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História Blackfyre - Eternidade


Escrita por: myllenemaas

Capítulo 47 - Eternidade


Fanfic / Fanfiction Blackfyre - Eternidade

Como era morrer? Como era a sensação da morte? Como era a reação quando o abraço frio da morte lhe agarrava e lhe tirava a vida? Essas eram algumas das perguntas mais feitas aos meistres e líderes religiosos. Havia apenas uma certeza na vida de todo homem, e essa certeza despertava certo medo de alguns. Muitos cavaleiros lutavam com bravura e coragem no campo de batalha, mas a visão da morte lhes apavorava. Esses não eram cavaleiros de verdade. Um verdadeiro cavaleiro e um puro soldado sabe que a morte é o alívio final da jornada de um homem. A morte é o alívio final da vida de uma mulher. Havia alguns poucos que se agarravam a morte como uma velha conhecida e amiga, e a abraçava e aceitava como o ápice de sua existência, não se importando com o que vinha depois. Por isso, as questões mais conhecidas eram relacionadas a sensação da morte. Mas haviam outras questões igualmente feitas aos homens de grande saber. O que vinha depois? Como era o pós-vida?

Daemon nunca se importou em saber as respostas de nenhuma dessas questões. Ele apenas viveu e lutou pelo que acreditou ser o certo. Ele não queria ser Rei, mas aquela poderia ser a única maneira de conseguir sua família. Ele estava vencendo. Ele havia matado tantos, salvado tantos. Estava quase conseguindo o que tanto desejava. Seu filho primogênito. Mas Brynden surgiu como uma faca de dois gumes e lhe tirou seu tão amado Aegon Blackfyre, o mais velho dos gêmeos. Daemon podia ser um guerreiro, um rebelde. Mas ele ainda era pai! Ver seu filho morrer diante de seus olhos foi terrível para ele. Ele queria poder vingar a morte de seu pequeno menino, mas as sete flechas que vinham em sua direção não lhe deram oportunidade para se erguer em um contra-ataque.

Tudo o que ele sentiu ao ser atingido foi uma brisa gélida e mórbida lhe atingir na face. Seus olhos violeta se fecharam e ele se viu andando por entre as memórias mais importantes e felizes de sua vida. Daemon conseguiu comparar essa viagem com um longo corredor com diversas portas abertas, onde, dentro de cada uma, estava uma lembrança que ele adorava. Ele ficou parado no início desse longo corredor por um tempo, pensando. Pensando. Ponderando se deveria seguir em frente ou ficar onde estava. Algo lhe dizia que a rebelião que havia declarado não havia terminado, então ele precisava voltar e acabar com ela. Mas, outra parte sua queria seguir em frente e descobrir o que vem depois. Daemon sorriu e decidiu escutar a última parte de seu interior. Ele seguiu em frente.

A primeira lembrança que viu foi uma muito antiga. Quando ele ainda era um bebê. Sua tia, Elaena, estava conversando com sua mãe, Daena, e ele estava sentado no chão. Ele não sabia que tinha lembranças tão importantes de um momento tão cedo de sua vida. Daemon encarou a cena a sua frente. Daena parecia estar irritada com alguma coisa, mas sua tia Elaena não pareceu recuar em momento algum. Elaena Targaryen era a única que batia de frente com Daena, a Desafiante. As duas pareciam discutir algo importante, mas ele não prestou atenção nas palavras quando era um bebê, então não conseguia escutar nada agora. Apenas viu quando ele, como um bebê, se ergueu do chão e começou a dar pequenos e bambos passos. Elaena se virou para ele e deu um grito, sacudindo sua mãe pelos ombros e apontando para ele. Daena saltou de susto e se virou, sorrindo e correndo até ele, lhe pegando no colo antes que ele sequer caísse no chão.

_ Daemon! Daemon! – sua mãe pareceu cantarolar seu nome. Daena tinha um sorriso grande e animado nos lábios – Filho! Olhe só o que você fez! – Daemon encolheu um pouco e sua mãe o beijou no rosto – Você andou, meu pequeno! Você andou!

