História Chained Up - 9° mês

- Hyung, acorde! Você precisa levantar, tomar um sol. Não vê que está ficando pálido? E sua cor exótica, como fica? Vamos, levante!

Hyuk, como sempre, o pior despertador. Desde que me mudei, ele sempre vem me acordar, no mesmo horário, com a mesma ladainha de que preciso tomar sol, de que estou ficando pálido, blá blá blá. Ele não sabe como é precioso o sono na gravidez, e como é perigoso acordar um grávido em seus poucos momentos de paz. Poucos, aliás, porque o bebê anda mais agitado com o parto tão próximo. Só de pensar nisso, sinto arrepios.

- Que saco, Hyuk! Vai transar com seu namorado, me deixa em paz, porra!

Devo acrescentar que meu humor está uma merda e que eu xingo todo mundo ultimamente.

- Nossa, 'tá vendo porquê te acordo? Você precisa melhorar esse humor!

- Eu vou melhorar quando enfiar a mão na sua cara pra aprender a deixar de ser inconveniente.

Levantei, resmungando, e fui em direção ao banheiro. Escutei suas risadas e taquei o chinelo na sua cabeça. Ele disse que me esperaria na sala junto com Ravi. Sorri. Era incrível como Ravi havia se tornado um pai exemplar, mesmo sabendo que Baekhyun não é dele. Sempre que podia, estava aqui comigo. Em tempos de agitação e muitos desejos em plena madrugada, ele acabava dormindo aqui. Aos poucos, tentava se reaproximar, mas não me forçou a isso em nenhum momento. Respeitou o meu espaço sempre.

Me olhei no espelho e comecei a rir, lembrando do dia em que voltei. Hongbin tinha, sem querer, quebrado um cano e inundado a cozinha. Ravi estava furioso, a conta do conserto foi altíssima. Mas, em vez de brigar com Hongbin, ele travou na porta, me olhando como um bocó.

Flashback on

- Hakyeon, você?  Mas, como? Eu...

Ele olhava para todos os cantos da casa à procura de resposta. Sequer se deu conta de que derrubou os papéis no chão. Eu ri abertamente, chamando a atenção dele para mim. Deu pequenos passos até ficar ao meu lado. Um sorriso apareceu na sua face confusa quando ele viu o tamanho da minha barriga. Acariciou-a e Baek respondeu com um chute forte, me fazendo suspirar de dor.

- Eu estou maravilhado com sua volta, mas ainda estou confuso. Por favor, me explique.

Flashback off

Eu expliquei tudo a ele, que parecia não acreditar em uma palavra minha, principalmente quando se tratava de Ken. Por falar nele, meu medo sobre seus atos aumentou. Jaehwan veio aqui sem que ninguém soubesse. Como eu temia, ele estava me vigiando, pois assim que Hyuk saiu de meu apartamento, não deu 5 minutos, e Jaehwan entrou sem fazer barulho. Logo, me encurralou na parede da sala.

Flashback on

- Então é verdade, você está esperando um filho do MEU marido. - Fez questão de frisar a parte do "meu". - Como ousa? Acha mesmo que vai sair vivo dessa vez? - Apertou meu pescoço, me prendendo mais na parede. - Só um descuido, apenas um, e você vai parar de respirar. - Sussurrou no meu ouvido de forma perigosa.

- Eu não me importo se essa coisinha morrer. Se é fruto seu, já deve estar podre. - Jaehwan cuspiu no meu rosto e passou a mão na minha barriga, sorrindo de forma macabra. - É uma pena, mas o papai não está aqui pra proteger você. - Apertou forte, me trazendo uma dor indescritível, e fazendo Baek se mexer, o que só piorava as coisas. Lágrimas escorreram pela minha bochecha, mas eu não podia gritar. - Olha só, ele está chorando. Mas é algo tão comum. Não é a primeira vez que te vejo desse jeito, sabia? Eu vou indo, mas eu vou voltar. E, quando eu voltar, você vai se arrepender de ter entrado no meu caminho.

Me jogou com tudo no chão e saiu como se nada tivesse acontecido. Depois de ouvir o sino do elevador, indicando que ele já havia ido embora, eu pude, enfim, colocar todo o medo para fora. Chorei alto, sentado com as costas na parede. Uma mão acariciava meu pescoço, e a outra, minha barriga.

- Calma, filho. Vai ficar tudo bem.

A porta foi aberta e, por ela, passou um Hyuk com rosto torcido em preocupação. Veio correndo em minha direção, se agachou e me abraçou, acariciando meus cabelos.

