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História Busca Implacável (BoruSara) - Dia de aula


Escrita por: DudaKCALY

Capítulo 31 - Dia de aula


Sarada perdeu a conta de quantos minutos ficou no meio daquele abraço, sentindo toda aquela emoção. Seu coração agora estava mais calmo, e ela já sentia-se mais relaxada, porém toda a euforia continuava ali.

Finalmente, depois de todos esses anos, estava abraçando seus pais. Havia pedido à Deus por isso todos os dias de sua vida, e agora que finalmente tinha sua família não conseguia deixar de pensar que estava sonhando.

Desde que conhecera Sasuke e Sakura, sua primeira impressão fora que eles a emocionavam. Ficavam lindos juntos, se completando e se cuidando mutuamente, e ela podia ver claramente o amor que os unia. Havia pensado, por várias vezes, o quanto eles deviam ser bons pais para Tatsuo, e se alegrava com isso.

Ah, Tatsuo... Nem conseguia acreditar que aquele menininho era seu irmão de verdade.

– Eu não consigo acreditar – sussurrou, ainda sendo esmagada por seus pais.

– Nós também não – disse Sakura de olhos fechados, apenas sentindo a presença de sua filha entre seus braços.

Ela tinha um cheiro floral muito bom, e os cabelos eram tão macios quanto os de seu marido. Podia ver muito de Sasuke na aparência dela, mas também via muito de si. O sorriso, o brilho nos olhos, a personalidade marcante... Tinha orgulho em dizer que sua filha tinha puxado o melhor de si.

Se separaram lentamente, rindo um para o outro e sem motivo algum. Um clima leve e de alívio pairava no ar, e ninguém conseguia ignorar a sensação de frescor que a vida parecia ter tomado.

– Vocês tem certeza? – perguntou Sarada secando seu rosto, que estava completamente banhado por suas lágrimas.

– Nós pedimos um exame de DNA – comentou Sasuke, já que Sakura tentava se recompor. Mas a voz do moreno ainda estava rouca pela emoção – Mas esses exames são demorados, mesmo no particular. Vai demorar uma semana pra ficar pronto.

Sarada franziu seu cenho.

– Então vocês não tem certeza... – começou, mas foi interrompida.

– Temos sim – disse Sakura, completamente convicta – Você é a nossa filha, e sobre isso não há dúvidas.

– Pedimos o exame apenas por uma questão burocrática – comentou Sasuke – Se você um dia quiser adotar o sobrenome Uchiha, vai precisar disso.

Sarada ficou encarando o moreno. Não tinha pensado nesse lado. Mas se ela tinha descoberto seus pais... O que seria de Chyo?

Sasuke percebeu que a filha tinha ficado melancólica de uma hora para outra, e logo resolveu amenizar o assunto.

– Mas isso não é coisa pra agora – começou ele atraindo a atenção da esposa e da filha – Acabamos de nos reencontrar, e precisamos ir com calma. Foram longos 17 anos, e por mais que tenhamos certeza absoluta de que você é nossa filha, somos desconhecidos.

Sakura assentiu.

– Sim, não vamos nos apressar, nem exigir nada. Não nos conhecemos, e acho que antes de qualquer coisa precisamos conviver um pouco.

Sarada assentiu, abrindo um sorriso, já mais tranquila.

– Sim, eu... Eu tenho muitas dúvidas. Quer dizer... Eu sempre pensei no que eu diria se um dia eu encontrasse meus pais, mas eu nunca imaginei que seria numa situação como essa.

Sakura sorriu para a filha, que parecia eufórica e perdida. Sasuke assumiu uma expressão mais sombria.

– Você deve saber sobre a nossa história – disse o moreno encarando o chão – O jeito como foi levada de nós.

Sarada assentiu lentamente.

– Orochimaru – murmurou ela.

– Nós jamais sequer pensamos em te abandonar ou alguma coisa do tipo – continuou Sasuke levantando sua cabeça para encarar a filha – Se fomos privados da sua presença todo esse tempo o único culpado é esse...

Ele deixou a frase morrer no ar. Sakura se aproximou, com um olhar preocupado, e passou as mãos pelas costas do moreno, tentando confortá-lo.

– Mas nãos vamos pensar no que passou – disse Sakura num tom doce.

Parecia que nada poderia abalar sua felicidade exultante.

– Vocês estão certos – escutaram uma voz, vinda do canto extremo do cômodo. Era Naruto, que voltava à sala com Boruto logo atrás de si – E aí, já contaram para ela?

– Já, Dobe – disse Sasuke com um sorriso contido – Já pode fazer o que eu sei que está louco para fazer.

O loiro esfregou as mãos, e Sarada franziu seu cenho. Naruto aproximou-se dela com um sorriso gigante nos lábios, e então simplesmente abraçou-a forte, tirando os pés dela do chão e girando-a várias vezes, enquanto ria como uma criança.

– Saradaaaaa – chamou ele enquanto girava a morena, que ria, divertida.

