História Bring Me the Mermaids - Second Stop. Talk to Me.

~Segunda Parada: Fale Comigo

Narradora.

Ninguém se movia. Os olhos passaram a encarar o horizonte silencioso com um terror perceptível, se alguém tivesse a capacidade de ouvir melhor do que os outros, poderia ouvir o coração de todos batendo rapidamente, em uma busca incessante de uma notícia calma. Mas nem tudo parecia ser tão fácil.

Mirajane encarava o horizonte com dúvida e confusão, ela de fato sentiu uma presença - que não era de um sereiano e muito menos de um humano -, mas que sabia que era de uma criatura, não lendária como a sereia que residia no navio, mas uma criatura, e parecia ser tão poderosa quanto a loira. E isso a deixava temerosa. Depois do dia de seu treinamento, ela tem observado cada vez mais a loira, e aprendeu que subestimá-la pode ser um de seus piores erros.

Incomodado pelo silêncio do navio, Natsu saiu de sua cabine sendo surpreendido pelo ambiente assustador, antes que pudesse dizer alguma coisa, viu que a Heartfilia apontou a palma de sua mão para ele, pedindo silenciosamente para que não falasse nada, e assim como todos os navios, foi pego de surpresa quando viu que uma parede de água começou a ser construída em volta do navio.

O navio começou a se mover, fazendo com que todos perdessem o equilíbrio e caíssem no chão. Aos poucos a água foi capaz de cobrir todo o navio, e antes que pudesse confirmar suas suspeitas, a Heartfilia abriu seus olhos que se mostravam dourados e com uma feição séria. Seus braços esticados para os lados, com as mãos entreabertas, e conforme iam subindo na direção do céu, a água contornava o navio. Suas mãos se juntaram e virando a mão direita para frente e a esquerda para atrás, escorregou suas mãos e deixou a palma das mãos para baixo. E com um simples movimento, o desespero no navio foi criado.

Erza Scallet

Com um pouco de observação, eu conseguia ver que a Heartfilia fazia força para baixo quando suas mãos pousaram. A bolha de água que se formou em si já era estranho, e piorou quando de repente nós começamos a afundar, todo marujo existente no navio começou a tentar se mover para fora do navio, sabe aquela frase "cada um por si deus por todos"?, isso justifica a ação de cada um naquele navio.

Mas foi só um tentar colocar a mão para fora que teve o corpo derrubado por Mira, espera, o quê? Eu e Natsu olhamos para ela e vimos que estava bastante ofegante. Mira levantou com um pouco de dificuldade, apoiou as mãos nos joelhos e olhou para cima.

- É eu sei, isso foi estranho. - Comentou olhando ainda para cima. - Eu não sei o que vai aparecer aqui, mas que coisa boa não é. E por isso, todo mundo vai ficar quietinho dentro do navio.

- Tá ficando maluca Mira? Passou tempo demais com a Heartfilia é? - Gritei com ela.

- Erza, já parou para pensar, não, por acaso passou pela sua cabeça que a Heartfilia pode estar protegendo a gente? - Mira falava seriamente enquanto olhava para cima. - Pode todo mundo sentar a bunda no chão, porque o que tá vindo para cá é rápido e não vai demorar muito para chegar até nós.

Alguns dos marujos estavam com os rostos assustados e medrosos, outros chocados - como eu, Laxus e Natsu -, mas a gente sabia que não tinha muita coisa para fazer, então fizemos como Mira falou e sentamos no chão. Até porque, a garota podia ler mentes e saber mais coisa que nós, então o que a gente faz nessas situações?

Com a bolha "protegendo" o navio - eu ainda acho que a sereia quer matar todo mundo -, metade dele já estava dentro d'água. E ai uma coisa mais bizarra começou a acontecer, a bolha começou a congelar, de baixo para cima. Passei meu olho pela tripulação vendo novas reações deles, que eram tão engraçadas que se eu também não estivesse assustada com isso, riria de cada um.

Mirei meu olhar para a sereia, seus dedos indicadores e dedões se juntaram, deixando as mãos um pouco inclinadas. Seus olhos dessa vez estavam fechados - mas parecia que ela estava fazendo muito esforço - e ela soprava ar pela sua boca. Ela tá fazendo tudo isso? Virei para Natsu querendo chamar sua atenção, mas ele já estava olhando para a loira, com um brilho totalmente diferente no olhar. Choque talvez?

