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História Bleach: Afterlife - Be Strong!


Escrita por: TheArchFey e Nigaiami_Hotaru

Capítulo 43 - Be Strong!


Shibaku

Shibaku sonhou com aquele momento outra vez. Ele corria pelas areias brancas do Hueco Mundo, pronto para salvar Hotaru e Zenny, que claramente corriam perigo. Era óbvio que, se ele não intervisse, os dois morreriam. No entanto, ele mesmo não podia assegurar a segurança de todos, o que foi provado logo após a saída de Hotaru. A barreira havia ficado mais fraca, conforme Shibaku se cansava. Foi apenas questão de tempo para que os hollows aniquilassem todos os shinigamis lá dentro. Ele tinha tentado acabar com todos, mas havia sido em vão. Ele havia perdido um braço na batalha, mas havia sobrevivido, graças ao sacrifício de seus companheiros. Ele se culpava por cada vida ali perdida. Mas ele não deixaria que isso acontecesse com seus melhores amigos. Ele os salvaria, ou morreria tentando.

Ele abriu os olhos e viu que estava num quarto de hospital. O cheiro de remédio e roupas limpas indicavam que era a sede do 4º Esquadrão. Reconheceu o rosto do tenente, Seinosuke Yamada, que anotava suas condições numa espécie de prancheta.

- Oh – Ele disse, sem expressar muita surpresa – Finalmente acordou... Só um instante – Ele limpou a garganta, gritando logo em seguida - CAPITÃ UNOHANAAAAAA! ELE ACORDOU!

            Shibaku sentiu uma dor de cabeça aguda, mas ele não conseguia falar direito. Possivelmente estava sob o efeito de drogas medicinais. A capitã entrou no quarto poucos segundos depois. A enorme trança que caracterizava Unohana Retsu brilhava pálida com a luz da lua que entrava pela janela. O olhar sereno e tranquilo indicava que ela já esperava pela sua recuperação.

- Shibaku Dragoon – Ela falou, amavelmente – Bom ver que já despertou... Não vou enviar a notícia ainda, mas preciso fazer alguns exames. Tanto em você, quanto no outro.

            Shibaku olhou para o lado apenas para ver um Hotaru melancólico, sentado na cama. Ele parecia estar inteiro, porém, coberto de ferimentos. Sua cabeça estava quase totalmente enfaixada. Diferente do Hotaru que conhecia, aquele parecia mito mais mórbido. Shibaku só podia imaginar pelo quê ele havia passado.

            E Zenny... Bem, ele ainda estava acamado, também repleto de curativos e aquilo que Shibaku acreditou como sendo selos budistas de papel. Então a irmã dele esteve ali... Shibaku sorriu, triste.

- Capitã – Ele disse, quase num sussurro – Será que poderia chamar o Capitão Kyouraku? E eu gostaria de saber quanto tempo se passou desde que fomos trazidos pra cá...

- Cerca de um mês – Respondeu Seinosuke, rapidamente. O garoto apenas aparentava ser uma pessoa calma. No entanto, ele era praticamente o oposto. Shibaku sabia que ele tinha um irmão menor, ainda bebê, mas não sabia de mais nada sobre a vida do tenente – Cuidamos da maioria dos ferimentos de vocês, mas o maior problema era a falta de descanso, já que vocês passaram por todo aquele estresse durante a missão.

            Shibaku se lembrou do sonho que havia tido. Abaixou a cabeça, imaginando quantos amigos e familiares chorariam por aqueles que ficaram para trás.

- Agora não é hora pra chorar, Shibaku – A voz de Hotaru o cortou secamente, mas ele precisava daquilo. De fato, realmente não era hora de chorar pelos mortos. Ele precisava cumprir a sua missão – Chamem nossos superiores. Contaremos tudo o que aconteceu.

            Shibaku suspirou, mais calmo.

- Tenho todos os dados sobre o tempo que passamos no Hueco Mundo – Shibaku disse – Todos os detalhes. Tenho todos eles na minha cabeça.

            A capacidade de memorização de Shibaku era sua maior arma, se é que podia chama-la assim. Ele podia memorizar tudo aquilo que via, ouvia ou falava apenas uma única vez. Suas memórias nunca eram “substituídas” por novas, mas organizadas de forma que podia encontra-las tão rápido quanto um piscar de olhos. Suas notas na academia se davam principalmente a esse fato. Ele era um pesquisador, e tinha orgulho disso.

- Antes de tudo, preciso que estejam em melhores condições – Disse a capitã, num tom que não admitia discordância – Yamada, traga um pouco de comida e bebida para os cavalheiros. Para o senhor Ariato também...

            Seinosuke saiu do quarto, com o sorriso aparentemente cansado no rosto. Shibaku acabara de reparar nas olheiras debaixo de seus olhos. Ele havia passado tanto tempo acordado, imaginou. Quantos shinigamis no mesmo estado ele já havia visto?

- Como está o Zenny? – Shibaku perguntou, preocupado.

