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História Casamento arranjado - Aprendiz de casamenteira


Escrita por: _Wisteria_

Notas do Autor


Hey, mina-san! Esse mês o capítulo vai sair um pouco mais cedo! Yay!
Vamos ver o que acontecerá com nossas garotas!

Capítulo 6 - Aprendiz de casamenteira


No dia seguinte, como todos os dias, Shinobu foi a primeira a acordar. Ela decidiu tomar um bom banho quente, pois teria um longo dia na companhia da casamenteira. Após finalmente terminar o banho, ela aguardou as funcionárias que geralmente a ajudavam a escolher a roupa e vestir-se, porém apenas uma delas apareceu.

— Bom dia, senhorita! Deixe-me ajudá-la.

— Bom dia… Naho, onde estão Sumi e Kiyo?

— Bem, senhorita, elas foram dispensadas do serviço…

— Dispensadas?

— Sim! Outros cinco funcionários também foram. Parece que foi um corte de gastos… — explicou a moça. 

"Essa não! A nossa situação deve estar pior do que eu imaginava!" — pensou Shinobu.

— Tudo bem, minhas roupas não dão muito trabalho mesmo. Nós vamos conseguir. 

Já Kanae penteava os longos e Mitsuri acabava de acordar, quando alguém bateu na porta do quarto.

— Senhorita Kanroji, chegou uma carta para você. 

— Carta?! — Mitsuri bocejou e coçou os olhos.

— Uma carta para você, prima? — Kanae ficou surpresa. — Entre e entregue, por favor! 

A funcionária abriu a porta, cumprimentou as moças e entregou a carta nas mãos de Mitsuri.

Ela ficou incrédula por alguns instantes, enquanto observava o selo da carta.

— De quem é essa carta? De quem é? — perguntou Kanae.

— E-eu irei verificar! — Mitsuri notou que se tratava de um carimbo diferente dos outros.

— Senhorita, o entregador está lá fora e disse que aguardará uma resposta sua. — explicou a funcionária.

— Uma resposta?! — Mitsuri ficou sem reação.

— Vamos! Vamos! Agilize isso de uma vez! — Kanae deu pulos de empolgação.

Ela levantou, foi até a gaveta, pegou um acessório e abriu a carta. 

— Leia! Leia! — Kanae se aproximou dela, empolgada.

— Caham… — Mitsuri limpou a garganta. 

"Olhei para o céu e vi uma bela fada, que dançava alegremente, envolvida pelo brilho da lua. A princípio, fui tomado pelo espanto e incredulidade, pois jamais imaginei que veria uma fada de verdade. O bela fada sentou-se numa rocha ao meu lado e inevitavelmente fiquei encantado. No entanto, diferente do que imaginei, de que fadas eram felizes por natureza, aquele doce ser estava tomado pela tristeza. Meu coração se compadeceu e mesmo temeroso, me aproximei e a bela fada de olhos verdes consolei. E quando ela partiu, enfim com seu sorriso gentil, eu senti que aquela fada o meu coração invadiu. Doce senhorita Kanroji, fiz este poema para você, para que tenha um dia feliz. Se estiver do seu agrado e gosto, aguardo sua resposta com meu coração ansioso. Obanai Iguro."

O rosto de Mitsuri ficou ruborizado e ela levou a carta até o peito, tomada pela surpresa. 

— Aaaah!! Que lindo, prima! — disse Kanae, eufórica.

— Acho que meu coração vai sair pela boca! Oh, céus!

— Prima, quem te escreveu foi o sócio do senhor Kyojuro? — questionou Kanae.

— Sim! Foi ele mesmo! Eu… nem sei o que fazer!

— Escreva de volta! O entregador está aguardando! — falou Kanae.

— Ai, prima! Estou nervosa!

— Vamos, Mitsuri, sente-se na escrivaninha! Eu a ajudarei! 

A garota fez como a prima recomendou, organizou o papel e a pena, e ficou parada por alguns instantes.

