1. Spirit Fanfics >
  2. Broken Soldier >
  3. Going Nowhere

História Broken Soldier - Going Nowhere


Escrita por: Wild_World

Capítulo 3 - Going Nowhere


“Os finais existem para que novos começos sejam criados”, disse Gabriel Mirarim

Quando as luzes da pequena cidade já haviam se apagado e nenhuma alma viva era encontrada pelas ruas, Lauren saiu. Entrou no carro, seu Aston Martin DB5 preto, brilhante como se o houvesse comprado ontem. Pôs as mãos no volante, respirando fundo. Olhou ao redor da cidade, pousando firmemente os olhos na porta da casa que costumava ser seu lar. Não aguentava mais ficar naquele lugar, parecia que iria sufoca-la a qualquer momento.

---------DIA ANTERIOR-------

Lauren frequentava cada vez mais a casa de Veronica e Lucy. Pareciam querer matar a saudade por tanto tempo longe, e estava funcionando.

Naquelas horas em que ficava na casa das amigas, velhas lembranças eram vividas e a parte dolorida de sua história era deixada de lado por alguns segundos em sua cabeça. O problema era que, durante as noites, tudo voltava com a velocidade de um tiro das mais potentes armas de fogo.

Acordava sempre com os músculos rígidos, cabeça dolorida e olhos tão arregalados que jurava que iriam cair de seu rosto. Mas, um dia, seus pesadelos não ofereceram um risco apenas para sua saúde mental, porém para a saúde física de sua irmã.

Taylor sonhara naquela noite que perdia Lauren. Que ela morria na guerra e nunca mais voltava para casa. Este pesadelo a fez pensar em tudo que havia acontecido até ali e, acabou constatando que sentia falta de sua irmã. Para surpreende-la, foi até seu quarto durante a manhã e a abraçou com força no intuito de acorda-la.

Pobre Taylor.

Lauren sonhava com alto terrível. Tiros trocados por todos os lados, a morte invadindo seu campo de visão e rostos nada agradáveis se fazendo cada vez presentes. Sentiu algo lhe tocar, logo referiu aquilo como uma ameaça. Não estava em si. Sem nem perceber o que acontecia, já apertava o pescoço de Taylor como um frango num matadouro. Não se dava conta do que fazia, para ela aquilo fazia apenas parte do sonho.

Quando acordou, deparou com sua irmã caçula com os olhos cheios d’água. Sentiu algo incomodo e percebeu o braço do pai a prendendo fortemente, imobilizando-a. A face da menina estava vermelha como um tomate, mas nada foi pior que o olhar aterrorizado que a encarava.

                - Des... Desculpe. – Balbuciou. – Eu sinto muito, Taytay.

A garota nada respondeu, apenas seguiu para o quarto com suas pernas bambas de medo. Ouviu-se a porta batendo com força logo em seguida.

                - Eu não fazia ideia, pai. – Lauren chorava compulsivamente. – Eu juro que não.

                - Eu sei, minha filha. – Disse Michael. – Vamos lhe arranjar uma psicóloga.

                - Sou um perigo para todos vocês. – Murmurou contra seu ombro. – Taylor nunca mais vai querer me ver.

                - Dê um tempo a ela. Isto foi muito aterrorizante para a menina. Uma hora tenho certeza que entenderá e tudo ficará bem. – Professou o homem mais velho. – Tenho que ir ao trabalho. Tem certeza que vocês ficarão bem aqui? Se precisar de alguma coisa, é só me ligar.

                - Tudo bem. Ficaremos bem. – Mike beijou sua testa rapidamente. – Tentarei falar com Taylor, pelo menos me desculpar pelo ocorrido.  

Quando seu pai saiu de casa, correu até o quarto da menina, tentando de alguma forma se desculpar por aquela agressão sem sentido. Bateu na porta várias vezes, sem resposta alguma. Chamou por Taylor e ainda não obteve resposta. Tentou tudo que pensara em sua mente, lhe pediu desculpas mil vezes, chegou até a confessar o sonho que a levou a fazer aquilo. Nada se foi ouvido.

Lauren entendia. Sua irmã estava com certeza magoada. Afinal, a menina fora lhe acordar com todo o amor do mundo e acabou sendo recebida com as mãos em seu pescoço. Lauren se sentia a pior pessoa de todo o mundo.

Finalmente se deu conta de que o tão esperado recomeço não foi atingido. Ainda vivia atrás dos escombros de seu passado. Não poderia continuar naquela casa enquanto ainda sua vida estivesse estagnada na guerra. Tinha que sair de lá para finalmente poder seguir em frente.

----------PRESENTE--------

Então, lá estava ela, dirigindo pela estrada durante aquela noite vazia e solitária. Não ouvia nada a não ser a música que ecoava pelo rádio. Apertou o volante entre os dedos, sentindo a pontada de dor invadir seu peito. Respirou fundo e deixou que a melodia invadisse seus ouvidos.

Bem-vindo a Traverse City, Michigan, dizia a placa.

Os raios solares já se faziam presentes quando Lauren dirigia pelas ruas pacatas de Traverse City. Já poderia constatar a pequena quantidade de pessoas andando pelas ruas, geralmente trabalhadores das lojas. A cidadezinha era bonita, uma longa faixa de areia tomava conta da costa, logo em seguida banhada pelas ondas do mar.

Finalmente parou o carro, estacionando-o em frente a uma pequena cafeteria. O cheiro de pão fresco invadiu suas narinas e, como em um passe de mágica, sentiu o estomago roncar. Retirou os óculos escuros do rosto e os levou até o bolso de sua blusa. Olhou ao redor, um pequenino lugar, as paredes pintadas de uma cor vermelha escura, os bancos eram forrados com estofamento macio. Perfeito, pensou Lauren.

