História Charmed with your charm! - Chegando o momento.

 

Ed esticou-se no sofá e fechou os olhos. Acabou cochilando, pois despertou sentindo o cheiro de algo cozinhando.

Espreguiçou-se e foi até a cozinha. Piper e Phoebe encaravam uma panela, Piper remexendo enquanto Phoebe lhe passava algumas ervas.

-Podiam ter me chamado né?

-Há, você dorme tão bonitinho que seria como acordar um bebê. Um pecado.

Ed mostrou a língua pra Phoebe, que sorriu gracejando.

-Então... Estão prontas?

-Falta pouca coisa. Umas duas poções. Mas e você? Sabe bem o que vai fazer?

Ed soltou um suspiro preocupado.

-É apenas uma ideia.

-Sabe que nós estamos em suas mãos com a sua decisão não é?

-PIPER!

-Não grita comigo mocinha, não sou surda!- Piper ralhou com Phoebe, e voltou a encarar Ed.- Não querendo pressionar você...

-Mas lançando o peso do mundo nas minhas costas...

Piper sorriu sem graça.

-Não me leve a mal Ed. Mas é que você teria que viver umas dez vidas com elas pra ter uma leve noção da capacidade de irritar e trazer culpa que Paige e Prue tem em comum. Sempre tentamos evitar isso, mas sabe como é... Essa foi uma batalha que nem eu nem Phoebe achamos que ganhamos.

-Piper, mesmo que não me conheça, preciso pedir que confie em mim. Afinal, eu tenho partes de vocês em mim, certo? Isso deve valer de algo.

Phoebe sussurrou no ouvido da irmã.

-Pelo menos a sua parte de convencido ele tem.

-Vai te catar Phoebe.

A mais nova sorriu divertida.

-Lá no fundo eu sei que você fez a escolha certa. Além do que, aceitamos sua proposta.

-Qual?

-Como qual? Jogar a culpa nas suas costas! Não achou que estávamos brincando quando dissemos que era melhor o fim do mundo que encarar Prue e Paige zangadas.

Ed arregalou os olhos.

-É sério mesmo?

-Cem por cento. Vá se aprontar. Assim que acabarmos voltamos a mansão.

Ed saiu da cozinha devagar.

-Isso deve ser o que chamam de laços fraternos...

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-Piper?

-Sim?

-Você acha que elas vão... Bem, se dar bem nessa situação?

Phoebe estava relutante com o momento que se aproximava, e encarava Piper com ansiedade. A mais velha arrumou a franja atrás da orelha.

-Bem, elas já se conheceram, conviveram conosco. Acho que poderão lidar com isso.

-Sim, mas dessa vez é diferente. Prue e Paige estarão vivas e frente a frente. Acha que elas vão se dar bem, sem disputas ou coisas do gênero?

-Phoebe, no fim de tudo elas são a mais velha e a caçula. Vão ter que se entender. São irmãs.

-E nós faremos o que?

Piper sorriu e soltou uma risada que exalava sarcasmo.

-Eu como irmã do meio que sagrou-se a mais velha farei o que o meu posto inicial me ensinou. E se fosse você faria o mesmo.

-Que seria?

-Não me intrometeria até que elas comecem a se jogar de um lado pra outro.

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Ed pegou as mesmas coisas que usara nos dois últimos feitiços. As velas coloridas estavam a sua frente.

-Vento ou terra. Qual deve ser usada primeiro?

Ele ponderava sobre os efeitos que sua decisão teria. Precisaria usar seus poderes, mas não queria contar para as irmãs sobre seu plano.

Olhando pela janela, ele viu alguns pombos passando.

-Hum...

Ele aproximou-se e estendeu a mão direita, com a palma virada para cima. Concentrando-se nos animais ele chamou em voz baixa.

-Pombo.

Nada aconteceu.

Ele bufou irritado. Virando-se para a cama, ele tentou uma vez mais. Dessa vez, fazendo a mão movimentar-se no sentido que ele queria.

