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História Borderline - Afável


Escrita por: hawrdy

Notas do Autor


Olha só quem apareceu quase quatro meses depois, exatamente eu! Só quero lembrar que esse título ("Afável") não é aleatório. Leiam e descobrirão que há um motivo para isso (hehe).

Apenas lembrando que esse deve ser o capítulo mais falsiane de todo o Wattpad/Social Spirit! (Risos). Sim, estou brincando. É óbvio que Everdeen é sempre sincera e verdadeira.

E Muito obrigado por esse incrível feedback que a história está tendo!

E pela minha mãe.
Pela minha família.
Pelo meu cachorro cego.
Pelo meu primo distante de quarto grau.
Pelas tias da cantina.
Por Darth Vader.
Por Esparta.
Eu voto sim!

✸ Boa leitura ✸

Capítulo 7 - Afável


Fanfic / Fanfiction Borderline - Afável

 Capítulo 07 ― Afável!

 "Sentado em um canto eu me encanto com as lembranças de um passado não tão distante e caio aos prantos" - Guilherme Conti

 

Everdeen – Point of View

Guerra do tempo.

― Você até que parece ser uma pessoa legal, mas não sou eu quem faz as regras. Até ― digo para a árvore e atiro a flecha em sua testa, bem entre os olhos, da garota e do Dalek.

E naquele momento sinto uma dor inexplicável e tudo fica escuro.

Por causa da claridade acabo abrindo os olhos, com um pouco de dificuldade, minhas mãos estão atadas para baixo da mesa, os tubos de volta dos meus braços. Eu consigo abrir os meus olhos e erguer lentamente e mexer um pouco a cabeça. Eu estou em uma sala espaçosa branca com teto baixo e luz prateada consideralmente irritante para meus olhos. Há duas fileiras de camas de frente uma para as outras, com o que consegui contar, havia seis camas. Eu posso ouvir as respirações e suponho que sejam dos meus colegas. Diretamente ao meu lado, eu vejo Mestre com cerca de dez maquinas diferentes ligadas a ele, mas ele não está morto? Quer dizer ele não estava? Observo pelo monitor as marcações cardíacas que parecia no monitor e logo as mesmas começam falhar! Só vamos morrer! Minha mente e consciência parecem que elas entram em um acordo, pois gritam para mim! Eu bato minha cabeça para trás agitada tentando me livrar daquela mesa e desmaio novamente.

Quando finalmente consigo acordar, as restrições foram retiradas. Eu me esforço para levantar e ficar sentada sobre a mesa que era confortável agora. Meu braço direito estava enfaixado e me questiono por quê? A ferida ao era tão grande assim...

Quem quero enganar? Se não fosse por aqueles timelords e os médicos – que me trataram - eu estaria morta nesse exato momento!

Estava nua, quer dizer... a camisola fina era o único pedaço de pano que tinha em mim. Não tinha algum guarda ou criatura na porta, me questiono porque! Principalmente se aqui era a área hospitalar – pelo menos aparentava.

Rastejo pelo único corredor, estreito para a porta de metal que estava entreaberta. Havia alguém atrás dela, pego a seringa mais próxima e seguro na minha mão. Espremendo-me contra a porta de forma delicada e escuto as vozes do outro lado.

― Ele fugiu! Não vamos consegui falar com ele! ... Logo, ela não vai está entre nós!

A voz era familiar, masculina e grave, parecia ser a voz do meu pai ... Eu acho, embora eu tenha apenas falado com ele antes de ser acertada por uma arma dalek, outra voz rouca começa sair de lá.

― Não creio que ele fez isso! Principalmente para ela, se ele soubesse o que acabou de acontecer com ela! Então a única saída é trazer Rassilon! – Era a voz de Andro, eu reconheceria em qualquer lugar.

Quem diabos é Rassilon? Bateu até vergonha de não saber quem é o cara...

Andro, o que Andro fazia aqui? Minha mente fazia um esforço para entender ou pelo menos aquela conversar parecer com sentido, do fato que ela está ocorrendo entre meu pai e Andro. Andro é tão... Próximo do presidente e queridinho pela April. O que meu pai está planejando? Sem duvida é algo pesado com desespero.