— E o que eu digo?! — Ela perguntou, apreensiva.

— Agradeça pelo poema, ora! — disse Kanae.

— Ai, nossa! Está bem!  — Mitsuri deu uma risadinha de animação e começou a escrever. Assim que terminou, Kanae leu o conteúdo e ficou pensativa.

— Você deveria ser mais fofa, não acha? — questionou Kanae.

— Não vejo necessidade para isso agora. Nós ainda somos desconhecidos. Eu não quero que ele pense que sou uma atirada! — contestou Mitsuri.

— Bem, se é assim que você prefere, tudo bem! Ai, mas é tão romântico receber cartas! Bem que meu futuro marido poderia ao menos fazer isso para me conhecer! — Kanae suspirou.

Mitsuri selou a carta e a entregou para a funcionária. 

— Leve-a para quem veio deixá-la, certo?

— Sim, senhorita, com licença. — A moça saiu rapidamente.

Mitsuri olhou pela janela e viu que Haganezuka era o homem que aguardava do lado de fora. Ela sorriu e sentiu certa empolgação dentro de si. De repente, uma nova batida na porta e ela se abriu em seguida. A duquesa surgiu acompanhada de duas funcionárias.

— Bom dia, mamãe! — reverenciou Kanae.

— Bom dia, titia! — reverenciou Mitsuri.

— Eu gostaria mesmo que fosse um bom dia…

— O que quer dizer, mamãe?

— Queridas, nossa situação está de mal a pior. Novas dívidas não param de surgir de todos os lados, agora que o período de luto passou. 

— Oh, que horror, tia!

— Desse modo, não temos outra alternativa, além de começarmos a fazer certos sacrifícios. Kanae, Mitsuri, quero que escolham vestidos de qualidade em seus armários. Nós iremos vendê-los. O mesmo vale para as joias. 

— O quê?! Meus vestidos?! As joias?! Não, mamãe! Tudo menos isso!

— Sinto muito, minha filha amada. É nossa única chance de sobreviver até que arranjemos mais casamentos. Avisem à  Shinobu que ela deve fazer o mesmo. Bem, conversarei com alguns sócios de seu pai para que aliviem as dívidas até nos reorganizarmos. Sei que estou pedindo algo doloroso, porém não temos alternativa.

— Como quiser, mamãe...

— Certo, tia…

— Sairei para uma reunião agora. Enquanto isso, concentrem-se nessa tarefa. — A duquesa se despediu das moças e saiu do quarto com sua postura imponente.

— A que ponto chegamos… — Kanae sentou-se na cama, entristecida.

— Isso é terrível, Kanae! Se ficarmos pobres, eu não sei se ainda conseguirei um bom noivo! E não posso simplesmente desmanchar meu noivado com o senhor Kyojuro sem prejudicá-lo! O que farei se ficar sozinha para sempre?

— Oh, minha prima! Acalme-se! Dará tudo certo! Sei que você encontrará alguém do seu agrado e que lhe fará feliz! Haverá alguém que não pense apenas no dinheiro e no nome da nossa família, pode ter certeza!

— Será mesmo que algum bom homem se interessaria por uma moça de família falida? — Mitsuri entrelaçou os dedos e fechou os olhos.

— Relaxe! Vai ficar tudo bem! 

—- Você só está tranquila, porque já tem um noivo! Eu não!

— Um noivo que eu nunca vi o rosto e que nem amo! Quanto alegria, Mitsuri! — resmungou Kanae. — Já pensou? Ficar a vida toda presa a um velho nojento?! Isso é felicidade para você?!

— Me desculpa, prima.

— Bem, vamos nos concentrar nas roupas e nas joias por agora. Meus lindos e belos vestidos! Minhas joias queridas! Que pesar me desfazer de tudo isso.

Enquanto as moças executavam a tarefa a que foram designadas, Shinobu já havia terminado de tomar café e se direcionava ao jardim, quando avistou Tanjiro suspirar ao lado do portão, enquanto avistava Kanao subir na carruagem em companhia da duquesa.