-Mochila, vem cá.

A princípio nada aconteceu. Quando ele jogou as mãos por ar irritado, a mochila alçou voo e bateu na porta do quarto.

-Há... Pelo menos um. Era o sinal que precisava.

Sabia quem deveria vir dessa vez.

Phoebe e Piper entraram no quarto assustadas.

-O que foi? Que barulho foi esse?

Ed tentou disfarçar.

-Eu tropecei... Só isso, está tudo bem. Podemos ir? Tudo pronto?

-Espere aí...

Piper cruzou os braços e o encarou com uma expressão nada bem humorada.

-Eu tenho uma vida toda com as minhas irmãs tentando mentir pra mim rapaz, e você tem um muito de todas elas. Vamos, fale a verdade ou nós ficaremos aqui até não sei quando.

-Eu já disse Piper, está tudo bem, eu tropecei e a mochila caiu atrás da porta. Só isso.

Ele sustentou o olhar dela que estreitou os olhos e o encarou por alguns segundos até que ele desviasse o olhar.

-Vamos Piper, se ele disse que está tudo bem, então está tudo bem.

-Phoebe, você sabe como eu odeio quando alguém tenta me esconder alguma coisa.

Ed sentiu uma onda de nervosismo tomar conta de si.

-Posso ter os poderes de vocês mas não sou um de vocês, entendeu? Eu sempre fui sozinho e me virei muito bem, obrigado. E no pouco tempo que te conheço, apesar de te achar linda, essa sua mania de querer controlar tudo me enche o saco.

Piper piscou confusa com o ataque repentino. Phoebe ficou boquiaberta.

-Como é?

Ele pegou a mochila e passou pelas bruxas sem encará-las.

-Vamos logo com isso, ok? Essa história está me dando nos nervos já.

Ed dirigiu-se a sala.

-ESPERA AÍ MOCINHO!

-Piper, Piper, PIPER! Abaixe essas mãos agora antes que exploda alguma coisa.

O rosto da morena estava corado.

-Não quero explodir alguma coisa. Quero explodir ELE!

Phoebe falou séria encarando a irmã.

-Vamos, pare de besteira. Sabe que sem ele nós somos inúteis.

-Deixa eu explodir só as tripas dele... Depois eu reconstruo...

Phoebe levantou uma sobrancelha.

-Me diga que você está brincando.

-O saco?

-PIPER!

-Há, qual a graça de ter todos os meus poderes e não torturar um pouco os chatos que me cercam?

Ela disse a última frase gritando em direção a porta. Ed respondeu da sala.

-Blá, blá, bla... Vamos logo.

-ARGHHHHH! Por que eu simplesmente comecei a querer enforcá-lo nesse exato instante?

-Por que ele parece comigo, com Prue, com Paige... E com você mesma?

-Oh, pelo amor de Deus. Se aquilo parece comigo eu juro que corto os pulsos.

Phoebe saiu na frente.

-Use facas bem afiadas então, por que ele me lembrou mais você até agora que qualquer outra.

Piper rosnou e sacudiu os braços.

-Ainda me chama de bonita antes de falar que sou chata. Maluco.

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-Temos tudo. Falta apenas um feitiço.

-Acha que vai funcionar Phoebe?

-Piper, se você fizer, com certeza.

-Vocês não acham melhor chamar Leo antes?

-Ele disse que voltaria quando soubesse de algo não foi? Não podemos esperar. Se temos poções, um plano, e você já sabe o que fazer, senhor importante...

Phoebe beliscou Piper.

-Ai...

-Não provoque ele Piper.

-Há, qual é... O nosso libertador aguenta mais porrada que isso não é mesmo? Estou só... Estimulando-o.

-Me estimulando a querer pular fora, coisa que eu devia ter feito quando vi aquele gato bizarro na minha janela.

Piper se aproximou e usou um tom mortalmente sério ao sussurrar no rosto de Ed.

