.

— Nãnaninanão. — Gesticulou com o indicador. — Não é esse o jogo.

Zhang se levantou, foi até a gaveta de uma escrivaninha e pegou uma pistola, colocou apenas uma bala e girou o tambor, em seguida entregou a arma para Seokwon.

— Roleta Russa. — Sorriu psicopático.

Roleta Russa é um jogo antigo. Você pega uma arma, carrega com apenas uma bala e gira o tambor, puxa o gatilho em sua cabeça e reza para dar sorte de não morrer. Um tiro, uma chance.

Seokwon olhou de relance para Shownu e então pegou a arma.

— Se vocês não morrerem, eu respondo uma pergunta. — Fez sinal com a mão. — Vá em frente.

Shownu detestou aquela ideia, mas não teve tempo de protestar. Seokwon apontou a arma para a cabeça, suando frio. Shownu estava extremamente nervoso, ele estava no comando da missão, não poderia deixar o companheiro morrer. Seokwon travou a mandíbula e puxou o gatilho, piscando pelo susto. Ambos suspiraram aliviados, enquanto Zhang apenas observava, torcendo pelo pior. Seus olhos brilhavam de excitação e leve embriagues.

— Sua vez. — Zhang o olhou com um sorriso sínico. Shownu odiou ter que fazer aquilo, pois mais uma vez ele havia o metido em uma merda e Shownu odiava ter que jogar o jogo dele, estava fazendo exatamente o que ele queria que fizesse e isso o irritava profundamente.

O Son pegou a arma e apontou para a cabeça. Todos os pelos de seu corpo se eriçaram, seus batimentos cardíacos aumentaram, suava frio e seus músculos estavam travados e tensos, sua garganta parecia estar engolindo arame farpado. Shownu respirou fundo e puxou o gatilho. Junto com o gatilho seu peito explodiu em adrenalina e nervosismo, mas se encheu de alívio quando notara ainda estar vivo. Abaixou a arma, agora com as mãos tremulas, deixando-a ao lado do corpo.

— Ganhamos. Agora nos conte tudo.

— Tudo bem, eu admiro sua audácia. — Sorriu. — Eles estavam atrás de uma maleta.

— Seja mais específico. O que tinha na maleta?

Sorriu. — Documentos e provas.

— Provas do que?

— Desculpe, eu disse que responderia uma pergunta. — Sorriu vitorioso, mas logo esse sorriso derreteu quando Shownu apontou a pistola para seu rosto.

— Responda. A. Pergunta.

— Você não teria coragem de…

Shownu puxou o gatilho e para a sorte ou azar, ela não disparou. O Chinês deu um pulo de susto.

— Responda! — Exigiu. — Sua sorte está acabando;

— Eu nunca…

Puxou o gatilho mais uma vez, mas nada de tiro.

— Tá, tudo bem! Eu falo! — Exclamou nervoso. Shownu adorou a reviravolta. O feitiço virou contra o feiticeiro. — Eram informações sobre Jooheon, o filho de Satoru, e provas do assassinato.

— Qual assassinato e por que essas informações estavam lá?

— Eu não sei de mais nada, eu juro.

Shownu estava sério e concentrado. — Você é um bom mentiroso.

— Não, eu estou falando a verdade. — Afirmou, seus olhos esbugalhados de medo. — Eu não sei de mais nada, só que Kakuji recuperou a maleta e entregou o conteúdo para Satoru.

Shownu franziu o cenho e olhou para o parceiro, em busca de explicações, mas ele estava tão confuso quanto.

— Como você sabe de tudo isso? — Dessa vez Seokwon perguntou.

— Eu tenho muitos contatos, conheço muita gente e as notícias se espalham como vírus nas gangues chinesas.

Shownu só ficava mais e mais confuso, mas precisava de respostas. — De quem especificamente você ouviu? Como entramos em contato.

— Não entram. Ele morreu na explosão, todos morreram. — Shownu rangeu os dentes. — As únicas pessoas que devem saber o que têm lá é Kakuji e Satoru, mas eu duvido que eles lhe contem. — Falou por fim.

Shownu olhou para Seokwon em uma conversa silenciosa. O que Jooheon e provas de assassinatos tinham a ver? Jooheon já matou gente, todos na máfia já, mas isso não era nem uma novidade, por que guardar algo assim com tanta segurança? Essas eram as perguntas que rondavam sua mente. No que Jooheon está envolvido?


Notas Finais


Olá de novo galera <3
E então? O que acharam?

Nesse capítulo eu busquei dar mais detalhes aos personagens e ao local em que se encontram, acredito que deixe a cena mais fácil de imaginar ^^ assim que espero ><

Perceberam que as missões deles estão sendo bem-sucedidas?! (Exceto a de Gun :V) Então, aproveitem, pois logo, logo essa moleza vai passar. Só queria esclarecer que sim, eu sei que as cenas de ação não estão tão empolgantes com a facilidade deles de ganha, porém, eu pus dessa forma propositalmente, para que antes de dar toda a cagada, vocês saberem mais sobre eles, a forma deles em combate, suas habilidades e etc, sem contar que sou iniciante nesse lance de ação, no que tenho experiência é em Party Hard mesmo :V hsahhas sério, eu escrevo as festas mais loucas, mas vou me segurar dessa vez ><

Enfim, espero que tenham gostado do capítulo, essa roleta russa louca ai :V nem sei da onde tirei essa ideia :V
Sobre o Gun contar tudo para o Kihyun “Pergunte o que quiser! “, é, esse capitulo teve muitas revelações, mas será que no próximo terá mais… ¬u¬
Obrigado a todos por lerem, por favor, deixem um comentário com suas opiniões, isso me incentiva muito =3 <333


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...