História Break The Rules - Drink Your Pain Away

Kaya Scodelario POV

Assim que entrei em seu prédio (pela segunda vez na semana) que era enorme fui recebida pelo porteiro, logo informei que era namorada do Justin Bieber e ele me deixou entrar, caralho era tão fácil assim? Que segurança de merda que tem nesse lugar. Ri internamente e fui para o último andar, em menos de um minuto o elevador parou no local que eu queria.

                Havia apenas uma porta quase em frente ao elevador, quando vim nem tinha reparado nisso, claro que não iria reparar com Justin me prensando daquela forma naquele dia. Bati duas vezes e nada, decidi não tocar a campainha porque odeio fazer isso, toquei a maçaneta girando-a e vendo que a porta estava aberta, ouvi um toque de piano um pouco baixo, fui para o corredor e o mesmo vinha do final dele.

                Caminhei até lá e abri a porta devagar, coloquei minha cabeça e meu corpo para dentro, Justin que estava sentando atrás de um piano branco com bordas douradas ainda não havia percebido que eu estava ali, sorri ao ouvir a melodia e fui a sua direção, sem querer meu celular cai no chão e praguejo mentalmente. Isso fez com que Justin parasse de tocar imediatamente e me encarasse, ele se levantou rapidamente e se aproximou.

                - Pensei que não viria. – ele selou meus lábios rapidamente.

                - Por que fez isso? – reclamei limpando minha boca. – Mas vim, e estou quase me arrependendo. – ele revirou os olhos. – Você toca bem.

                - Eu sei. – ele sorriu.

                - Convencido nem um pouco né? – revirei os olhos. – Pra que tantos instrumentos? – perguntei olhando a minha volta.

                - Eu toco todos eles!

                - Hum. Pelo visto a música é uma grande diversão pra você. – Justin sentou-se de volta no piano e me aproximei mais.

                - Nunca encarei a música como uma simples diversão, sempre tentei a manter no topo da minha vida, eu cresci com músicos ao meu redor, tudo o que sei hoje aprendi com eles, mas quando toco hoje em dia, sinto como se estivesse deixando meu coração tocar por mim. – ele sorriu olhando as teclas do seu piano. – A música é a melhor coisa que puderam inventar com ela você consegue transmitir seus sentimentos sem ter medo de alguém caçoar de você. Eu me sinto muito bem quando toco, eu tenho um dom e ele é esse, porém eu tive que fazer escolhas que me impediram de ser o que eu sonhava desde garoto. – ele suspirou. – Claro que não me arrependo de nada, mas a música independente de qualquer coisa sempre estará em minha vida.

                - Pode continuar aquela música que estava tocando antes de eu atrapalhar? – perguntei tentando não me perder no mar de mel que eram seus olhos a minha frente.

                - Ela também tem uma letra, posso canta-la para você? – ele sorriu mexendo nos papeis.

                - Claro que pode! – sorri de canto e ele começou a tocar o piano.

                Eu nunca havia me sentindo assim como estou agora, Justin me faz ter sensações boas, ele consegue mudar o que sou, e porra ele toca tão bem, me apoiei no piano e ele coçou sua garganta, percebi que ele iria cantar então prendi a respiração.

                - Lately I’ve been thinking, thinking about what we had and I now it was hard, it was all that we knew, yeah. Have you been drinking to take all the pain away? I wish that I could give you what you deserve. – ele passou a língua entre os lábios.

                Fechei meus olhos sentindo a música entrar pelos meus ouvidos, era uma boa letra, quando os abri Justin estava com os olhos marejados, talvez essa música mexesse com ele, ou significou bastante coisa. Me aproximei tocando em sua mão, ele me encarou e parou de tocar, sorri fraco e perguntei.

                - Está tudo bem?

                - Sim. Eu só me lembrei de algumas coisas, mas vamos ao teclado? Quero mostrar uma música que peguei de uma orquestra e consegui colocar os sons externos lá! – assenti e ele me puxou delicadamente.

