"Você me acorrentou ao seu amor, mas eu não mudaria. Não, eu não mudaria esse amor. Tentei destruir as correntes, mas as correntes é que me destroem."
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Ariel observava o rapaz conversando animadamente com uma mulher no bar. Ele parecia feliz e flertava com a garota, que corava só de olhar para a imensidão azul em seus olhos. Eles trocaram telefones e Niall se despediu e saiu do bar, caminhando pelas ruas silenciosas e sombrias. Um vento forte e frio balançava os fios loiros do rapaz. Ariel o seguiu sem que ele pudesse vê-la, o rapaz passou a caminhar mais rápido e logo ela o perdeu de vista, sendo assim ela vira uma esquina e some.
-Merda, o que é um anjo sem seus poderes!? Um mortal, claro. -Ela diz dando um tapa em sua testa. Ela olha para todos os lados, não havia ninguém nas ruas, ela caminha até um beco e se assusta quando um gato pula nas lixeiras. Ela coloca a mão no peito, ficando um pouco aliviada por ser só um gato. -
-É só um gato, Ariel. Você já foi mais corajosa. -Ela se tranquiliza, por pouco tempo, já que sente uma braço a prender por trás e tampa sua boca, antes que ela pudesse gritar. Seu corpo é arremessado na parede, sendo imprensado por outro de uma forma que Ariel não poderia se mover. Seu coração parou ao ver aquela imensidão azul a consumindo, célula por célula do seu corpo.
-Por que a garotinha está me seguindo? Achou que não iria perceber? O que você quer!? É de uma gangue? -Ele tira a mão da boca da menina, que não consegue formular uma palavra coerente ou uma desculpa.
-Anda, te fiz uma pergunta. -Ela nega com a cabeça.
-Então, por que estava me seguindo?
- Eu não estava te seguindo.
-Sério mesmo? Está pensando que eu sou um otário?
-É... -Ela tenta dizer algo, mas não consegue, ele estava perigosamente perto, seu cheiro a deixava tonta, seu corpo a imprensado daquela forma. Ela podia sentir seu hálito de hortelã pela proximidade. Ela queria beijá-lo, ela precisava sentir seus lábios. A menina se aproximou, fazendo seus lábios roçarem, mas alguém havia o puxado, afastando ele dela e o jogando no chão, fazendo o mesmo apagar. Ariel não teve muito tempo para pensar, tudo aconteceu em um segundo. O seu guarda-costas, implantado por Maya, já havia o jogado no chão e o apagado.
-O quê você fez? -Ariel se joga no chão, segurando sua cabeça em seu colo.
-A Maya sabia que você ia atrás desse mortal. -Ele diz com um olhar de advertência. -Nunca pensei que você quebraria as regras por um humano, ele fede a morte.
-Cala a boca, você nunca irá entender.
-Ariel, você que não entende! Acho que o tempo que passou com esse mortal acabou com sua capacidade de compreensão. E a propósito, ele vai ficar bem. Vai acordar com uma dorzinha de cabeça, mas nada além disso. -Ele disse. -Anjos são soldados, Ariel. Você mal consegue usar sua força, esse humano te deixa vulnerável. Se o ama como diz, sabe que está colocando não só sua vida em risco, mas a dele também. Deixe-o seguir sua vida... - Ele diz e abre suas enormes asas e some, deixando Ariel e Niall naquele beco escuro. A ruiva começou um choro silencioso, as lágrimas agora faziam parte de sua rotina. Ela o amava, tanto que fazia mal para os dois. Aquilo não podia acontecer, os dois eram o sinônimo do impossível. Então ela decidiu pôr um fim naquilo, precisava libertá-lo.
-Isso é para o seu bem. -Ariel se inclina e encosta seus lábios nos do loiro, dando lhe um selinho demorado. -Eu te amo muito, e é exatamente por isso que estou deixando você ir. Mas eu prometo que nunca vou te abandonar. -A garota arrasta ele para fora do beco, onde alguém o encontraria dentro de alguns minutos e ela iria embora assim que se certificasse de que isso aconteceu.
...