Voltei a olhar para a loira, percebi que ela voltou com a posição das mãos abaixadas. A bolha já estava quase congelada, mas eu não conseguia sentir frio ou calor, a sensação térmica ficou nula.

Acho que de tão cansada de ficar descendo devagar para não assustar ninguém, a loira respirou respirou, levantou um pouco as mãos e as abaixou com mais força. Estávamos de baixo d'água. Nisso quando a gente entrou na água, a Heartfilia rapidamente levantou os braços em posições diagonais e deixou suas mãos abertas.

Durante todo esse tempo, ela deixou seus olhos fechados, mas quando abriu, eles se encontravam dourados e a posição de sereia fraca perante aos humanos desapareceu. Descobrimos ali que, a qualquer momento, ela poderia matar todos nós com um simples movimento.

- Mirajane. - A Heartfilia chamou Mira olhando para cima. - Consegue sentir certo? - Mira assentiu e chegou mais perto dela. - Ele não pode falar nada com a gente, sequer atacar. Por isso, você vai entrar na mente dele e vai me dizer tudo o que ele te falar.

- Nós vamos conversar com o que tá lá em cima? - Mira perguntou olhando chocada para loira, que assentiu devagar. - Mas eu nunca fiz isso Heartfilia!

- Claro que já fez, apenas não se lembra. - E sorriu para a albina. 

- E como é que ela vai fazer isso se nem sabe o que tá lá em cima? - Eu perguntei curiosa.

- É! Eu nem sei o que tá lá em cima! Você com certeza sabe. - A loira revirou os olhos.

- Óbvio que sei. - Todos nós arfamos surpresos. E Mira ainda diz que ela quer proteger todo mundo? - Mirajane, você não precisa saber o que é para idealizar, consegue sentir a presença não é? - A albina assentiu. - Consegue perceber que é uma criatura e não um humano, certo? - Ela assentiu novamente e a loira sorriu. - Então pronto, não precisamos de mais nada. Fique concentrada e me fale o que ele pense.

- E como faremos para responder? - Natsu perguntou chegando perto do tanque.

- Simples. Mirajane irá pensar essas palavras e colocar na mente dele. Já fizemos isso antes, não é diferente de humanos para falar a verdade. - Completou antes que a albina começasse a falar. - Vamos, ele ainda está aqui e estou curiosa do motivo dele ter saído de seu ninho.

Ninho? Por acaso tem um pássaro ali? Mira suspirou desistente, sentou encostada no vidro do tanque e cruzou suas pernas, sua respiração que antes estava ofegante, começou a ficar calma, pareceu em um momento que ela não estava respirando. Laxus ia interferir quando percebeu isso também, mas foi só preciso um olhar do Natsu e meu para que ele ficasse onde está.

Sejá lá o que está ali em cima, pode muito bem matar a todos nós, e eu não quero morrer dentro da bolha que está dentro do mar com uma sereia bizarra e uma tripulação muito medrosa pro meu gosto.

- Oooh, então essa é a virtuosa! - Ouvimos a voz de Mira um pouco mais agitada. - Hmmm, até que ela sabe controlar bem a telepatia, me diga menina Heartfilia, como ela conseguiu?

- Ainda pergunta nobre vogel? Acreditava que seres como o senhor eram um pouco mais inteligentes.

- Abusa um pouco demais da própria sorte menina Heartfilia. - Mira deu um sorriso maldoso. - Queria saber o que o pai de todos gostaria de ouvir ao saber que sua filha está levando humanos fedorentos para o tesouro.

Humanos fedorentos? No exato momento, todos - sem exceção - começaram a se cheirar, alguns fazia caretas ao perceber o próprio cheiro e outros apenas tentavam se limpar mais. É, não posso fazer nada além de concordar, sei que fazem dias que não tomo um banho satisfatório.

- O pai de todos não vai saber de absolutamente nada porque não há nada que ele precise saber. - Soltou um sorriso cínico. - Mas me diga vogel, o que faz tão distante de seu ninho? Por acaso os senhores do céu te expulsaram novamente?

- Claro que não, pare de ser ridícula. - Mira ficou um tempo em silêncio. É muito estranho ver ela dessa forma, porque parece que ela está com alguma coisa no corpo dela. - Mas sabe, não precisava fazer uma zeepbel para se proteger de mim, afinal, tenho a mesma natureza que o Gilin.