— Nossa! Isso que é um homem apaixonado! — brincou a garota.

— Senhorita Shinobu, bom dia! Ah, eu estava admirando minha amada. Ela saiu para acompanhar sua mãe em alguns passeios.

— E como vocês estão?

— Bem, muito bem! Ela já me deixou segurar em sua mão! Isso não é esplêndido? Se eu me comportar bem, posso até ganhar um beijo!

— Você está muito saidinho, Tanjiro! Não lhe conheci assim!

— É que… O amor faz isso conosco! Você quer sentir cada pedacinho da pessoa que ama!

— Cada… pedacinho?

— Todos os pedacinhos mesmo! — Ele cobriu parte do rosto com a boina que usava e ficou todo envergonhado.

— Ora, tenha pudores! — Shinobu o estapeou no braço. 

— Perdoe-me, senhorita, porém este tipo de pensamento é inevitável! Eu sou um homem, afinal!

— Às vezes, eu esqueço de que você não é mais meu amiguinho bobo da infância! — Ela sacudiu a cabeça negativamente. — Bem, eu devo ir até a casa da casamenteira agora.

— O quê?! Não deveria ser ao contrário? A casamenteira que deveria vir vê-la, na verdade!

— Ah, eu apenas quero sair da mansão um pouco. Estou farta de ficar presa neste lugar! É hora de ser livre!

— Senhorita, a duquesa ficaria irritada com você!

— Minha mãe tem preocupações maiores agora. Bem, estou indo! Nos veremos mais tarde.

— Se é assim que a senhorita deseja, boa sorte! — Tanjiro abriu o portão, Shinobu abriu sua sombrinha e se direcionou até a casa da casamenteira.

Ela chegou no portão e deparou-se com um homem alto, moreno e de chapéu. Quando ele a avistou, abriu um largo sorriso.

— Bom dia! Eu vim me encontrar com a senhora Tsutako! — disse Shinobu.

— Bom dia! Pode entrar! Bata na porta, que logo ela a receberá. Eu a conduziria até lá, porém estou atrasado para o trabalho. Fique à vontade. 

Shinobu entrou na casa devagar e o homem fechou o portão atrás dela. Ela ficou um bom desconfortável, pois não estava acostumada a andar sozinha pela casa de estranhos. Ela chegou na porta, bateu devagar, porém tudo continuou silencioso. Ela bateu novamente e assim que ouviu o trinco abrir, ela foi surpreendida por Giyuu, que estava sem camisa.

— Aaaaaah!  — Ela virou de costas e cobriu os olhos. — Pervertido!

— Hã?! — Ele parecia sonolento. — Uaaah! Então, é você, pestinha! Não é muito cedo para vir perturbar a casa alheia?

— E-eu vim ver sua irmã! E onde estão suas roupas, seu sem vergonha?! — ela perguntou.

— Ah! Eu nem havia prestado atenção! Acontece que eu estava dormindo e ouvi a porta bater. E você deu sorte!

— Sorte?! — Ela virou para encará-lo.

Ele se aproximou com dificuldade, se curvou um pouco, o que deixou Shinobu nervosa, e falou ao seu ouvido:

— Geralmente, eu durmo completamente nu!

O rosto da garota ficou vermelho e ela o cobriu com as mãos.

— O senhor não tem pudor algum! 

— Hahahaha. Desculpe ferir sua inocência, pestinha! — Ele gargalhou e se afastou. — Você deveria entrar. Minha irmã logo virá.

— Tu-tudo bem! — Shinobu discretamente olhou para o corpo musculoso de Giyuu, porém logo cobriu o rosto e entrou. — O senhor deveria se vestir!

— Resistir ao meu charme é tão difícil assim?

— Charme?! O senhor?! — Ela o encarou, mas desviou o olhar rapidamente. — Não me faça rir.

— Bom dia, senhorita Kochou! Chegou bem cedo! Oh, Giyuu! Que modos são esses! Como pode se expor desse modo na frente de uma dama? Retire-se e vista uma roupa!

