História Cartas para Marin - One-shot

Em um dia ensolarado e sem ter muito o que fazer, Shura foi convidado a ir com Máscara e Afrodite para um lago que ficava nos domínios do Santuário para poderem passar um tempo entre amigos além de sobreviverem no calor infernal que estava fazendo por conta do Sol.

Mas, o que ele não sabia era que justo naquele dia em que passaria maior parte do tempo fora era o dia em que Marin resolvera ir até a sua casa para cobrar aquelas aulas de culinária que ele tinha sugerido que ela fizesse. Como não sabia sobre a saída do amigo, a pisciana entrou na Casa de Capricórnio e procurou por Shura por todos os cômodos da casa sem achar ninguém. Foi então que uma serva prestativa disse a ela sobre o compromisso do dono da casa e Marin viu-se obrigada a esperar Shura voltar.

Passou vinte minutos sentada no sofá e já tinha lido todas as revistas da mesinha de centro, com os ânimos completamente ansiosos. Justo quando ela mais queria ver Shura, ele tinha saído.

“Depois eu reclamo que o senpai não me nota... - murmurou a ruiva, mentalmente mas, logo depois balançando a cabeça em negação - Marin, Marin! Se a Shina ouve você, está frita.”

Desde uns tempos para aquele momento, estranhamente Marin estava começando a gostar de Shura. Não sabia se era porque ele parecia mais com um japonês do que com um espanhol ou se era porque o jeito como ele pediu desculpas a Aiolia havia sido tão tocante, que ela percebeu o quão atencioso ele era. Mas, havia um problema: Shina. 

O que se podia fazer quando a sua melhor amiga era apaixonada pelo homem que ela estava gostando? Apesar de ter mais dois atrás dela, Shina tinha um olhar um pouco mais atencioso para o capricorniano.

Infelizmente, como boa amiga, tudo o que a ruiva podia fazer era ficar calada e sentada, esperando que a amiga mudasse de ideia ou na pior das hipóteses, rezar aos deuses para que Shina decidisse entre Milo e Mask. No entanto, sabia que isso iria demorar muito já que Shina gostava um pouco de ver a guerra que os três dourados faziam por ela.

-Uma cobra mesmo - resmungou Marin sobre a atitude de Shina - Céus, será que não tem nada para eu fazer aqui?!

Quase que imediatamente, uma das prateleiras que estava presa na parede da casa havia se partido e deixou cair um pequeno baú de madeira que com o impacto com o chão logo se abriu e revelou um monte de papéis.

Marin por impulso logo foi tentar pegar o baú para colocar em outro lugar mas, sua curiosidade se atiçou quando seus olhos passaram por uma palavra escrita em um dos papéis. "Yo te amo". 

Sem poder se controlar, a ruiva pegou imediatamente o papel com tal frase e logo viu que era uma carta escrita pelo próprio Shura, com rabiscos e palavras riscadas no papel. Além daquele papel, haviam mais quatro papéis nesse mesmo estilo com rabiscos, letras e palavras riscadas. 

“Não, Marin, você é mais forte do que isso... ‘Seus cabelos e seu perfume me atraem…’ Ora, por Zeus, não dá! - choramingou internamente a amazona se sentando ao chão e lendo a primeira carta.”

“Minha linda mulher, há tempos que venho tentando te falar isso e meus sentimentos estão me (--------------) falando que eu deveria me declarar para você apesar de eu não saber como poderia fazer isso já que eu sou uma pessoa um tanto quanto (---------) introvertida.

Eu te amo com a intensidad----- Eu te amo como ninguém mais te amou----

Yo te amo, minha belíssima r------.”

-Nossa, o Shura é meio indeciso na hora de escrever. Apesar de que ele estava indo tão bem... - murmurou Marin, deixando a carta de lado e passando para a próxima - Vejamos essa...

“Beleza. 

Esse é que deveria ser o seu nome, minha bela musa da alma de fogo. 

Quando os seus belos cabelos balançam ao vento, eu me (----------) (----------) fascino. Seus olhos grandes e doces como o mar grego me deixam sem fôlego, não há nada que pode me separar dessa emoção que é gostar de (--------------)”

-Há, há, há! Eu não acredito que ele ia plagiar “Não posso segurar essa barra que é gostar de você” - riu a ruiva - Apesar de que ficaria fofo. Eu não sei porque mas acho que já sei para quem são essas cartinhas... como será a próxima?

“Cara, isso está me incomo(----------) isso está me deixando louco há muito tempo! Quero saber por que pelo amor de Deus você fica fazendo isso comigo, mulher?! Eu simplesmente não consigo me controlar perto de você! Minha boca fica seca tipo um deserto e meu estômago parece que fica inventando de dançar aquela porcaria de Despacito! Pior que a letra está me definindo muito bem até agora! Eu queria poder te ter nos meus braços mas, sei que se tentar fazer isso o A(-----------) meu amigo ficará muito chateado...

Mas que droga! Eu nem sei o que escrever nessa (--------)

(---------------------------------------------------------------------------)”

-Isso foi tenso. O que ele queria dizer com “o A”? Será que ele está se referindo ao  ngelo, quer dizer, o Mask? Ah, meu Deus... essas cartas são para Shina - disse Marin para si mesma - Mas serão mesmo?