- Poupe-me de suas palavras vazias vogel. - A Heartfilia falou friamente. - Diferente de outros que são dignos de serem chamados de verstandig vogel, você pertence aos zwarte wezens. - Ouvimos um bater de asas acima de nós e instintivamente puxamos nossas armas. - Sabe muito bem que não pode lutar comigo e sair vivo zwarte zijn, pare de me desafiar.

- Heh, você é realmente filha dele. - A Heartfilia fez um sorriso convencido. - Tudo bem, não pretendo adiantar a minha morte. Há duas perguntas que quero fazer minha querida Zee Licht.

- Não irei responder, sabe muito bem disso vogel. - Muitas palavras estranhas para um vocabulário limitado como o meu, olhei para o Natsu para ver se ele entendia alguma coisa, mas ele parecia tão confuso quanto eu. - Responda as minhas, e não terá problemas com os Hemel Liefhebbers.

- A vida não gira em torno de si Heartfilia. Sabe que se eu quiser matar todos que estão dentro do navio, será com muita facilidade que consigo realizar um banquete.

Óbvio que ficamos com medo, vi de relance Laxus se aproximar calmamente para perto de Mira. Natsu chegou mais perto de mim, se ele pensa que ele pode me proteger, está muito bem enganado. Mas o fato dele ter se aproximado de mim, me deixou um pouco aliviada.

Diferente de nós que ficamos com medo do que está acima de nós, a Heartfilia apenas riu, e riu muito. Por muito pouco ela saiu da posição em que estava, imagino que se ela saísse, adeus navio, adeus vida, adeus tudo! Eu não sei nadar, metade daqui não sabe nadar*, se por acaso a bolha estourar, o único ser vivo que sai daqui bem é a sereia.

-  Zwarte zijn, nem nos humanos e muito menos em mim você irá tocar. - Ela abaixou a mão cuidadosamente e foi aproximando para perto do corpo. - Achei que tinha mostrado antes com quem você está se envolvendo. Não são somente elas que sabem que suas veren são importantes. - Terminou sorrindo cinicamente.

- Não ousaria! - Mira rosnou.

- Sabe que sim. Sabe muito bem que sim. Responda as minhas perguntas, e não iremos ter problemas. O que você, um zwarte zijn, está fazendo longe de seu ninho? - O navio ficou em silêncio esperando uma resposta, cheguei a pensar que aquilo já tinha ido embora, mas Mira falou novamente depois e um tempo.

- Ele está voltando Heartfilia. - Bastou isso para que a loira ficasse em choque. - E amada Zee Licht, sabe que ele é o pior de todos não sabe? - A sereia não abria a boca. - Oooh, ficou tão chocada assim?

- Esse é o motivo do Gilin estar com a áurea tão assustada?

- Óbvio Heartfilia, ou você acha que ele entregaria a virtude os anjos para uma humana, que mesmo sendo a mais limpa desse lugar, tem a alma tão negra quanto a noite? - Mira soltou uma risada alta. - Tão pura que parece ingênua. - Riu um pouco mais. - Já que aqui não vou obter meu jantar, vou me retirar entregando uma ajuda e um conselho. A terceira pista está longe do mar e ao mesmo tempo dentro dele. E humanos, tenham cuidado com essa sereia, como podem ver, ela pode matá-los com muita facilidade.

Depois da conversa, Mirajane desmaiou e Laxus correu para o lado dela, a pegou no colo se dirigindo depois para o quarto da albina. A loira, no entanto, ainda não parecia ter saído do transe. Quem diabos é ele? O que estava no céu não assustou somente a mim, mas também a loira, o que é estranho porque ela não se assusta com facilidade.

Depois de um tempo, ela balançou a cabeça negativamente várias vezes com os olhos fechados e quando abriu, sua feição era de dor e raiva ao mesmo tempo. A Heartfilia colocou seus braços esticados para o lado, e com o movimento de suas mãos para cima e para baixo, a bolha foi subindo novamente para a superfície.

Não pude negar a minha felicidade quando aquela bolha congelada sumiu dali, alguns gritaram de alegria por estar vivos, outros já começaram a comemorar o que Mira fez e o fato de que a loira realmente salvara eles. Já eu e Natsu, olhávamos para a loira em dúvida, ela ficou muito quieta e suas mãos estavam em volta do corpo.

- Dragneel. - A Heartfilia falou com uma seriedade enquanto olhava diretamente para o rosado. - Precisamos conversar.

