História Casamento Grego - A volta dos que já foram.

– Mas que merda está acontecendo na minha casa?!

Antes mesmo que Hades pudesse fazer qualquer coisa, Minhyuk viu um dos zumbis que Changkyun havia abatido anteriormente caminhar, ou melhor, se arrastar até Jooheon, que ainda segurava o chifre do Minotauro.

– Jooheon! – O platinado gritou, mas Changkyun foi mais rápido e acertou o zumbi com uma flecha antes que ele pudesse cravar a espada na costela de Jooheon – conscidentemente o ponto fraco do ruivo.

– Puta merda! – Jooheon colocou as mãos no peito, exasperado, e sorriu agradecido ao mais novo que tremia segurando o arco. Perder Jooheon, principalmente no Tártaro, já o deixava em pânico. Hades abaixou o arco da mãos de Chagkyun e olhou para Perséfone.

– Acho melhor alguém me explicar o que está acontecendo na minha casa. – O deus se pronunciou. Hades, de um jeito engraçado, era o oposto do que Jooheon imaginava. O filho de Apolo imaginava um homem meio bravo e meio triste, todo de preto, bem esteriótipo mesmo, mas se deparou com um cara bronzeado, loiro, sorriso branco, usando shorts e uma regata. 

– Meu marido... – Perséfone começou.

– Você fica quieta, vagabunda! – Minhyuk balançou a jaula. – Essa louca nos prendeu aqui, senhor! – Hades olhou para Minhyuk e seus olhos percorreram por todos naquela jaula até pararem em Kihyun.

– Meu filho?! – Ele disse espantado. Num estalo a jaula se abriu, deixando os meninos livres. – Quem o trancou em uma jaula? Quem teve a audácia de trancar a minha criança em uma jaula? – Hades se aproximou de Kihyun rapidamente e tomou seu rosto nas mãos.

– Oi, pai... – O rosado sorriu sem graça, ficando vermelho.

– O que aconteceu com vocês, minha criança? – O deus questionou novamente. No momento que Kihyun abria a boca para responder, Perséfone se adiantou.

– Eles invadiram o Tártaro e tentaram destruir nosso palácio, meu marido.

– É mentira! – Kihyun esbravejou. – É mentira, pai! – Hades olhava do filho para Perséfone. – Ela enganou os meus amigos, nos trouxe até aqui, nos trancou e tudo isso porque ela quer que você seja o deus todo poderoso do universo. – Foi o necessário para que Hades acreditasse no filho. Não era a primeira vez que Perséfone arrumava um jeito de tentar o colocar no poder.

– Perséfone! – Massageou as têmporas. – De novo com isso?

– Não pode estar acreditando nessa baboseira, meu marido! – Ele se fez de indignada, os dando sua melhor atuação. Changkyun revirou os olhos e Jooheon se aproximou do mesmo, sentando em seu colo, já que o menor continuava sentado no trono do deus do submundo.

– Criança, me conte o que aconteceu. – Hades ignorou a atuação da mulher e perguntou diretamente ao filho.

– Então... – Kihyun começou. – Poseidon e Zeus estão nessa guerrinha por causa do casamento com Hyungwon, certo? – Hades assentiu e fitou Hyungwon, que se encolheu envergonhado por ser assunto. – Nosso amigo Jooheon teve uma profecia, ele é filho de Apolo e tudo mais, o senhor sabe, e nós fomos atrás de Hefesto para que ele faça um autômato para o que eu não sei, mas isso acabaria com essa guerrinha, e nosso acampamento pararia de ser atacado e uma guerra de proporções maiores seria evitada, enquanto isso Hyungwon e Hoseok, provavelmente com medo, fizeram um acordo com Perséfone, já que ela queria que Poseidon e Zeus se matassem para que o senhor fique com o poder. Ela não deixaria que Poseidon tomasse Hyungwon como marido, e eles impediriam que nós completássemos a missão. No fim das contas ela nos trouxe pra cá, disse que iria nos prender no Tártaro, nos trancou numa droga de jaula, e quando Changkyun e Jooheon apareceram aqui para nos salvar, ela mandou zumbis e o Minotauro os atacar e ai o senhor apareceu. Fim da história.

Hades, que ouvia tudo num silêncio mórbido, apenas assentiu e suspirou.

– Você deveria tirar essa ideia fixa da cabeça de ser a primeira dama. – Ele disse diretamente a mulher. Perséfone abandonou a atuação e bufou.

– E você deveria querer ser grande e adorado como Zeus e Poseidon são. – Ela jogou os cabelos pra trás, voltando a assumir sua postura de superioridade anterior. – Deveria me agradecer por cuidar tão bem de você e dos seus interesses.