“(-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Seus cabelos e seu perfume me atraem…--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------) 

Yo te amo, mi musa. Mi inspirácion.”

-Acho que essa ele não estava com muita paciência mesmo. Acho que só resta essa aqui mesmo, que milagre! Está sem rabiscos - suspirou a amazona.

“Estou querendo te dizer isso desde que voltei para cá. Amo você secretamente mas, acho que você nunca iria reparar nos meus sentimentos já que infelizmente eu os escondo muito bem, ou talvez não. Sinto medo do que pode acontecer se eu te dizer o que realmente sinto.

Tenho medo de perder a amizade do Aiolia e tenho medo que você me rejeite fazendo com que meu coração se despedaçar em inúmeros pedaços. Se ir até a Shina for uma opção caso eu for rejeitado, não adianta. Todo o amor que eu sentia por ela já não passa de mera amizade agora.

Meu coração pertence a você, águia dos céus. Não há cobra no mundo que me faria voltar atrás nessa escola.

Quero que você entenda o quanto eu estou apaixonado por você… não importa a língua, eu sempre estoy enamorado de ti, minha musa do fogo. Aquecei o meu coração com suas mãos e afugentai a dureza de minha boca com a maciez dos seus lábios.

Espero que não me ache esquisito depois de ler isso.

Eu te amarei eternamente e viverei por você para sempre, Marin.

                                                                                                                               Shura.”

“Vivo por ella sin saber

(Vivo por ela sem saber)

Si la encontré o me he encontrado

(se eu a encontrei ou se fui encontrado)

Ya no recuerdo como fue

(já não me lembro como foi)

Pero al final me ha conquistado

(mas ao final me ha conquistado)

Vivo por ella que me da

(vivo por ela que me dá)

Toda mi fuerza de verdad

(toda a minha força de verdade)

Vivo por ella y no me pesa

(vivo por ela e não me pesa)”

Quando ouviu a voz do capricorniano cantar, Marin ficou paralisada. Ainda estava no chão com a carta na mão quando Shura abriu a porta da entrada e entrou na sala encontrando a amazona com o olhar vidrado no papel. 

Reconhecendo o pequeno baú e as cartinhas que ele mesmo escreveu, o espanhol sentiu o ar lhe escapar dos pulmões.

“Díos… ela leu?! - pensou o capricorniano, muito preocupado.”

-Hã, Marin? - chamou Shura, preocupado.

Seu coração batia muito rápido e sua pressão sanguínea parecia que estava fazendo uma maratona. Não conseguia entender o silêncio da ruiva que até então estava concentrada na carta.

Então Marin se levantou se onde estava e sem aviso, abraçou fortemente Shura com duas lágrimas de alegria caindo de seus olhos.

-Shura… eu não sabia disso… - murmurou a ruiva.

-M…

-Eu também te amo.

-Você? Você me ama? - perguntou o espanhol, sentindo o seu coração bater descompassado e fazendo a amazona levantar o rosto para olhá-lo.

-Sim, Shura. E eu também viverei por você… Dai suki desu (Eu amo muito você).

-Yo te amo tambíen.

E sem se importarem com o resto do mundo e com o fato de que Shura estava molhando o tapete da sala por causa da água, os dois se beijaram docemente. Nada mais importava. Ele a amava e ela o amava também. Viveriam um pelo outro dali pra frente.

“Vivo por elle, yo también

(Vivo por ele, eu também)

no te me pongas tan celoso

(Não que eu fique com ciúmes)

Elle entre todos es lo más

(ele entre todas é o mais)

dulce y caliente como un beso

(doce e quente como um beijo)

Elle a mi lado siempre está

(ele ao meu lado sempre está)

para apagar mi soledad

(para apagar minha solidão)

Más que por mi por elle

(mais que por mim, por ele)

yo vivo también

(eu vivo também)

Es la musa que te invita

(é a musa que te convida

A tocarla suavecita

(a tocar-la suavemente

En mi piano a veces triste

(em meu piano às vezes triste

la muerte no existe

(a morte não existe)

si ella esta aqui

(se ela está aqui)

Vivo por ella/elle que me da

(vivo por ela/ele que me dá)

todo el afecto que le sale

(todo o carinho que dela/dele sai)

a veces pega de verdad

(as vezes pega de verdade)

Yo vivo per lei

(Vivo por ela/ele)”

-Hã, Marin? - perguntou Shura, um pouco vermelho depois que o beijo acabou.

-O que foi? - perguntou Marin, de volta, confusa.

-É que… eu to molhando o tapete todo e… estou só de sunga.

Depois de por um momento olhar para baixo e olhos de novo para a cara vermelha do espanhol, Marin cobrindo os olhos apontou para o quarto do capricorniano que logo foi até lá para pôr uma roupa decente mas com um sorriso divertido com a reação dela.

Mas curiosa como sempre, a pisciana não pôde deixar de olhar para trás e suspirar um pouco. 

-Ai, Marin, águia coradinha - murmurou consigo mesmo, tocando o rosto vermelho.

Fim.