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História Cela 132 - Winter tides


Escrita por: gucciqeen

Capítulo 28 - Winter tides


Fanfic / Fanfiction Cela 132 - Winter tides

 

Tradução do título do capítulo: Marés do inverno

 

“A vida é feita de uma sequência de mudanças.”

Além da morte, penso que essa é uma das poucas certezas que temos na vida. Afinal, o ser humano está em constante transformação desde o seu primeiro batimento cardíaco. A evolução do homem ao longo de sua vida é inegável, assim como também é inegável dizer que esta jornada é repleta de dor. Afinal, para tudo há um sofrimento. Sejam esses sofrimentos bons ou ruins. E agora, deve estar se perguntando...

Sofrimentos bons?

Sim. Afinal, nós sofremos desde o primeiro segundo de vida, o qual, a nossa primeira ação é chorar. E, para a medicina, este primeiro choro é o momento mais esperado no nascimento de uma criança. “O choro da vida”. O choro faz parte da nossa realidade desde quando nascemos para expressar nossos sentimentos.

Ao receber a promoção que sempre sonhou em seu trabalho, ou então, por finalmente ser pedido em casamento pela pessoa dos seus sonhos... E que tal, ser aprovado naquela faculdade que tanto queria? São mudanças que são capazes de trazer grandes emoções e lágrimas positivas.

Mas, nem tudo são flores. Nem todos os dias têm sol.

A vida é como o mar. Com a água sempre em movimentos, estamos sujeitos a sofrer por oscilações extremas. Um dia, você pode estar vivendo uma maré alta, quando a água atinge seu nível mais alto e parece levar mais água para a terra. Mas... no outro, pode passar pela maré baixa, a qual a água atinge seu nível mais baixo, quando temos a impressão de que a água do mar foi “retraída” em direção ao oceano.

E assim como você pode chorar por felicidade, também irá chorar pela tristeza, como sua primeira decepção amorosa que lhe deixou com o coração em pedaços, ou então, a perda de um ente querido... Ou, talvez por situações triviais, como chorar porque o seu time de futebol favorito não venceu um jogo. Independente da intensidade, a tristeza existe e ela sempre nos acompanha. Tristeza e alegria andam de mãos dadas, basta apenas sabermos lidar com as mudanças que ambos sentimentos podem causar em nossas vidas.

Mas, cientificamente, se o ser humano tem grande capacidade de se adaptar, por que algumas mudanças possuem tamanho potencial de destruir a vida de uma pessoa tão rapidamente?

504 horas.

Vinte e um dias.

3 semanas.

Era este o tempo que eu não o via. Sem nenhum tipo de notícias de Jungkook. Era agonizante o fato de que minhas perguntas continuavam sem respostas. Ele estava bem? Era tudo o que eu ansiava saber.

Haviam boatos de que ele estava no hospital, fora do presídio.

Ou que ele perdera muito sangue e estava em coma.

Falavam até que ele havia fugido do hospital.

Outros diziam que ele estava morto.

O ponto é que eu não confiaria em ninguém para me dar as respostas de meu questionamento.

Não após Seokjin.

Eu preferia permanecer na mais completa ignorância, do que ter minhas esperanças alimentadas ou destruídas pelas mentiras ou especulações de outras pessoas. Eu poderia morrer pela ansiedade, que a cada dia, me devorava de dentro para a fora, mas jamais confiaria outra vez na palavra de alguém ali dentro.

 

Jimin estava sentado no chão do chuveiro, sentindo a água morna escorrer por seu corpo. Estava abraçado a seus joelhos, com o rosto deitado sobre os braços, assistindo a espuma e água escorrerem de sua pele, enquanto sentia as mãos de Yunhyeong passeando pelas costas junto do sabonete. Quando ele passou o sabonete nos braços de Park, conseguiu ver o sangue se juntando a mesma, indo para o ralo. O sangue de Jeon.