— Como queira, amada irmã! — Giyuu ainda encarou Shinobu, que havia aberto um espaço entre os dedos, sorriu e se afastou.

— Me perdoe! Meu irmão é muito inconveniente, às vezes. Sente-se, por favor.

— Tu-tudo bem! Não se pode controlar tudo, não é mesmo? — Shinobu tentou manter a compostura, porém aquilo havia sido demais para sua mente. Ela começou a se abanar e Tsutako notou o nervosismo dela. Ela controlou a risada.

— Certo! Hoje vamos começar seu aprendizado. Visitaremos a mansão do duque Yushiro. Sua mãe deseja que ele case o quanto antes. Devemos procurar o perfil que ele busca numa esposa e depois vamos buscar algumas possíveis candidatas.

— Entendi.

— Creio que se você acompanhar algo do tipo, você pode certificar-se que um casamento arranjado não é tão ruim. 

— Claro que não é ruim, é péssimo!  — Shinobu ressaltou e sorriu.

— Entendo sua revolta, mas tenho certeza que mudará de opinião em breve.

— Duvido muito! — Shinobu cruzou os braços e virou o rosto para o lado.

Giyuu apareceu novamente na sala, desta vez bem vestido. 

— Está bem mais apresentável agora! — comentou Shinobu.

— Obrigado, pestinha!

— Meu nome é Shinobu, caso não saiba! — ela reclamou.

— Seu apelido é bem mais divertido.

— Giyuu, você está pronto para irmos para a casa do seu amigo?

—  Sim, Tsutako, mas como farei sem uma cadeira para me locomover por lá?

— Ah, não se preocupe! Seu amigo pediu para avisar que separou uma para você. Ele é sempre muito atencioso!

— Sempre mesmo! Certo, sendo assim, tudo bem.

— Melhor sairmos! A carruagem deve chegar em breve. Venha, se apoie em mim! Assim, poderá chegar até a carruagem. — disse Tsutako.

— O quê?! Não, isso não pode! Pense no seu estado. Deixa que eu levo ele! — disse Shinobu.

— Você? Com esse tamanho?! Humpf. — ele revirou os olhos.

Shinobu rangeu os dentes, foi até ele e o agarrou pela cintura, o que o deixou surpreso.

— Eu consigo! Não me subestime!

— Se você diz… 

— Obrigada mesmo, senhorita Kochou! Eu me sinto envergonhada em colocar alguém da nobreza nesta situação!

— Ah! Que isso! Eu apenas quero que você fique bem no estado que está. Pense no seu bebê! Olha aqui, eu não quero saber de gracinhas ou eu derrubo você!

— Eu serei um verdadeiro lorde! — brincou Tomioka.

Eles saíram com dificuldade, porém conseguiram chegar até o portão e subir na carruagem, com ajuda do cocheiro.

Enquanto isso, na mansão Rengoku, Haganezuka foi de encontro ao seu chefe e entregou-lhe o envelope em mãos.

— Ela já respondeu?

— Creio que sim, senhor.

Obanai abriu o envelope e leu o conteúdo:

"Querido senhor Obanai Iguro, primeiramente agradeço pelo privilégio de ter um poema do senhor em minhas mãos. Nem sequer imaginei que receberia algo tão maravilhoso neste dia de hoje. Achei suas palavras encantadoras! Apesar do senhor já conhecer a situação constrangedora em que fui colocada, eu me sinto melhor desde que fui consolada pelo senhor. Sua companhia me trouxe um grande alívio para meu dolorido coração. Desde já, agradeço sua consideração com uma estranha como eu. Agora, eu desejo saber sobre o senhor. O senhor está bem? Espero que esteja tendo êxito nos seus negócios. Sem mais delongas, desejo ao senhor um glorioso dia. Mitsuri Kanroji".

Iguro sorriu e devolveu a carta para seu envelope.

— Recebeu uma boa mensagem, majestade?

— Sim! Estou muito feliz com isso!