Foi inevitável não sorrir ao ver a cena. Naruto parecia uma criança pequena com um brinquedo novo.

– Põe minha filha no chão, Dobe – ralhou Sasuke fazendo uma careta.

Sakura riu.

– Deixa ele, amor. Está feliz.

O moreno revirou os olhos, mas não disse mais nada.

Naruto finalmente parou de girar e pôs Sarada no chão, firmando-a pelos ombros para o caso dela estar tonta.

– Esperei muito tempo pra te conhecer – disse o loiro admirando-a com um olhar encantado – Ainda não tô acreditando que a filha do Teme finalmente voltou.

Sarada riu para o sogro, que nem sabia sobre seu relacionamento com Boruto ainda.

– Eu também não estou acreditando. Às vezes acho que é um sonho. A ficha ainda não caiu.

Naruto assentiu.

– É, eu sei como é. Foi a mesma coisa quando Boruto e Himawari nasceram. Eu os segurava em meus braços, mas não conseguia acreditar que aquelas coisinhas eram meus filhos.

A morena assentiu.

– Parece tudo meio irreal.

– Mas não vai se desesperar quanto a notícia finalmente for digerida.

O loiro recebeu um tapa atrás da cabeça e fez uma careta, se curvando de dor. Era Sakura.

– Para de aporrinhar minha filha, Naruto.

– Ai, Sakura-chan – chamou ele esfregando a cabeça – Eu só tô empolgado.

Sakura desfez a careta que tinha e abriu um sorriso doce pro loiro.

– Eu sei.

Sarada apenas observava a dinâmica entre o grupo. Era engraçado observá-los interagindo.

Enquanto Sasuke, Sakura e Naruto se distraiam conversando, Boruto aproximou-se de Sarada, que aos seus olhos parecia radiante.

– Como você tá? – perguntou ele encarando-a atentamente. Queria captar qualquer sinal de desconforto ou hesitação.

A morena desviou seus olhos para ele. Parecia anestesiada, perdida num turbilhão de emoções.

– Eu não sei... – sussurrou ela com uma expressão sonhadora – Como eu deveria me sentir? Feliz? Estranha?

O loiro abriu um sorriso de canto e levou as mãos até os bolsos.

– Feliz – afirmou ele – Tio Sasuke e tia Sakura são incríveis. Não é à toa que você é tão incrível.

Sarada abriu um sorriso enorme, e Boruto sentiu vontade de beijá-la. Ela era linda, e feliz desse jeito era mais linda ainda.

Mas seus tios tinham acabado de reencontrá-la, então a notícia de que eles já tinham um genro podia esperar mais algum tempo. Não queria tumultuar as coisas e dificultar ainda mais a relação entre eles.

Só esperava que essa adaptação não demorasse muito, porque não via a hora de gritar para o mundo que aquela morena era o amor da sua vida.

Sarada soltou um suspiro tranquilo, parecendo relaxar. Seus olhos pesaram, e ela encarou Boruto com um ar de sonolência.

O loiro franziu seu cenho. De uma hora para outra a morena havia ficado extremamente pálida.

– Sarada... – murmurou ele olhando-a atentamente, atraindo a atenção dos demais.

A morena tentou responder, mas seu corpo não mais a obedecia. Um frio estranho transpassou seu corpo, seguido de um calor forte.

Logo, ela já não enxergava mais nada.

 

 

(...)

 

 

– Pai – o murmúrio baixo soou como um eco pela enorme sala de jantar.

Estavam à mesa. Tanuki, sentado na cabeceira, ao ouvir o chamado da filha apenas continuou comendo pacientemente. Fez um sinal com um dos dedos, indicando que estava ouvindo o que ela tinha a dizer.

Sumire pressionou os lábios perante o silêncio grosseiro e a falta de atenção. Mas o que mais esperar de seu progenitor?

Tanuki Shigaraki Kakei era um pesquisador. Desenvolvia novas tecnologias para empresas já desenvolvidas ficarem ainda mais evoluídas, e então as vendia pelo preço mais alto que lhe fosse oferecido. Se a empresa concorrente o contratasse por uma quantia ainda mais elevada, ele entregaria os defeitos de seu projeto e até mesmo construiria algo ainda melhor, fazendo o sucesso ser garantido.

Tudo por dinheiro, e honra era algo desconhecido em seus negócios. Ele lidava com números, e não com pessoas. Era um homem cético, calculista e ateu, que recentemente havia desenvolvido um interesse por política que beirava a obsessão. Seu pai queria mais, como sempre, e não media esforços para saciar seus anseios.

O problema é que, perante esta constatação, quem tinha que ajuda-lo era ela.

Seduzir o filho do prefeito e aproximar a família Kakei dos Uzumaki. Esse era seu objetivo de vida. Havia sido planejada e concebida com o único intuito de servir ao seu pai e aos interesses gananciosos dele. Nada além disso.

Não era à toa que sua irmã mais velha, Konan, preferia viver nas favelas de Kiri do que no luxo e conforto oferecidos pelo pai.