Só acordou de seus pensamentos quando o chuveiro foi desligado e pôde ouvir a voz de seu amigo soar no banheiro.

— Vem, Jimin... Se levanta.

Olhou para ele, que segurava a toalha enquanto estendia a mão para o garoto se levantar.

Yunhyeong sentiu um arrepio percorrer por seu corpo ao analisar o olhar de Park. Song era bom em decifrar o que se passava na cabeça das pessoas, porém, os olhos pequenos de Jimin ficariam marcados para sempre em sua memória. Um olhar vago... Quase frio. Como se ele não carregasse sentimento algum nele, ou então, como se tivesse vários sentimentos de uma só vez. Ele estava perdido.

Jimin se levantou por contra própria, e segurou a tolha, a enrolando ao redor de seu corpo. Estava frio, afinal, o inverno se aproximava.

— Eu vou buscar um uniforme limpo para você, tudo bem? Me espere um minuto. — Song falou e Park assentiu com a cabeça, quase como numa pequena reverência, agradecendo por tudo que o amigo fazia por si naquele momento.

O garoto de cabelos negros se aproximou da pia, e não teve coragem de encarar o próprio reflexo, por isso, optou por ficar de costas. Apoiou as costas ali, suspirando, fechando os olhos por um momento. Estava cansado. Extremamente cansado.

— Jimin?

Mais uma vez foi acordado de seus devaneios, porém, aquela voz não era de Yunhyeong. Abriu os olhos, franzindo o cenho ao ver a última pessoa que queria a presença naquele momento.

— Podemos conversar?

Não respondeu o chamado. Pensava em como o psicólogo tivera coragem de aparecer em sua frente após ter insinuado na frente do diretor que Jimin estava enlouquecendo.

— Jimin... Eu sei bem o que deve estar pensando... mas, podemos conversar?

— Não precisamos conversar. Você não é mais o meu psicólogo, se lembra? — O mais novo disse baixo, fitando-o nos olhos.

— Eu vim me explicar...

— Quer mesmo se explicar? Já que, você sabe... sou um homem confuso... O cárcere privado não fez muito bem para a minha memória, senhor Min. — Ele abusava do sarcasmo, o que fez Min bufar.

— Jimin... Eu não podia te contar a verdade. Menti para te proteger...

Ouvir aquilo fez com que todo o sangue no corpo do mais novo fervesse. Jimin se desencostou da pia e se aproximou bruscamente do psicólogo.

— Meu melhor amigo estava morto. — A voz se exaltou ao dizer aquilo. O tom já não era irônico e passou a ficar mais alto. — Ele deu um tiro no próprio peito... e você... — Apontou com o dedo no rosto dele. — Você achou que me encher de esperanças, contando toda aquela historinha de “ele está bem no hospital, ao lado do namorado”, seria o melhor para mim?

— Só tentei te ajud... — Min tentou balbuciar algumas palavras, porém, fora rapidamente interrompido por Park.

— Se realmente quer me ajudar... Comece ficando longe de mim. — Sussurrou, quase em tom de ameaça, abaixando o dedo, fazendo o mais velho arregalar os olhos. — Dentre todas as merdas que me aconteceram aqui, a sua falsa preocupação foi a pior de todas... Então, não diga que fez algo para me proteger. Até porque, você não é ninguém pra mim. Era apenas a porra do meu psicólogo. — Olhou-o de cima para baixo, e então, de baixo para cima, com total desprezo. — Não cruze o meu caminho, Min Yoongi.

E então, num ato cego pelo ódio, Jimin cuspiu contra o rosto do psicólogo, que tentou virar o rosto, mas mesmo assim, sentiu a saliva do detento em sua bochecha. Após isso o psicólogo não conseguiu ser mover por um momento... estava paralisado, com os olhos arregalados. Não sabia o que fazer ou dizer.

