História Chains - First Job - Part I

"[...] — Isso é ótimo! Então quer dizer que eu estou contratada?
— Óbvio! Helena, eu vou fazer de você uma estrela."

***

Depois de eu ter conversado com Tony, ele pediu à Susan, sua secretária grossa, para que ela cuidasse dos papeis de minha contratação, porém ela disse que iria demorar um pouco, porque a impressora estava quebrada e ela estava esperando um cara vir consertar. Eu não estava a fim de ficar sentada em uma daquelas cadeiras desconfortáveis esperando, Londres estava lá fora prontinha para ser explorada por mim. Disse à Susan que eu iria dar uma voltinha e já voltava para resolver as coisas, ela apenas deu uma resposta rude que eu nem fiz questão de prestar atenção.
Saí da agência sem muito rumo, ela  não ficava em lugar bem localizado, então a maioria dos pontos turísticos ficava longe, eu apenas iria passear pela vizinhança e conhecer um pouco da rotina dos londrinos.
Eu vim a Londres com o objetivo de me tornar uma modelo conhecida, no Brasil, eu havia apenas participado de algumas competições pequenas ou feito desfiles para marcas desconhecidas, não estava tendo muita sorte. E havia a escola... Eu tinha bolsa em um colégio particular, e tinha que manter notas altas para me manter lá dentro, mamãe achava que a minha carreira de modelo podia atrapalhar meu desempenho, e realmente podia, mas era o que eu gostava, fazer o que. Quando avisei a minha mãe que não iria começar a faculdade e viria para Londres, ela ficou chateada, muito chateada, não me apoiou no começo, fez chantagem emocional, mas depois percebeu que não adiantaria nada; quando eu completei 18 anos, vim o mais rápido que pude. Com 17 anos, comecei a mandar minha ficha para várias agências, de vários lugares, e a agência do Tony, foi a que mais me interessou, foi a minha melhor oportunidade.
Voltei à agência um tempo depois, e para a minha alegria, a impressora já estava consertada. Encontrei Abigail de novo, lendo os papéis, provavelmente ela fora contratada também.
— Helena! Perguntei à Susan e ela me disse que vamos dividir o apartamento! — ela parecia muito contente — Isso não é maravilhoso?
— Claro! — sorri.
Parte do acordo era a moradia, iria dividir um apartamento com mais algumas modelos da agência. Li os documentos que Susan me entregara e os assinei. Pronto! Mais um passo fora dado, era um grande alívio para mim.
— Meninas! — exclamou Tony, vindo até nós — Fico muito feliz em fechar negócio com vocês — um sorriso largo não saía de sua boca.
— Quando vamos conhecer nosso apartamento? Cansei de dormir em qualquer lugar por aí — disse Abigail. Eu e Tony nos entreolhamos, percebi que não fora apenas eu que havia achado estranho — O que foi? Estou brincando, galera — riu.
— Também espero que logo, reservei apenas uma noite em um hostel.
— Podemos ir para lá agora! Provavelmente as meninas estarão lá. Dou uma carona à vocês, preciso mesmo conversar com todas.
— Apenas preciso passar no hostel antes, deixei minha bagagem lá.
— Passamos lá no caminho.
Deixamos a agência e Tony nos levou até o apartamento, mas antes passou pelo albergue, para eu pegar minhas coisas.
O prédio ficava perto da agência, era antigo, tijolinho à vista, e tinha apenas 3 andares, nada de elevadores. O apartamento era espaçoso; quando entramos, deparamo-nos com duas garotas jogadas nos sofás da sala. Elas se levantaram rapidamente quando ouviram a porta se abrir.
— Bom dia! — desejou Tony.
— Olá, Tony — disse uma delas — Meninas novas?
— Sim, Chloé. Onde está Ashley?
— Aqui — falou uma menina quando entrou na sala. Ela parecia ter acabado de acordar.
— Meninas, essas são Helena e Abigail — apresentou-nos — E essas são Ashley, Antonella e Chloé. Antonella também é brasileira, Helena.
— Olá — sorri.
— Gostei daqui! — exclamou Abigail andando pela sala.
— Então, garotas, tenho uma notícia muito boa à todas. Consegui um evento legal pra vocês hoje.
— Legal igual àquele outro? — perguntou Ashley com um tom irônico. Tony a repreendeu com o olhar.
— Muito melhor, Ashley.
— E qual é? — Antonella se manifestou pela primeira vez.
— Uma festa, apenas com pessoas totalmente VIPs. Vocês irão recepcionar os convidados.
— Recepcionar? Não sabia que esse tipo de trabalho estava incluído.
— Acostume-se, irá fazer muito isso — zombou Ashley.
— Não se intrometa, Ashley. E sim, Helena, para chegar ao topo, terá que fazer muitos trabalhos menores, e além do mais, várias pessoas importantes do ramo estarão lá, você pode chamar atenção de algum deles.
