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História Broken - Ato VI


Escrita por: Milynha_Sh

Notas do Autor


Ok, eu sei que demorei mais uma vez, mas fazer o que né, eu estou fazendo meu melhor.
Enton, o próximo vai ser o último capítulo, e como havia dito, depois de broken passarei a me dedicar a CFOAE, isso é se alguém ainda estiver acompanhando a história.

Xent eu estou com uma porrada seca de comentário não respondidos, são mais de 200, sério mesmo, e eu sinceramente não terei como responde-los, então os que comentaram nessa fic aqui vai o meu agradecimento de coração, isso me incentiva muito a continuar escrevendo, de verdade, obrigada!

Enfim, vamos ao capítulo! Bjs!

Ah se tiver erros vamos ser solidários com a autora e informa-la kkkk

Capítulo 6 - Ato VI


Esse capítulo contém cenas fortes, se você é sensível a esse tipo de leitura, por favor não leia!

Obrigada, de nada!



“Sebastian!” O mundo pareceu parar de girar. Ciel não tinha reação, foi pego no flagra. Não havia o que negar, inventar ou mentir, estava cheirando a camisa de seu irmão como se apreciasse o melhor dos aromas. “Me-me desculpe… Me desculpe, Sebastian, eu… eu… sinto muito.”

Sebastian não entendia direito o que acontecia, ainda estava sonolento. Ele manteve a calma e sentou no sofá, não queria tirar conclusões precipitadas. “Precisamos conversar, certo?!”

Ciel apenas assentiu, seu rosto queimava e tinha certeza de está vermelho. O silêncio entre eles se tornou ensurdecedor, não sabiam o que falar, a situação era bastante incômoda.

“O que está acontecendo? Você anda estranho ultimamente.” Sebastian já estava cansado daquele silêncio.

A vergonha consumia Ciel, tanto que não conseguia encarar seu irmão. “Eu sou igual a Vincent, não está claro?!” Seu irmão com certeza iria odiá-lo agora, tanto quanto odiava a seu pai, mas ele precisava ser sincero, não poderia enganá-lo para sempre. Era doloroso continuar sufocando esse sentimento. “Eu sou tão doente quanto aquele homem. Não vou culpá-lo se sentir nojo de mim.”

Sebastian resfolegou. Agora a situação estava clara, até demais. “Bem…” Ele estava sem palavras. Não julgava Ciel, até por que também tinha sensações estranhas na presença dele, mas... “Eu não sinto nojo de você, Ciel. Mas… Eu realmente não sei o que pensar sobre… isso!”.

A essa altura Ciel a vergonha chegava a um nível catastrófico, ainda mais por continuar segurando a camisa de seu irmão. Ele queria que um raio o atingisse nesse momento, queria ter um ataque cardíaco, queria qualquer coisa que o livrasse desse momento humilhante para sempre. Ele queria morrer.

“Você me odeia agora, não é? Se você não me quiser mais aqui, eu irei entender.” Estava difícil para Ciel lidar com a bola em sua garganta.

‘Deixá-lo ir.’ Sebastian ficou pensativo. Talvez esse fosse o melhor a ser feito, mas ele não queria abrir mão do rapaz, não queria se ver longe dele. Essa poderia ser uma confusão passageira, Ciel estava na adolescência então era normal se sentir assim.

“O que te faz pensar que não o quero mais aqui?”

“Não faça perguntas idiotas.” Ciel fez uma carranca para tentar disfarçar metade do seu embaraço. “Como será nossa convivência de agora em diante, sabendo que eu gosto de você de uma maneira errada? Você é meu irmão, isso é nojento, certo?!.”

Sebastian suspirou, passando as mãos pelos cabelos, sua cabeça começava a doer. “Isso deve ser uma fase, logo passa. Vamos esquecer tudo e fingir que não tivemos essa conversa.” Sebastian sabia que estava sendo um imbecil, fazer isso era o mesmo que esconder a poeira debaixo do tapete, mas no momento parecia o mais sensato a ser feito.