                Tudo o que estava acontecendo nesse momento era diferente, eu pela primeira vez na vida me preocupei com alguém, mas deve ter sido porque a música me tocou de alguma forma também. Soltei o ar devagar pela boca e me posicionei na frente do Justin, logo ele começou a tocar e ligou os efeitos segundos depois. Seus dedos mexiam numa sincronia perfeita e não muito rápida, o silêncio pairou e veio apenas os efeitos e logo ele voltou a tocar, mas dessa vez olhando em meus olhos.

                Reconheci a música por ser Crazy in Love da Beyonce, era um cover de uma orquestra como ele havia dito antes. Ele sorriu malicioso, e quando a música se terminou em “oh oh, oh oh, oh nana” Justin empurrou o teclado para o lado o desligando, dei alguns passos para trás ao perceber o olhar de malícia que se formara em seu rosto, ele me agarrou pela cintura e falei antes que o mesmo tomasse meus lábios.

                - Você sabe dançar? – ele deu um sorriso torto.

                - Óbvio, mas a pergunta certa seria Kaya Scodelario sabe dançar? – sorri debochada.

                - Fiz três anos de balé quando era pequena, então talvez eu saiba dançar! – murmurei perto de seu ouvido, fazendo o mesmo ficar arrepiado.

                - Hum, não sei qual música colocar. – Justin me encarou. – Talvez possamos fazer outras coisas? Hum? O que acha? – sorriu sapeca.

                - Nossa já está tarde, preciso comprar umas coisas para levar ao acampamento, até mais! – me aproximei dele e mordi seu lábio inferior arrancando um gemido rouco do mesmo.

                - Você verá só Kaya! Me aguarde! – dei risada e sai rapidamente de seu apartamento.

[...]

Às vezes fugir de casa não era tão fácil quanto eu pensava, principalmente quando minha mãe está sóbria. Coloquei meu “pijama” e fingi estar dormindo, ela entrou em meu quarto tentando fazer silêncio, o que não deu muito certo por a minha porta ranger.

                - Kaya? – ela viu que eu estava dormindo e começou a sussurrar sozinha. – Ela não deveria estar dormindo antes do jantar, mas talvez ela esteja cansada, vou deixa-la dormir. – ela ergueu mais meu cobertor e me deu um beijo em meus cabelos saindo do meu quarto em seguida.

                Esperei alguns minutos e me levantei trancando a porta entrei em meu armário colocando meu tênis surrado, peguei uma blusa de frio e meu dinheiro, abri a janela e conferi a rua, pulei a mesma caindo em alguns arbustos, levantei e tirei as folhas secas de mim enquanto caminhava.

                Andei rapidamente até o bar mais próximo daqui, adentrei o local atraindo olhares perversos dos homens que havia ali, revirei meus olhos e pedi uma garrafa de vodca e uma de whisky, e com o resto da grana que sobrou comprei três Marlboro Ice Mint.

                Ajeitei a blusa sobre meu corpo e sai daquele lugar antes que os bêbados viessem pra cima de mim, fui até a ponte e me sentei na beira dela colocando um cigarro em meus lábios e o acendendo em seguida, peguei a garrafa de vodca e abri a mesma.

                Eu raramente tomava vodca enquanto fumava cigarros normais, ou tomar direto do gargalho, fiquei pensando em coisas aleatórias, até me recordar que meu estoque de maconha havia acabado semana passada, e o garoto com quem compro no colégio não estava indo mais, com certeza ele deve ter se metido em encrenca ou algo do tipo.

                Quando percebi que estava quase amanhecendo guardei tudo na sacola e me levantei, eu não estava bêbada, mas amanhã estaria com dor de cabeça por não ter comido nada, respirei fundo e comecei a caminhar na madrugada fria. Chegando em casa escalei minha janela e entrei em meu quarto, fui ao banheiro me despindo e logo entrando no chuveiro, me enrolei na toalha assim que terminei e decidi dormir assim como estava mesmo, me deitei na cama e logo peguei no sono.