Era a segunda semana de outubro, as folhas das árvores caíam e o vento as soprava para longe. Katherine estava sentada próxima a janela e observava tudo da mesma, com as mãos sobre a barriga.
-Katherine, Harry está aqui. -Zayn gritou do andar de baixo.
-Estou indo. -Ela gritou de volta. -Vai com calma, meu amor. Assim você machuca a mamãe. -Ela diz baixo, sentindo uma pontada. Não se importando muito com a dor por ser sempre um alarme falso, ao tentar se levantar, sentiu uma pontada mais forte, como se ela pudesse ser rasgada ao meio. Juntamente com a dor, ela sentiu um líquido escorrer por suas pernas e então entrou em pânico.
-Merda, merda, merda. -Ela gritou.
-Katherine? -Zayn chamou e a garota ouviu passos pelas escadas e logo em seguida ele apareceu na porta. -Eu podia ter te levado ao banheiro.
-A bolsa estourou, seu idiota! -Ela grita estressada.
-Meu Deus. -O rapaz começa a andar em círculos, nervoso demais para pensar em qualquer coisa.
-Se a mocinha não se lembra, estou prestes a ter um bebê. -Ela fala.
-Tudo bem, calma. -Ele ajuda ela a levantar-se da cadeira com um pouco de dificuldade. -Harry, pegue o carro!
-O que houve? -Harry pergunta.
-A bolsa estourou!
-Meu Deus! -O rapaz grita. -Espero vocês na entrada. Zayn conduz ela até o andar de baixo devagar.
-Puta que pariu. -Katherine sentiu outra pontada fortíssima e apertou a mão de Zayn com tanta força que o fez gritar junto com ela. -Zayn, a bolsa está lá em cima.
-Ok, eu vou buscar. -Ele disse e subiu as escadas correndo. Harry entrou e caminhou com ela até o carro, a colocando no banco de trás.
...
Havia uma luz forte em seu rosto, Zayn segurava sua mão, incentivando-a. O suor escorria pelo seu rosto, ela percebe que nunca se sentiu tão nervosa antes. As contrações se tornavam mais insuportáveis.
-Respire fundo e faça força, Katherine. -A médica dava as instruções. -Alexia precisa de você. Katherine seguia o que ela falara, mas era como se duzentos ossos de seu corpo estivessem sendo quebrados. Aquilo era realmente difícil.
-Você consegue. -Zayn sussurrou no ouvido dela. Katherine faz bastante força, soltando um grito alto. Sua visão fica turva e então seu coração se amolece ao ouvir o chorinho de sua filha. Lágrimas de emoção escorrem de seus olhos. E então o médica leva a sua pequena até ela. Quando pôde pegar ela nos braços, percebeu que nunca tinha desfrutado de sentimento melhor.
-É a nossa filha. -Zayn fala impressionado, nunca prestigiou algo tão perfeito. Alexia era o fruto do amor deles. -Obrigado por me fazer o homem mais feliz desse mundo. -Ela sorri.
-Senhorita Katherine, precisamos levá-la agora. -Uma enfermeira pediu estendendo os braços, e agora Katherine tinha a completa certeza de que nunca queria deixá-la.
...
As máscaras caíram, as portas foram abertas. Havia uma história muito antiga, que fora passada de geração para geração. Diziam que um anjo havia se apaixonado por uma humana e desse amor nasceu uma linda garotinha. Mas ela não era apenas o fruto do amor proibido, era também o fruto de seus pecados. Por isso, essa criança ficou marcada e seus filhos e netos séculos a frente também. Marcas a penarem sobre a terra em busca de justiça, a toda alma que clame por guerra, se tornando assim guerreiros da justiça. Suas vidas seriam marcadas com sangue e mortes.
-Existem outros como ela? -Ariel pergunta a Maya, enquanto observava a menina no berço.
-Sim...
-Ela é tão pequena e inocente, não poderia fazer mal a alguém.
-Não ainda. Isso é uma guerra, Ariel. Não queira imaginar o que essa menina pode fazer se caso resolva seguir o outro lado.
-Cuidarei para que isso nunca aconteça.
-Eu espero. Ela foi escolhida...
-Para que?
-No momento certo você irá descobrir.
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