“Isso não vai passar. Você acha que eu já não tentei ignorar isso que eu estou sentindo!? Você não tem noção do quanto eu me sinto culpado por ser assim, me sinto sujo. Sinto raiva de mim mesmo.” Ciel começou a soluçar. Ele não queria chorar na frente do seu irmão, mas estava difícil continuar prendendo.

Sebastian se compareceu, também se sentiria assim se não soubesse a verdade. Tinha escondido esse segredo durante anos, mas agora não fazia sentido guardá-lo. Não diante dessa situação. Pensou por onde deveria começar. “Lembra da tia angy?”

“A ruiva dos olhos vermelhos iguais aos seus?” Ciel franziu o cenho, limpando o canto dos olhos. Só havia visto sua tia em fotos, pois ela faleceu antes dele nascer.

“Sim, a ruiva dos olhos vermelhos iguais aos meus.” Sebastian sorriu. “Vou te contar uma história e quero que você preste bem atenção.”

Ciel notou a mudança no tom de voz do seu irmão, pelo visto o assunto era sério. “Está bem.”

“Certo! Poucos dias após o meu aniversário de dezoito anos Rachel pegou um forte resfriado, que desencadeou uma pneumonia. Ela ficou muito abatida e precisou ser internada, então eu e Vincent revezavamos para ficar com ela no hospital. Uma noite seu estado piorou consideravelmente e ela achou que não iria resistir, então resolveu revelar algo que já escondia a anos.”

Sebastian fez uma pequena pausa para recuperar o fôlego e Ciel se mantinha inteiramente concentrado, tudo que fosse relacionado a sua mãe era de seu interesse.

“Rachel me contou que na época em que ela e Vincent estavam recém casados, sua irmã Angelina conheceu Roberth, o confeiteiro de uma doceria onde ela ia todas as manhãs antes de ir para a faculdade. Angy costumava dizer que foi amor a primeira vista e eles logo começaram a namorar. Um ano depois se casaram e com as economias que Robert juntou no tempo que esteve na doceria compraram um apartamento em tokyo. Nessa mesma época o casamento de Vincent e Rachel entrou em crise, o maior sonho de Rachel era ter um filho, porém, não importava o que ela fizesse, não conseguia engravidar. Foi quando Angelina apareceu grávida.”

Ciel se imaginou na situação. No lugar de sua mãe, teria ficado morto de inveja. Sem perder tempo, ele continuou prestando atenção ao que seu irmão dizia.

“Logo nas primeiras consultas do pré natal descobriram que a gravidez de Angy era de risco devido a um problema cardíaco, e que o mais recomendável seria não prosseguir com a gravidez. Mesmo com as orientações médicas, ela optou por correr esse risco. Apesar da inveja que sentiu de início, Rachel deu suporte a irmã e veio para tokyo ajudá-la durante a gestação. De certo modo, aquela criança já era querida mesmo não sendo seu filho. Talvez essa fosse uma forma de compensar a falta que uma criança fazia em sua vida. Apesar dos altos e baixos, a gravidez seguiu sem muitas complicações e o dia do parto finalmente chegou, mas Angelina não resistiu e acabou falecendo assim que deu a luz.”

Aquilo comoveu Ciel, era uma história triste. Agora ele entendia porque sua mãe não falava muito sobre o assunto. “E a criança?”