— O senhor parece muito animadinho! Devo lembrá-lo que o senhor é um rei e que veio para este lugar para questões de negócios?

— Não precisa me lembrar disso. Além do mais, não é você que diz que devo me casar?

— Claro que deve! Espere! O senhor pretende casar-se com uma estrangeira?

—  E qual o problema, Haganezuka?

— O senhor sequer sabe se essa moça tem modos ou inteligência para ser uma rainha! — resmungou Haganezuka.

— Eu creio que ela tem os atributos necessários e para garantir isso, eu quero conhecê-la melhor. Por isso, eu escreverei outra carta para ela.

Haganezuka levou os dedos até a testa e respirou fundo.

— Tudo bem, majestade. Farei de acordo com vossa vontade. Apenas pense bem nas consequências de seus atos.

— Não se preocupe, meu caro Haganezuka, tudo ficará bem.

— O senhor gosta mesmo de brincar com meus nervos… E quando retornaremos para o reino? 

— Creio que em um mês, finalizaremos tudo por aqui e poderemos ir para casa.

— Que ótimo, senhor. 

— Sei que os costumes estrangeiros lhe são estranhos, porém aguente só mais um pouco! Logo estaremos em casa.

— Bom dia, caro sócio! Como estamos hoje? — perguntou Kyojuro, que se aproximou.

— Tudo nos conformes, meu caro Rengoku. E com o senhor?

— Me sinto muito bem! Estou animado com o casamento e tudo mais. Hoje iremos olhar alguns móveis para nossa nova casa.

— Hum… Que bom, não é mesmo? Sobre isso, me diga, quando o senhor pretende liberar a senhorita Kanroji desta situação torturante?

— Bem… Em menos de um mês, ela estará livre dessa obrigação de me visitar. — Kyojuro ficou um pouco confuso. — Mas… posso saber seu interesse particular neste assunto?

— Eu apenas estou preocupado com o bem estar da senhorita Kanroji. Ela não está feliz com toda essa situação, porém é gentil demais para lhe dizer.

— Ah, eu creio que ela esteja bem! Ela não deve se importar tanto assim. Somos apenas bons amigos. 

— O senhor chegou a considerar que ela pode pensar de uma forma diferente? Que ela pode ter outros tipos de sentimentos pelo senhor? 

— Senhor Iguro, eu duvido muito que ela sinta algo mais do que carinho de amigo. — O sócio dele o observou de forma incrédula por alguns instantes.

"Quanta cegueira! Qualquer um perceberia os verdadeiros sentimentos dela em relação a ele." — pensou Iguro.

— Acho que o senhor está enganado quanto a isso… 

— Sabe, o senhor parece bastante interessado em defender os sentimentos dela. Por acaso, ela lhe atraiu de alguma forma? — perguntou Kyojuro, que sentou-se ao lado dele.

— Estaria mentindo se dissesse que ela não me chamou atenção, senhor Kyojuro. A senhorita Kanroji, além de bela, é uma garota adorável e inteligente.

— Certamente, minha amiga é uma pessoa inigualável! É gentil, alegre e delicada. Qualquer homem seria feliz ao seu lado.

— O senhor me disse que são amigos de infância, certo?

— Isso, exatamente, senhor Iguro.

— Se ela tem tantas qualidades, como o senhor nunca a olhou de outra forma, além da amizade?

— Bem, eu sempre a vi como minha querida irmãzinha e nada mais do que isso. O senhor deve saber que não podemos controlar os desejos do coração. E além disso, quando eu conheci Ume, foi amor à primeira vista. Depois que a vi, eu não consegui pensar em mais nada.

— Entendo. O que o senhor diz é certo, não há como controlar as armadilhas do coração. Bem, posso concluir dessa forma que tenho o caminho livre para o coração da senhorita Kanroji? — Ele o encarou com convicção e cruzou os braços.  Haganezuka arregalou os olhos.

— Faça como quiser. Eu não tenho interesse em interferir neste assunto. Estou focado no meu casamento. 