— E o que teremos que fazer? — perguntou Abigail.
— É um evento beneficente, uma festa; primeiro vocês recepcionarão os convidados e pedirão para eles assinarem um livro, e depois, já dentro do evento, entregarão uns panfletos à eles, que não sei do que se tratam. Entendido?
— Entendido! — respondeu Abigail.
— Ótimo! Agora eu preciso ir. Espero que se entendam bem. Pedirei à Susan que traga a roupa que irão usar mais tarde. E passarei aqui às 20h para buscá-las para o evento — explicou e foi embora, deixando-nos sozinhas, e olhando uma pra cara da outra.
— Então, de onde vocês são? — perguntei, quebrando o silêncio.
— Alemanha — respondeu Chloé.
— Brasil, como Tony disse.
— E você, Ashley? — perguntei exclusivamente à ela, que não me respondera na primeira vez.
— Irlanda — respondeu entediada, mexendo em uma mecha de cabelo.
— Sou da Bélgica, como você já sabe — disse Abigail.
— Bem, acho que vocês têm que guardar suas coisas no quarto. Temos apenas dois aqui, eu, Ashley e Chloé já dividimos um, está cheio, vocês ficam com outro — explicou Antonella, simpática.
— Para mim está ótimo — disse.
— Mas irão ter que usar colchões apenas.
— Já dormi em coisas piores! — riu Abigail.
Às vezes ela era desnecessária demais. Antonella fez uma cara esquisita, porém continuou nos guiando até o quarto, que ficava em um porta que dava para a sala mesmo.
***
Passamos a tarde conversando, até Ashley foi ficando mais amigável. Abigail soltou mais algumas esquisitices, contudo, ninguém ligou. Susan nos trouxe as roupas, mas nem chegou à entrar — que bom —, era um conjuntinho, blazer preto e uma calça na mesma cor — eu não entendia de tecidos, mas esse parecia ser de alta qualidade.
—, e não veio nada para por embaixo; achei que teríamos que usar alguma de nossas roupas, mas Ashley explicou que o novo "must", era usar blazer sem nada em baixo, nada mesmo, nem sutiã, deixar um decote mesmo. E os sapatos, claro, vieram também; scarpins, pretos e envernizados.
Todas nós deixamos nossos cabelos soltos e alisados, e pintamos nossas bocas com um batom vermelho. 20h em ponto, Tony buzinou; fomos espremidas em seu carro.
— Bom evento, meninas! — desejou e nos deixou lá.
Nenhum convidado havia chego ainda.
— Aí estão vocês! — disse uma mulher — São as modelos da agência de Carter, não?
— Sim — respondeu Ashley.
— Acompanhem-me, por favor. À propósito, meu nome é Taylor.
Ela nos explicou tudo o que Tony já havia dito, e nos levou até onde ficaríamos recepcionando e pedindo para os convidados darem suas assinaturas. Eram três os livros que receberiam as assinaturas; Taylor nos dividiu em dois grupos, e escolheu me deixar sozinha com um dos livros. Não sei se é da minha cabeça, mas achei que Ashley ficou com ciúmes por eu ter ficado sozinha. Boba.
Os convidados começaram a chegar, e eu sorria para todos, realmente estava sendo muito simpática.
— Bem-vindo! — disse à um homem que passou por mim — Assine, por favor! — entreguei-lhe a caneta.
— Assino, claro — sorriu para mim.
Li no livro, seu nome era Mesut Özil. Depois de assinar, ele tirou um  papel do bolso, e começou a escrever outra coisa. Quando me entregou vi que era um número de telefone.
— O que é isso? — perguntei confusa.
— Meu telefone, querida! — piscou para mim.
— Desculpe-me, mas não quero — entreguei de volta.
Quanta ousadia desse cara, aposto que tem muito dinheiro e acha que pode tudo.
Ele sorriu, dando uma risadinha.
— Fique, para o caso de mudar de ideia.
— Não costumo mudar de ideia — esbravejei com convicção.
— Você sabe quem eu sou?
— Não! E não me importa, não vai me fazer mudar de ideia.
— Tudo bem! Só não se arrependa depois — piscou mais uma vez e entrou na festa.
— O que tanto você conversou com ele? — perguntou Ashley vindo até mim.
— Ele estava dando em cima de mim.
— Aposto que se fez de difícil — riu.
As pessoas continuavam chegando, e eu continuava fazendo meu trabalho enquanto Ashley papagaiava no meu ouvido.
— Não me fiz de difícil, eu realmente não queria nada com ele, estou trabalhando.
— Sabia que ele é jogador de futebol? Poderia fazer você ficar muito famosa.
— Não quero ir por esse caminho, Ashley. E você está me desconcentrando — encarei-a pela primeira vez. Ela deu um sorriso cínico e voltou para seu lugar. Mereço.
Todos os convidados já haviam chegado. A primeira etapa da noite já fora comprida por nós, agora vamos continuar.