Sumire já havia pedido à ela mais de mil vezes que a levasse para viver consigo, para que a ajudasse a se livrar do pai, mas Konan negava. A verdade é que ela estava metida com coisas ilícitas, e que a qualquer momento podia ser pega numa emboscada ou morta.

E agora Sumire estava aqui, tendo que contar para seu pai que Boruto Uzumaki estava namorando.

– Eu... – ela começou, mas sua voz falhou. Seu coração estava acelerado e seus mãos trêmulas. Temia a reação do pai.

Ela ouviu o pai largar os talheres sobre o prato com rispidez, fazendo um barulho seco ecoar por toda a sala de jantar. Agora ela tinha sua atenção, e ele a encarava com um expressão extremamente irritada.

– Sabe que odeio fraqueza – a voz rouca chegou aos seus ouvidos num tom contido e polido, afinal, os empregados ainda estavam por ali – Quando for falar comigo, fale direito e sem rodeios.

Sumire baixou os olhos.

– Perdão, pai, mas eu preciso lhe contar algo.

– Então conte de uma vez – resmungou Tanuki voltando a comer.

– Boruto Uzumaki está namorando.

Em um primeiro momento, Tanuki não expressou nenhuma reação. Continuou comendo normalmente. Mastigou a carne pacientemente, engoliu-a e ainda tomou um gole generoso do vinho que havia escolhido.

Seus olhos negros desviaram-se para as empregados que permaneciam parados no canto da sala, aguardando alguma instrução.

– Saiam e fechem a porta – ele ordenou num tom que transpassava autoridade.

O empregados não contaram tempo. Um após o outro, saíram em disparada e fecharam todas as duas portas que davam acesso ao cômodo.

Sumire apertou os talheres que ainda segurava, observando o pai agir com tranquilidade.

Nesse momento queria, simplesmente, ser qualquer outra pessoa.

 

 

(...)

 

 

Se o loiro não tivesse sido rápido o suficiente, Sarada teria caído no chão como um saco de batatas.

Assustou-se ao ver o quão pálida ela estava, e no quão roxo seus lábios estavam.

– Põe ela no sofá! – pediu Sakura já se aproximando – Naruto, vai pegar um copo de água. 

O loiro Uzumaki ainda estava um pouco paralisado, mas apenas virou-se e saiu correndo.

Sasuke agia com tranquilidade, assim como Sakura. Haviam visto os exames da filha quando estavam no hospital, e Sasori contou à eles que ela estava com uma anemia leve. Mas a rosada, como médica, sabia que esses desmaios frequentes também poderiam vir de um possível estresse emocional, afinal, a morena vinha passando por muita coisa ultimamente.

Boruto apertou Sarada com mais firmeza, e então ergueu-a em seus braços. Ela não podia ter perdido peso de uma hora para outra, mas de repente o loiro teve a impressão de que ela estava quilos mais leve do que o normal, e completamente frágil, como uma folha de papel exposta à chuva.

Depositou-a sobre o sofá mais próximo, e logo foi afastado dela por sua tia, que automaticamente checava os sinais vitais.

– Os batimentos estão lentos – murmurou Sakura levando seu ouvido até o peito da garota – A pressão deve ter caído. 

– A água vai ajudar? – perguntou Sasuke parado ao lado da esposa. Só conseguia ficar tranquilo porque confiava completamente nas habilidades profissionais de sua mulher. Além disso, os anos que passou na polícia, resistindo à pressão e tomando decisões em situações adversas fizeram-no mais forte.

– Na verdade foi pra ocupar o Naruto antes que ele começasse a fazer escândalo. Vamos colocar as pernas dela para cima.

Sasuke assentiu, já se posicionando e segurando as pernas da filha para cima. Logo viram Naruto voltando correndo da cozinha, com Chyo e George em seu encalço. Todos pareciam muito preocupados, e ao ver Sarada no sofá Chyo travou no meio do caminho.

– Por Deus, está branca como uma vela! – exclamou aterrorizada, arregalando seus olhos.

– Não se preocupe, foi uma queda de pressão – disse Sakura tomando a água das mãos de Naruto.

– Foi demais pra ela – murmurou Chyo esfregando sua testa – Toda essa agitação, a mudança para Konoha... Eu deveria ter prestado mais atenção na minha menina.

– Você é uma ótima avó, Chyo-baa – disse Boruto tranquilizando-a – Ela fala muito bem de você.

Sakura se abaixou ao lado da filha, que já começava a recuperar a cor.

– Sarada – chamou num tom calmo enquanto aachacoalhava de leve por um dos ombros – Sarada, acorde, querida.

Os olhos fechados da morena tremeram levemente, para logo depois começarem a se abrir. O suspiro de alívio foi geral quando os olhos negros finalmente voltaram a se revelar.

A morena pareceu levemente desorientada, encarando a todos com muito estranhamentos. Mas isso só durou alguns segundos, pois logo sua expressão se suavizou.

– O que aconteceu? – perguntou ela num murmúrio.