– Meus interesses? – Hades praticamente cuspia sua frustração. Hyunwoo puxou Minhyuk e Kihyun pra perto de Changkyun e Jooheon, sendo seguido por Hoseok e Hyungwon. – Acha mesmo que é meu interesse governar o mundo? Eu to pouco me fodendo pro mundo, Perséfone. Eu gosto de ser temido, de ser chamado no único momento que o homem se revela verdadeiramente, no momento da sua morte. Gosto de ver suas faces. Eu gosto de ser quem eu sou e de viver onde vivo. Ser poderosa, adorada, esses são os seus interesses. E você não está presa a mim ou ao Tártaro. Se odeia tanto sua vida, vá embora! Nunca lhe privei de nada e tampouco farei agora. – E ele se aproximou da mulher de forma lenta e totalmente ameaçadora. – Mas trancar meu filho em uma jaula excede todos os limites.

– E-eu... – Ela recuou.

– Toque em mais uma criança minha e eu te jogo no fundo do Tártaro. – Ele apenas sussurrava. Até Kihyun tinha medo do pai naquele momento, mesmo que ele estivesse o defendendo. – E não me importa se você é uma deusa ou não.

No momento que ele terminou de dizer tais palavras um grande véu preto encobriu todo o ambiete, expandido-se de seu corpo. Parecia a mesma benção que Kihyun havia ganhado no momento que derrotou as Eríneas, só que em maior proporção. Muito maior. Ele exalava o submundo, ele era o submundo. 

Hades não era temido atoa e Perséfone sabia disso, e por esse motivo escolheu a melhor hora para sumir dali. A expressão do deus se suavizou assim que olhou para o filho.

– Venha cá! – O chamou com os braços abertos. – Não sabe como eu queria vê-lo! Estive ocupado demais com tanta gente morrendo por ai, me desculpe.

– Tudo bem, pai. – O garoto correu para seus braços e se permitiu aproveitar o carinho. – Eu sabia que você se preocupava comigo, eu sabia!

– Mas é claro, meu menino. – Fez carinho nos cabelos cor de rosa. – E tenho um presente pra você...

– Presente? – O rosto do menor se iluminou e ele sorriu ansioso.

– Sim, um presente. – E apontou para a entrada do grande salão do trono. Pela porta entrou uma mulher de cabelos longos e pretos, roupa toda branca e uma semelhança indiscutível com Kihyun.

– M-mãe? – O garoto já soluçava. Minhyuk segurou a respiração e Changkyun segurou sua mão. – Mãe?! 

O garoto deixou os braços de Hades e correu receoso até a mulher. Antes de abraça-lá, entretanto, ele parou e a analisou, com medo de não poder tocá-la. A mulher apenas abriu os braços e o chamou com a cabeça, sorrindo docilmente.

– Mãe! – Kihyun finalmente se jogou em seus braços, chorando copiosamente. Minhyuk já não aguentava as lágrimas e chorava também. Hyunwoo passou os braços por sua cintura e tentou confortá-lo.

– Você. – Hades apontou para Minhyuk. – Sei que meu filho está com aquele cabelo horroroso por sua causa. – Minhyuk congelou de medo. – Mas sei também que foi importante, e ainda é, na vida do meu pequeno e se ele está vivo hoje devo isso a você, então também tenho um presente para o filho de Afrodite hoje.

E um homem de tão lindo quanto os atores de cinema, óculos, cabelos escuros, e aparência totalmente jovial, passou pela porta. Minhyuk sequer esperou antes de correr até ele, soluçando, e também o abraçar.

Jooheon, que não entendia nada do que acontecia, se encostou em Changkyun buscando ser discreto ao perguntar o que diabos estava acontecendo. Changkyun enxugou algumas lágrimas que caiam e limpou a garganta antes de contar a história dos dois meninos.

– A mãe e o pai dos dois cresceram juntos, muito amigos, sabe? – Changkyun fazia carinho nas costas de Jooheon enquanto contava. – E bom, eles acabaram atraindo dois deuses, Afrodite e Hades, quase na mesma época praticamente, tanto que Minhyuk e Kihyun tem apenas dias de diferença, e como eles não escondiam nada um do outro, ambos sabiam que estavam tendo relações com deuses e quando os meninos nasceram e Hades e Afrodite foram embora, eles prometeram que criariam as crianças juntos e foi o que eles fizeram até quando Minhyuk e Kihyun completaram 9 anos. O cheiro já era bem forte, e os monstros começaram a atacá-los. Os pais deles procuraram por ajuda e souberam do acampamento meio-sangue e tentaram levar os meninos para lá, mas foram cercados.

“Eles disseram que distrairiam os monstros e deram o mapa para Minhyuk, que sempre foi mais... Esperto, talvez. Os garotos entraram na mesma floresta que você, sozinhos, e sem saber dos pais. Ficaram rodando em círculos na floresta por vários dias e teriam morrido, se não por monstros, mas por frio e fome, se Yoonho e Hyunwoo, que estavam treinando na floresta, os encontrarem. Kihyun estava com hipotermia e Minhyuk fazia o que podia com apenas 9 anos. Foi o que Hades quis dizer sobre Minhyuk ter salvo a vida de Kihyun. Eles foram levados pro acampamento e desde então Minhyuk vê em Hyunwoo o seu salvador e o resto você já sabe. Ninguém sabia dos pais deles até agora.”