Natsu Dragneel

Não conseguia esquecer o olhar que a Heartfilia mandou para mim. Era tinha um misto de sentimentos dentro do olhar dela que os mais perceptíveis eram dor, raiva e medo. Mais raiva do que outros sentimentos. E pensar que ela poderia sentir algo desse gênero.

Entrei na minha cabine um pouco depois de colocarem a sereia lá dentro, assim que fechei a porta, ouvi o grito de Kana no deck principal "VAMOS COMEMORAR QUE ESTAMOS VIVOS HOJE! A LOIRINHA SALVOU A GENTE!", ri baixo do que ouvi, com certeza amanhã vai estar reclamando da enorme dor de cabeça.

Mas tenho que concordar com ela, se não fosse pela Heartfilia, estaríamos provavelmente todos mortos. Andei até estar de frente para a sereia, fazendo com que esta me olhasse e levantasse uma sobrancelha.

- Você nunca vai me ver falando dessa forma novamente. - Ela ainda me olhava de forma duvidosa. - Obrigado, se não fosse por você estaríamos todos mortos, você salvou minha tripulação. - Ela sorriu para mim e negou com a cabeça. - Então, o que é tão importante que você mesmo me chamou para conversar? Achei que me queria ver longe de você.

- E de fato quero. - Me surpreendi pela confissão dela. - Eu não gosto de você, você não gosta de mim, é um sentimento recíproco Dragneel, não precisamos esconder esse tipo de coisa. - Sorri do que ela falou e fui me sentar na minha poltrona. - Mas preciso confirmar algumas coisas. - Fiquei quieto esperando ela continuar. - Por acaso você anotou as frases que falei antes? - Assenti para ela. - Leia para mim.

- Oculos super ignem, vestra spine ardet omni deiciuntur, cum hostem in conspectum. - Fiquei em silêncio enquanto ela repetia essas palavras em voz alta, olhou para mim depois permitindo que lesse outra. - Sed amor sui memoriam, larvam caligine. Postremo unus qui vela mundo valefaciens. - Novamente em silêncio.

Parece que alguma coisa se acendeu na cabeça dela, porque ela levou a mão para a boca desacreditada.

- Não consigo acreditar. - Murmurou. - Agora entendo. - Finalizou suspirando e depois olhou para mim com um olhar triste. - Natsu, você tem absoluta certeza de que você quer esse tesouro? - Me ajeitei na poltrona em que estava sentado, a conversa iria ficar mais séria a partir daqui, tinha certeza. - Absoluta certeza?

- Por que está perguntando isso Heartfilia? - Perguntei. - Já te respondi isso antes se não se lembra.

- Porque Natsu, o que vocês vão enfrentar vai muito além da imaginação de vocês.

- Você por acaso desvendou o que a frase quer dizer? - Ela desviou o olhar de mim. - Me fale. - A Heartfilia negou a cabeça passando a mão em outro braço. - Não estou pedindo Heartfilia, lhe dei uma ordem, me obedeça. - Ela levantou o olhar. 

Diferente do olhar de quando entrou, esse demonstrava mais dor, a maior diferença não era nem essa, antes os olhos dela tinham uma coloração dourada, agora eles tinham a a coloração normal de dias antes, olhos de cor castanhos perolados. Ela me pedia silenciosamente que eu não insistisse na ordem, o que ela podia fazer, me matar? Ela pode ter feito aquela bolha, mas aqui, ela sequer tem algum poder sobre mim.

- Natsu, você acredita em almas que não foram capazes de deixar esse mundo?

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Já era noite quando mandei que levassem a Heartfilia de volta para o deck, eu precisava pensar e com ela me encarando não era uma boa ideia. É indefinido o que sinto no momento. Ela falou duas frases, e as duas serão acontecimentos distindos e altamente perigosos. E ela me falar tudo aquilo, mesmo implorando para não me dizer, tenho a absoluta certeza de que não tem mais volta agora.

Se antes eu cheguei a pensar a desistir de ir atrás do tesouro, é uma maravilha descobrir que agora não vou ter nem essa opção. Se bem que, eu posso dar as ordens para os homens irem para terra e assim serem salvos, mas quem disse que sou do tipo que desistiria de algo assim?

- Está com esse sorriso no rosto por que Natsu?

Pulei da cadeira ouvindo a voz da Erza. Não precisei colocar minha mão no rosto para ter certeza de que eu realmente estava sorrindo. É, acho que sei o que sinto. Me sinto animado, mais animado do que normalmente. Só a ideia de que vamos enfrentar mais coisas poderosas e que estamos a cada passo mais próximo de chegar ao tesouro, é simplesmente inevitável não sorrir.

