História Can i call you daddy? - Welcome to London

Milena Demarchi, Agosto de 2013. Brasil

-Separar roupas;

-Separar sapatos;

-Arrumar brinquedos Soph;

-Levar projeto da campanha publicitária;

Essa era uma parte da listinha que eu havia preparado para não esquecer as coisas da viagem. Sim eu aceite, era uma boa proposta com um generoso bônus monetário que pra mim vai ser de grande ajuda. Mas como diz a Soph, essa viagem estava me deixando doida, era muita coisa para arrumar em pouco tempo, ela ia junto é claro, ao contrário de mim sua animação era incontrolável, eu estava aflita, depois de ter fugido de Londres nunca mais voltei e nunca pensei em voltar com a Sophie.

Segundo um fã clube da One Direction a banda ia estar na cidade durante dois meses fazendo uma mini turnê pela região. Um frio na barriga me atingiu, me arrepiei com a ideia de estar na mesma cidade que o Harry, mas qual é a chance de um cantor famoso encontrar com uma publicitária? Foi acreditando nesse pensamento que fui buscar minha princesa na escola, eu estava de folga até o dia da viagem para ter tempo de arrumar todas as coisas.

Quando me viu Sophie saiu correndo ao meu encontro.

– Mamãe, falta assim de dias? – ela perguntou erguendo a mãozinha com os cinco dedos levantados

– Não amor – falei abaixando dois dedinhos de sua mão – Agora sim está certo – ela ficou encarando a mão por alguns segundos e depois me encarou sorrindo

– Falta pouco não é? – perguntou

– Falta sim pequena, bem pouco.

Milena Demarchi, ainda no Brasil.

Então é a hora, estava eu, minha tia e minha filha no aeroporto. Sophie estava com uma pequena mochila nas costas e uma bonequinha na mão, mais sorridente que ela não existia, lancei um olhar feliz em sua direção e fui retribuída da mesma maneira, então olhei para frente e comecei a sorrir apesar da ansiedade.

“Passageiros do voo 4568 com destino à Londres favor se dirigir ao portão de embarque E”     

Essa era a nossa deixa, peguei meus pertences e segurei a mão de Soph, minha tia olhou para nós e em seguida nós puxou para um abraço

– Se cuidem meninas, me liguem assim que chegarem. Soph não deixa a sua mãe fazer besteira tudo bem?

– Tá bom tia – Soph falou dando uma risada alta

– Milena – agora minha tia se dirigia somente a mim – por favor, se cuida e cuida da Sophie – falou isso e apertou mais o abraço.

– Tudo bem tia, são só três meses – sorri na tentativa de conforta lá.

Já havia se passado duas horas de viagem, Soph estava adormecida na poltrona ao lado, um sorriso se formou em meu rosto, ela era a coisa que me prendia a Terra, foi por ela que eu fugi naquela noite e não consigo ver a minha vida sem a minha pequena loirinha.

Quando chegamos em Londres Sophie estava bem acordada, percorria os olhinhos verdes por todos os lados.

Saímos do aeroporto no final da tarde, apanhamos um táxi e fomos para o endereço do apartamento onde iríamos ficar. Durante o caminho fiquei olhando por onde passávamos, aqueles lugares eram muito conhecidos por mim, nada parecia ter mudado, as mesmas ruas, as mesmas praças... Tudo parecia ter parado no tempo. Soph que estava obsevando perguntou:

– Já veio aqui mamãe? – eu sorri para ela

– Ah sim, eu morava aqui, querida.

– E porque foi embora? – meu sorriso se desfez, eu ia inventar uma desculpa qualquer quando o motorista anunciou nossa chegada.

Paramos em frente a um prédio que aparentava ser luxuoso, o motorista me ajudou a tirar as malas do carro, eu agradeci e o paguei. Entramos no saguão e fomos recepcionados por um senhor que aparentava ter uns 40 anos

– Olá posso te ajudar? – deu um sorriso simpático

– Olá, pode sim, eu sou publicitária e minha agencia me deu esse endereço para a hospedagem  – me expliquei

– Ah claro, você deve ser a Srta. Demarchi estou certo? – ele falou olhando para minha filha – E essa menina adorável é... ?