Sakura apoiou-a quando ela quis se sentar.

– Está tonta? – perguntou a rosada oferecendo à filha o copo d'água. 

Sarada aceitou, tomando alguns goles.

– Minha cabeça está latejando – Sarada respondeu fechando um dos olhos.

– Você desmaiou – disse Sasuke ficando de cócoras em frente ao sofá – Sente-se bem?

A morena piscou algumas vezes.

– Não sei...

– Precisa descansar e comer – disse Sakura levantando-se e desviando seu olhar para Chyo.

Chyo assentiu.

– Foram muitas emoções. Ela vai ficar bem se descansar.

Sakura assentiu, respirando fundo.

– Acho que devemos ir para casa – sugeriu Sasuke também levantando-se.

O casal Uchiha trocou um olhar significativo, e então Sakura apenas assentiu, abrindo um sorriso e voltando a olhar para a filha.

– Sim. Vamos deixar você descansar.

– Eu... – começou Sarada mordendo o lábio inferior. Ainda sentia-se estranha – Como serão as coisas daqui pra frente?

– Vamos com calma – respondeu Sasuke com naturalidade – Sabemos que não estamos numa situação comum. Acabamos de nos reencontrar depois de 17 anos separados, então, apesar de nosso estreito laço sanguíneo, somos como estranhos.

– Só queremos que não se sinta pressionada, entende, querida? – pergunta Sakura atraindo a atenção da filha – Sabemos que não vai ser fácil pra você, e por isso queremos apenas ir com calma.

Sarada assentiu.

– Vocês vão contar pra mais alguém?

Sasuke suspirou.

– Num primeiro momento, não. Queremos que você se acostume com a ideia. Depois disso, o primeiro a saber será Tatsuo, e em seguida o resto da família. Mas esse tempo quem definirá é você.

– Não vão contar nem pro tio Itachi? – perguntou Boruto enfiando as mãos em seu bolso.

Sakura deu uma risada leve.

– Eles fariam muito estardalhaço. Tenho medo que sufoquem a Sarada com tanta atenção. Por isso vamos esperar um pouco.

O loiro assentiu, mordendo o interior de sua bochecha. Sarada observou-o. Sabia o que ele estava pensando, e então respirou fundo.

Teriam mais algum tempo até que Hiro descobrisse.

 

 

(...)

 

 

Sasuke e Sakura já haviam ido embora.

A despedida fora simples. Apenas um abraço apertado, mas foi na troca de olhares que Sarada sentiu seu peito acelerar. Ela já enxergavam-na como sua filha, e transpassavam à ela um amor incondicional.

Mas a morena estava confusa, ansiosa e um pouco zonza. Não esperava nada disso, e a informação havia chegado e ido tão rápido que ela ainda não tivera tempo de processar.

– Você está bem? – ela ouviu Boruto lhe perguntar, enquanto afagava suas costas carinhosamente.

Estavam sentados em um dos sofás da sala, completamente sozinhos. A noite já se estendia há algum tempo, e exatamente por isso Chyo e George já haviam ido dormir, deixando o casal à sós para que pudessem conversar.

Suspirou, desviando seu olhar para encontrar o dele.

– Acho que sim. Quer dizer... Ainda não acredito. É difícil.

O loiro assentiu.

– Eu sei. Pelo menos eu imagino como seja.

– Só tô um pouco preocupada.

– Com o que?

– Eles já parecem tão confiantes... Tenho medo de que se decepcionem se descobrirem que na verdade eu não sou nada deles e que essa busca ainda não acabou.

Boruto respirou fundo, inclinando seu tronco para frente e apoiando seus cotovelos em suas pernas.

– Se isso acontecer eles vão saber lidar, não se preocupe. São adultos e já estão acostumados com essa dor.

Sarada desviou seus olhos para o chão.

– Mas eu não – sussurrou para que apenas o loiro escutasse.

Boruto encarou-a profundamente, sentindo tudo em si se retorcer. Aproximou-se mais ainda dela, passando um de seus braços pelos ombros magros e puxando-a para um abraço.

– Eu vou estar aqui. Não importa de quem você seja filha, nada entre nós vai mudar.

A morena retribuiu com força o abraço, sentindo-se mais tranquila e segura com a promessa do namorado.

– Obrigada por estar ao meu lado – disse ela com a voz abafada contra o ombro do Uzumaki.

– Sempre vou estar aqui, você sabe.

– Começamos a namorar há apenas 24 horas e tudo isso já está acontecendo.

– Pois é. Você atrai bastante encrenca, eu já percebi.

Sarada se afastou.

– Eu?! – perguntou, rindo.

Boruto riu, deixando-se no sofá e pondo a cabeça no colo da morena.

– Você vai pro colégio amanhã? - perguntou ele mudando de assunto.

– Vou sim – respondeu Sarada passando as mãos pelo cabelo macio do namorado, que fechou os olhos com o carinho – Você acha que vai ser muito diferente?

Boruto, ainda de olhos fechados, deu uma risada rouca.