- Não seja estúpido! Você está praticamente anunciando a sentencia de morte de vários! Essa é pior coisa que poderia fazer, buscar sua morte com certeza seria melhor que trazê-lo de volta! Enquanto você estiver vivo, eles vão mantê-la viva como isca! – Era meu pai, definitivamente e tudo fazia sentido, April tinha sido capturada por Daleks e sem duvida Andro tentaria salvá-la, ah que lindo...

Bato na porta e adentro na sala. Meu pai, Andro e o Darker estavam sentado entorno de uma mesa. A luz do dia adentrava por todas as janelas e de longe eu vejo o topo das árvores. Estávamos voando.

― Terminou de bater em si mesma, Lady? – Diz Darker, dava para perceber que estava incomodado.

Mas como me inclino para ele, ele se aproxima e pega meus pulsos, equilibrando-me. Ele olha para minha mão.

― Querida você e mais uma seringa contra uma frota de dalek? Veja é por isso que ninguém a deixa fazer planos! – Diz meu pai.

Encaro-o sem compreender.

― É lerda mesmo! – Foi à vez de Adro dizer algo e riu.

Quebra de tempo

A sala estava em alvoroço, nenhum sabia o que exatamente fazer, o doutor tinha deixado uma mensagem "nunca mais", o que significa? E todos olhavam para mim como se eu realmente soubesse a resposta como das outras vezes, mas dessa vez eu fazia a mínima ideia do que passa na cabeça daquele louco.

― Seremos atacados! – Gritou Baals.

― Como será que ele conseguiu uma informação dessa?

― Por que confiar nele? Ele traiu todos!

― Como você sabe criatura?

Baals fecha o punho e fecha os olhos, estava frustrado!

― Ele voltou por nós, ele deve está lutando lá fora sozinho em quanto vocês questionam! Ah Everdeen dá uma ajuda!

E todos os olhares caíram sobre mim.

― Ela vai concordar só porque é marido dela! ― Alguém falou, ao ouvir isso macho em direção á pessoa, agarro pela gola da camisa e facilmente consigo ver que era um timelord, sem duvida era uma nova regeneração, dava para sentir as partículas da regeneração em seu traje.

― Está com medo! ― Minha voz saiu um pouco alterada.

Ele suava frio.

― Não me venha com essa, seu idiota. Sabe de uma coisa? De todas essas pessoas desprezíveis e estúpidas daqui, é você que eu mais odeio ― Cuspo, apontando o indicador acusadoramente no peito do "colega" antes de agarra-lo mais uma vez. ― E não me olhe com essa cara de otário, seu bostinha. E eu espero que você esteja bem longe da base quando eu voltar, sacou? Porque se eu te encontrar, vai desejar não ter nascido ― E o solto fazendo que ele caísse no chão – Eu concordo, não sei de onde diabos ele conseguiu essa informação, mas se o Baals acredita nele, eu acredito também!

― Vocês não o conhece, nem cinco por cento do doutor! ― Complementou Baals ― Nós o conhecemos! Vamos preparem os moradores! – E naquele exato momento recebemos vários pedidos de socorro vindo de várias bases, aliadas e bases do governo.

Mordo meu lábio inferior na tentativa de conter toda minha raiva juntamente fechando meus punhos, como eles conseguiam ser tão, tão, tão frios? Ouvíamos alto e em bom som, os gritos agonizante e de dor dos outros, a voz metálica e "robótica" dos daleks "Exterminar" e a frase que se repetia a todo o momento, "Cadê o doutor?". Aquilo era demais, eu tinha tirar todos dali o mais rápido o possível qualquer hora poderíamos ser invadidos pelos Daleks e seus aliados.

Dias depois

BURRA, BURRA, BURRA!