- O que houve? Eu saí não tem nem 10 minutos e você está assim. O que houve? - Segurou meu rosto em suas mãos, limpando as lágrimas que caíam com os polegares.

- Ken. Foi horrível, ele entrou aqui, ele... - Não consegui falar direito, meus soluços não permitiam.

- Shh, calma, tudo bem. O Ken veio aqui, certo?

Ele pegou o celular e digitou algo que eu não consegui ver. Guardou e me levou até o sofá. Minutos depois, a porta foi novamente aberta. Hongbin e Ravi entraram, esse último que me olhou, desesperado. Correu e se ajoelhou em minha frente.

- O que houve? Como o Ken entrou aqui? - Perguntou enquanto acariciava minhas mãos sobre meu colo.

- Aah, agora você acredita! Que porra! Ravi, eu avisei que o Ken não prestava! Veja o estado do N-hyung! Olhe o pescoço dele, está roxo! E você ainda quer defender o Ken? Vai à merda!

- Hyuk, calma!

- Calma uma merda, Hongbin! Ele apenas esperou eu sair pra entrar aqui, significa que ele está vigiando esse local. Ele sabe exatamente a hora em que estamos ou não com o Hakyeon-hyung. E esse idiota acha que o Ken não seria capaz de machucar ninguém? Então vá em frente, Kim Wonshik. Levante a blusa do N e veja você mesmo do que SEU amigo é capaz.

E ele o fez. Levantou minha blusa devagar, e então colocou a mão na boca, assustado, quando viu a marca quase roxa dos dedos de Jaehwan.

- Ele fez isso? Eu... Me perdoe, eu só não imaginei que... Oh meu Deus, como ele foi capaz?!

- Ele vai me matar, ele falou! Por favor, ligue pro Taekwoon. - Falei, olhando para Hyuk , que assentiu.

Flashback off

Depois daquilo, Taekwoon chegou e colocou todos para fora. Me aconcheguei em seu corpo, que estava contraído de raiva. Raiva que só piorou quando viu as marcas na minha barriga. Ele virou um furacão. Desde então não sei o que houve com Ken, mas sei que eu tenho alguém comigo vinte e quatro horas por dia (N/A: Eu tinha que zoar o N com 24h). Bom, na maioria das vezes, era Hongbin. Ele escreve livros, gibis e paródias, então fica muito tempo em casa.

Cheguei na sala e me deparei com uma cena um tanto constrangedora. Hyuk sentado de costas na virilha de Ravi, especificamente em cima do seu instrumento. Hongbin estava em pé, com Hyuk segurando sua cintura, mas precisamente com o rosto encostado em sua virilha. Hong segurava os ombros do namorado, rindo. Limpei a garganta e eles me olharam, assustados.

- Não é nada disso que você está pensando. - Disseram em coro.

- E o que eu estou pensando? - Ergui uma sobrancelha enquanto eles se levantavam, rindo como hienas. - O que está acontecendo aqui? Lembrem-se que o Baekhyun pode ouvir tudo. Muito cuidado.

- Calma, hyung. Ravi foi mostrar que era bom em abdominais. E eu, obviamente, quis trolá-lo. Mas o Hongbin, como ótimo ser humano, me empurrou e eu caí naquele local. Eu fui tentar me levantar, e meu namorado lindo me empurrou de novo pra baixo. Aí o Ravi começou a fazer cócegas em mim. Então, pra tentar sair, eu me segurei na cintura do ser humano ali. Foi nessa hora que você chegou. Fim. - Falou tudo de forma irônica, fazendo os meninos rirem.

- Tudo bem! Então, o que querem comigo?

- Compras. - Falou Ravi, segurando as mãos de Hongbin, com os rostos juntos virados em minha direção.

- Bizarro! E, mesmo que eu quisesse, não poderia. Essa gravidez é delicada, não posso sair andando assim. Principalmente agora, que a data do parto foi marcada.

- Isso é mó chato, mas nós vamos mesmo assim.

- E quem vai ficar comigo?

- Ele já devia ter chegado, pensei que Taekwoon fosse pontual.

- E eu acho que ele é mais velho que você.

- E eu acho que ele não merece meu respeito.

Esse meu monólogo com Hyuk não durou muito, já que a porta foi aberta. Taekwoon passou por ela, vindo em minha direção, mas não antes de olhar de forma incisiva para Ravi.

- Aconteceu algo? - Perguntou no meu ouvido.