– Não – desdenhou ele ironicamente, e então abriu seus olhos – Eu venho te buscar amanhã, pode ser?

Sarada ergueu uma sobrancelha, parando com o carinho e relaxando as mãos sobre o peito do loiro. Ele franziu seu cenho e puxou a mão dela de volta, pondo-a sobre sua cabeça, num sinal para que ela continuasse com os afagos.

– Quer me dar uma carona, Uzumaki? Saiba que eu tenho namorado, ok?

– Ah, eu sei. Um namorado atlético, forte e viril.

– Você esqueceu de mencionar a humildade sem fim – debochou Sarada rindo de canto para ele.

– Oh, sim – concordou ele fechando novamente os olhos. O carinho de Sarada era gostoso e o estava deixando sonolento – Desse jeito eu vou dormir – murmurou.

– Não me importo – disse ela abaixando-se e depositando um selinho sobre os lábios do loiro, pegando-o de surpresa.

Boruto abriu um sorriso com o gesto.

– Tenho direito a um refil? – brincou ele.

– Isso foi a amostra grátis. Sem refil.

O loiro abriu os olhos, e com uma rapidez invejável sentou-se no sofá, puxando Sarada para cima de si.

– Então eu quero comprar o produto – disse ele aproximando-se de Sarada.

– Ah, mas é caro. Tem certeza?

– Uhum – murmurou ele – Absoluta.

Então, o loiro encerrou a distância entre eles, iniciando um beijo avassalador.

 

 

(...)

 

 

Sarada abriu seus olhos um por um, acostumando-se com a claridade. Seu celular despertava em cima do criado mudo, espalhando um som estridente por todo o cômodo. Ela bufou, colocando o travesseiro em cima de sua cabeça e desejando que já não fosse hora de levantar. Estava descansada, mas fazia um friozinho tão bom que as cobertas pareciam grudadas em seu corpo.

Após alguns minutos, decidiu finalmente se levantar. Desligou o despertador e foi direto para o banheiro tomar um banho quente para tentar esquentar seu corpo.

Estava inconformada. Na noite anterior fazia um calor agradável, mas aquela segunda-feira, havia amanhecido fria e com um céu nublado. Mas bem que sua avó, ao ver o vento sul contínuo, havia dito que o tempo iria virar.

Decidiu esquecer o assunto e sair logo do banho, que já durava um bom tempo. Estava tentando pensar em qualquer assunto rotineiro para evitar outros mais complicados, como a situação com o casal Uchiha e também o dia de hoje na escola. Pedia aos céus para passar despercebida, mas sabia que seria praticamente impossível.

Enrolou a toalha em seu corpo e saiu do banheiro, indo até seu closet. Vestiu uma lingerie branca, com alguns detalhes em renda, e depois pegou o uniforme. Arrepiava-se com as gotas que escorriam de seu cabelo por suas costas.

Decidiu que, por estar frio, usaria o uniforme completo: a saia de pregas preta, a blusa branca de gola e manga comprida por dentro da saia, a gravata preta, o colete de lã sem mangas cinza claro, o blazer preto com detalhes em branco e o símbolo da escola bordado no lado direito e a meia branca, que chegava logo abaixo de seus joelhos, completada por um sapato de salto 10 preto verniz.

Secou seus cabelos e com a ajuda de um babyliss fez algumas ondas em seu cabelo, modelando-o para ficar com um volume bonito. Fez uma maquiagem simples, apenas uma boa pele, um delineado fino sobre os olhos, rímel e um gloss cor de boca com cheiro de morango, que ela fez questão de colocar na mochila, já que teria que repassar de pois do café e também depois do intervalo. Por fim, deu algumas borrifadas de seu perfume em seu pescoço e pulsos, sentindo o cheiro bom espalhar-se por todo o quarto.

Encarou-se no espelho, respirando fundo. Estava pronta. Só precisava mais arrumar sua mochila com os materiais do dia e descer para tomar café com sua avó.

E foi o que fez. Alguns minutos depois, já descia as escadas pacientemente, com seu salto fazendo barulho contra o piso de porcelanato.

Quando finalmente alcançou a sala de jantar, abriu um sorriso ao visualizar sua avó já ali, com seu tablete numa mão e uma torrada em outra.

Chyo era uma mulher chique. Apesar da idade, nunca deixava de se maquiar nem de usar salto. As joias caras já eram uma marca registrada, e o cabelo estava sempre hidratado e bem arrumado, mesmo que já fosse grisalho.

– Bom dia, vovó – desejou Sarada atraindo a atenção da senhora.

Chyo imediatamente largou seu tablete para poder dar atenção à neta.

– Como você está? – perguntou ela, preocupada.

Sarada deixou sua mochila em uma das cadeiras e sentou-se ao lado da avó, respirando fundo.

– Estou bem, vovó. Só tentando não surtar.

– Eu queria ter falado com você ontem, mas achei que o Boruto iria ajudar mais do que eu.

Sarada corou, desviando seus olhos da avó.