“A criança nasceu saudável.” Sebastian sorriu triste. “Por causa do desgaste emocional e da saúde frágil Rachel adoeceu novamente e teve que voltar para Yokohama, para que Vincent cuidasse dela, consequentemente Robert teve que cuidar da criança sozinho. Tudo piorou quando ele perdeu o emprego semanas depois. Como tinha que cuidar do filho a noite e trabalhar de dia, isso fez com seu rendimento no trabalho caísse bastante, o que acabou ocasionando sua demissão. O mais complicado era olhar para a criança e não deixar de culpá-la pela morte de Angy. Tudo isso sobrecarregou Robert. O desemprego, a perda de Angy e o filho recém nascido. Ele chegou ao limite. Era tarde da noite quando ele mandou uma mensagem para Rachel, pedindo que cuidasse da criança por ele. Percebendo que havia algo errado, Rachel mandou Vincent pegar o primeiro avião para tokyo. Ao chegar no apartamento Vincent teve que arrombar a porta, pois apesar do choro de criança, ninguém atendia. Robert estava morto, tinha dado um tiro na cabeça, a criança estava desnutrida e desidratada por falta de cuidados. Ele deixou uma carta explicando todos os motivos que o levaram a fazer aquilo.”

“Que triste.” Ciel lamentou. “E com quem a criança ficou?”

“Ficou com Rachel.” Sebastian continuou. “Ali estava o filho que ela sempre sonhou em ter. E essa criança sou eu. Você nasceu anos depois.”

“Como?” Ciel estava mais do que surpreso. Sua mente processava a mil por hora. “Então... Você é meu primo?”

“Tecnicamente não.” Sebastian coçou a cabeça. “Nós não partilhamos do mesmo sangue. Angelina era adotada, por isso ela não se parecia fisicamente com Rachel.”

“Então você não é nada para mim?” Ciel não sabia se ficava feliz ou triste com isso.

“Eu sou seu irmão, Ciel. Assim como Rachel nunca deixará de ser minha mãe.” Sebastian sorriu genuíno. “Mesmo não partilhando do mesmo sangue, isso não diminui em nada o carinho que eu sinto por você e por ela. Agora você entender por que eu sempre falava que Vincent não teria coragem de fazer aquilo com você, pois ao contrário de você, eu não sou nada para ele.”

“Agora as coisas começam a fazer sentido.” Ciel estava envergonhado por tantas vezes ter julgado Sebastian. “Porque você decidiu me contar isso só agora?”

“Porque achei que era o momento oportuno, e porque não quero que você pense ser um monstro igual aquele homem. Você é diferente dele.”

O rosto de Ciel voltava a arder, e ele se sentia ansioso. “Mesmo sabendo que eu não sou nada para você, você decidiu cuidar de mim depois do acidente. Porque?”

“Como assim não é nada para mim? Você é meu irmão. Quantas vezes terei que repetir isso.” Para Sebastian não era a carga genética que importava, mas sim a vida que tiveram juntos. Eles eram uma família e ele amava Ciel, talvez até mais do que deveria amar. “Saber que não temos o mesmo sangue muda alguma coisa para você?”

Ciel até pensou em dizer que sim. Tudo mudava. Mesmo ainda vendo Sebastian como um irmão, ele já não se sentia tão culpado por estar apaixonado por ele. Por outro lado Sebastian deixou claro que seus sentimentos eram totalmente fraternos.

“Não, não muda. Mas como ficaremos agora?” Essa era a dúvida que pairava. “E-Eu ainda gosto de você.” Sussurrou.

Sebastian pensou um pouco. Ele não poderia simplesmente ignorar os sentimentos de Ciel, seria muito insensível, mas também não poderia correspondê-los.

“Acho que chegamos a um impasse.” Sorriu com os olhos fechados. “Eu sinceramente não sei.”

“Acho que talvez seja melhor seguir a sua sugestão.” Ciel baixou a cabeça, era realmente o mais sensato a se fazer por enquanto. “Vamos fingir que não tivemos essa conversa.”

Sebastian sentiu pena de seu falso irmão, mas estava em consenso com ele. “Sim, talvez esse seja o melhor.”

***

Ciel lia pela terceira vez aquela frase. Era inútil, não conseguia se concentrar naquela história. Deixou o livro de lado, não adiantaria lê-lo nesse momento. Ciel se sentia solitário, era como se estivesse morando sozinho.