- O mesmo de sempre.

Depois de alguns abraços e uma ameaça de Hyuk ao Leo, eles foram embora. Não que eles tenham se tornado amigos, Hyuk ainda não tem um pingo de respeito por Leo. Mas a convivência melhorou 10%, apenas por causa da minha proteção. Não, Hyuk não perdoou Leo, mas precisava engolir a presença dele. Só Taekwoon sabe como Jaehwan irá agir e como me manter sempre um passo a sua frente, sem que o mesmo desconfie.

- Em que anda pensando?

- Bem, é sobre a segurança do Baekhyun.

- Eu não vou deixar nada acontecer com vocês. - Acariciou o meu queixo, me beijando em seguida. Seu gosto era doce, ele tomou café com leite antes de vir. - O que vem acontecendo por esses dias?

- Vamos pra cama, lá conversaremos melhor.

Deitamos. Eu de barriga para cima, e ele com a cabeça na minha barriga.

- Está tão perto, nem consigo me conter. Estou nervoso. Você acha que ele vai gostar de mim?

Gargalhei alto com essa pergunta tão ingênua do homem com quem convivo há anos.

- Leo-yah, só não gosta de você quem não te conhece bem. - Acariciei seus cabelos, que estavam jogados pelo meu corpo. - Eu, por exemplo, nunca desisti de ter o Taekwoon dos meus 16 anos de volta.

- Eu sei, sou um tolo.

- Leo-yah, posso te fazer uma pergunta?

- Deve.

- Você ainda quer me bater?

Seu corpo ficou tenso, seus olhos desviaram dos meus. Eu já sabia a resposta, só não queria ouvir.

- Eu... Não... Bem, não nego que sinto falta de algumas coisas. Mas te bater do mesmo modo que antes, não. Não tenho a mínima vontade. Eu sei que você deve pensar como o Hyuk, que eu parei por causa da gravidez. Não foi só isso, mas não importa. Depois do que o Ken fez, aquelas marcas me alertaram. Não me senti bem. - Soltei um risinho e ele levantou a cabeça com uma sobrancelha arqueada. - O que foi?

- Você. Lembra de como você era fechado? Não falava duas sílabas se não fosse necessário, e agora quase escreveu um texto. - Ele gargalhou alto, deitando ao meu lado. - Sabe quanto senti falta dos seus sorrisos? Eu te amo tanto.

- Eu também te amo e juro que estou buscando forças pra tomar a melhor decisão pra nós dois. Ainda é difícil pra mim abrir mão de você.

É verdade, aquela conversa de semanas atrás ainda mexia com ele. Com certa dificuldade, fiquei de lado, e ele fez o mesmo. Acariciei todo seu rosto, vendo ele fechar os olhos, apreciando o momento. De repente, uma dor muito forte na barriga me fez gemer.

- O que foi? Você 'tá bem?

- Estou, só Baekhyun que está mais agitado que o normal.

- Espere um pouco então. -  Me virou de volta à posição de antes e deitou novamente sua cabeça em cima da minha barriga. - Filho, o que houve? Por que está machucando o Omma? 'Tá desconfortável aí dentro? - Baek chutou em resposta, fazendo o sorriso de Leo se alargar. - É isso? Você está desconfortável? Calma, está bem perto do dia de você nascer. Paciência.

- É uma pena estragar esse momento, mas chegamos com as compras. - Hyuk entrou e saiu do quarto sem dar tempo de a gente responder.

Levantamos, sorrindo, e fomos ver o que o senhor-estraga-prazer trouxe. Coisas variadas posso dizer, entre elas chupetas de todas as formas e tamanhos. Ele alegou que não sabia qual o bebê iria pegar, por isso comprou uma de cada. Achei exagerado, mas não adianta falar. Quando se trata de SangHyuk, ninguém está certo, ele é o dono da razão. Roupas, tudo bem. Quem não compra roupas para criança? Mas eu já disse que não precisa, Baek não vai usar nem metade. São muitas. Hyuk, toda vez que sai, volta com algo e, na maioria das vezes, são roupas de bebê. Não tinha necessidade de ele comprar mais.

- Eu já vou indo, não me sinto confortável perto deles. - Leo sussurrou no meu ouvido, mas, antes que eu pudesse falar alguma coisa, um dor insuportável na minha barriga me fez encolher, gemendo baixinho. - Você 'tá bem?

Meus olhos arregalaram quando eu comecei a fazer xixi e outra pontada surgiu.

- Leo, eu acho que 'tá na hora.