Como pude ser tão estúpida? Uma completa idiota! Acontece que eu estava tão absorta, tão concentrada no combate acontecendo no Drylands – não é todo dia que vimos os Silêncios e os Daleks num combate tão "amigável" - , que simplesmente esqueci-me de algo muito importante: Doutor, Daleks, os Daleks estavam me caçando viva e minha missão principal era achar água.

 

 E se o Doutor e os seus amados humanos ainda vivem, é quase certo que estejam metidos em uma aliança para acabar de uma vez de todas á com a guerra nem que isso significasse a morte de todos. Não é difícil descobrir a estratégia deles ― um surrupiaria os suprimentos do banquete enquanto o outro daria cobertura na orla da clareira. Simples e fácil.

E além disso eu conheço meu marido.

Mas naquele exato momento teria que me preocupar com outra coisa: Timelords e TimeLadys muitos ultimamente se renderam e estão lutando contra nós e então qualquer um era inimigo.

A região não é imensa, mas tem uma boa extensão. Assim, há muitos lugares para o aliado dos Daleks apenas esperando para surgir se necessário. Entretanto, seja uma coincidência ou o destino rindo da minha cara – ou o universo, dizendo "Eu vou fude com a sua vida" como de costume -, o sujeito optou logo pela área sul do descampado, onde eu estou. Pergunto-me se realmente existe algo chamado sorte.

O Timelord provavelmente um 4 arqueia uma sobrancelha, o ar divertido e malicioso no rosto. Ele tem as mesmas características que a maioria dos Abydos do 4 têm ― alto, magro, forte e bronzeado. Seu cabelo naturalmente encaracolado encontra-se desgrenhado pelos longos dias sem pentear. O garoto segura uma espécie de espada de duas pontas que, assim como o nome deixa claro, tem duas lâminas afiadíssimas, uma em cada extremo.

― Você parece estar meio cansada, Paige! Não quer sentar um pouco? ― Ele pergunta em tom cortês com uma leve sotaque holandês na voz, da época medieval se não me engano, como se não estivesse pensando em me matar. Um perfeito cavalheiro de armadura brilhante.

― Everdeen ― Digo antes de controlar a língua e tentando não acertar o machado na cara do infeliz ― Meu nome.

Ele franze o cenho, confuso.

― Everdeen? Hum, vocês do 12 tem um gosto questionável para nomes, se me permite dizer. Ainda prefiro Paige ― O garoto solta um risinho seco que sinceramente se eu pudesse criava um buraco negro apenas para jogá-lo lá ―Afável . Esse é o seu significado em uma língua muito antiga que você nunca deve ter ouvido falar. Combina com você. ― O tributo rodopia a espada de duas pontas lentamente apenas com o polegar e o indicador, demonstrando a habilidade de quem passou anos praticando com a arma. ― Eu sou Feste Breckinridge, Casta 4, mas imagino que você já saiba, certo?

Errado!

Feste anda em minha direção e instintivamente dou alguns passos para trás. Minhas costas batem no tronco duro da faia que eu usava como esconderijo até um minuto atrás. Não há como fugir. Além do mais, essa é uma coisa que não penso em fazer.

Atrás de mim ouço o ruído do choque de metal contra metal, October enfrentando um soldado da capital no ágape. Se estiver curioso para saber o que está acontecendo com sua parceira de crime, caro Feste não demonstra, pois não tira os olhos de mim.

― Você realmente parece ser uma boa pessoa, Everdden! Mas você sabe o que eles esperam que eu faça, não sabe? Torço para que entenda que a culpa não é minha, mas sua por ter vindo aqui! Bom, não aqui nos Jogos, mas aqui no banquete, sacou? Hum, deixa para lá! Você não parece ser burra. Deve ter entendido! Ah soube que seu marido fugiu, deveria ter fugido com ele!

Ele dá mais um passo em minha direção e para. Logo percebo que o idiota tem a mania de andar enquanto fala. O Abydo está a dois metros de distância. Meus machados estão prontos, em mãos, mas sei que se eu tentar atacar agora, sua espada de duas pontas, que é bem mais longa que o alcance de minhas armas, me decapitará em meio segundo. Preciso dele perto de mim, sentir sua respiração em minha pele. Terei apenas uma única chance.