Elaena se aproximou deles e segurou uma de suas pequenas mãozinhas. Sua tia sempre foi muito maternal com ele. Ele a adorava.

_ Incrível, Daemon! – sua tia disse, sorrindo – Meu Dragão Negro!

Daemon sorriu consigo mesmo. Então, foi a partir dessa fala de sua tia Elaena que ele começou a ser chamado de Dragão Negro?

A lembrança se esvaiu como fumaça diante de seus olhos e ele piscou algumas vezes. Daemon se virou e deu mais alguns passos adiante. A próxima lembrança que viu foi uma que ele, particularmente, amava. Seu irmão, Aegor Rivers, estava chegando na Fortaleza Vermelha. Ele estava sentado no banco de pedra do pátio de treinamento, perto de seus outros irmãos, vendo Aegor parado do outro lado. Shiera estava perto dele. Assim como Daeron, Brynden, Balerion e Daenerys. Dany sempre foi muito tímida em relação a estranhos, então, todos eles se surpreenderam quando, justamente ela, foi até Aegor. Daemon e Shiera se encararam e foram atrás da princesa.

_ Oi! – Dany disse, sorrindo amigável para Aegor. Seu irmão sorriu para ela.

_ Princesa! – ele disse.

_ Dany. Pode me chamar de Dany! – ela segurou uma das mãos de Aegor – Somos irmãos! Não precisa ser formal comigo!

Aegor sorriu ainda mais abertamente ao ser aceito tão depressa por Daenerys como irmão e família. Daemon seguiu o exemplo da princesa e estendeu a mão, trocando um caloroso aperto de mão com Aegor.

_ Olá. – ele disse – Daemon Waters!

_ Aegor Rivers! – o irmão disse.

_ Agora é a minha vez! – Shiera disse – Dá licença! – Dany riu da irmã e ela se aproximou de Aegor, sorrindo – Shiera. Sou Shiera Seastar!

_ É um prazer, Shiera! – Aegor disse.

A partir daquele dia, Daemon ganhou um grande amigo. Ele e Aegor confiavam um no outro, e ele sentiu como se, pela primeira vez em sua vida, houvesse encontrado alguém com quem compartilhar seus segredos. Mas, é claro, havia um segredo que ele não ousava dizer nem mesmo para seu melhor amigo.

Por coincidência, ou não, a próxima lembrança era exatamente sobre esse segredo. Daemon se viu no Salão do Trono, escondido em um canto escuro, observando o rei Aegon sentado no Trono de Ferro, discutindo alguma coisa com Daeron, enquanto Daenerys e Shiera conversavam sentadas no último degrau do trono. Daemon encarava Dany. Ele se lembrava daquele dia, ainda conseguia sentir as sensações que haviam ecoado em seu corpo naquele momento. Ele se lembrou de sorrir quando viu Dany sorrir e suspirar quando a viu fechar os olhos. Ela parecia sonhar. Ela parecia flutuar. E ele queria estar perto dela. Queria toca-la. Queria ama-la. Naquele momento, Daemon viu sua vida ser arrancada de suas mãos e ser entregue nas mãos de Daenerys Targaryen. Ele havia perdido sua liberdade naquele dia, e ganhado um amor. Naquele dia, ele amou Dany, e nunca mais conseguiu parar. Ele suspirou ao se lembrar de como havia feito de Dany seu porto seguro após aquele momento de entrega. Ele a adorou. Ele a amou. Daenerys se tornou sua única e principal divindade, pela qual ele mataria e morreria, por quem ele viveria, para quem ele faria qualquer coisa. Daemon se tornou propriedade de Daenerys dali em diante.

Ele sentiu a lembrança ser arrancada de sua vista e cambaleou para trás. Aquilo havia sido um tanto repentino e um pouco violento. Ele balançou a cabeça e respirou fundo. Ainda haviam muitas outras lembranças para reviver naquele corredor, então ele decidiu seguir para a próxima.

