História Céu de Novembro - Prólogo

Os segundos parecem se arrastar enquanto Kibum esperava impacientemente que o display de seu celular marque os exatos cinco minutos que deve esperar para conseguir a resposta das perguntas que vem se formando em sua mente durante as últimas semanas. Seus enjoos matutinos, apetite voraz e cansaço frequente, começaram a lhe preocupar quando até mesmo seu chefe o questionou sobre o que estaria acontecendo.

É engraçado o fato de saber o resultado antes mesmo de precisar olhar o bastão repousado na pia do banheiro. Sua irresponsabilidade ultrapassou os limites dessa vez, e Kibum compreende que quando tudo começar a desmoronar, a culpa será inteiramente de sua falta de bom senso.

Um de seus melhores amigos e antigo vizinho, tentou lhe confortar, dizendo que as reações estranhas acontecendo em seu corpo poderiam ser resultado de algum alimento estragado. Taemin sempre foi positivo demais, e tudo que pôde fazer pela suposição do amigo foi rir. Porque Kibum sabe, sente. Algo está errado – ou incrivelmente certo – dentro de si.

Olhando para os dois minutos restantes de espera, Kibum suspira. Nunca foi alguém que consegue contar com a grande amiga – que jamais foi sua – sorte quando necessário. As marés de azar em sua vida o afetam sempre como baldes de água fria no inverno, restituindo o pouco do calor que conseguiu armazenar aos poucos.

Em um desses seus dias mais lazarentos, apareceu uma luz no fim do túnel.

Lee Jinki.

 Lembrava-se claramente de na tarde em questão estar completamente desiludido, enquanto arrumava uma prateleira na loja de cosméticos em que trabalhava meio período. Tropeçando nos próprios pés, Jinki derrubou todos os esmaltes que tinha disposto com tanta dedicação por duas horas seguidas, enfileirando-os para que ficassem perfeitamente expostos. Kibum não considerava Jinki sua luz por ter arruinado seu trabalho, mas por ser tão desastrado e azarado quanto ele próprio, fazendo com que se dessem bem logo de primeira. Depois que o conheceu, sua vida também dera uma guinada significativa. Nada de muito importante, mas que fora o melhor que conseguiu depois de sair da casa de seus pais e ter que fazer bicos fuleiros para se sustentar em um apartamento pequeno.

Respirou fundo, reprimindo toda sua mágoa ao olhar para o bastão, contendo dois traços azuis no espaço que indica o resultado do teste. Com o aparelho celular em mãos, digitou rapidamente o número do amigo, torcendo para que este estivesse esperando sua ligação como prometera.

“Key? Então, o que deu? Negativo, não foi?” – Taemin atendera no segundo toque e passou a bombardeá-lo de perguntas, o mais novo costumava ser propenso a dúvidas quando ficava nervoso.

- Deu positivo. – Disse simplesmente, e surpreendeu-se ao ouvir uma comemoração exagerada do outro lado da linha.

“Eu não acredito! Nossos bebês terão a mesma idade!” – Exclamou, mal podendo conter a empolgação. Kibum queria poder relembrá-lo de que quando Taemin descobriu sobre a gravidez, não ficara nem um pouco feliz. Mas resolveu guardar isso para si mesmo, o mais novo está passando por momentos difíceis e usa como desculpa estar grávido para deixar evidente seu lado emocional. “Jinki vai ficar tão feliz!”

- Sobre isso... – Começou receoso, a comemoração do outro lado da linha cessando abruptamente.

“Não me diga que já contou e que ele surtou... Eu pedi para que me contasse primeiro!”

- Não é isso. – Mordeu o lábio inferior com força, ponderando sobre suas dúvidas e as chances de seus receios se tornarem reais.

“Desembucha, Kibum!”

- Eu... Não tenho tanta certeza de que a criança é do Jinki.