Ignoro o coração martelando em meu peito e engulo em seco.

― Mas você não precisa fazer isso ― Digo sem convicção, embora saiba perfeitamente que ele necessita disso,ele era um 4 e de onde vinha os soldados ? 4, eram orgulhosos e preconceituosos com os outros principalmente os que eram de castas menores, eu podia ver em seus olhos que ele estava desejando me matar ― Por favor, não me mate.

Assim que eu me tornar sobrevivente, acho que escolherei atuação como talento. Porque, modéstia à parte, eu sou muito boa nesse lance. As lágrimas e o choro saem de mim com tanta naturalidade que estou quase começando a acreditar em minha própria mentira.

Mais dois passos. Falta pouco. Tão pouco...

― Ah, eu preciso sim! Você sabe que eu preciso se quiser voltar para casa ou encontrar o doutor

O que o doutor tinha haver com isso?

Um passo mais perto. Feste alisa a lâmina de sua arma com o polegar. Por um instante a espada posiciona-se de maneira que reflete a luz do crepúsculo em meu rosto.

― E o que vai fazer com sua parceira? ― Questiono mesmo sabendo a resposta, cerrando os dedos em meus machados. Feste parece ignorar completamente as armas em minhas mãos.

― O que tem que ser feito! Matá-la! Mas garanto que sentirei falta de Oc depois disso ― o carreirista comenta enquanto chega ainda mais perto de mim. Dois metros de distância, no máximo. Ele suspira e franze o cenho. ― Você é realmente inofensiva, não? Andro e o Dereck disseram para nós tomarmos cuidado com você, que você podia estar armando algo, mas olhe só, tão inocente, tão afável e acima de tudo tão desprotegida, mesmo com dois macha...

Subitamente os olhos de Feste Breckinridge arregalam-se como se tivesse lembrando-se de algo ou acabado de notar ambos os machados em minhas mãos. Não resisto e solto um sorrisinho travesso quando o 4 atrapalha-se ao andar para trás e erguer a arma em defesa. É tarde demais.

Em um golpe, traço uma linha horizontal com a lâmina do machado, mirando no belo pescoço bronzeado do inimigo. Nesse exato segundo ele consegue virar-se para correr e abrir distância entre nós, sendo que a vantagem principal da espada de duas pontas é o alcance. Posso ter errado o alvo, mas enterro a cunha bem entre as omoplatas do adversário, que cai ao chão automaticamente.

O golpe não é o suficiente para que ele morra, mas deixa-o bastante debilitado. Chuto as espadas para longe de suas mãos, fazendo-as voar longe. O Abydo tenta se levantar e revidar comigo de qualquer forma, mas os braços cedem sobre o peso do corpo. O máximo que consegue é rolar no chão para encarar-me. Um filete de sangue escorre por seus lábios entreabertos.

Sei que deveria sentir pena por ele e medo por mim, mas a única sensação que me preenche é o mais puro e líquido ódio fervendo em minhas veias.

Inofensiva e inocente,foi disso que ele me chamou. Inofensiva. Inocente. Afável. Estas são coisas que não sou há muito tempo. E mostrarei a ele do que sou feita.

― Adivinha só? Seu mentor estava certo. Você deveria ter tomado cuidado, seu merdinha. Mas, claro, você foi burro demais para ouvir, não é? Você não prestou atenção no meu nome? Everdeen?― Digo em tom ríspido e faço uma pequena pausa, talvez esperando que ele implore por piedade ou algo do gênero.

Como resposta, Feste fecha os lábios com esforço e junta uma pequena quantidade de saliva e sangue. Eu acho que o cuspe deveria ter atingido meu rosto, mas o máximo que o 4 consegue é fazer uma baba cor-de-rosa escorrer pelo queixo.

Veremos se você ainda me achará afável depois disso.