— Se o senhor diz… 

— Bem, creio que é hora de irmos para a reunião com os futuros sócios, senhor Iguro. Eu apenas preciso organizar minhas coisas e iremos. 

— Como queira. Lhe aguardarei na carruagem.

Kyojuro se levantou e afastou-se dos dois. Haganezuka se aproximou de Iguro, com uma expressão preocupada no rosto.

— Caham… Majestade, creio que o senhor não está pensando bem nas consequências de suas ações. O senhor entende que causará uma grande perturbação no reino, caso se case com uma estrangeira?

— Eu sou o rei. Eu decido sobre meu destino. E quem ousar entrar no meu caminho, descobrirá o quanto eu sou impaciente com desobediências e objeções. — Iguro sorriu e Haganezuka se encolheu um pouco.

— Como desejar, majestade…

Enquanto isso, Shinobu chegava até a casa do mais novo cliente de Tsutako, na companhia dos dois irmãos Tomioka. Assim que chegaram, foram recepcionados por um homem jovem, de baixa estatura e olhos claros, que estava acompanhado por dois homens. Um deles tinha uma cadeira de rodas na sua frente.

— Bom dia! Sejam bem-vindos ao meu humilde lar!

Tsutako desceu, Shinobu auxiliou Giyuu a se levantar e os funcionários do cliente o colocaram na cadeira.

—  Oh, Giyuu, amigo! Que bom lhe ver! 

— Yushiro, você realmente não mudou nada! Continua o mesmo tampinha de sempre! — brincou Giyuu.

— Ora! Melhor do que ser uma girafa! — Yushiro apertou  a mão do amigo e deu alguns tapas em suas costas. — Fico feliz que esteja com um aspecto melhor do que o do hospital.

— Eu também fico aliviado. 

— Tsukato, você parece radiante como sempre.

— Obrigada, Yushiro, por sua gentileza.

Ele notou a presença de Shinobu.

— E quem seria essa moça adorável? É sua esposa, Giyuu?

Shinobu arregalou os olhos e disse:

— Eu? Esposa desse… desse aí? Nunca? Só se eu tivesse enlouquecido! Jamais?! — Ela cruzou os braços e virou de lado. — Humpf!

— Hã?

— Você acha mesmo que eu teria o mau gosto de me casar com ela? — debochou Giyuu.

— Ora, seu… — Shinobu virou-se de uma vez, porém Tsutako interveio.

— Caham…. Yushiro, meu querido amigo,  Shinobu é minha nova assistente. Ela irá me auxiliar na procura de uma noiva ideal para você.

— Entendi… Perdão pelo equívoco, senhorita. Bem, vamos entrar. Temos muito o que conversar.

— Certo. Acho que podemos ir. — Ela posicionou-se para empurrar a cadeira de Giyuu, porém Yushiro não permitiu.

— Deixe comigo! Uma dama como você não deve carregar peso e eu vou ajudar meu amigão aqui. — Ele disse.

— Obrigado, Yushiro.

Enquanto ele empurrava o amigo, ele olhou para Shinobu, que acompanhava Tsutako mais à frente.

— Então, aquela moça parece estar encrencada com você. O que você aprontou? — Ele perguntou.

— Eu não fiz coisa alguma. Ela que é uma nervosinha. — falou Giyuu.

— Como eu lhe conheço muito bem, eu duvido que você seja inocente nisso. — brincou Yushiro.

— Hahahaha. Você me conhece bem!

Eles entraram na luxuosa mansão e foram até o escritório de Yushiro.

— Nossa! Sua casa é linda, Yushiro! — comentou Tsutako, que olhava ao redor.

— Bem, devo dizer que minha mãe tem um gosto excepcional.

— E onde ela está agora? Faz muito tempo que eu não a vejo. — comentou Giyuu.

— Minha mãe… — Yushiro se entristeceu. — está em seu leito de morte.

— Oh! Que triste! Sinto muito! — disse Tsutako.