– Eu nome é Sophie– minha filha respondeu envergonhada, o recepcionista pegou a mão sua mão e depositou um beijo, ela ficou toda acanhada e sorriu.

– Meu nome é Braian, que lindo nome você tem Sophie, vou levar suas coisas até o apartamento, me acompanham?

Sophie sorriu como resposta e olhou pra mim, eu assenti com a cabeça e fomos atrás de Braian, pegamos o elevador e paramos no andar 5, ele deixou nossas malas na frente da porta com numerada como 250, se despediu e tomou novamente o elevador.

Toquei a campainha e fiquei por um breve momento esperando uma resposta, uma voz de fundo berrava um “JÁ VOU” alto. Então ela abriu

– Olá – Atrás dela uma moça toda sorridente apareceu

– Oi, meu nome é Sophie – Minha filha falou toda sorridente.

– Olá Sophie, meu nome é Layla.

– Essa aqui é a minha mãe, Milena, a gente vai morar aqui, você também mora aqui? Vamos morar juntas? – Soph bombardeou com perguntas a nossa nova “colega de quarto”, que respondeu um “Vamos sim” sem tirar o sorriso do rosto.

– Então prazer Layla, meu nome é Milena Demarchi – Estendi a mão e a mesma foi levemente apertada por Layla. A moça era muito bonita, pele pálida, rosto fino, cabelos na altura do ombro com leves cachinhos na ponta.

– Layla Maresana – ela sorriu – Mas vamos, entrem vou mostrar nossa casa provisória.

Entramos no apartamento puxando nossas coisas juntas, Layla começou a apresentar os cômodos, sala, cozinha, banheiro e por fim os quartos, quando ela abriu a porta Sophie correu e se jogou em uma das camas, o quarto era bem simples, uma cama de casal e uma de solteiro, as duas com roupas de cama brancas e as cortinas combinando.

– Vou deixar vocês se estalarem, qualquer coisa estou na sala – Falando isso Layla fechou a porta deixando uma Sophie toda sorridente pulando na cama.

Já eram 23h30, eu e a Layla estávamos sentadas na sala tomando um chá quente, Soph já estava dormindo, a viagem deixou ela exausta, Layla me contava coisas sobre a campanha que nós duas iríamos realizar, depois vários assuntos aleatórios foram surgindo até que a conversa chegou na Sophie

– Sua filha é um doce – Ela já estava encantada com a Soph.

– Obrigada, ela me disse que gostou muito de você – Respondi sorrindo.

– O pai dela vai sentir muita saudade de vocês não é mesmo?! – Ela falou sorrindo. Pela reação que a Layla teve eu devo ter feito uma cara horrível

– Ai, me desculpe Milena, eu e a minha mania de se precipitar nas conversas.

– Não se preocupe você não pode adivinhar as coisas – Dei uma risada desanimada – A Sophie não tem pai, bom, pelo menos ela e ele não se conhecem – Contei toda a história para a Layla, a mesma escutou tudo calada, seu rosto não esboçou nem uma reação até eu falar “Harry Styles”. Primeiro Layla achou que era brincadeira e começou a rir, mas ao ver que eu não a acompanhei na risada ela fechou a cara e abriu a boca em um perfeito “O”.

Por alguns minutos ela não disse nada, ficou parada me olhando feito estátua, fiquei preocupada e comecei a lhe dar tapinhas no braço, ainda com a expressão rígida ela me puxou até o seu quarto, quando ela abriu a porta foi a minha vez de abrir a boca em “O”, a parede de seu quarto, do chão até a altura do teto era coberta de pôster da One Direction, vários Harry’s sorrindo estavam pregados ali. Então a Layla é uma... como se diz? Ah, então a Layla é uma directioner. Ela não ia falar pra ninguém não é? Olhe mais uma vez para a parede e toda a minha esperança foi por água a baixo.