Mesmo que Sebastian continuasse o tratando igual antes, no fundo ele estava distante. Na maioria das vezes ele chegava tarde em casa, e quando chegava cedo ia direto para a cozinha preparar o jantar, e depois de jantarem ele ia para seu quarto e só saia de lá para lhe desejar boa noite. Era um clima pacífico e ao mesmo tempo tenso, como uma guerra não declarada.

Ciel estava arrependido, deveria ter inventado qualquer mentira no dia que Sebastian o pegou cheirando sua camisa, mas ele ficou nervoso demais para raciocinar, não fosse isso não estariam nesse clima desconfortável agora. O fato era que ele já estava se irritando com essa situação.

Ciel suspirou. O pior era que não sabia nem do que reclamar, Sebastian não o tratava mal nem nada, só não estava lhe dando atenção como antes. Era isso, Ciel queria atenção, mas não sabia se tinha o direito de exigir tal coisa.

Ele suspirou novamente, não adiantava ficar parado ali, imaginando mil teorias. Ele precisava fazer algo para quebrar esse clima. Pegou um filme qualquer na gaveta do criado mudo e foi para o quarto de Sebastian. Essa seria uma boa desculpa para se aproximar, já que seu irmão parecia gostar de assistir filme.

“Pode entrar.” Ouviu do outro lado da porta.

Ciel entrou no quarto, apenas a luz do abajur estava acesa. Sebastian estava deitado, com o cobertor até o pescoço. “Eh… Você quer assistir um filme?”

Sebastian sorriu mínimo. “Acho que hoje não, estou com dor de cabeça.” E era verdade, sua cabeça latejava.

Ciel ficou decepcionado, mas compreendeu, seu irmão realmente parecia não se sentir bem. “Você quer que eu traga algo para você tomar?”

“Não precisa, eu já tomei um analgésico, agora é só esperar fazer efeito.” Sebastian só queria dormir, assim esqueceria todos os seus problemas. Era desgastante ter tantos pensamentos, ele queria que sua mente parasse de funcionar por algumas horas.

“Você quer que eu fique aqui com você?” Ciel achava que não seria de muita ajuda, mas ele estava preocupado com seu irmão e queria está por perto caso ele piorasse.

“Não é preciso. Acho que estou grandinho o suficiente para conseguir me virar sozinho.” Sebastian ironizou.

Por algum motivo isso ofendeu Ciel. Ele se sentiu uma criança, pois de certa forma era dependente de Sebastian, precisava dele. “Você que sabe. Então… Boa noite.”

“Boa noite e não vá dormir tarde, amanhã você tem aula.” Sebastian desligou o abajur.

“Eu sei disso.” Ciel disse irritado. Ele era dependente, não irresponsável.

***

Um barulho acordou Ciel. Na verdade ele não tinha certeza se realmente ouviu algo ou se era o estado de vigília lhe pregando uma peça. Ficou escutando o silêncio da madrugada. Nada. estava tudo tranquilo.

Ele agasalhou-se novamente para voltar a dormir, mas seu coração pulou uma batida ao ver a maçaneta girar lentamente, em seguida a porta do quarto abrir devagar. Parecia que a pessoa do lado de fora tinha todo cuidado para não fazer barulho. Ciel permaneceu imóvel, seu coração batia acelerado, poderia ser um ladrão invadindo sua casa.

Quando a pessoa se aproximou da cama e a pouca luminosidade permitiu distinguir quem era, Ciel sentiu que iria infartar. Era seu pai que estava ali, bem na sua frente, e segurava uma faca em uma das mãos. Suas roupas estavam sujas de sangue.

“Olá, coelhinho. Sentiu saudade do papai?” Vincent sorriu macabro.

O coração de Ciel batia tão forte que dava para sentir a pressão em seus ouvidos. Medo. Pavor. Tudo se misturou numa explosão de sentimentos ruins. Ele não conseguiria fugir daquele monstro, estava totalmente indefeso agora.