— Sinto muito, amigo. — falou Giyuu.

— Ela já é bem idosa. Não há mais o que fazer. Por isso, quero realizar seu último desejo, que é me ver casado.

De repente, alguém bateu na porta e uma moça de belas feições apareceu. Ela vestia-se com roupa de empregada e trazia uma bandeja com xícaras e uma garrafa de chá. Shinobu notou que Yushiro mudou sua atenção para ela e sorriu.

— Muito obrigado, Tamayo. Você é sempre tão eficiente!

— Oh! Disponha, senhor Yushiro. — A moça retribuiu o sorriso e Shinobu percebeu o leve rubor em seu rosto.

Tamayo serviu o chá a todos e eles continuaram a conversar, enquanto ela organizava as coisas para se retirar.

— Certo! Acho que agora podemos falar sobre seu casamento, meu caro Yushiro. — disse Kanae.

De repente, Tamayo derrubou a garrafa na bandeja, o que derramou chá pelo chão.

— Oh, não!

— Está tudo bem, Tamayo? — perguntou Yushiro, que se levantou para auxiliá-la.

— Oh, não se preocupe, senhor Yushiro! Ficarei bem! Me perdoe por atrapalhar! 

— Oh! Sua mão! Você deve tê-la queimado com o chá! — Ele segurou a mão dela e a olhou com atenção, o que deixou os outros três curiosos.

— Eu cuidarei disso. Não se preocupe. — Ela o encarou e ele fez o mesmo.

— Claro que eu me preocuparei! Você sabe que… — Ele dizia, até que olhou para o lado e notou os olhares na direção deles.

— Eu ficarei bem! Com sua licença! — Tamayo reverenciou com o vestido e saiu da sala com a bandeja nas mãos.

— Bem, perdoem-me por esse pequeno imprevisto. Ela não costuma cometer acidentes como esse. — disse Yushiro.

— Não se incomode conosco. Bem, vamos ao assunto principal. Quero conversar com você sobre o perfil de moça que você procura. — disse Tsutako.

— Ah, sim! Claro! 

— Giyuu e Shinobu, vocês poderiam nos dar licença por alguns instantes. Preciso que o senhor Yushiro esteja o mais à vontade possível. — disse Tsutako.

— Tudo bem. Nós vamos dar uma volta por aí. Com licença, senhor.— disse Shinobu.

— Fique à vontade. Giyuu, depois eu quero muito conversar com você. — disse Yushiro.

— Claro! Assim que você desocupar, conversaremos. 

Shinobu empurrou a cadeira de Giyuu para fora e deixou os dois conversando em particular. 

— Bem, para onde iremos agora, Giyuu?

— Que tal irmos até o jardim? Parece muito bonito! 

— Boa escolha, mas como chegaremos até lá?

— Eu não sei se lembro bem… Que tal tentarmos irmos por aqui? — Ele apontou para um corredor à esquerda.

— Certo! Vamos! — Ela começou a empurrar a cadeira, porém ele a travou com os braços. — Ei, pare de atrapalhar!

— Eu posso usar meus braços aqui! Não precisa se cansar com isso. — Giyuu começou a tocar a cadeira rapidamente e dobrou no corredor. Shinobu ficou para atrás com os braços cruzados e começou a caminhar, quando ouviu alguém soluçar. Ela se aproximou de uma porta entreaberta e deparou-se com Tamayo, que parecia desconsolada.

Shinobu ficou relutante por alguns instantes, porém decidiu entrar para ver se a moça estava bem.

— É… Com licença…

— Oh, senhorita, perdoe-me por isso! — Tamayo começou a secar os olhos rapidamente. — A senhorita deseja alguma coisa?

— Eu quero saber se você está bem. — Shinobu se aproximou dela e ficou na sua frente.

— Oh, não se incomode comigo. Sou apenas uma simples empregada.

Shinobu segurou na mão dela e olhou para a queimadura em sua pele.

— Oh! Isso está horrível! Por acaso, você tem alguma pomada para usar nisso?