– Ele é bem compreensivo.

Chyo respirou fundo, pegando a mão da neta sobre a mesa.

– Não quero que você se sinta mal, ou pressionada – começou Chyo olhando para a morena com preocupação nos olhos – Quero que saiba que vou te dar todo o apoio, não importa qual o resultado do exame.

Sarada assentiu.

– Eu sei, vovó. E você também. Se isso tudo se confirmar, se o Sasuke-san e a Sakura-san forem mesmo meus pais, eu não vou te abandonar.

Chyo riu.

– Ah, Sarada, você é um amor. Não se preocupe comigo. Vou ficar totalmente bem. Pense em você em primeiro lugar.

Sarada negou com a cabeça, apertando a mão da avó que estava sobre a sua.

– Isso não está em discussão. Amo você e nunca vou te deixar sozinha.

A senhora suspirou.

– Vamos deixar para discutir isso quando o resultado chegar? Acho que vai ser melhor. Além disso, você precisa comer. Chega de ir para a escola de estômago vazio.

A morena sorriu.

– Tudo bem.

As duas continuaram conversando, dessa vez sobre outros assuntos. Algum tempo depois, Boruto apareceu na sala de jantar, com os cabelos charmosamente bagunçados e a jaqueta do time sobre a camisa branca do colégio, que tinha os primeiros botões abertos e a gravata levemente solta. Estava sem a mochila, que provavelmente havia deixado no carro.

Sarada prendeu sua respiração. Não sabia quando iria se acostumar com a visão do loiro logo de manhã cedo.

Boruto era lindo, uma perdição. A pele bronzeada e o cheiro embriagante já haviam virado as coisas preferidas da morena, assim como os olhos azuis e o cabelo macio.

– Bom dia, vovó Chyo – desejou ele sorrindo e indo até a senhora, cumprimentando-a com um beijo no rosto.

– Bom dia, querido.

O loiro foi até Sarada, abraçando-a pelo pescoço e depositando um beijo demorado sobre os lábios, sentindo um gosto bom de morango.

– Bom dia – sussurrou ele próximo ao rosto dela.

– Bom dia – respondeu a morena, sorrindo.

– Tá pronta? – perguntou Boruto se afastando para sentar na cadeira ao lado de Sarada.

– Praticamente, mas ainda tá cedo.

– É, eu sei. Mas acordei e não consegui mais dormir, aí me arrumei e decidi vir.

Sarada assentiu.

– Quer comer? – perguntou ela apontando para a mesa posta.

– Ah, ele com certeza vai – disse Chyo já fazendo um sinal com a mão, chamando uma das empregadas – Saori, traga talheres e uma xicara para o Boruto, por favor.

– Sim, senhora – respondeu a garota curvando-se e saindo apressada em seguida.

Boruto deu de ombros, rindo e dando de ombros.

– Então tá.

 

 

(...)

 

 

Boruto estacionou o carro em frente ao colégio e puxou o freio de mão com precisão. O casal saiu do carro ao mesmo tempo, já atraindo muitos olhares sem nem mesmo terem entrado na escola.

Boruto, com seus óculos escuros e pose relaxada, jogou sua mochila sobre um de seus ombros e deu a volta no carro, travando o carro e guardando a chave em um dos bolsos da calça. Alcançou Sarada e passou um de seus braços pelos combros dela, começando a caminhar tranquilamente.

Sarada riu, tentando manter uma pose neutra enquanto andava com o loiro até os portões, que já acumulavam uma grande quantidade de alunos.

– Que gente curiosa – resmungou Boruto fazendo uma careta.

– Pois é – murmurou Sarada.

– Fica tranquila, linda – disse ele tirando o braço dos ombros dela e entrelaçando seus dedos – Ninguém tem nada a ver com isso.

Sarada mordeu o lábio inferior, assentindo, e eles continuaram caminhando. Atravessaram a rua e finalmente alcançaram os portões.

As pessoas encaravam-nos sem pudor. Abriram espaço suficiente para que eles passassem no meio deles, e então voltaram a fechar a rodinha, acompanhando-os com os olhos.

Sarada sentia seu coração latejar em seus ouvidos, mas manteve-se firme. Não demonstrou sua insegurança, e só permaneceu ali até passarem por toda aquela multidão. No bolso de seu blazer o celular começou a vibrar sem parar. Ela sabia que eram as notificações que já estavam chegando, e por isso mesmo ignorou.

O casal continuou sua caminhada pelo colégio de mãos dadas. As garotas miravam com inveja a interação dos dois, afinal, Boruto era extremamente cuidadoso e carinhoso com Sarada, mesmo nos pequenos gestos. Já os garotos encaravam Sarada com malícia, pensando no que a morena tinha para ter fisgado Boruto daquele jeito.

O casal continuou seu percurso normalmente. Quando chegaram ao pátio, avistaram seus amigos todos sentados numa mesa, bem no centro do lugar. Sarada estranhou estarem todos juntos, afinal, ninguém nunca havia lanchado com os B5 antes. Mas agora a mesa dos meninos estava lotada de gente, e não apenas aqueles admiradores que se aproveitavam: os seus amigos estavam ali.