- Erza, se eu te dissesse que o próximo local que vamos visitar vai envolver lendas? - Ela arqueou uma sobrancelha. - É, lendas que sempre contamos as crianças sobre piratas, antigos piratas aliás.

- Por acaso o velho está envolvido nessa história? - Perguntou divertida fazendo com que eu olhe sério para ela. - Não começa Natsu, eu sequer sei o que ela conversou com você. - Cruzou os braços.

- Ah minha cara ruiva, ela me explicou sobre as frases. - Erza arregalou os olhos surpresa.

- E eu, como sua vice, posso saber? - Assenti. - E está esperando o que para começar a contar?

- Eu vou falar, mas só para você ter certeza, eu não vou mudar de ideia. Vamos até o fim nessa jornada.

- Se vai começar a falar merda como sempre, desiste. - Ela falou e eu olhei nervoso para ela. - É sempre assim. "Vamos até o fim dessa jornada, começamos juntos terminamos juntos. Blá blá blá" - Terminou de me imitar balançando as mãos. Nos olhamos por um momento e começamos a rir.

- Você é doente Erza, há quanto tempo não dorme com alguém para melhorar? - O rosto dela ficou vermelho igual ao cabelo. - Tanto tempo assim?

- Está mudando de assunto seu projeto de capitão. - A ruiva me respondeu vermelha, mais de vergonha do que de raiva, só para deixar bem claro. - Me explica esse negócio direito. E a Heartfilia falou o que era aquilo que quase matou todo mundo?

AH! SABIA QUE TINHA ESQUECIDO DE PERGUNTAR ALGUMA COISA. Bati a mão na minha testa nervoso por isso e Erza balançou a cabeça negativamente. Devia ter chamado ela para participar da conversa, mas agora já foi né, o negócio é ir em frente. Contei detalhe por detalhe para a ruiva, lembrei ela das lendas que eram contadas para nós e que depois de ouvir da loira, era só ir para a ilha que as lendas falavam.

- Tem certeza disso Natsu? - Assenti. - Você confia cegamente na sereia. Você, Kana e Mira. Nunca vi tanta confiança nela, ainda mais hoje depois daquela estranha bolha.

- Falando nisso, como é essa amizade entre as três? É muito perigoso? - Perguntei sério.

- Não sei dizer, a Heartfilia não conversa com ninguém de tarde. Acho que ficou muito traumatizada pelo primeiro dia dela aqui no navio. E a noite eu não fico no cais, então não sei se Mira vai visitar ela, mas de acordo com os outros Kana vai todas as noites visitar ela. - Assenti e me joguei na poltrona. Acho que posso fazer alguma coisa. - Por que o interesse?

- Porque eu acho que Kana sabe de alguma coisa que nós não sabemos. Já parou para pensar que as duas agem como amigas de longa data? - Erza percebeu e assentiu sorrindo. - Quero saber o que ela sabe, se for uma coisa boa, vai me ajudar e muito.

Ficamos boa parte do tempo conversando e planejando modos de conseguir captar a conversa das duas. Hoje seria impossível, todos os marujos começaram a festejar pela vida que tiveram, e me surpreendi ao ouvir a voz de Laxus no meio deles. Olhei para Erza em dúvida, só precisou ela assentir para que eu levantasse correndo e fosse para fora da cabine.

Saí da cabine e entrei em fúria. Entenda uma coisa, independente se eu odeio ou não a Heartfilia, ela ainda é uma peça importante do meu jogo, não posso simplesmente matar ela, e temos prova física o suficiente para ver que se fosse qualquer outra sereia, nem vivos estaríamos. Então, as ordens eram que se alguém tocasse nela, já podia estar preparado para o pior.

Passei pelos marujos que abriam caminho para eu passar, cheguei até o tanque e apertei o ombro loiro, ele olhou pelo canto do olho nervoso para saber quem é que tinha acabado com a diversão maldita dele. Rapidamente ele soltou a loira, que passou as mãos trêmulas pelo cabelo e eu pude ver algumas lágrimas caindo dos olhos dela. Laxus evitava me olhar, e com razão, se ele me olhasse eu acabava com ele ali. Virei para o resto da tripulação e vi Mira e Kana sendo seguradas por dois marujos enquanto em seus rostos tinham a raiva mostrada.

- Alguém pode me explicar que merda aconteceu aqui?