História Caffeine - Torment

Um homem alto e extremamente magro, trajando um avental de médico, entrou na sala de espera em que um garoto ruivo o esperava. 

- Doutor! - Mark acabou falando mais alto do que pretendia, o que lhe rendeu alguns olhares feios de outras pessoas que estavam esperando por outros médicos. - Como ele está? 

- Ainda não acordou, não podemos dizer exatamente como ele está, sinto muito. Agora, se me permite, tenho que resolver alguns outros assuntos. - o médico fez uma breve reverência e se retirou da sala de espera. 

Assim como fizera nos outros dias, Mark caminhou de volta para sua casa sem nem prestar muita atenção no caminho, apenas ia andando enquanto pensava em Jackson. 

3 dias atrás, o moreno havia sido atropelado e fora parar direto na UTI, Mark não o tinha visto desde então, pois Jackson ainda não havia acordado. Os médicos fizeram os exames que podiam fazer enquanto o chinês estava desacordado e todos os resultados foram positivos, mas os exames mais importantes só poderiam ser realizados quando o garoto acordasse. 

Mark estava ficando cada vez mais angustiado, já não comia nem dormia direito, tudo o que faia era pensar em Jackson e se culpar. Por mais que não tivesse culpa pelo atropelamento, ele achava que tinha. Achava que se ele não tivesse sido mesquinho tudo estaria bem agora. Ele pensou em sumir, ir para um lugar onde não pudesse voltar a fazer mal a Jackson, pensou até em se matar, mas, no fundo, ele sabia que não podia fazer isso, ele sabia que tinha que ficar ao lado do moreno agora, achava que era o único modo de recompensar o que achava que tinha feito. 

O ruivo entrou em casa e se jogou no sofá, ficou fitando o teto pelo que pareceu um longo tempo, ultimamente era tudo o que fazia. Ele ouviu seu estômago roncar, mas não deu atenção, até que o ouviu roncar cada vez mais alto e em intervalos menores de tempo, então resolveu ir até a cozinha pegar algo para comer.  

Assim como nos outros dias, ele abriu a geladeira e olhou para tudo o que tinha dentro dela, mas, ao final, resolveu ir para a cama ficar deitado. 

O celular de Mark começou a tocar, em algum momento ele havia caído no sono, acordou assustado e se sentindo ainda mais cansado do que antes, tirou a celular do bolso e nem olhou quem o ligava quando aceitou a chama e levou o celular à orelha. 

- Alô? É o Mark Tuan que está falando? - uma voz feminina desconhecida perguntou do outro lado da linha 

- Sim, sou eu mesmo, quem gostaria? - Mark perguntou com a voz rouca. 

- Estamos ligando aqui do hospital para informar que Jackson Wang acabou de acordar. Os médicos farão alguns exames neles e o senhor pode vir visitá-lo a partir das - Mark não ouviu o resto, desligou o telefone e pulou para fora da cama sem nem se importar com a tontura que lhe dera, ele só pensava em uma coisa: precisava ir ver como Jackson estava. 

- Jackson Wang, qual o quarto dele? - Mark perguntou para uma enfermeira que encontrou nos corredores do hospital. 

- Eu não sei te informar, você tem que ver com uma das meninas da recepção - a enfermeira apontou para a recepção pela qual Mark já havia passado algumas vezes nesses últimos 3 dias. 

- Número 33 - uma das recepcionistas falou e Mark correu até a mesa dela. 

- Sou eu, Mark Yi Em Tuan, estou aqui para visitar Jackson Wang Ka Yee, qual o quarto dele? - Mark perguntou um tanto afobado. 

- Um momento, por favor - a mulher começou a digitar algumas coisas, que Mark tentava ler, no computador, voltando a atenção para o ruivo depois de alguns minutos. - Ele está fazendo exames no momento, você terá que esperar ele terminar. 

- Que horas ele vai terminar? 

- Não temos como saber, mas o horário de visitas começa em 5 horas, você pode esperar pelo horário e voltar aqui. 

- Você nem ao menos me informar como ele está? 

- Eu não tenho como saber disso, senhor. 

Mark se virou e foi andando com passos pesados até sair pela porta do hospital, então respirou fundo e voltou para casa, ele resolveu que era melhor tentar dormir, assim estaria com uma aparência melhor para quando fosse, finalmente, ver Jackson. 

O ruivo acordou com o despertador tocando, ele conseguira pegar no sono por duas horas antes da hora de visita, mas não estava se sentindo melhor. Ele estava extremamente ansioso, precisava ver como Jackson estava. 

Mark se arrumou rápido, pegou suas coisas e foi em direção ao hospital novamente. Fez o cadastro de visitando e esperou pela enfermeira que iria levá-lo até onde Jackson estava. 

- Ele já saiu da UTI, está no quarto 579 - a enfermeira disse enquanto o levava até o local. - Ele está acordado, acabei de sair de seu quarto - ela parou em frente a porta do quarto. - Mas, antes de vê-lo, tem algo que você precisa saber. 

- Já sei tudo sobre ele, está tudo bem, só nos deixa a sós, por favor. -Mark pediu. 

- Mas, senhor, é algo importante e - o ruivo a cortou. 

- Por favor - ele disse com um tom de súplica que fez a enfermeira ficar com dó e se retirar após fazer uma reverência. 

Mark colocou a mão na maçaneta e respirou fundo, girando-a em seguida para abrir a porta. Avistou Jackson deitado na cama, com um braço e uma perna engessados, estava distraído olhando pela janela.  

O mais velho correu pelo quarto até chegar ao moreno, abraçando-o em seguida e abrindo a boca para falar o quanto sentira sua falta, falar que ainda o amava e que estava arrependido por tê-lo deixado, mas Jackson deu um grito assustado e apertou um botão ao lado de sua cama, fazendo com que duas enfermeiras entrassem pela porta do quarto quase que imediatamente e Mark e assustasse. 

- Jack, o que foi? - Mark perguntou ao ser afastado dele pelas enfermeiras. - Eu te machuquei? Desculpe, amor, eu não queria. 

- Amor? - Jackson olhou para Mark com uma expressão confusa. 

- Eu sei que eu te deixei e que passei esse tempo todo longe de você, mas eu ainda te amo e... - o moreno o interrompeu. 

- Você me ama? - ele piscou algumas vezes, como se tentasse absorver a ideia.  

- Claro que amo Jack, sempre amei, você sabe disso, eu fui um imbe... - Mark foi cortado novamente. 

- Eu sou alguém importante pra você? - o chinês perguntou. 

- A pessoa mais importante do mundo pra mim. Nós nos amamos, Jack, sei que você ainda me ama. 

- Se eu te amo - o mais novo fez uma careta como se não conseguisse entender o que estava acontecendo. - Por que não me lembro de você?