E a única coisa que se passava na mente do psicólogo era:

“O que Wondong havia feito com Park Jimin?”

 

Eu estava na lavanderia, retirando os uniformes dos detentos do corredor A02 da secadora. Organizava-os em cima da bancada e após verificar os números de identificação bordados em cada peça, juntava calça e blusa, dobrando-as e colocando-as dentro do saco plástico. Pego a lista dos detentos do corredor, procurando o número do uniforme no papel.

— Hm... Número 239... Aqui. Achei... — Murmuro meus pensamentos, enquanto concentrado. — Lee Taemin, cela 215. — Pego o pincel preto e escrevo Sobrenome e Nome do detento na sacola, junto do número de sua cela.

Eu conhecia aquele nome? Parecia familiar...

— Jimin-ah. — Aquela voz soou, e me viro, olhando para meu colega de trabalho. — Não foi jantar?

— Eu precisava terminar tirar separar os uniformes do corredor A02. — Respondo voltando para a secadora, pegando outra peça de roupa para que pudesse repetir o mesmo processo, porém, assim que coloco a blusa sobre a bancada, Lee colocou uma vasilha, sobre a roupa, me atrapalhando. — Hm? Me trouxe jantar? — Questiono arqueando a sobrancelha, suspeitando de tal atitude, erguendo o olhar para fitar o maior, que agora estava na minha frente, do outro lado da bancada.

Lee Hoseok comandava o serviço na lavanderia. Nós trabalhávamos juntos grande parte do dia; não sabia muito sobre ele, apenas que era detento tranquilo, que nunca se envolvia em confusões ali dentro... era gentil com todos, e ajudava os psicólogos no programa de apoio emocional aos detentos. Ele era forte, e as vezes, me vinha a mente como ele conseguia manter todo aquele físico dentro da cadeia. Eu o invejava. Admito. Porque, em meu segundo mês aqui, meu peso havia diminuído de 61kg para 52kg... Certo que, após a solitária, comecei a me alimentar melhor, porém, não se comparava a minha dieta fora da cadeia.

Após o ocorrido com Jungkook, passei a tentar me cuidar. Me alimentava de forma adequada; todos os dias praticava exercícios em meu tempo livre, e aos domingos jogava basquete... tudo isso afim de ocupar a mente, afinal, nos primeiros dias sem Jeon, a única coisa que fazia era chora. Dia e noite, noite e dia. E, eu precisava me manter saudável. Havia prometido a Jin que me cuidaria, e era isso que eu estava fazendo. Eu estava melhor do que antes. Havia ganhado algum peso e mais massa.

— Yunhyeong não te viu no refeitório e pediu que eu trouxesse isso. Ele disse para ficar de olho em você. — Piscou um dos olhos, sorrindo doce. — As coisas não vão ficar boas para o seu lado se ele souber que recusou o jantar. Sabe como Song é... — Riu baixo. Sei exatamente como ele é. Abro a vasilha de isopor, espiando o que havia ali, dando um meio sorriso com a cena. Kimchi, arroz frito e o melhor, meu prato favorito: Bulgogi*. Agradeço Yun mentalmente por ele ter separado um pouco para mim, afinal, raramente havia carne bovina nas refeições. — Você trabalhou muito hoje. Já está tarde, quase no horário da contagem. Vá comer e descansar, tudo bem? Amanhã você termina isso. Nos vemos amanhã.

— Uhum... — Assinto, pegando a vasilha e os talheres, fazendo reverencia para o moreno. — Obrigado.

— Você pode me agradecer indo em uma das reuniões de Projeto Florescer... — Ele disse com um sorriso.

— Projeto Florescer?

— É um projeto do psicólogo Kim que eu faço parte... Não é nada formal. — Ele explicou, tudo com muita calma, tirando do bolso do uniforme um papel amarelo. — É uma mesa-redonda na sala de recreação, onde conversamos, aprendemos sobre pintura, costura e artesanato, como fazer esses bichinhos, por exemplo... — Falou me entregando o papel. — Pode ser interessante para você, afinal, passamos por muitas coisas difíceis aqui. É bom ocupar a cabeça com coisas boas.

Pouso meus olhos nas escritas do papel amarelado, começando a ler. Projeto Florescer?

Projeto Florescer

Projeto Florescer é um projeto criado e dirigido pelo psicólogo Kim Jun-Myeon. É um projeto dedicado ao desenvolvimento da saúde mental e emocional dos detentos do Instituto de Detenção de Wondong, com o apoio da prefeitura de Busan. O interno tem como benefício a remição de sua pena, além de desenvolver noções de responsabilidade, companheirismo, vida em comunidade, respeito, compromisso, entre outros, buscando sempre a autoestima e o encorajamento ao retorno a vida social.

E naquele exato momento, ao terminar de ler, me questiono se eu realmente transparecia estar tão ruim ao ponto das outras pessoas pensarem que eu precisava de ajuda.

Eu não precisava... Precisava?

— É... realmente muito interessante. Eu vou pensar sobre. — Digo forçando um sorriso para o homem a minha frente e faço uma nova reverência para ele, em forma de agradecimento. — Até amanhã.

Ele assentiu se despedindo de mim com um sorriso antes que eu saísse.

Eu não estou ficando louco.

Suspiro e nego com a cabeça, afastando aqueles pensamentos de minha mente. Começo a andar em direção a minha cela, e ao chegar, deixo a vasilha com meu jantar sobre o pequeno armário de alumínio ao lado do beliche. Minha boca já salivava só de pensar no sabor do Bulgogi, mas, antes eu precisava tomar banho para me preparar para a contagem. Pego a toalha e roupas limpas, e vou para o banheiro que, como o esperado, estava cheio – o que não era incomum, já que o local sempre ficava com filas enormes após o horário do jantar.

Retiro minhas roupas, as deixando no cesto de roupas sujas do corredor A01, e amarro a toalha em minha cintura, entrando na fila. Encosto minhas costas a parede de uma das cabines dos sanitários, conseguindo escutar alguns grunhidos e gemidos baixos vindos de dentro. Bufo baixo, fechando os olhos, porém, logo ouço a voz do rapaz atrás de mim soar.

— Isso é tão nojento... — Ele sussurrou, provavelmente deixando escapar aquele pensamento.

Olho o garoto dos pés a cabeça, franzindo o cenho por nunca ter visto o mesmo antes. Ele arregalou os olhos ao perceber que eu havia o escutado, e umedeceu os lábios, visivelmente nervoso por ter sido escutado. Ele não era alto, cabelos castanhos, e aparentava ser jovem... Talvez um dos detentos mais jovens que já havia visto ali. Ele devia ter vinte anos... no máximo.

— Guarde seus pensamentos para você. — Falo baixo, e levo o dedo indicador até meus lábios, batendo ali levemente algumas vezes, em sinal de silêncio. Nesse momento o vejo engolindo seco, assentindo com a cabeça. — Shh... Aqui, quanto menos se fala, menos encrencas para você.

— Me desculpe, hyung...

Eu realmente era mais velho que ele.

— Não precisa se desculpar. Apenas... tome cuidado com o que ou com quem vai falar.

— Obrigado pelo conselho... — Ele disse fazendo uma curta reverência, ainda sem graça. Volto a ficar com os olhos fechados, e encosto a cabeça na parede, inquieto pela demora, e quando penso que o assunto tinha acabado, ouço sua voz novamente. — É... meu nome é Taehyun... Kang Taehyun.

— Park Jimin. — Respondo baixo, mudando meu olhar para a fila. Finalmente estava chegando minha vez.

— Está aqui há muito tempo? — Arqueio a sobrancelha, tentando entender o motivo daquele garoto estar tão interessado em mim. — Eu cheguei hoje... — Ele respondeu ao perceber meu incomodo.

— Eu estou aqui há 5 meses. — Murmuro.

Qual das partes de “tome cuidado com o que ou com quem vai falar” aquele garoto não havia entendido? Por que ele estava confiando tanto em mim?

— Eu... tentei roubar uma moto. — Confessou, coçando a nuca. — Vou sair daqui dois meses... E voc...

— Taehyun... — Chamo por seu nome, interrompendo-o. Mais uma vez, levo o dedo indicador aos meus lábios, sussurrando um “shh” para ele, que rapidamente entendeu.

Ele ficou quieto.

Por um momento me sinto mal por fazer aquilo, porém, era para o bem do garoto. Ele não podia pensar que todos ali eram amigáveis, ao ponto de sair contando tudo sobre sua vida.

Consigo finalmente tomar banho, assim que um dos chuveiros ficara vazio, e ao terminar, enxugo meu corpo e visto o uniforme, indo para a pia ficando frente ao espelho.

Fito meu reflexo, e suspiro, entendo o motivo de Hoseok ter me convidado para tal projeto. Além da clara expressão de cansaço, meus olhos estavam vagos.

Completamente vazios.

Wondong estava de fato tentando me destruir.

Nego com a cabeça, sentindo meus olhos começarem a marejar... Fecho os olhos e levo meus dedos ao meu rosto, encostando em minha pele devagar, quase como se tentasse imitar aquele toque...

Jeon ergueu vagarosamente sua mão, tocando com os dedos gélidos o rosto do outro, limpando aquela pequena lágrima que escorrera pelo rosto de Jimin.

— Não chora... Você não fica tão bonito assim chorando, anjo.

Era como se eu ainda pudesse ouvir sua voz.

Era como se eu pudesse também sentir seus dedos em minha face.

Eu não podia chorar... Não ali.

Apoio minhas mãos na pia e suspiro, negando com a cabeça

— Eu não quero encrenca... — Sou acordado de meus devaneios por aquela voz familiar, de alguns minutos atrás.

— Então, por que não tira essa toalha de novo pra mim, gracinha?

Me viro, deparando com Kang Taehyun negando com a cabeça, segurando fortemente o pano em seu corpo, com os olhos arregalados, enquanto outro homem estava próximo demais dele, segurando a barra da toalha do mesmo.

Fecho meus olhos por um momento... Malditas lembranças...

— Ei, novato... Sei que parece meio clichê, mas pode pegar pra mim? — Perguntou em um tom sacana, apontando para o chão. Sigo com os olhos para onde seu dedo indicava, vendo seu sabonete perto de meu pé. Engulo seco, vendo um sorriso malicioso em seu rosto.

Em um ato inteligente e arriscado demais para o momento, dou um fraco chute no sabonete, fazendo-o deslizar para perto de seu pé.

— Ora, ora, temos um engraçadinho aqui. — Cantarolou baixo aproximando-se de mim. Cada vez que ele se aproximava, meus pés pareciam ficar mais colados no chão, pois eu simplesmente não conseguia me mover. — Escute aqui, gracinha... — Disse segurando meu rosto sem nenhuma delicadeza. — Você provavelmente não sabe como as coisas funcionam aqui, então, eu vou te explicar. — Os outros homens ignoravam a situação, como se não enxergassem aquilo, o que me fazia ficar ainda mais tenso. — Se o Gong manda você pegar algo, você vai pegar. — Falou ameaçador, sem tirar os olhos do meu. — Agora se agache, empina essa sua bunda e pegue a droga do sabonete para mim.

Pisco com os olhos algumas vezes, tentando afastar de minha mente aquelas memórias, arfando por sentir meu corpo esquentar pela raiva.

— Por que não quer tirar, gracinha? Já está acompanhado?

— Ele está comigo, Sungmin. — Falo alto, conseguindo a atenção dos olhos assustados, porém, agora confusos do mais novo e também do homem que aparentava ser bem mais velho que eu.

— Ele está dizendo a verdade? — O homem questionou para Kang, que olhou para mim, quase como se estivessem em desespero.

Assinto com a cabeça sutilmente, insinuando que ele confirmasse aquela história.

— É... É verdade. — O menor sussurrou baixo, e logo após isso, o homem soltou a barra de sua toalha.

— Foi mal, Park. Eu...

— Vá se vestir, Taehyun. — Falo interrompendo Sungmin. — Agora. — O mais novo assentiu, fazendo reverência em minha direção e indo para o vestiário.

— Park... — Ele disse se aproximando, coçando a nuca, nitidamente constrangido pela situação.

Vejo Taehyun passar por nós, já vestido, e saindo apressado do banheiro, provavelmente por ainda estar assustado.

— Não sente nojo de si mesmo? — Questiono baixo, para que apenas ele escutasse, não querendo causar uma cena ainda maior na frente de todos.

— Eu não sabia que ele estava com você... — Ele tentou se justificar e com sua resposta arqueio as sobrancelhas, indignado com tal resposta.

— Esse garoto acabou de sair da adolescência... tem idade para ser o seu filho.

— Não vai acontecer de novo, Jimin. — Ele murmurou, bufando pelo nervosismo. Reviro os olhos e pego minha toalha, a jogando sobre o ombro, virando as costas para ele, para assim poder sair do banheiro, porém sou impedido ao sentir a mão de Sungmin em meu braço. — Quando Jeon voltar... Sabe... — Olho para seus dedos, que envolviam meu braço, e ao perceber meu olhar ele soltou. — Não precisa estressar ele com essas coisas... Até porque não vou mexer com aquele moleque outra vez... E Jungkook vai precisar de muito repouso quando sair do hospital e...

— Sungmin. — Viro meu rosto, fitando-o pelo canto dos olhos. — Você sabe como me agradar... Não sabe? — Questiono com a voz arrastada, quase ingênua, dando um meio sorriso. Escuto o suspiro do mais velho, e de relance, o vejo assentir com a cabeça. — Certo. Vejo você depois.

Ao sair do banheiro, vou em direção ao refeitório, pegando dois hashis para poder jantar em minha cela. O que me salvaria daquele péssimo humor, seriam aqueles pedaços de carne do Bulgogi... Minha boca se encheu d’água por um momento, apenas por imaginar o gosto. Eu tinha que agradecer Yunhyeong.

Song Yunhyeong e eu havíamos ficado ainda mais próximos nas últimas semanas sem Jungkook. Eu me sentia confortável em sua presença, o que era completamente irônico, já que o começo de nossa relação fora totalmente conturbada. Ele cuidava de mim, como um irmão mais velho, afinal, nos primeiros dias, a sensação do luto por Seokjin e da angustia pelo estado de Jungkook, estavam acabando comigo.

 

Jimin encarava a bandeja de comida, e por alguma razão, não sentia vontade alguma de coloca-la em sua boca. A fome era intensa, sua barriga resmungava, afinal, não havia conseguido comer no dia anterior. Faziam dois dias que Jungkook havia sido levado para o hospital, então, também faziam dois dias que Park vivia na incerteza de que seu companheiro de cela estava realmente bem ou não... e também, era seu segundo dia com a certeza de que seu melhor amigo estava morto.

Aquele misto de certezas e incertezas o deixavam louco... Sua cabeça doía, e tentava reprimir as lágrimas, mexendo o Kimchi com os hashis. E quanto mais pensava naquilo, mais aquele bolo em sua garganta aumentava... A respiração já estava acelerada, como se tivesse medo de que a qualquer momento o oxigênio fosse sumir. O corpo doía, e ele conseguia sentir os músculos ficarem tensionados, cada vez mais.

— Jimin... Você precisa respirar com calma. — Escutou a voz de Yunhyeong, que estava sentado ao seu lado, e provavelmente percebeu que o amigo estava prestes a ter uma crise de ansiedade e pânico.

— Eu não consigo... — Balbuciou sem tirar os olhos da mesa.

— Aqui tem ar o suficiente para você... Vamos, tente respirar mais devagar. — Ele falou baixo. — Vamos... Respire. E só solte no 5.

O menor assentiu com a cabeça, e então respirou, guardando o ar em seus pulmões, escutando então a voz de seu amigo ditando os números de forma lenta.

— ... cinco. Agora, inspire... — Ele disse e então Jimin soltou o ar vagarosamente.

Yunhyeong contou mais algumas vezes, e assim que percebeu que a respiração de Jimin já estava um pouco mais controlada, pegou um pouco de Kimchi com seus hashis, levando até os lábios de Park.

Jimin mastigou vagarosamente, e finalmente conseguiu engolir, não sentindo tanto o incomodo do bolo em sua garganta. A mão livre, Song acariciou as costas do mais novo, alisando e afagando ali calmamente.

Ao sentir aquele toque, tão confortante para o momento, Jimin sentiu as primeiras lágrimas ternas e silenciosas começarem a escorrer por seu rosto. Puxou o ar, dessa vez, mais devagar para dentro de seus pulmões, e como consequência, mais e mais lágrimas escaparam de seus olhos.

— Eu me sinto tão fraco... — Murmurou, tentando enxugar a face com a manga da própria blusa.

— Chorar não te faz fraco, Jimin... Vai ser a sua cura. Como já dizia William Shakespeare... — Subiu as carícias para a nuca do mais novo, acariciando os cabelos de Park. — "Chorar é diminuir a profundidade da dor"

 

Meus pensamentos foram cortados assim que escuto o ronco alto de meu estômago. Acelero meus passos, porém, ao chegar lá, meu sorriso fora diminuindo, pouco a pouco, perdendo a intensidade, assim que o vejo ali, em minha cela. Meus olhos fitaram bem o rosto do homem alto.

— Jimin... Você chegou, finalmente... — Ele disse com a boca cheia, dando um meio sorriso. — Cara... Nem imagina como isso tá bom. — Falou apontando para a vasilha de isopor que segurava em suas mãos, engolindo em seguida. — Espero que não se importe de eu ter comido... Quando fui jantar o Bulgogi já tinha acabado e...

Em um ato rápido, empurro o corpo de Kim Taehyung contra a parede, prensando meu antebraço contra seu pescoço. Vejo seu peito subir e descer com um pouco de rapidez, claramente assustado por meu ato inesperado.

— Quer morrer, Kim? — Questiono baixo, fitando seus olhos, e com a mão livre seguro o hashi frente a seu rosto.

— Você realmente acha que vai me machucar com um hashi? — Ele perguntou, indignado, como se não acreditasse na situação.

— Quer ver onde consigo enfiar eles? — Arqueio uma das sobrancelhas.

— Oh, Jimin... Isso tudo por que comi seu Bulgogi? — E então vejo um sorriso irônico sendo moldado em seus lábios, ao mesmo tempo que o maior ergueu ambos os braços como se estivesse rendido.

Tenciono a mandíbula. Daria de tudo para arrancar aquele sorriso de seu rosto... Pressiono mais meu braço contra seu pescoço.

— Woah... — Balbuciou baixo, por estar com a garganta sendo forçada. — Jeon ficaria orgulhoso em te ver assim... E, provavelmente, ficaria excitado também.

— Te dou cinco segundos para dizer o que está fazendo aqui... — Murmuro entre os dentes.

— Essa também é a minha cela, Jiminie...

 


Notas Finais


-Use no twitter a hashtag #Cela132fic para que eu acompanhe vocês ♡

Link do trailer da fanfic: https://www.youtube.com/watch?v=oU3jhGHB93E
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