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História Caminhos de Sangue - A morte


Escrita por: trishakarin

Notas do Autor


Eu espero não perder nenhuma data kkkkkkkkk
Mas aqui está o capítulo e até sexta minha gente...
AH, NÃO ESQUECENDO!
Eu sei o quanto vocês já estão aí querendo um Hot, mas nem combina colocar tão rápido assim né? Não é Sarah e Ellen aqui pra ter tudo pré-maturo :P
Eu acredito que próxima semana TALVEZ tenha um, porque enquanto vou postando, vou relendo e já apaguei dois capítulos que eu já não fiquei mais tão fã, mas vão acompanhando que a gente chega lá :)

Capítulo 4 - A morte


Fanfic / Fanfiction Caminhos de Sangue - A morte

Mariana estava desesperada, tentava repetidas vezes tirar a mão do homem que com um força que jamais seria possível em sua situação de saúde.

- Senhor Lorenzo, por favor, o senhor está me machucando. Fique calmo.

- A dama… trevas… não… - claramente estava apavorado com algo que existia no que falava.

- Por favor…

A porta se abriu e Lorena entrou lentamente e ao ver o que acontecia gritou por Miguel, o segurança noturno do hospital. Em seguida correu para o lado da moça e tentou soltá-la, mas qualquer esforço era inútil. Os olhos arregalados, a boca que ainda balbuciava palavras sem sentido e o pavor em seus olhos, o pavor fora do normal, como se algo extremamente sério estivesse acontecendo.

- Ela… está vindo… trevas… eu.

A máquina apitou apresentando apenas uma linha, que informava a morte do paciente. Mas não se podia deixar que isso acontecesse, sem tentar trazê-lo de volta.

- Adrenalina e o desfibrilador, rápido - Mariana pediu a Lorena.

A enfermeira deixou o quarto apressadamente. Não demorou muito para que voltasse com o aparelho, enquanto a jovem ainda tentava com massagem cardíaca reanimar o homem, mas sem sucesso. O som fino ainda entregava a morte cardiovascular do paciente.

- Ai, caralho - Lorena conectou os cabos desesperadamente.

Naquele instante Miguel entrava no quarto e avistou as duas correndo para tentar salvar a vida de Lorenzo. Algo aconteceu naquele momento, um homem que há meses não abria os olhos, sequer falava e já se entregava a morte, de repente acordar, com medo e citar palavras sem sentido. O que ele quis dizer com aquilo? Claro que era preciso pensar que a mente humana produz imagens tanto confortantes nos momentos finais, como agoniantes, dependendo da situação psicológica do paciente. Jamais saberiam explicar o que viam, como viam. O cérebro era um órgão incrível.

- ENCONTRE SAMUEL - Lorena gritou enquanto dava o choque no peito do homem.

- O cara saiu - Miguel disse preocupado.

- Como assim, saiu? Bipa esse filho da puta - a enfermeira gritou revoltada.

- Ele não está atendendo, Lorena - Miguel se afastou da cama.

- Caralho - Mariana aplicou a adrenalina direto na veia de Lorenzo - Pelo amor de Deus, não é possível.

- Qual é, Mari - Miguel chamou sua atenção - Esse cara já estava pra morrer, não é novidade nenhuma.

Mariana olhou para o colega com ódio nos olhos. Não queria permitir que Lorenzo morresse com medo, não com todo aquele pavor que apresentava nos olhos. Ele não poderia deixar aquela dimensão com tanto medo.

- Nada, Mari - Lorena disse cansada - Deixa pra lá.

- Não, Lorena, por favor.

- Mari, eu já dei quatro vezes. Pare, por favor.

- Lorena…

As lágrimas invadiram o rosto de Mariana que ainda tentava a massagem cardiovascular, mas nada trazia aquele homem de volta. Sabia que não havia mais nada que pudesse ser feito e deveria deixá-lo ir em paz. Após um determinado período de tempo, qualquer esforço para reanimá-lo poderia prejudicar até mesmo sua saúde mental. Ainda que conseguisse trazê-lo de volta a vida, o risco de possuir alguma sequela seria muito grande e não era aconselhável fazê-lo. O protocolo naquela situação era o que Lorena insistia. Deixá-lo ir em paz. O que mais afligia Mariana, era o fato daquele homem ter ido tão inquieto, com tanto medo.