Sentiu-se feliz por isso, afinal, estavam agregando coisas boas.

Quando viram o casal chegando juntos, os amigos soltaram piadinhas e alguns murmúrios abusados.

– Ok, ok. Vão se ferrar, seus otários – disse Boruto rindo e jogando sua mochila contra Shikadai.

– Olha só, virou a atração da escola e agora agride os amigos – brincou Shikadai fazendo Inojin rir.

– É a fama – zombou Iwabe.

Sarada sentou-se no banco da mesa e Boruto parou logo atrás dela, apoiando um de seus pés sobre o banco e suas mãos nos ombros dela.

– Sarada, estudou pra prova de cálculo dois? – perguntou Chocho, que tinha seu caderno aberto na sua frente e parecia extremamente tensa.

– Não, eu entendi a matéria toda na sala – respondeu Sarada encarando-a – Você está precisando de ajuda?

A ruiva choramingou, debruçando-se sobre o caderno.

– Eu não entendoooo – dramatizou.

– Shikadai, porque você não ajuda ela? – sugeriu Boruto.

– Eu? – perguntou o Nara fazendo uma careta confusa.

– Ele? – perguntou Chocho ao mesmo tempo.

– É – respondeu Boruto tranquilamente – Você é ótimo em exatas. O melhor da nossa turma. O que custa?

Sarada olhou para Himawari, que encarava-a de volta com o mesmo olhar malicioso. A azulada estava sentada no colo do namorado, do outro lado da mesa. Os braços finos estavam enrolados no pescoço do Yamanaka e aliança de prata brilhava em seu dedo anelar direito.

– Acho que o Bolt tem razão – começou Himawari.

– A Sarada pode me ensinar – contrapôs a ruiva cruzando os braços – Ela também é ótima.

Sarada e Himawari trocaram mais um olhar rápido.

– Humm... Acho que não, Chocho. Eu não peguei muito bem essa matéria – enrolou Sarada.

– Você acabou de dizer que tinha entendido o suficiente para nem estudar!

– Mas Cho, é complicado a gente te ensinar – disse Himawari – Nós também precisamos estudar para a semana de provas. A do terceiro ano já passou, então o Shika tá livre.

– O que você diz, Shikadai? – perguntou Inojin segurando-se para não rir da expressão confusa do amigo.

O Nara deu de ombros.

– Por mim – murmurou ele desviando seus olhos para Chocho.

A ruiva ainda piscou algumas vezes, mas assentiu.

– Obrigada, Shikadai.

Ele assentiu.

Sarada e Himawari trocaram um última olhar malicioso, cheio de cumplicidade.

Aparentemente, ShikaCho estava encaminhado.

 

 

(...)

 

 

Sarada soltou um longo suspiro de cansaço assim que o sinal bateu, anunciando o fim da aula.

Ela sabia que a semana de provas seria puxada, mas aquelas revisões estavam sendo exaustivas. Mal podia esperar para que a semana que vem passasse e ela se visse livre daquilo.

– Meus neurônios estão fritando – resmungou Himawari massageando suas têmporas.

– Nem me fale – resmungou Chocho debruçada sobre a mesa, completamente descabelada.

Sarada riu da visão da amiga. A ruiva, que se preocupava mais do que todas com a sua aparência, estava a personificação do completo caos.

– Vamos? – chamou Himawari, já levantando-se – Quero comida urgentemente.

Chocho deu um salto da cadeira, murmurando algo como “preciso de um doce para me recompor”. Sarada também se levantou e já ia sair, mas sua visão periférica capturou uma figura solitária no fundo da sala.

Era Shinki, com seus costumeiros fones de ouvido e parecendo mais mal-humorado do que nunca.

– Vocês podem ir na frente, eu já vou. – disse a morena para as amigas.

– Vamos te esperar no refeitório – disse Chocho e então as duas saíram, apressadas.

Sarada ainda esperou um pouco, mas logo se virou e seguiu para o fundo da sala, que era onde o moreno estava. Ela não havia sentado na sua frente, como de costume, e esse era só mais um motivo para ela estranhar o comportamento do amigo.

A morena sentou-se na cadeira em frente ao moreno e apoiou-se sobre a mesa dele.

– Shinki – chamou, mas ele nem sequer se mexeu. O volume da música que escutava estava tão alto que ela podia ouvir as batidas do heavy metal de onde estava – Shinki!

Ele continuou sem olhá-la, mas agora Sarada tinha certeza que ele estava ignorando-a.

Respirou fundo e forte, ficando incomodada. Não tinha feito nada de errado, então porque ele estava agindo assim?

Num momento de raiva, puxou com força um dos lados do fone, fazendo ele encará-la com uma carranca feia.

– O que você pensa que tá fazendo?! – protestou ele arrancando o fone dos dedos de Sarada.

– Vai continuar me ignorando?