Andou até o balcão em passos lentos, pegando a carteira e retirando 5 dólares, o suficiente para um café e um pedaço de torta de maçã. Os olhos estavam vidrados no chão de madeira, que deixava pairar o ar rústico na decoração.

Quando finalmente fitou o guichê, deu de cara com a atendente mais linda que já vira em toda a sua vida. Seus olhos castanhos pareciam reluzir diante daquela luz matutina. Os cabelos, que Lauren percebeu serem marrons, presos num rabo de cavalo alto com alguns fios estrategicamente soltos, lhe davam um ar juvenil e ao mesmo tempo estonteante. O sorriso da mulher se fez presente logo depois que Lauren gaguejou seu pedido. Parecia uma miragem no meio do deserto, ou a última gota de água num mundo apocalíptico. A beleza estonteante da atendente a deixava sem palavras possíveis para descrever.

                - Daqui a pouco eu entrego seu pedido, senhorita. – Ela disse. Sua voz parecia ser tão melodiosa quanto seu rosto. Lauren apenas balançou a cabeça.

Da mochila que trazia nas costas tirou um livro, “Orgulho e Preconceito”. Começou a folhear as páginas já tão bem conhecidas por seus olhos. Ler para Lauren era como voltar para casa depois de um dia cansativo, ou um abraço de uma pessoa amada após um dia horrível. Então, uma ideia resplandeceu sua cabeça rapidamente. Ideia para um possível futuro livro.

Pegou a caneta rapidamente e um guardanapo da mesa. Começou a escrever mais e mais palavras que poderiam até parecer desconexas para alguns, mas fazia sentido em sua cabeça. Não parecia conseguir largar a caneta da mão, até que um som se fez presente.

                - Aqui está. – A linda atendente disse.

                - Ah, obrigada. – Lauren então, novamente, perdeu a visão no rosto da moça.

                - “O que são homens comparados a rochas e montanhas?” – Citou a mulher.

                - “Em vão tenho lutado comigo mesmo; nada consegui. Meus sentimentos não podem ser reprimidos e preciso que me permita dizer-lhe que eu a admiro e amo ardentemente” – Respondeu Lauren.

                - Então finalmente encontrei uma admiradora de boa literatura nesta cidade. – Disse com bom humor. – Você é nova aqui, certo? Provavelmente teria te reconhecido caso já tivesse a visto.

                - Sim, estou tentando um novo começo. E aqui estou eu em Traverse City.

                - Espero que goste daqui. – Disse a atendente logo antes de partir.

                - Esperamos. – Murmurou sem que a linda mulher a ouvisse.

Trouxe o café até os lábios, sentindo o cheiro emanar para si rapidamente. O calor contrastou com sua boca e, finalmente bebeu o líquido, enquanto lia novamente o livro que sua avó lhe dera.

De vez em quando deixava que os olhos escapassem das letras e viajassem para latina de sorriso encantador. O jeito com que atendia os clientes parecia tão informal e amigável que Lauren tinha vontade de ir lá e falar com ela. Ela era incrível. Com certeza Lauren voltaria a aquela cafeteria.

Quando saiu do lugar ouviu o pequeno tilintar do sino vindo da porta. Olhou para trás, para ver se receberia novamente mais uma das faces amigáveis da garçonete, mas a mesma olhava sonhadora pela porta de vidro, como se divagasse lentamente. Lauren se virou e começou a andar pela cidade, pelo menos para conhecer um pouco a área.

Existiam poucas lojas por lá, uma de antiguidades, joalheria, loja de instrumentos musicais, um pequeno mercado, loja que vende artigos de esportes, principalmente pranchas de surf, entre outras. Estava andando quando esbarrou em uma mulher, uma pequena loira com os cabelos pelos ombros. Seu olhar marcante foi estirado diante de Lauren, e logo sorriu rapidamente.

                - Desculpe. – Ela disse.

                - Sinto muito. – Lauren respondeu. – Aproveitando nosso esbarrão, se você não se incomoda, teria como me indicar um hotel para passar uns tempos aqui?

                - Foi o destino mesmo. – Disse animada. – Minha família é dona de um hotel por aqui. Fica bem perto, só seguir reto e virar à esquerda. O nome é Brooke’s Hotel. Servimos café da manhã e janta. Os quartos são bem confortáveis. Qualquer dúvida é só falar comigo ou com o pessoal de lá. – Dizia a pequena mulher.

                - Já me convenceu. – Falou Lauren.

                - Meus modos! Meu nome é Allyson Brooke, mas pode me chamar de Ally.

                - Lauren Jauregui.

                - Então, tenho que ir comprar as coisas para fazer a janta de hoje. Espero te ver lá, Lauren. – Então Allyson, ou Ally, acenou e se foi, rumo ao mercadinho.

Lauren seguiu para seu carro então. Voltou a sentar-se no banco acolchoado, rumo ao hotel. Quando entrou, viu que o lugar tinha um certo ar familiar, aconchegante. Certamente gostaria de ficar lá. Além dos preços serem bem baixos por diária.

Lauren fazia questão de lembrar que aquilo era temporário, tinha que arranjar um jeito de se instalar naquela cidadezinha. Deixou para pensar nisto outro dia.

Quarto 346 era o seu. Pegou a chave e subiu o lance de escadas até o encontrar. Deixou as malas num canto qualquer, pois não eram tantas a ponto de interromper a passagem, e se deitou na cama que, por final, descobriu ser incrivelmente macia. Permitiu finalmente que os olhos pesados finalmente se fechassem e tomassem rumo a provavelmente mais um sonho.

Então, permitiu-se deleitar na doçura de um novo começo. 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...