E foi uma lembrança que ele não estava preparado para ver. Quando foi sagrado cavaleiro pelo rei, dia em que recebeu a Blackfyre e foi reconhecido como filho bastardo de Aegon e Daena. Daemon se lembrou de como ficou perdido quando soube da sua paternidade e em como Dany foi essencial para aceitar seu novo eu. Ele se lembrou da conversa onde dizia que Daeron era o herdeiro do Trono de Ferro e que ele jamais aceitaria a coroa no lugar do irmão. Ele se lembrou de ficar deitado no colo de Dany a noite inteira antes de cair no sono. Se lembrou da doce voz de sua linda estrela valiriana cantando para ele. Eles dormiram abraçados, um de frente para o outro. Daemon ainda se lembrava de como foi a manhã seguinte ao incidente.

_ Oh, meus deuses! – Dany havia corado bastante após ambos acordarem e perceberem o que havia acontecido.

_ Calma, Dany! – ele sorriu e a puxou de encontro ao seu corpo – Está tudo bem. Somos apenas nós dois!

Ele quase beijou Daenerys quando viu ela sorrir, tímida, diante dele, mas se segurou e ficou ali, abraçado com ela, ambos sorrindo, até os servos trazerem o desjejum, que ele quebrou junto com ela. Então, a visão a sua frente se desfez e ele se viu diante de outra lembrança. Lembrança que o fez sorrir consigo mesmo e sentir o seu amor por Daenerys e a felicidade de ser pai de Morghul brotar dentro de seu ser.

O dia em que se deitou com Dany pela primeira vez. Daemon ainda conseguia se lembrar das palavras de sua Dany. Ele ainda conseguia sentir o corpo de Dany abaixo do seu. Conseguia sentir o gosto dela. Conseguia senti-la. Ele fechou os olhos e deixou que esses momentos íntimos invadissem sua mente como um turbilhão. Ele sorriu e sentiu cada parte de seu corpo responder as memórias que presenciava. Quando ele tocou Dany pela primeira vez. Quando a saboreou pela primeira vez. Quando sentiu os lábios dela ao redor de seu membro pela primeira vez. Quando a penetrou pela primeira vez. Sentiu o calor dela, como ela estava entregue a ele naquele instante. Ele suspirou e reviu cada sexo que teve com ela em sua vida. Desde o dia em que tirou sua virgindade, até o dia que a levou ao bosque sagrado e a fodeu de quatro em cima do carvalho sagrado. Se lembrou de quando transou com ela dentro da banheira em seu quarto e quando transou com ela após ela retornar de Dorne. Ele sentiu uma felicidade imensa tomar conta dele quando percebeu que sua Daenerys já estava grávida de Morghul quando eles tiveram aquela transa.

Ele abriu os olhos e se viu diante de outra memória, memória onde decidira ser um marido real para Rohanne. Quando consumou seu casamento com a tyroshi. Ele sorriu ao se lembrar de como havia gostado de sentir a esposa pela primeira vez. Ele gostava dela, tinha carinho por ela, tinha uma grande afeição por Rohanne. Então, ele relembrou de quando descobriu que sua esposa estava grávida. Sorriu ao rever o nascimento dos gêmeos.

_ Aegon. E Aemon. – Daemon disse quando segurou os filhos pela primeira vez.

_ Nomes Targaryen! – Rohanne comentou.

_ Não! – ele encarou a esposa com grande carinho – Nomes Blackfyre.

Rohanne sorrira quando escutou ele falando. Daemon participou de cada gestação e parto da esposa, sempre estando ao lado dela quando o nascimento dos filhos chegava. Ele se lembrou de quando Daena nasceu. Ele havia decidido homenagear sua mãe ao colocar o nome dela em sua filha mais velha. Sua esposa achou perfeito o nome para a garota. Quando sua segunda filha nasceu, Rohanne decidiu colocar um nome tyroshi na filha, o nome da mãe dela, Calla. Ele adorava cada um de seus filhos com Rohanne, e gostava da esposa da forma que podia, mas amor ele sentia apenas por uma mulher.

