História Cartas Para Você - Primeira Carta

PRIMEIRA CARTA

         Peço desculpas a você que está lendo isso. Esse blog foi criado por causa de um trabalho da faculdade, e o meu anonimato era um dos pontos impostos pelo meu professor. Mesmo com o termino do trabalho, o meu professor me incentivou a continuar escrevendo aqui, pois o número de acessos a cada dia aumentava, e eu pude perceber que pelo campo as pessoas falavam dos meus comentários afiados sobre as noticias dos jornais. Entendo que chamei muita atenção com esse blog, mas hoje eu tento chamar atenção de outra forma.

Meu amor.

          Eu sei que você está lendo esse post – pelo menos desejo que esteja lendo. Essa é a única forma de chamar a sua atenção. Eu estou arrependido. Sinto a sua falta. Sinto a falta dos meus beijos. Sinto a falta dos seus sorrisos. Sinto a falta do seu cheiro. Sei que você me odeia, sei que sente nojo de mim, da forma que sou covarde e burro por te perder. Mas meu anjo, continuarei a postar sobre você aqui até que me escute, até que olhe em meus olhos.

Nessas duas semanas, o meu coração sumiu, dando lugar a um buraco negro que cada dia suga mais e mais a minha vida. Não existe mais felicidade em mim, animo ou qualquer coisa dentro dessa casca. Todas as noites, antes de dormir a ultima coisa que me recordo é você correndo chorando e eu te seguindo, até você gritar “Suma da minha vida! Eu te odeio”. Odeio expressar os meus sentimentos, mas por você, deixo o mundo inteiro saber que ao ouvir você gritando, o meu mundo desabou.

          Continuarei escrevendo cartas para você. Mas desta vez as deixarei aqui para todos lerem e sentirem a angustia de um homem ao perder a sua razão de viver, e a raiva interna por ter sido tão burro. Gostaria de deixar essas cartas embaixo da porta do seu apartamento, ou em cima do travesseiro para quando você acorda-se, pudesse ler os meus pensamentos sobre como era estar com você, sinto falta de acordar cedo e escrever em uma caligrafia rápida e desajeitada o que acontecia em minha cabeça por estar junto com você, mas terei que me contentar em escrever como é estar sem você. Como eu queria que você me perdoasse, meu anjo.

Kyuhyun estava sentado em sua carteira. O jovem estudante de jornalismo encarava as próprias mãos entrelaçadas, se perdendo em seus pensamentos, até escutar vozes femininas agitadas nas carteiras mais ao fundo, mas continuou observando as próprias mãos e escutando a conversa alheia.

- Você viu o post do MeuPontoDeVista.com? Não acredito que ele namora!

- Ah, é uma pena um cara tão engraçado e inteligente sofrendo por amor.

O professor entra na sala com o típico sorriso de sempre, exibindo suas covinhas para toda a turma. Mesmo sem encarar o professor de Técnicas de Reportagem e Redação Jornalista, ele sabe que Leeteuk está o fitando, e teme encontrar o olhar do mais velho.

O estudante permaneceu a aula toda com o olhar baixo e encarando as próprias mãos – as vezes rabiscava seu caderno. Quando o sinal avisa que terminou a aula, ele espera toda a turma se retirar para finalmente erguer o olhar e encarar pela primeira vez o mais velho. Rapidamente junta o seu material e antes de seguir para a próxima aula ele anda lentamente até a mesa do professor.

- Kyu... – sua voz era suave e os olhos tranquilos – você não deveria ter feito isso. – o mais permanece imóvel abrindo a boca várias vezes ameaçando a falar mas o som não saia – Eu sei que o blog é seu e que o trabalho já terminou, mas expor suas vidas na internet não vai fazer que ele volte para você..

- Mas é a única forma dele me escutar – Seus olhos ficaram marejados, o que estava sendo comum nos últimos dias – Hyung, eu sinto muita falta dele..

O mais velho se levantou de sua mesa e abraçou o estudante fortemente.

- Dê tempo ao tempo.. Uma hora ele vai te escutar.

Estava sendo insuportável para o futuro jornalista percorrer o campo. Escutava por todos os cantos vozes comentando sobre o comentarista afiado da faculdade estar sofrendo de amor – apesar de não saberem quem ele era. Recusou-se a levantar o olhar durante todo o trajeto, mas ao entrar no prédio aonde seria a sua próxima aula ele teve certeza que o seu objetivo foi alcançado.

“Nosso comentarista preferido está apaixonado e nós da rádio da faculdade estamos tentando ajuda-lo” A voz de Ryeowook anunciava sobre a matéria que ele havia escrito em seu blog para toda a faculdade “Você que possui o coração do comentarista, dê uma chance a ele! Estamos torcendo por vocês! Fighting!”

Era oficial. Toda a faculdade sabia de seu problema amoroso. Ao postar a carta nunca imaginou tamanha proporção que tomaria, mas pelo menos teria certeza de uma coisa: Sungmin estava sabendo de sua carta. Ele poderia não ler, mas o seu conteúdo todos falavam, uma hora ou outra, ele acabaria escutando sobre o momento de loucura do ex-namorado.

Kyuhyun seguiu em piloto automático o resto do dia, suspirando apenas ao passar na frente do prédio da administração, onde o menor estudava, até chegar em seu apartamento. Se jogou no sofá e digitou na tela do celular o número que poderia digitar de olhos fechados. Levou lentamente o celular ao ouvido sem esperanças de ser atendido como o de costume.

Ligou uma. Ligou duas. Ligou três vezes. Na quarta tentativa ele percebeu que alguém estava na linha.

- Sungmin? SUNGMIN? MEU AMOR! ME ESCUTA – seus olhos arregalaram e seu coração deu indícios que iria falhar a qualquer momento

- Pare de ligar para ele – uma voz estranha falou rapidamente e o barulho da outra linha foi ocupado por de ligação encerrada.

Ele não iria desistir, iria lutar por seu amor. Segurou todas as lagrimas que ameaçaram a cair e com todo o sentimento guardado sentou-se na frente de seu computador e começou a escrever.