― Pois bem. Está na hora de pagar pela burrice, Feste Breckinridge

Ergo um dos machados acima dos ombros e, antes que mude de ideia ou a raiva se condense, desço a lâmina com força contra a garganta bronzeada do tributo, separando-lhe a cabeça do corpo. E um grito robotizado soa. No mesmo instante, o membro decapitado rola até meus pés, os olhos vidrados. Mortos.

Encaro o fluxo constante de sangue que escorre do corte no pescoço. É estranho, mas eu não tenho a ânsia de vômito ou a culpa que senti pela garota que matei um dia atrás. Há apenas um vazio no peito, seco. Estou mudada, sei disso. Mas a verdade é que me sinto diferente desde o instante em que coloquei meus pés aqui fora, quando sai do abrigo.

Com as mãos suadas, coloco mais força no aperto dos machados para que não escorreguem por entre meus dedos. Respiro fundo uma, duas, três vezes. Não preciso olhar para o ágape para saber que October já acabou com o soldado, mas mesmo assim o faço.

Não sei o que aconteceu durante o tempo que eu demorei em lidar com o Abydo do 4, mas a Olyesti se transformou. À luz do sol poente, as flores, antes brancas com miolos amarelos, estão salpicadas de um vermelho-vivo ou um roxo-negro. A visão deveria ser grotesca e repulsiva, sei disso, mas encaro o quadro e noto uma certa beleza intangível, hipnotizada. Tão bonito. Tão singular. O corpo do inimigo de October está oculto pelas margaridas – que estavam da mesma cor que da Terra - enquanto a própria Abydo respira ofegante, as mãos manchadas de sangue.

Pergunto-me se eu conseguiria matá-la agora, uma vez que October encontra-se exausta após matar dois Timelords – ou mais. Em comparação, eu estou cheia de energia. Foi fácil eliminar seu amigo de casta. É nesse exato momento que os olhos da lady encontram os meus. Sua boca abre-se em uma exclamação de descrença quando percebe quem está aos meus pés.

― Sim, otária, eu o mate! ― Gritei.

Não sei se é realmente eu ou se é a guerra tomando conta de mim, mas sinto-me deliciosamente satisfeita diante de toda a situação. Para provocá-la, chuto a cabeça de Feste para o lado, um sorrisinho psicopata estampado no rosto.

Venha me pegar.

October solta um ruído que vem da garganta e logo se transforma em um grito brutal de ódio destilado. Ela tira a mochila cheia das costas, jogando-a sobre as margaridas. Segura o tridente com ambas as mãos e o chicote e corre, avançando em minha direção com um único objetivo estampado nos olhos faiscantes: matar-me.

Dou alguns passos para o lado, afastando-me do corpo de Feste. Paro. Respiro fundo. A Abydo se aproxima tão imponente quanto a locomotiva que me levou da casta 12 para a Academia. Estico os braços como se fosse um pássaro prestes a levantar voo, um machado em cada mão. Deslizo os pés alguns centímetros para ter um bom apoio. Espero.

Conforme ela corre, tenho a impressão que October pretende me atropelar em um belo ataque frontal. Aguardo a Abydo estar bem perto de mim para fazer o primeiro movimento. Tem que ser perfeito.

Um dos passatempos favoritos dos senhores do tempo do 12 é um jogo criado para os dias tediosos após o expediente. Nem todos participam. Nós nos esgueiramos por ruelas completamente abandonadas até chegarmos atrás da Aldeia Arcádia, onde há uma pequena floresta de olmos. O jogo funciona assim: você tem que lançar seu machado o melhor que puder e torcer para que ele finque-se no tronco. Os pontos são contados a partir da distância do lançamento e precisão do impacto. No time das mulheres, sempre fico em quarto lugar.

É exatamente assim que pretendo matar October, uma lâmina voadora cravada entre os olhos. Então, finalmente, ela está no ponto exato para o golpe. Não penso duas vezes. Movo o braço direito para trás e lanço-o para frente como se fosse um chicote, soltando o machado uma fração de segundo depois. Não há tempo para torcer ou questionar meus métodos, apenas observar o borrão que a arma é, rodopiando.