“Sebastian!!!! Sebastian, Socorro!!!!!” Gritar era a única coisa que poderia fazer.

“Shiiii” Vincent fez sinal para Ciel fazer silêncio. Um filete de sangue escorreu por seu braço e pingou no chão. “Não adianta chamar aquele bastardo, a essa hora ele deve tá dando a bunda para o diabo no inferno. E logo você fará companhia pra ele.”

“Socorro!! Sebastian!!!” Ciel começou a chorar. Um grande tremor tomou conta de seu corpo. Sentia o mesmo terror do passado, e essa sensação dividia espaço com o medo de seu pai ter feito alguma coisa com seu irmão. “Sebastian!!!”

“Pelo jeito além de inválido você também ficou surdo. Não ouviu o que eu disse?!” Subiu na cama, agarrando Ciel pelos cabelos e obrigando a encará-lo. Era possível ver no olhar de Vincent todo o ódio que ele carregava em seu ser. “A putinha do seu ‘irmão’ já era.”

“Me solta, desgraçado!” Ciel tentava esmurra-lo. Era ciente que seu fim estava próximo, já que sequer conseguia mover as pernas para tentar fugir.

Vincent deixou a faca em cima da cama, tomando cuidado para ela não ficar ao alcance de Ciel, e então começou a tirar a calça do pijama dele. “Papai estava morrendo de saudade de você, coelhinho. Eu vou esfolar você até deixa-lo em carne viva, para pagar tudo o que me fez passar naquela prisão. Vou te quebrar, te destruir até não sobrar nada.”

“Me solta, seu monstro. Me solta!” Ciel fazia o possível para se defender. Seu nível de adrenalina estava a mil. Não era possível que isso estivesse acontecendo, como seu pai conseguiu fugir da cadeia? Era para ele passar o resto da vida naquele lugar.

“Me diga uma coisa, você está completamente morto da cintura pra baixo?” Vincent ria. Ver o garoto se debater era excitante. Por fim consegui imobilizá-lo, amarrando suas mãos com a calça que tirou dele. “Se for não terá graça, afinal, você não sentirá eu rasgando esse seu lindo traseirinho.”

“Não!!! Não faça isso, por favor!!” Ciel pedia desesperado, vendo seu pai tirava a própria calça. Teve vontade de vomitar ao ver sua ereção. “Por favor… Não...”

“Não adianta implorar, coelhinho. Você não imagina o quanto eu esperei por esse momento.” Vincent se posicionou entre as pernas dele, forçando a cabeça do pênis em seu ânus. “Um, dois, três…” Então o penetrou de uma só vez.

Ciel sentiu que iria morrer, e tudo piorou quando seu pai tapou sua boca e começou a se movimentar vigorosamente, sem qualquer cuidado. Era o inferno o que estava vivendo. Como alguém conseguia ser tão cruel? Era quase impossível acreditar que existisse alguém assim, mas existia, e estava ali, em cima de seu corpo, o rasgando por dentro e por fora.

Quando tudo acabou Ciel estava destruído em todos os sentidos. Podia ver seu sangue no pênis de seu pai, o estrago foi feio e ele tinha medo de imaginar como estaria lá em baixo. Ciel sentia que não aguentaria tanta dor, estava prestes a perder a consciência.

“Agora chegou o grande momento, coelhinho.” Vincent pegou novamente a faca, passando a lâmina na língua e colhendo o sangue que havia nela. “Nos encontramos no inferno!” Começou a esfaqueá-lo, sentindo grande prazer em fazer isso.

O estado de Ciel era tão deplorável que ele já não tinha forças para lutar. Ele não sabia em quê se concentrar, na dor em seu ânus ou na lâmina que atravessava com facilidade sua pele e perfurava seus órgãos. Começou a se afogar com seu próprio sangue.