- Sem melhoras, até agora – Respondeu ela – Fizemos tudo o que pudemos. Limpamos e tratamos as feridas. Precisamos amputar ambos os braços e pernas, para evitar doenças piores... Em suma, ele nunca mais poderá ser um shinigami. Isso se acordar.

- Lamento me intrometer – Disse, Urahara, entrando pela janela. O vento da noite fez a pele de Shibaku se eriçar – Mas essa afirmativa não poderia ser mais falsa.

- Senhor Urahara – Unohana não estava surpresa. Shibaku sabia que ela era alguém difícil de impressionar – Baseado em quê você diz isso?

- Em uma nova pesquisa que venho desenvolvendo – Disse ele, com um sorriso besta no rosto – Eu estava mesmo precisando de uma cobaia, e ouvi-la dizer isso em voz alta me deixou animado hahaha!

            Unohana sorriu pacientemente.

- Se obtiver a permissão da família e me garantir que não fará nada que prejudique a moral da Soul Society, então ficarei feliz em lhe ceder o paciente – Ela disse, seriamente, desta vez – Entretanto, se eu souber que você fez algo que eu não aprovaria...

- Não se preocupe, meu maior objetivo é ajudar o rapaz – Urahara olhou para Shibaku, mirando seu braço. Shibaku retribuiu o olhar – Oh, olá, Shibaku. Talvez você possa me ajudar, também...

- Mas o quê...?!

- Não se preocupe! Não se preocupe! Vai dar tudo certo hahaha!

            Seinosuke voltou com uma bandeja repleta de frutas e pão. Havia também água, leite e saquê e chá, para os convidados.

- Senhor Urahara, peça para seu colega entrar também – Unohana pediu, sentando-se – Vamos todos aproveitar um pouco desta linda noite com nosso amigo recém-acordado.

            Urahara sorriu, fazendo sinal para alguém. Um homem alto de longos cabelos azuis e com roupas negras de shinigami entrou no quarto. Não parecia uma pessoa normal, pelo menos não para Shibaku. Ele estava com uma faixa no braço, aparentemente quebrado. Diferentemente de Urahara, ele não sorria. De toda forma, Shibaku não sabia se gostaria de vê-lo sorrir.

- Ficamos pouco tempo no Hueco Mundo – Observou Shibaku – Cerca de um ano e meio... Mas não me lembro deste shinigami... Também não me lembro de vê-lo com o manto de Capitão, Kisuke Urahara – Disse, olhando diretamente nos olhos do recém-capitão, que riu.

- Muita coisa aconteceu nesse pequeno espaço de tempo... – Urahara se sentou, pegando a garrafa de saquê e servindo um pouco ao colega – Este jovem se chama Ichiyo Kurotsuchi.

- É parente aquele homem que está na prisão?

- Sim – Disse uma voz que Shibaku reconheceu imediatamente. Hiyo estava ali, juntamente com a Capitã Yoruichi Shihouin. Ele parecia mais maduro e, para Shibaku, até um pouco mais forte – Ele é “filho” de Mayuri Kurotsuchi, atualmente preso numa cela bem baixa no Ninho.

- Ohh... – Hotaru sorriu ao ver o garoto. Shibaku sabia que aqueles dividiam uma pequena rivalidade, mas sem muitos detalhes – Eu não esperava ver esse cara vestindo esse uniforme tão cedo... Está ocupando que posição? 13º? Não, você é forte... Talvez o 8º posto?

            Yoruichi passou o braço pelo pescoço de Hiyo, pressionando o rosto de Hiyo contra seu seio. Hotaru parecia sentir inveja. Shibaku sorriu levemente. Algumas coisas continuavam normais...

- Ele é meu novo 3º oficial – Yoruichi disse, fazendo Shibaku e Hotaru se surpreenderem – Ele foi escolhido por Kisuke, quando se tornou Capitão do 12º Esquadrão.

- Quer dizer que a Hikifune... – Shibaku temia pelo pior. Hikifune fora uma grande inspiração para Shibaku, que se aprofundou em diversas pesquisas envolvendo seus relatos sobre almas artificiais.

- Ela foi promovida ao Esquadrão Zero – Disse o Capitão Kyouraku, que também acabava de entrar. A sala começava a ficar pequena demais...

- C-Capitão! – Shibaku tentou levantar, mas Unohana o empurrou gentilmente de volta para a cama.

- Paciência, meu jovem – Ela disse, naquele tom calmo de sempre – Vou deixar que conversem sozinhos. Se precisarem de qualquer coisa, me avisem.

- Nós avisaremos – Disse Yoruichi.

- Que bom que estão vivos – Disse Kyouraku, quando Unohana deixou a sala, junta de Seinosuke – Poderia me contar em detalhes o que aconteceu na expedição?

- É uma história bastante longa... – Disse Shibaku – Precisaremos que alguém escreva o relatório daquilo que vou falar...

- Não se preocupe com isso – Disse o rapaz chamado Ichiyo num tom orgulhoso do qual Shibaku não gostou muito – Tudo aquilo que você falar ficará na minha memória. Posso transcrever depois, se assim desejar.