No último instante, October ergue o tridente. O machado choca-se com o metal dourado e ouço um ruído metálico agudo. Um piscar de olhos depois, minha preciosa arma cai ao chão, inútil. Até parece que ela estava esperando por isso. É tarde demais. Ela está bem em cima de mim, os olhos castanhos fechados em fendas.

Ergo o segundo machado na esperança da Abydo cometer um deslize e deixar uma brecha para eu agir. Infelizmente ela deve ter calculado cada movimento. Estou perdida. Morta. Ferrada.

Então ela tropeça e cai violentamente de encontro ao chão, rolando algumas vezes. Incrédula, sinto que deixei algo passar. Afinal, da forma que conheço October ela não é a tipo de TimeLady desastrada que pisa nos próprios pés. Analiso a cena rapidamente enquanto a Abydo tenta se levantar, tonta demais para obter sucesso imediato. É quando percebo.

Enrolado no calcanhar dela encontra-se a cauda de uma serpente negra e magra. Não. Estou errada. Não é uma cobra, mas, sim, a ponta de chicote. Acompanho a extensão da arma até notar o par de mãos delgadas que a segura. A pessoa que me encara, um sorrisinho convencido no rosto, é ninguém menos que Trixie Cooper, a garota da pele manchada da Casta 10.

Sinto meus membros retesarem, certa de que Trixie Cooper pretende enrolar seu chicote de couro envolta do meu pescoço e estrangular-me. Entretanto o golpe não vem. Muito pelo contrário ― a garota não faz qualquer tipo de menção ofensiva.

Ela arqueia os lábios em um sorriso desconfiado que não chega aos olhos. A criatura do sexo feminino da casta 10 mudou poucas coisas desde a última vez em que a vi, quase duas semanas atrás. O corpo esguio aparenta estar ligeiramente mais magro do que antes, assim como os olhos mais encovados e destacados por olheiras arroxeadas. A pele parda não está mais corrigida uniformemente pela maquiagem ― as manchas branco-leitosas salpicando braços, mãos e parte do rosto. Com exceção do chicote, a garota carrega absolutamente nada.

Ela aproxima-se alguns passos e eu ergo ambos os machados em um claro sinal de hostilidade, pronta para atacar. Imediatamente Trixie para e estende as mãos para cima como se rendesse, mas sem soltar o cabo duro de couro do chicote.

― Ei! Calma aí. Venho em paz, Everdeen! ― Ela diz e volta a avançar, de repente adquirindo uma confiança esmagadora.

Presente.

Olho-me no espelho e tenho que confessar que Jenny fez um ótimo trabalho ― embora ainda continue a odiando as roupas que ela tinha me feito provar. Ao ver meu reflexo, a primeira palavra que vem na minha cabeça é: importante. Estou usando um vestido vermelho-sangue levemente rodado que chega até chão e pedrinhas vermelhas que brilhavam em quando eu me movimentava. Ele não tem mangas, um decote preservador nas costas na altura da cintura. O cabelo foi partido ao meio e presos atrás. Minha pele está lisa e macia, sem falhas. Sou uma bonequinha de Gallifrey, seria o que meus amigos me diria naquele momento. Algo me diz que há um dedo de April nesse meu visual, talvez eu esteja parecida um pouco com ela. A única coisa que me incomoda é a escolha dos calçados: Um par de saltos vermelhos com as pequenas pedrinhas, que julgo serem "rubis".

― Oh, você está deslumbrante ― Jenny exclama quase dando tapinhas nas próprias costas, se autoparabenizando.

Ela tem razão. Eu estou bonita. Desejável.

Viro para encará-la e vejo com um belo vestido azul-celeste rodado que chega até pouco abaixo dos joelhos. Ele tem mangas curtas, um decote preservador e um laço ligeiramente mais escuro nas costas na altura da cintura. O cabelo foi partido ao meio e presos com fitas turquesa e um par brilhante de sapatinhos com pedrinhas vermelhas encostadas.