“Acorde! Acorde, Ciel.” Sebastian o sacudia.

Ciel finalmente abriu os olhos, completamente desorientado. Seu coração batia forte e sua respiração estava ofegante, o ar parecia não chegar aos seus pulmões. Olhou para Sebastian, ele estava vivo.

“Sebastian… Você está vivo!” Ciel o abraçou.

“Sim, eu estou vivo. Calma, foi só um pesadelo.” Um arrepio percorreu Sebastian ao ser abraçado. Não era uma sensação ruim, mas ele também não se sentia confortável com esse contato. Tentou não se concentrar nisso, Ciel estava desestabilizado e precisava de seu apoio, então ele retribuiu o abraço. “Você estava sonhando com ele?”

Ciel balançou a cabeça em afirmação, sabendo que o mais velho se referia a Vincent. “Ele tinha fugido da cadeia, e tinha matado você, depois… ele… ele...” Não conseguiu falar o resto do sonho, sem perceber ainda chorava.

“Eu imaginei que fosse algo assim.” Instintivamente Sebastian trouxe Ciel para mais perto, afagando os cabelos dele. Queria protegê-lo. “Não precisa ter medo. Eu estou aqui e não deixarei que nada de mal aconteça a você.” Beijo o topo da cabeça de Ciel, se surpreendendo com a naturalidade com que fez isso. Agiu involuntário.

A voz suave de seu irmão passou segurança a Ciel, o calor dele era reconfortante. “Fique comigo até eu dormir. Eu não quero ficar sozinho.”

Sebastian pensou em recusar, sua cabeça ainda doía e lembrar dos sentimentos de Ciel não colaborava em nada, mas por algum motivo ele não conseguiu fazer isso. Estava em contradição, pois no fundo também queria ficar perto dele. “Está bem, mas só dessa vez.”

Ciel deitou e puxou o cobertor para se cobrir, esperando que Sebastian fizesse o mesmo, mas ele não o fez, ao invés disso permaneceu sentado na beira da cama. “Você não irá deitar?”

“Não.” Sebastian foi curto.

“Porque?” No fundo Ciel sabia a resposta.

Sebastian suspirou, se detestando por seu assim. Ele queria deitar ao lado de Ciel, mas seus traumas falavam mais alto. Ele nem sabia por que ainda agia assim, já fazia tantos anos desde os abusos que já deveria ter conseguido virar essa página. “Apenas durma. Logo eu terei que levantar para trabalhar.”

Ciel pensou em bater no idiota do seu irmão, pelo visto Sebastian nunca mais seria o mesmo com ele. “Está bem, não precisar ficar se não é isso que você quer, só seja mais sutil na hora de evitar ficar perto de mim.”

“Eu não estou te evitando, Ciel.” Sebastian repensou no que disse. “Certo. Talvez eu esteja.”

“Pelo menos você foi sincero dessa vez.” Ciel sorriu para amenizar o clima. “Vá para o seu quarto, eu estou bem.”

Sebastian sabia que Ciel não estava bem e que seria um imbecil se o deixasse sozinho, mas ele sinceramente cogitava a hipótese de obedecê-lo e ir para seu quarto. Suspirou, se dando por vencido. “Vai pra lá. Você também já é um menino grande, não deveria mais dar trabalho assim. E não espere que eu te abrace, e se eu roncar não reclame.”

Ciel não conseguiu esconder o sorriso ao ver seu irmão deitar na cama. Ele sabia que Sebastian estava brincando em relação ao ronco, mas em relação ao abraço estava na dúvida se ele realmente falava sério.

Ele percebeu que não era brincadeira quando Sebastian virou de costas e logo dormiu.

***

Sebastian estava deitado no divã do consultório. O designer daquele teto realmente o agradava. Por sorte Yume tinha uma hora livre em sua agenda essa semana e ele não perdeu tempo em reservar uma sessão, precisava espairecer.

