História Borboletas de asas amarelo-canário e seu viridário - A borboleta, uma ora-pro-nóbis e sua pequena Peiote.

Acordar com pesos macios e quentinhos sobre o corpo quase o sufocando já era algo comum no dia-a-dia de Yeosang.

Ao erguer o quanto pôde no meio daquele abraço desajeitado, Kang pôde reconhecer os membros que imobilizavam-no. Wooyoung assemelhasse a um ursinho de pelúcia agarrado em sua cintura, ao mesmo tempo em que San parecia se esquecer da presença dos outros dois, encolhendo-se no canto da cama com uma das pernas pendurada para fora desta.

Foi difícil se desvincular dos braços fortes, mas Yeosang nem sentia necessidade de reclamar, afinal, tinha escolhido aquele caminho justamente por motivos simplórios em comum, especialmente quando podia tê-los todos os dias do mesmo jeitinho.

Depois de um banho, Yeosang pôs-se a preparar um café da manhã rápido. Não costumavam tomar café juntos durante a semana. Wooyoung sempre acordava atrasado por insistir em permanecer na cama até o último segundo possível, enquanto San saía bem cedo pois era responsável por abrir a academia na qual trabalhava, e Yeosang tomava seu chá logo cedo enquanto regava suas plantas que ocupavam boa parte do jardim, ao lado de uma pequena horta. Mas quando tinham oportunidade, como naquele sábado em que nenhum deles iria trabalhar, Kang ainda era o primeiro a levantar, preparava a mesa do café e seguia para o jardim, regando e conversando com suas plantinhas enquanto os outros dois não acordavam para fazerem a refeição juntos.

Olhando para as pétalas miúdas e as folhas em diversos tons de verde parecendo mais brilhantes a cada gota que caía do pequeno regador, Yeosang não pôde deixar de pensar em seus namorados e em tudo que haviam passado antes de chegarem a onde estavam.

Wooyoung era semelhante a sua ora-pro-nóbis; perene, cheio de utilidades, portador tanto da luz quanto da escuridão de acordo com seus dias, um pouco resistente, espinhento de longe e macio ao toque, o tipo de equilíbrio que satisfazia o Kang de forma inigualável. Ele era uma fonte de energia e nutrientes para os dias de seus namorados.

Já San, Yeosang adorava compará-lo a uma pequena Peiote; um cacto sem espinhos que à primeira vista mostrava-se forte e um pouco deprimido no ápice de seu corpo forte e cheio de cores fortes, talvez insensível, mas na verdade não passava de um filhotinho manhoso, pois – como a Peiote que esconde suas flores por um longo tempo – ele apenas estava impedindo que as pessoas que estivessem de passagem vissem seu interior. E como a planta, San vivia em altas temperaturas – não literalmente – mas Yeosang adorava abraçá-lo quando estava com frio, pois nem mesmo o vento gélido parecia afetar a temperatura daquela pele macia. Todas as características derivaram de longos anos sendo oprimido e adaptado para e pelo mundo que não enxergava a beleza de seus detalhes minuciosos.

Mas Wooyoung viu, Yeosang cuidou e San aceitou.

Quando perguntaram-lhe sobre ter dois namorados, como se fosse a coisa mais peculiar de todo o mundo, Yeosang não pensou muito antes de devolver a pergunta com outra: "No seu jardim há apenas uma flor?"

E quando era questionado sobre a forma que se sentia ao ver seus namorados trocando carícias, ou apenas ao saber que enquanto estava preso no trabalho aos sábados, os dois estavam a sós em sua casa, Yeosang questionou sobre como ela se sentia em relação as borboletas que pousavam em cada uma das flores sem se preocupar com em quantas outras tinha feito o mesmo, até mesmo os beija-flores ou as abelhas.

Yeosang os enxergava com belas flores que necessitavam de cuidado e cultivava seu relacionamento como se cuidasse de seu jardim com adubo - confiança -, água - transparência, sinceridade - e a luz do sol - amor.