Ele se virou de costas e viu a lembrança que esperava ver. Daenerys visitando Porto Real. Ele se lembrou de como ela estava linda, como se o tempo não houvesse surtido efeito nela. Dany ainda estava magnífica, bela, estonteante e perfeita. Ele sorriu ao rever a dança que ambos tiveram no banquete de boas-vindas dela. Ele sorriu ao rever o beijo que deu nela. Ele queria mais, ele queria muito mais do que apenas um simples beijo. Ele queria Dany, inteiramente. Para sempre. Queria a mulher que amava. Queria sua Dany. Mas aquela discussão idiota teve de acontecer. Mas ele não queria se lembrar dela. E, de alguma forma, ele não lembrou.

Nenhuma memória sobre os incidentes ruins da rebelião lhe foram acometido e ele se viu diante da próxima lembrança que lhe encheu de alegria. Daena e Calla felizes. Ele queria que suas filhas fossem felizes e vivessem com quem amavam. Saber que confiava Daena ao seu filho Morghul foi um grande alívio para ele. Quando descobriu que Aegor amava sua Calla, a sorte lhe foi tamanha que ele apenas agradeceu aos deuses por fazerem sua filha se apaixonar pela pessoa que ele mais confiava na vida. Ele sorriu ao se lembrar do casamento de Calla em Barreira de Pedra. Ele sabia que sua Daena estava feliz em Dorne, casada com Morghul, então, aquilo já lhe bastava. Suas duas filhas seriam felizes.

A próxima lembrança que lhe atingiu em cheio foi a última lembrança feliz e leve que ele tinha de sua vida. Daenerys nas margens do Tridente, esperando por ele. Ele sorriu ao ver sua amada correndo em sua direção e se atirando em seu abraço, pedindo perdão por algo que não era culpa dela. Ele realmente estava feliz em saber que tinha, ao menos, um filho com a mulher que amava. E, quando disse isso a ela, ele queria que ela visse a verdade em seus olhos. Quando Dany o beijou.... Ah! Ele fechou os olhos e experimentou as sensações que sua deusa particular causava nele. Daemon a amava, mais do que tudo no mundo. Ele conseguia se lembrar de quando sentiu o interior dela, quando a amou dentro daquele rio, quando a possuiu da forma que desejava há anos. Daemon suspirou e abriu os olhos, vendo a imagem de Daenerys desfazer diante de si.

Então, ele se viu de pé, no Campo de Capim Vermelho, perto de seu próprio corpo. Ele evitou olhar ao redor, pois não suportaria ver os corpos de seus filhos. Antes que ele pudesse se virar, ele viu Morghul se ajoelhar ao lado de seu corpo e retirar todas as sete flechas que estavam fincadas em seu corpo. Seu filho tinha lágrimas nos olhos.

_ Você teria sido um bom pai para mim, Daemon Blackfyre – disse Morghul. – Sinto muito não ter dito isso a tempo.

Daemon sorriu e sentiu as lágrimas de contentamento e orgulho caírem pelo seu rosto. Seu filho estava o reconhecendo como um bom pai. Ele não poderia estar mais feliz.

_ Espero que você encontre a felicidade no pós-vida com minha mãe – seu filho disse.

Daemon caiu de joelhos e baixou a cabeça, fechando os olhos e sorrindo. Então, era isso! Assim era a morte!

Ele estava aliviado com a vida que teve e com tudo que havia visto enquanto sua vida era tirada de suas mãos. Ele sentiu alguém parado atrás dele e se virou, encarando Daenerys. Ela estava linda, estonteante, divinal! Usava um vestido de seda preto e seus cabelos estavam soltos, caindo como cascatas de prata pelos seus ombros. Dany sorriu e estendeu a mão para ele.

_ Venha, Daemon! – ela disse – Hora de ir!

_ Ficará comigo dessa vez? – ele perguntou. Não queria ficar sem sua Dany.

Dany sorriu e ele segurou sua mão, se levantando.

_ Ficaremos juntos para toda a eternidade! – ela disse.

Daemon sorriu e a beijou. Havia sentido falta dos lábios dela, da pele dela, do toque dela. Da voz. Ele suspirou e a encarou. Estava encantado com a imagem a sua frente. Sua Daenerys diante de si, sendo dele. E ele sendo dela.

Juntos, de mãos dadas, os dois seguiram para a última porta do longo corredor, passando por ela e ficando unidos, como sempre desejaram ficar em vida, para todo o sempre.

 

 

 



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