-Não ouse falar do gato. Ou meu plano de estourar e reconstruir suas bolas uma dúzia de vezes seguidas será colocado em prática bem antes do que pretendo.

Ed arregalou os olhos e instintivamente levou as mãos a frente das pernas, cobrindo a genitália.

-Bom.

Ela se afastou e voltou a falar com Phoebe.

-Bem... Vamos lá.

Piper fechou os olhos e recitou o feitiço. Luzes amareladas começaram a cintilar, e um homem alto loiro com um topete engraçado apareceu na frente deles. O rapaz olhou em volta, um tanto confuso.

-Wyatt.

Ele piscou um pouco ante de se situar.

-Mamãe? Tia Phoebe?

-Olá querido!

Piper abriu os braços e ele abaixou-se para se encaixar ali. Phoebe completou o abraço envolvendo suas costas.

-Sentiu nossa falta?

-Não deu muito tempo né? Eu estava ouvindo um sermão seu agora e... Mas o que eu estou fazendo aqui exatamente?

-O que você faz de melhor querido! -Piper apertou a bochecha dele- Ajudando a salvar a mamãe e suas tias. E por que motivo eu estaria te dando um sermão agora?

Ele deu um sorriso amarelo.

-Então... Qual o problema dessa vez?

Piper o mirava com carinho, e Phoebe com orgulho.

-Fim do mundo, meu anjinho. Pra variar.

 O loiro arregalou os olhos.

-De novo?

-É bem complicado docinho.

-Percebo. Ainda mais se minha mãe parece ter a minha idade. Quantos...

-Vinte e sete. E você?

-Também.

-Será que é mera coincidência todo mundo estar na mesma idade?- Phoebe pensou em voz alta.

-Como se alguma coisa qualquer fosse coincidência em nossas vidas.

Piper, Phoebe e Wyatt viraram-se para Ed.

-Eu também tenho vinte e sete.

Wyatt estreitou os olhos.

-Eu deveria te conhecer?

-Pelo jeito que sua mãe e seu pai discutiram algumas horas atrás não. Prazer, sou o Ed.

O moreno estendeu a mão em um cumprimento. Wyatt sorriu ao apertar a mão dele.

-O que foi?

-Você... Me dá uma sensação boa. Não sei.

-Ok, isso foi embaraçoso.

Todos riram e Piper gracejou.

-Então nosso resgatador ficou envergonhado com um elogio é?

-Ele corou Piper, que gracinha.

-Ok, vocês duas, chega.

Wyatt soltou uma risada alta, e o clima ficou mais leve.

-Bem, o que preciso saber mamãe?

-Phoebe?

-Oh, me dê a mão, querido.

Após alguns segundos o rapaz piscou.

-Uau. Isso é… Estranho.

-Sim, todos achamos isso.

Wyatt lançou um olhar diferente para Ed. Um olhar de pena.

-Então... Precisamos que você nos cubra. Vamos liberar uma de suas tias agora, e assim que completarmos o poder das três começam os verdadeiros problemas.

-Estaremos lá, e ninguém vai encostar em vocês.

-Não sabemos com quem estamos lidando. Por isso temos que ter o maior cuidado do mundo.

-Oh mamãe, fique calma. Agora uma pergunta: por que não chamaram os outros?

-Quem?

-Meus primos ora.

-Oh… Querido, pelo que vi eles serão convocados em outros momentos.

-Tia Phoebe, desculpe o modo, mas... Sabe que é muito chato conviver com alguém que sabe de tudo e não compartilha nada.

Phoebe sorriu amigavelmente.

-Ossos do ofício meu bem, ossos do ofício.

Ed observava a interação da família em silêncio. Sentia uma ponta de inveja.

-Bem. Acho que uma vez que tudo está explicado... Podemos ir?

-Não vejo hora melhor Piper.- Phoebe estendeu as mãos.

Formando um círculo, eles estavam prestes a orbitar quando Wyatt soltou um grito.

-NