Ainda é P.O.V Rafael
- Cellbit. – Suspira pesado, passando as mãos em suas coxas. – Eu e o Pac conversamos e queremos que saia dessa casa.
- O-O que? – Pergunto, desacreditando e meus olhos voltam a marejar. – P-Por que? – Minha garganta trava.
- Tudo o que você faz, qualquer decisão ou qualquer atitude sua acaba com o Pac. E com o Pac infeliz, eu fico infeliz também. E como a maioria vence, dois contra um, queremos que saia dessa casa.
- M-Mas a c-culpa não é m-minha. – Começo a soluçar, não segurando minhas lágrimas e vejo Mike revirar os olhos.
- A culpa não é sua? O único culpado de tudo aqui sempre foi você, Cellbit! – Aumenta a voz e me encolho, minimamente. – Tudo o que você faz acaba com o clima dessa droga de casa!
- E-Eu não... – Soluço, desesperado e assustado.
- Sempre você machuca o Pac e eu tenho que ficar correndo de um lado para o outro tentando ligar vocês dois de novo e depois nós três como se não tivesse acontecido nada, mas acontece, Cellbit, sempre acontece!
Choro mais e mais, deixando minha aliança de noivado cair, sem querer de minha mão, no chão, e acabo desabando.
- Agora não consegue nem falar?! Vai ficar chorando como se a vítima fosse você?! – Grita, se levantando.
- E-Eu não tenho C-Culpa que o P-Pac ainda m-me ama!! – Grito em meio aos soluços, também me levantando, sentindo minha falta de ar, causada pela ansiedade, começar a atacar.
- Ah, não tem?! Você é o maior culpado dessa casa! – Mike grita, vindo em minha direção e me encolho, Eredin começa a latir quase o atacando, em forma de me defender. – Eu podia te matar agora, por ter falado isso. – Fala se afastando e Eredin continua latindo. – Mas não vou tocar em você.
- E-Eu não... M-Mike... – Minhas lágrimas caem como correntezas, enquanto o olho embaçado. – P-Por que está fazendo isso comigo?
- Porque queremos você fora dessa casa, Cellbit! – Grita. – Cala a boca, Eredin!
- M-Mas essa casa também é minha! – Grito soluçando e o vejo rir.
- Não! Ela é trinta e três por cento sua! Essa casa é sessenta e seis por cento minha e do Pac. Ou seja, você está fora! – Grita e volta para seu quarto, batendo a porta.
(...)
Após pegar minha aliança do chão e cair a ficha do que eu ouvi de Mike, recebo uma mensagem de Gabriel dizendo que chegou de viagem tudo bem e começo a arrumar minha mala.
Depois de quase a tarde inteira, Gabriel chega em casa e quando entra no quarto noto que nunca o vi tão feliz. Ele tira a gravata e a camisa, me vendo sentado ao lado da mala que arrumei com algumas coisas minhas e algumas coisas dele.
- Hey, o que é isso? Vamos viajar? – Sorri e me dá um selinho lento. – Blue eyes? Ei, o que você tem? – Se senta ao meu lado.
- Fui expulso da minha própria casa. – Sussurro e abaixo a cabeça.
- Não entendi. – Fica sério. – Que história é essa?
- Contei para o Mike e o Pac que ficamos noivos e eles me expulsaram de casa.
- O que? E você vai sair? Mas é sua casa também, amor.
- Eles juntos tem sessenta e seis por cento de direito. Eu sozinho só tenho trinta e três por cento, Gab. – Suspiro.
- Já volto. – Se levanta rápido.
- O que vai fazer?
- Ajeitar as coisas. – Gab sai do meu quarto e ouço a porta do quarto de Mike ser aberta.
Deito em minha cama e depois de uns minutos Gabriel entra novamente em meu quarto.
- Se troca, amor. Vamos sair. – Fala e estranho.
- O que aconteceu? Vocês brigaram? – O olho e me levanto.
- Tivemos uma conversa.
- E aonde vamos? Eu levo a mala? Gab, fala comigo.
- Deixa a mala, amor. Vamos aliviar nossa mente... – Vem até mim e acaricia meu rosto, me dando um beijo lento e profundo em seguida.
- O que vocês conversaram? – Pergunto ainda curioso.
- Depois eu te conto, loirinho. – Sorri, coloca uma camiseta e espera eu me arrumar. – Aonde quer passear?
- Qualquer lugar sendo com você. – Digo e fico pronto, depois de calçar meu tênis. – Ouvir Mike falando que eles querem que eu saia de casa foi uma grande decepção. – Entrelaço meus dedos com os de Gab.
- Tudo tem um outro lado, Blue eyes. – Acaricia minha bochecha com seu polegar. – Vem, vamos assistir algum filme no cinema. – Saímos de casa e entramos no carro de Gabriel.
(...)
Depois que o filme acaba, entramos no carro e acabo suspirando ao pensar o que farei agora que estou praticamente sem uma casa.
- Rafa... – Gabriel me olha, com a mão em minha coxa, antes mesmo de ligar o carro. – Eu conversei com o Mike e entendi que eles... – O interrompo.
- Amor, eu juro que não quero mais ouvir nada que vem deles. Só quero pegar minhas coisas e você as suas e ir para algum outro lugar com você. – Meus olhos lacrimejam ao ver Gab suspirar e apertar sua mão ao volante.
- Só me promete uma coisa. – Segura meu queixo com o rosto próximo ao meu. – Me promete não ficar triste nem bravo? - Assinto levemente e Gabriel liga o carro.
O caminho de volta foi um incrível silêncio. Como se a cabeça de Gabriel estivesse tão lotada de pensamentos como a minha.
Ao chegarmos, Gabriel destranca a porta e quando piso na sala, ouço várias vozes gritando “Surpresa!” E as luzes sendo acesas.
Avisto Mike olhando para mim, sorrindo.
- O que é isso, Mike? – Pergunto sem ânimo algum, fechando a porta atrás de mim.
- Oé, não está vendo? É uma festa! – Responde com tom óbvio.
- Ah, entendi, uma festa de despedida pra mim. – Sorrio fraco. – Aproveitem. – Quando começo a andar à caminho de meu quarto, Mike me segura e eu juro por Deus que poderia socá-lo neste exato momento. – Me larga. – Falo entredentes.
- Olha para cima, Cellbit. – Diz firme e faço o que ele manda lendo algumas letras penduradas por um barbante. “Enfim noivos!” E uma foto minha e de Gabriel na ponta.
- Eu não estou entendendo, Mike, sério. – Olho para Gabriel e o vejo conversar com Pac, ainda me olhando. – Isso... – Aponto para a frase acima de mim. – É irônico?
- Não, Cell. – Me puxa até o sofá e nos sentamos. – Você entendeu tudo errado. Nós não expulsamos você de casa, nós queríamos que você saísse de casa por algumas horas.
- Não. Você disse que eu sou culpado e que queriam que eu saísse sim dessa casa. – O olho com desdém. – Chega Mike.
- Eu entrei num personagem, Cell. Teria que ficar real para ser realmente uma surpresa. Por que você acha que foi eu quem gritei com você e não o Pac? – Dou de ombros. - Porque ele não ia conseguir manter o papel. – Olho para baixo. – Pensei que ia ser mais fácil. – Ri com nervosismo. – Gabriel! – Grita e o chama com a mão. – Explica pra ele o que eu te disse no quarto quando você veio falar comigo.
- Amor, eles queriam que você saísse de casa para prepararem as coisas da festa. – Fala, passando a mão em meus cabelos. – Quando eu fui com quinze pedras na mão para discutir com o Mike, ele me explicou tudo e fiquei feliz pela atitude deles, de quererem fazer essa festa surpresa.
-E por que você não me contou nada? – Pergunto, ainda duvidando.
- Bom, eu tentei... No carro.
- Você ia contar? – Mike pergunta para Gabriel.
- Não, eu ia falar que vocês não estavam expulsando ele de casa. Só isso. Mas ele não deixou eu terminar de falar. – Sorri bobo para mim.
- Espera, então tudo isso... Tudo o que você falou... – Mike me interrompe.
- Foi um personagem, só para você não desconfiar de nada. E tudo o que eu disse foi por impulso. – Coloca a mão em minha coxa.
- Então estamos bem? – Pergunto e ele assente, sorrindo e tirando uma mecha de meu cabelo dos meus olhos.
- Claro que estamos bem. – Sorri e se levanta. – Agora vamos curtir essa festa porque teve gente que veio de longe pra isso! – Fala, indo em direção de Pac e só então percebo que todos os nossos amigos estão aqui. Felps, Alan, Rezende, Guaxinim, Batista, Authentic, Luba, T3ddy, e Baixa.
Começo a cumprimentar todos, um por um, recebendo os parabéns pelo noivado. Primeiro Luba, depois t3ddy, Pac, Baixa, Authentic, Batista.
- Porra amigo, aleluia decidiu o que fazer dessa vida em?! – Alan fala, me abraçando e rindo. – Que vocês sejam muito felizes, até porque eu vi e presenciei boa parte das coisas que você passou e que muitas das vezes Gabriel estava do seu lado. Vocês merecem toda a felicidade de mundo, Cell.
- Obrigado, Alan. – Sorrio com suas palavras e o aperto um pouco mais no abraço, em seguida, o soltando.
Felps vem até mim.
- Noivos? – Pergunta, olhando cada canto de meu rosto. – Quando pretendia me contar? – Dou de ombros e sorrio. – Quem diria, em? Você e o Gabriel. – Olha para Gab.
- Como assim? – Pergunto, sorrindo, com as mãos nos bolsos de minha calça.
- Passamos por tantas coisas, não foi? – Sorri fraco. – Mas foi o Gabriel quem ganhou o seu coração.
- Felps...
- Não. – Ri nervoso. – Eu não estou falando por mal, sério... – O olho confuso. – Eu só quero que você seja feliz, Cell. – Me abraça. – Isso é o mais importante para mim. Sua felicidade. – Me emociono e o aperto mais forte e depois de alguns segundos nos soltamos.
- Rafa... – Rezende vem até mim, atrás de Felps. – Parabéns cara. – Me abraça e sinto um leve cafuné seu em minha nuca. Sorrio. – Valeu a pena termos passado por tudo para ver esse sorriso no seu rosto. – Sussurra.
- Obrigado. – Beijo seu pescoço por reflexo e me afasto, enxugando algumas lágrimas, sorrindo.
Vejo todos fazerem o mesmo com Gabriel e Mike me entrega um copo com tequila.
- Eu mesmo preparei. – Sorri e brindo com ele e com Pac.
P.O.V Felps
- Então... Noivos, am? – Rezende fala, com os braços cruzados ao meu lado. O olho ladino.
- O que quer dizer? – Pergunto baixo.
- Quem diria. Rafael noivo de outro cara e a gente aqui olhando tudo como uma platéia. – Olha para mim e abaixo a cabeça.
- Por que está falando isso?
- Atoa... – Suspira.
Depois de tudo. Depois de todos os momentos que eu e Cellbit passamos. Depois das carícias, dos beijos, dos olhares, dos abraços, das nossas noites juntos, depois de eu ter ido até Londres para trazê-lo de volta, ele está noivo. Cellbit está noivo do cara que apareceu em sua vida num momento qualquer, numa hora que ele estava frágil, noivo de um cara que conhece há menos tempo que eu.
Meus olhos lacrimejam com meus pensamentos, enquanto o encaro sorrindo para Gabriel.
Uma lágrima desliza rapidamente de meu olho e a enxugo para ninguém notar.
- Felps? – Rezende me olha, me oferecendo uma latinha de cerveja e nego.
- Não quero beber. – Suspiro com uma mão no bolso da calça.
- O que você tem? Sempre bebe comigo. – Rezende sorri, se aproximando mais de mim.
- Só não quero beber agora, ‘tá legal? – Digo, dando um passo para trás. – Preciso ir ao banheiro.
- Felps... – Segura minha mão, como se me pedisse para ficar, mas a solto.
- Aqui não, Rezende.
Sigo até o banheiro e me tranco, segurando meu choro.
- O que passou, passou, Felps. – Sussurro para mim mesmo. – Você está com o Rezende. Vocês estão bem e o Cellbit não te ama desse jeito. – Minhas lágrimas caem enquanto me olho no espelho. – Para de chorar, idiota. – Enxugo minhas lágrimas e jogo uma água no rosto.
P.O.V Rezende
- Então... – Rafael se aproxima de mim, enquanto todos riem de alguma piada que Alan conta.
- Então... – Sorrio, penteando meus cabelos para trás.
- Eu estou vendo. – Pisca com um olho para mim.
Fo-Deu. O Felps vai me matar se o Cellbit descobrir o que temos.
- Vendo o que? – Rio, nervoso.
- Você e o Felps. – Me dá uma leve cotovelada no braço.
Caralho. C-a-r-a-l-h-o. Hoje eu morro.
- Não entendi. – O olho, fazendo cara de confuso.
- Estão conversando mais. Desde que eu cheguei vocês não se enturmaram nem nada, estão no cantinho aí.
- Estávamos comentando sobre seu noivado. – Dou de ombros.
- Entendi. E o Felps ‘tá aonde agora? – Olha para os lados.
- Foi no banheiro... – Rafa me olha. – Acho...
Felps sai do banheiro e Rafael se aproxima de mim.
- Cuida dele por mim. – Sussurra. – Cuida dele e de si mesmo. Por mim. Eu sei que já passamos por vários apuros, mas eu quero que vocês fiquem bem comigo não tão mais presente assim, depois que eu e o Gabriel, sabe... Nos casarmos.
Uma flecha em meu coração. Tudo o que Rafael disse foi como se flechas atingissem meu coração.
O que é tudo isso? Significa: “Se cuidem, porque eu não volto mais”? Ou então: “Fiquem bem, porque eu não os verei mais.”? Ou até o pior: “Tentem encontrar a felicidade de vocês, porque eu já estou feliz o bastante para seguir meu caminho com meu noivo, então vocês precisam de algum apoio, já que não estarei mais disponível para vocês dois.”?
- Pode deixar. – É o que consigo soltar antes de Felps se aproximar. Sorrio fraco para Rafael, o vendo se afastar e olho para Felps. – Está bem?
- E você, está? – Pergunta e dou de ombros. – Parece que viu um fantasma, cara. Não vai me falar que desconfiam de nós... – Sussurra a última parte e o olho nos olhos.
Continua...
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