Praticamente ela me arrasta do quarto até as escadas que nos levaria até o salão principal. Durante o percurso das escadas, Jenny não parava de tagarelar sobre os fatos que contei sobre a guerra. Quando podemos finalmente ser "notadas" creio que a maioria dos olhares caiem sobre nós provavelmente por causa da coragem nossa de usar um vestido desse que é tão "julgar".

Uma voz feminina surge atraindo atenção de todos!

― Finalmente, finalmente! ― A rainha Elisabeth salta e bate palminhas eufóricas. ― Vamos, vamos, não perca tempo, queridinhas!

Falsa!

― Ah majestade, Elisabeth ― Digo em tom casual como se tivesse acabado de me lembrar de algo. Mas não nego que passei parte da minha tarde insone ensaiando as próximas palavras a serem ditas ― Suas roupas são grotescas,queridinha! ― Então volto atenção para doutor e para Jenny.

― Pai que foi? ― O doutor estava com a cara fechada, já esperava isso dele.

― Você é...

―Chata,imprevisível, rebelde, estranha! Hum esqueci de alguma coisa doutor?

Completei, ele sorriu de forma irônica e logo balançou a cabeça negando. Então sinto um leve tremor sob meus pés que ia aumentando insignificante para alguém notar, quer dizer parece que o doutor e a Jenny notaram, pois olharam para alguns objetos que estavam em movimento um pouco suspeito, até que aquele pequeno temor virou um terremoto e logo uma incrível força levando todos os presentes ao chão.

Era como se a gente tivesse saído do planeta literalmente.

De repente aquela força some quando as portas são abertas bruscamente por um tiro deixando um enorme buraco nas formas formando um circulo perfeito, era uma arma não daquela época, nem do século uma arma laser, quando a porta abriu uma mulher de cabelos curtos cacheados loiros na altura dos ombros, olhos esverdeados que tinha um sorriso estampado no rosto.

Aos poucos começo levantar e me esforço para ficar ajoelhada, minha cabeça dói, começo encarar a criatura fêmea na porta.

― Oh, pobre Everdeen! Me diga, você está melhor? ― Ela fala como se fossemos amigas de longa data ao se aproximar. Sinceramente quem é ela? Como assim ela me conhece?. A mulher tem um sotaque diferente do habitual de qualquer viajante do tempo, prolongando o som do "s" como se fosse o silvo de uma serpente. Pergunto-me as horas de treino que ela perdeu para obter esse resultado.

Abro um pequeno sorriso contido.

― Sim, estou melhor! Muito obrigada por perguntar? ― Falo com uma doçura atípica que arranha minha garganta, pois não sou o tipo de Timelady que sai pela rua distribuindo flores e sorrisos e o doutor e a rainha sabem melhor que nenhum isso e Jenny começava saber disso.

A mulher sorri, mostrando duas fileiras de dentes absurdamente brancos.

Loira observa meus olhos se arregalarem em descrença com uma expressão neutra que logo se dissolve em uma gargalhada exagerada.

― River! River Song, professora Song!

― Everdeen! Doutora Everdeen! Prazê-la conhecê professora!

― Oh não, o prazer é todo meu!

Continua.


Notas Finais


✸ Hello novamente ✸

Creio que devo muitas explicações, porem elas apenas irão aparecer no próximo capítulo que pretendo escrevê-lo rapidamente. Sinceramente espero que tenham gostado a parte que me deu mais trabalho foi a parte da guerra mas graças á essa parte eu descobrir que não levo jeito para escrever essas cenas (chora).
Bem o que é tributo é algo ligado á Jogos Vorazes? Errado, bem os tributos são os timelords/timeladys guerreiros da guerra sendo eles do lado do governo, daleks ou outro (segredo XD).

Por isso que demorou para sair o capítulo T-T

Ficou muito JV :v (indignada)

E então, galera, estão gostando do rumo que estou dando a personagem? E Rainha Elisabeth, o que me dizem sobre ela? Alguma teoria mirabolante sobre os próximos acontecimentos? Acreditem, eu vou surpreendê-los.

Então comentem aqui. Juro que não mordo.

- Allons-y.


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