Jooheon passou a olhar Kihyun e Minhyuk diferente depois de ouvir sua história. Ele sabia como era horrível tentar sobreviver da melhor forma que conseguia. Antes que pudesse perceber já estava chorando. Changkyun apertou sua cintura e o puxou para mais perto.

Minutos depois Kihyun e Minhyuk puxaram seus pais para apresentá-los para os amigos. Mesmo sabendo que os dois estavam mortos, os meninos ficaram agradecidos de poderem falar com seus pais mais uma vez, já que não imaginavam que teriam esse prazer novamente.

– Hm... pai? – Kihyun chamou a atenção do Deus que brigava com Changkyun por ter sentado em seu trono e ainda ter tido a audácia de puxar o namorado pro seu colo.

– Mas ele só estava sentado no meu colo. – O filho de Atena se desculpava enquanto Hades cruzava os braços e revirava os olhos.

– Pai? – Kihyun tentou novamente.

– Pois não?! – Hades ignorou as desculpas de Changkyun, mesmo estando claramente se divertindo com todo aquele alvoroço no palácio, afinal não era todo dia que tanta gente viva andava por ali, e deu atenção para o filho.

– Será que o senhor poderia trazer o meu cabelo preto de volta? – A criança pediu esperançosa.

– Minha criança, só posso reverter as maldições que eu mesmo lancei, não as de outros deuses. – O deus quase encolheu os ombros. – Já tentou pintar?

– Foi a primeira coisa que eu fiz, mas sempre volta pro rosa. – Kihyun bufou e bateu o pé, fazendo o lugar tremer. Hades sorriu.

– Cuidado, tem mais poder aqui embaixo do que lá em cima. – Advertiu. – Mas infelizmente terá que tratar diretamente com Afrodite, não posso fazer nada.

– Aliás, estávamos indo falar com a minha mamis poderosa quando a megera da sua esposa nos aprisionou aqui. – Minhyuk riu travesso. – Nada mais justo que você nos mandar direto para Citera, afinal perdemos tempo graças a sua péssima escolha matrimonial.

– Olha, vou ter que concordar com o Minhyuk, pai. – Kihyun concordou. – Péssima escolha matrimonial.

A mãe de Kihyun assentiu, fazendo o deus rir alto e passar a mão no rosto dela.

– Eu escolheria a sua mãe como companheira, mas ela não me quer nem mesmo depois de morta...

– Você nunca falou nada. – A mulher sorriu para o deus e Kihyun encenou um vomito.

– O que é mais bizarro: ver a sua mãe e seu pai nessa troca de farpas maliciosas, ou sua mãe morta estar trocando farpas maliciosas com seu pai deus dos mortos?

– Acredito que o contexto geral. – O pai de Minhyuk respondeu com um sorriso.

– Vamos voltar para a ideia de nos mandar para encontrar com Afrodite. – Changkyun tomou as rédeas. – Pode fazer isso, senhor?

– Só se pedir desculpas por ter sentado no meu trono. – Hades cruzou os braços novamente.

– Mas eu já pedi! – Changkyun protestou.

– Não da forma certa. – Hades respondeu. – Eu gosto de um pouco de.... como vocês falam? Puxa-saquismo.

– Ah... – O castanho revirou os olhos e se ajoelhou. – Por favor, ó divindade do submundo, deus todo poderoso do Tártaro, que nos enche de arrepios sempre que aparece, dono da porra toda, nos leve de encontro a Afrodite.

– Sinto o seu deboche, mas gostei das palavras. – Hades deu de ombros e puxou Kihyun para um último abraço. – Devemos nos ver em breve. Prove para eles que nós somos mais que trevas e escuridão, minha criança. Eu amo você.

– Também te amo, pai. – Kihynu retribuiu o abraço e se despediu da mãe. Minhyuk fez o mesmo.

– Esses dois aqui vão ou os deixo no Tártaro para pagar por sua traição? – Hades apontou para Hoseok e Hyungwon, que se mantinham afastados do grupo. Os outros se entreolharam e foi de Jooheon a palavra final.

– Eles vão. – Ditou o ruivo. – Eles são parte da profecia de qualquer forma. – Os dois respiraram aliviados.

– Muito bem. – Hades sorriu satisfeito. – Um passaporte direto para Citera.

– Vamos nessa! – Kihyun segurou a mão de Minhyuk, que repetiu o gesto com Hyunwoo, que fez o mesmo com Jooheon e o ruivo com Changkyun que por fim ofereceu a mão para Hyungwon que a segurou com força, tentando demonstrar que não o decepcionaria novamente. Hoseok ficou na ponta e com um estalar dos dedos eles estavam em Citera.

Só precisavam achar Afrodite, o que não seria difícil já que havia uma mulher igual a Minhyuk correndo pela rua dançando Beyoncé e ao seu lado um homem lindo de morrer, idêntico a Hyunwoo, imitando o Jay-Z.