— Creio que haja uma por aqui, senhorita, mas é apenas para uso dos senhores da casa. — Ela apontou para um armário.

— Você precisa de socorro imediato! — Shinobu foi até o armário, pegou o pote onde estava a pomada e a passou delicadamente no dorso da mão da empregada. — Pronto! Isso deve aliviar a dor.

— Oh, senhorita! Muito obrigada! Não precisava se preocupar comigo… — disse Tamayo, desajeitada.

— Bem, eu acho que eu não deveria me meter, mas notei que você ficou muito triste com a história do casamento do duque e que foi por isso que você se queimou.

— Hã? Não! Nada disso, senhorita! Você está equivocada. Bem, uma dama tão nobre não deveria estar aqui, se preocupando com uma simples empregada. Pode ir! Eu estou bem! — disse Tamayo.

— Se você diz… — dizia Shinobu, que logo ouviu Giyuu a chamar.

— Pestinha, onde você se meteu?!

— Agrr… Aquele…

— Pestinha?! — Tamayo ficou confusa.

Shinobu abriu a porta e gritou:

— Olha, aqui! Você sabe bem meu nome! 

— Ah, te achei! Vamos! — Ele apareceu na porta.

— Oh, é seu esposo? — perguntou Tamayo.

— Eu jamais me casaria com ele!

— Eu jamais me casaria com ela! 

Os dois disseram ao mesmo tempo, o que fez Tamayo dar uma risadinha.

— Tudo bem! Eu devo voltar ao trabalho agora! Obrigada pela gentileza, senhorita. — Tamayo reverenciou.

— Shinobu! Pode me chamar pelo meu nome! 

— Certo! Senhorita Shinobu!

— E nossa conversa ainda não acabou, hein? — disse Shinobu, que acenou e saiu. Ela deu um puxão na orelha de Giyuu.

— Ai! O que está fazendo?!

— Olha, aqui! Pode parar com essa história de apelidinhos! — resmungou Shinobu.

— O que posso fazer, se lhe cai tão bem?

— Humpf…

— Vem, o jardim é por aqui! — Giyuu começou a tocar a cadeira e ela o acompanhou.

Era uma área ampla, com os mais diversos tipos de flores e uma grande fonte no centro. Eles começariam a dar uma volta, mas logo Tsutako apareceu.

— Já terminou?! — perguntou Giyuu.

— Ah, sim! Yushiro já tem um perfil específico de seu agrado. Não será muito difícil.

— Oh, não… Pobre Tamayo… — murmurou Shinobu.

— Na verdade,  eu estou bem surpresa com a decisão dele, porém eu estou animada com este trabalho! Será divertido! Ah, Giyuu, ele vai ter que resolver um assunto que surgiu agora, mas ele quer que você venha amanhã.

— Tudo bem! 

— Certo, Shinobu! Amanhã começaremos com o trabalho oficialmente!

— Ah, ok! Talvez eu tenha que sair um pouco mais cedo, pois é o noivado da minha irmã.

— Oh, sim! Não se preocupe, dará tempo. Bem, vamos voltar para casa! Tenho muito que pensar, já que será um trabalho desafiador! 

— Sim, vamos! — disse Giyuu.

No caminho de volta, Shinobu ficou pensativa.

"Esse reino é tão ultrapassado! Por que a diferença de classe atrapalha o amor das pessoas?! Humpf! Não posso deixar isso acontecer com a Tamayo! Eu irei ajudá-la!"

O caminho de volta foi tranquilo e enfim todos puderam ter uma boa noite de descanso, menos Kanae, que não conseguia parar de pensar no noivado do dia seguinte.

 


Notas Finais


Parece que Mitsuri chamou a atenção de Iguro! Vamos ver como isso vai desenrolar!
Shinobu e Giyuu se entendem do jeitinho deles!kkkkk Tsutako terá trabalho com esses assistentes.
E o dia do noivado de Kanae se aproximar! Vamos ver o que acontece! Até o próximo! Hugs!


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