- Faça como quiser – Shibaku respondeu, imediatamente começando a contar toda a história, desde a chegada turbulenta, até o último dia de expedição, quando tudo deu errado - ...Tentamos nos defender o melhor que pudemos, mas os hollows ficaram cada vez mais irritados e começaram a aparecer aos montes...

- Assim como naquele incidente de três anos atrás? – Perguntou Kyouraku – Naquela época parecia que os hollows estavam bem mais coordenados que o normal...

- Exato – Continuou Shibaku – Eu senti como se houvesse algo ali que atraia os hollows. Tentei procurar enquanto fugia, mas o caos era tanto, que não encontrei nada além de sangue e corpos mutilados. Eu não conseguiria dar conta de tantos – Shibaku disse, com a voz pesada. Ele segurou o lençol com força, como se apenas lembrar já fosse um grande sofrimento para ele. Lentamente, ele se acalmou – Fiz o que achei mais lógico e deixei todos eles para trás.

            Shibaku sentiu o peso dos olhares de todos ali. Sua atitude era inexplicável, diante de tudo aquilo que a Soul Society significava.

- Pelo menos vocês voltaram vivos – Disse Hiyo, pela primeira vez. A voz do garoto soava mais madura do que ele se lembrava – Poderia ter sido uma perda de 100%, mas vocês voltaram, e isso já é uma pequena vitória.

- Vitória? – Ironizou Hotaru – Voltar inteiro depois de derrotar o inimigo e beber litros de saquê. Isso é uma vitória. Nós fomos completamente derrotados – O olhar dele era duro como pedra, mesmo assim, Hiyo não desviou o olhar – Nós quase não saímos vivos daquela porra de lugar... Zenny está num estado deplorável porque não pudemos fazer nada a respeito. Ei, Hiyo... Como poderei olhar no rosto da Mei depois de conquistar essa “vitória”? Nós só voltamos porque aqueles malditos nos queriam fora de seu mundo... Isso é uma “vitória”? Se for, eu estou muito mal informado do significado...

- Cale a boca – Disse Yoruichi, secamente – Você desistiu apenas porquê uma missão de reconhecimento falhou? Heh! Você é ainda mais incompetente do que eu esperava... Vocês voltaram vivos com informações valiosas sobre o inimigo. Tendo sucesso ou não, esta é uma ocasião para comemorar. Lamentaremos a morte de nossos companheiros caídos em outro momento, mas agora é hora de se alegrar com aqueles que voltaram!

- Não adianta nada eu voltar sem que nenhum deles esteja mais vivo! Eu perdi! Quebrei meus votos de proteger aqueles que eu havia jurado proteger...

- Então refaça os votos e fique mais forte, seu idiota! – Gritou Hiyo. O garoto parecia mais frustrado do que furioso. Shibaku se lembrou da história do garoto... Ele também havia falhado em proteger as pessoas queridas para ele – Se a sua força não foi o suficiente antes, então faça-a ser suficiente agora! Ficar se lamentando não vai trazer os mortos de volta, mas trará desonra para as vidas que sacrificaram... Se está com raiva, então fique mais forte e não perca mais ninguém – Ele saiu, sem olhar para trás.

            Shibaku prestou atenção em tudo aquilo. Mesmo depois de um fracasso, a vida ainda era a vida. Ele estava desonrando seus camaradas pensando daquele jeito. “Fuja, Shibaku!”, gritavam seus companheiros, durante o ataque. “Pelo menos você deve sobreviver para entregar o relatório!”. Ele sentiu algumas lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Ele cumpriria seu dever. Por eles.

- Depois que tudo isso aconteceu, eu deixei a barreira para ir atrás de Hotaru, enquanto carregava Zenny, quase morto. Ao chegar lá, a batalha já havia terminado, e Hotaru... – Ele olhou para o amigo, que estava com a cabeça baixa, com olhos injetados, de ódio – Logo em seguida eu tentei um confronto, mas fui surpreendido por outro inimigo, que se identificou como “Shark”. Perdi a consciência algum tempo após o ataque, mas tratei de tomar cuidado para que não descobrissem que ainda estava vivo – Shibaku levantou a manga da roupa de hospital, revelando o braço quebrado, repleto de cortes – Usei meu poder espiritual para bloquear parcialmente as veias do meu corpo, diminuindo drasticamente meus batimentos cardíacos... Foi um processo arriscado, mas consegui algumas informações sobre o que eles planejam...

- Você ouviu alguma coisa importante durante esse período de tempo? – Questionou Kyouraku – Qualquer informação já basta.

- Sim – Shibaku respondeu – Eles falaram algo sobre “libertar os Quatro Onis presos no Inferno”, ou algo do tipo...

            O olhar de Kyouraku se tornou mais sombrio, assim como o de Yoruichi. O capitão ajeitou o chapéu, escondendo os olhos.

- Parece que as coisas vão ficar mais agitadas daqui pra frente, Yoruichi... – O Capitão olhou para o lado, onde Urahara ouvia, calado – O que acha disso, Capitão Urahara?

- Acho que o momento não poderia ser melhor para darmos um jeito de acordar o Zenny, não concorda, Shibaku? – Ele sorriu, e Shibaku sentiu um calafrio na espinha.



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