O moreno nada respondeu. Apenas lançou a ela um último olhar flamejante, antes de fechar seus olhos e voltar a ignorá-la.

Sarada mordeu sobre os dentes e puxou novamente os fones, mas desta vez arrancou os dois lados.

– Para com isso, porra! – xingou ele com raiva.

– Para você com essa criancice! Fala comigo!

– Pra que?! Você já não tem amigos o suficiente?

Sarada arregalou seus olhos.

– Como é que é?

Shinki rolou seus olhos, bufando.

– Você pode parar de querer ser minha amiga. Não é como se fizesse diferença.

– Do que você tá falando, Shinki? É claro que faz diferença!

O moreno encarou-a firmemente.

– Você agora tem seu mundinho, sua vidinha. Vai lá com seu namorado e com a gangue dele e me deixa em paz.

Ele tentou levar uma das mãos ao ouvido novamente, querendo recolocar o fone, mas Sarada segurou sua mão.

– Você tá sendo muito babaca.

Ele arrancou sua mão da dela com delicadeza.

– Só tô te poupando do trabalho de me dispensar.

E dizendo isso ele recolocou os fones. Sarada ainda permaneceu ali, encarando-o com dor no olhar. Gostava da amizade do Sabaku pois eles tinham muita coisa em comum. Doía ver que ele estava se afastando assim.

– Eu terminei de ler o terceiro livro – tentou ela, mas ele voltou a ignorá-la – Shinki? Shinki!

Bufou, frustrada, e enfim se levantou. Deu as costas ao moreno e saiu da sala marchando.

Quando saiu para o corredor, surpreendeu-se ao ver Boruto parado ali. Ele tinha um de seus ombros encostado na parede ao lado da porta e os braços cruzados. Sua expressão era séria, mas seus olhos estavam tranquilos.

– Boruto? – chamou ela parando a alguns metros dele – O que está fazendo aqui?

O loiro passou a língua por entre seus lábios e se desencostou da parede, aproximando-se de Sarada à passos calmos.

– Hima me disse que você ficou na sala. Fiquei preocupado com a sua demora e vim conferir.

Quando chegou próximo à namorada, deteve-se com as mãos no bolso.

– E você já está a muito tempo aqui?

O loiro respirou fundo.

– O suficiente. Quem é esse cara?

Sarada desviou seus olhos para a porta fechada da sala, como se estivesse olhando para se lembrar, mas logo voltou sua atenção para o namorado.

– Shinki No Sabaku, meu amigo.

Boruto pigarreou, cruzando seus braços.

– Ele acha que eu tenho uma gangue?

Sarada riu.

– Não leva o que ele disse a sério. Ele só tá de mau humor.

– Hm, sei – resmungou o loiro tencionando seus braços.

Sarada rolou seus olhos, rindo. Segurou os braços cruzados do namorado e puxou até que ele os soltasse. Depois, entrelaçou seus dedos aos dele.

– Vamos, vai. Tô com fome.

Ele puxou-a pela mão e deu um beijo na testa dela.

– Eu também.

 

 

(...)

 

 

– E onde ela está agora? – murmurou num tom calmo, enquanto bebericava o chá fumegante.

– Pelo que sei, em Konoha.

Os movimentos do homem sentado travaram. Ele, lentamente, depositou a xícara pequena que segurava sobre a mesa, e então ficou tenso em seu lugar.

– Os Uchiha moram lá. Vai ser uma questão de tempo – sua voz estava rouca de preocupação.

– Sim, vai. Acho que está na hora de você ir procura-la.

Um longo suspiro ecoou pela sala escura. A única luz era proveniente da televisão, que tinha um volume muito baixo para ser ouvida.

– Eu... Não sei. Tenho medo da reação dela. E do pai dela. Principalmente do pai.

– Precisa se livrar logo desse peso, ou nunca vai viver em paz. Ela precisa saber da verdade.

O homem se remexeu no sofá, desconfortável.

– Você mesmo disse que é uma questão de tempo. E se eu deixasse as coisas simplesmente correrem?

– Não. Nem pensar. Você causou isso, e você vai concertar. Se não for assim, pode me esquecer.

Os olhos cinzentos se arregalaram.

– Mas...

– Eu preciso ir. Vão sentir minha falta.

– Você vai sair assim, desse jeito?

– Você precisa pensar. Tem uma decisão importante para tomar.

Ele acompanhou os movimentos sutis. O inclinar do corpo até a mesa de centro, os dedos finos se enrolando na alça da bolsa, o movimento lento que os cabelos lisos faziam sobre os ombros.

– Amor, não faz assim...

– Estou indo. Eu te ligo quando puder.

E dizendo isso se foi, deixando para trás apenas seu aroma cítrico.

O homem suspirou, sentindo-se muito cansado.

Ele sabia que refletiria o quanto pudesse, mas no final, sempre faria a vontade dela.

Não importava o que pensasse ou o que sentisse, ele iria para Konoha e contaria toda a verdade.

Só esperava voltar vivo disso.



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