- Calma, Mari.

Lorena deu a volta na cama e abraçou a amiga com carinho.

- O que aconteceu? - Lorena perguntou preocupada.

- Ele não poderia ter morrido assim, Lorena.

- Assim como? A gente já esperava que ele morreria. Já esperávamos a morte dele há semanas, Mariana. Você melhor do que ninguém, sabe disso.

- Eu sei, mas ele estava com tanto medo…

- Medo? Medo de que? Este homem agora descansa em paz, amiga. Ele agora está bem!

- Mas ele tinha medo, Lo.

- Acho que você só está abalada, amiga. Pode estar imaginando coisas.

- Ele falou, Lorena. Ele falou.

- Impossível… Olha Mari, eu sei que a minha frieza nesses casos te incomoda, mas no estado que ele estava, falar era completamente impossível. Temos pacientes nessa ala que jamais irão abrir os olhos novamente e a gente só dá o conforto para que possam partir na hora que acharem conveniente. Como foi o caso desse homem. A reação dele foi automática.

- Caramba, Lo, você já estava aqui quando ele falou. Você ouviu ele falar, não me faça parecer uma louca.

- Eu não estou te chamando de louca, jamais faria isso com você.

- Mas o faz. Eu ouvi ele falar. Eu ouvi.

A porta abriu-se novamente e o médico Samuel entrou lentamente com uma pequena pasta nas mãos e um olhar claramente tranquilo. Parou em frente as duas enfermeiras e levou as mãos para trás, jogando um sorriso irônico.

- Tentaram salvar esse aí? - perguntou rindo - Gastaram duas doses de adrenalina, lançaram ondas de choque desnecessariamente… interessante.

- Onde o senhor estava? - Mariana perguntou irritada.

- Onde eu estava? Quem é você para me questionar isso?

- Quem sou eu? Alguém que estava fazendo o seu trabalho, seu idiota.

- Enfermeira, eu vou pedir que se controle, caso contrário terei de tomar algumas providências diante a sua conduta profissional. Finalmente este paciente encontrou seu lugar e este quarto poderá ajudar alguém que realmente ainda tenha alguma chance.

- Como pode falar dessa maneira? - Mariana chocou-se com o que ouvia - Ele era acima de qualquer coisa um ser humano, onde procurávamos salvar.

- Procurávamos? Infelizmente não temos autorizações legais para acabar com o sofrimento de pessoas que não têm a menor chance de continuar vivendo. Caso contrário esse aí já tinha encontrado o fim mais cedo.

- Você só pode estar brincando.

- Acho que deveria repensar na profissão escolhida, enfermeira.

Mariana não iria ficar quieta. Não naquela situação. Onde estava ele naquele momento? Era obrigatório a presença de um médico dentro do hospital, não importasse de qual área. As vezes alguns médicos cumpriam dupla jornada de trabalho por conta de alguns engraçadinhos que não compareciam. Mas naquela noite, Samuel chegou, substituiu o plantão e saiu. Simplesmente saiu sem dar satisfação, sem sequer se despedir, avisar que estaríamos sozinhas.

Apesar de uma atitude completamente desumana, aquela ação vinha se repetindo com certa frequência e se tornando um incômodo para todos que trabalhavam no mesmo plantão.

- O senhor conhece todas as regras desse hospital, doutor - Mariana disse com a voz seca.

- Do que está falando?

- O senhor sabe que deverá permanecer dentro deste prédio, enquanto nenhum outro estiver aqui. A troca de plantão só acontece quando alguém ocupa seu lugar. O senhor está nesse horário e não encontrava-se nesse prédio. Desfrangiu uma regra clara dentro dessa instituição e poderá responder por isso. Enfermeiros foram obrigados a tomar alguma atitude, devido a ausência do médico plantonista. O senhor é responsável legal pela morte deste paciente!

- Está me enfrentando, enfermeira?

- Se estou te enfrentando? Não. Claro que não, senhor - disse sorrindo com desdém - Apenas te auxiliando, pois acredito que o senhor apenas esqueceu das ordens que deverá cumprir enquanto aqui estiver. Nenhum paciente deste hospital é obrigado a ser prejudicado pela sua falta de responsabilidade.

- Eu acho melhor parar… - ele olhou furioso.

- Parar por que? Acabei de tentar salvar um homem da morte e infelizmente não conseguimos…

- Salvar? Esse velho já estava com um pé na cova desde o dia que entrou nessa porcaria. A única coisa que você fez foi ter gastado energia e remédios com esse inútil. Da próxima vez, siga as minhas ordens e não faça nenhuma bestei…

- QUE ORDENS? - Lorena correu para amparar a amiga que já perdia o controle - Me diga, que ordens? Se nem mesmo aqui você estava. Onde você estava, seu incompetente?

Miguel entrou no quarto e surpreendeu-se com a atitude da enfermeira e ajudou Lorena a puxá-la para longe dali.

- Você se meteu em uma encrenca que farei questão de pisar até nunca mais conseguir sair dessa, garota - ele disse furioso - Qual o horário de óbito.

- Invente - Mariana riu - Invente, porque no meu relatório, vou colocar sua ausência.

- Caralho, Mari, chega. Venha com a gente - Lorena puxou a amiga, vendo que as coisas estavam saindo do controle.

Relutante e tentando soltar-se, Mariana ainda investia, queria enfrentá-lo, estava farta do descaso com os pacientes. As pessoas confiavam suas vidas nas mãos daquele desgraçado. Ele não podia ser tão irresponsável a ponto de simplesmente não se importar com aquelas pessoas que estavam morrendo e sofrendo.

Miguel e Lorena foram fortes e arrancaram a enfermeira a força daquele quarto. Sabia que se continuasse ali, o médico se esforçaria o suficiente para arrumar a demissão daquela garota e isso não seria algo muito agradável.

- Porra, Mariana - Lorena empurrou a garota contra a parede na sala de descanso - Vaza daqui, Miguel, tenho que falar com essa louca.

O rapaz não demorou muito e obedeceu a colega. Lorena estava furiosa, só faltava fumaçar, tamanha raiva da amiga.

- Que merda foi aquela?

- Desculpa.

- Desculpa? Aquele desgraçado vai destruir você aqui dentro - disse com as mãos nos quadris e o olhar severo.

- Eu não sei o que aconteceu… eu… poxa, Lorena, aquele homem morreu sozinho.

- E o que nós temos com isso?

- Nenhum parente veio ver ele e o medo.

- Que merda de medo é esse que você repete? Ele não tinha medo, morrer é um alívio, Mari.

- Ele não estava aliviado, ele estava desesperado.

- Com o que?

- Ele falou algo como… meu Deus… a Dama, isso, ele disse “A dama das trevas”. Ele não queria ir com a dama das trevas.

- Ah, Mariana, pelo amor de Deus. Você sabe que foi uma alucinaçã. Vai ver ele estava se arrependendo de males do passado. Poxa, Mari.

Claro que Lorena tinha razão. Qualquer profissional que lidava com a vida de outras pessoas, deveria manter a obrigação e a responsabilidade de salvá-la, tal como manter a frieza diante o fracasso ou a impossibilidade de salvar um vida.

- Eu não consigo aceitar que este homem não se importe com a saúde das pessoas. Você viu o descaso dele? “Esse velho” ele disse. Eu não posso acreditar que ninguém tome uma providência contra ele.

- O que nós somos perto dele? - Lorena questionou - Duas enfermeiras em estágio probatório. Não temos absolutamente força nenhuma para enfrentar ele dentro desse hospital. E eu digo mais, se quiser fazer alguma diferença, mantenha-se nesse emprego. Sem você aqui, essas pessoas vão estar em péssimas mãos.



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