“E como foi para você saber dos reais sentimentos de Ciel por você?” Apesar de não demonstrar, Yume tinha interesse pelo desenrolar desse caso, ou melhor, curiosidade, conhecia Sebastian a anos e essa era a primeira vez que o via mostrar interesse por alguém.

“Eu não sei…” Sebastian parecia aéreo. O bom de vim ao consultório era que ele não precisava fingir que estava bem. “Eu estou confuso. No fundo eu achei isso bom, mas... Ciel é meu irmão. Pelo menos é assim que eu ainda o vejo.”

“Mas ele não é, e agora ele sabe disso.

“Sim, ele não é.” Sebastian assentiu.

“E o que exatamente você sente por ele? Você consegue descrever?” Para Yume era bem claro o que acontecia com seu paciente, mas Sebastian parecia desconhecer os próprios sentimentos, talvez por nunca ter sentido antes isso por alguém.

“Eu não sei dizer.” Sebastian foi sincero. “Eu ainda gosto dele como irmão, mas não é só isso. Eu pensei que nada mudaria depois do que Rachel me contou, que continuaria o vendo como um irmão, e de fato foi assim durante algum tempo, mas... Eu sinto estou fazendo algo de errado, jamais imaginei que um dia as coisas ficariam assim. A verdade é que já não o vejo apenas como irmão.”

“É natural essa confusão, foram dezoito anos o vendo como um familiar, então seu subconsciente encara isso como um tabu, pois somos ensinados desde pequenos que é errado se relacionar com um familiar. Somado a isso teve os abusos do senhor Phantomhive, com o qual durante muito tempo você pensou também ter laços sanguíneos. Isso acaba bloqueando você.”

Sebastian assentiu. “Eu sinto que gostar de Ciel me torna igual aquele homem. Aliás, Ciel falou a mesma coisa.”

“Deve está sendo difícil para ele também.” Yume presumiu.

“Foi por isso que eu contei a verdade, não queria que ele se sentisse assim.” Apenas agora Sebastian parou para pensar no tormento que Ciel deve ter passado durante todo esse tempo sem saber que não era seu irmão de sangue. “Mas ele pareceu lidar bem com a notícia. Ele é um menino forte.”

“E você já pensou na hipótese de algum dia aceitar os sentimentos dele?”

“Tenho evitado pensar sobre isso.” Sebastian suspirou. “Não sei se conseguiria. Eu... tentei ter alguns encontros recentemente, até saí com uma colega de trabalho, mas...” Sebastian achou isso deprimente, parecia até aquelas pessoas desesperadas para arrumar alguém. “Não deu em nada, eu não consegui. Tive vergonha de mostrar meu corpo. Com Ciel não seria diferente, não quero que ele tenha outra imagem de mim além da que eu criei até agora. Não quero decepcioná-lo”

“Mas acho que Ciel seria a pessoa que melhor lhe entenderia nessa parte.”

“Eu não sei…” Sebastian ainda tinha lá suas dúvidas.

Yume olhou no relógio e fechou a agenda. “Você precisa se dar uma oportunidade, Sebastian. Você já fez muitos avanços até aqui, e isso é ótimo, mas está na hora de sair dessa zona de conforto que você entrou e subir mais alguns degraus. Pense nisso. Por hoje é só.”

Sebastian ficou pensativo. Se dar uma oportunidade… Certamente não conseguiria fazer isso, tinha medo das consequências que seus traumas trariam caso não conseguisse seguir em frente. Dessa vez não era algo que poderia voltar atrás igual das outras vezes, Ciel era importante e não queria magoá-lo.


Notas Finais


Enton, é isso que temos para hoje. Espero que tenham gostado, nos vemos no último capítulo.

Repetindo: se tiver erros me avisem, ou desconsiderem kkkk eu estou escrevendo pelo Celular e isso é uma bosta, enton né...

Bjokas!


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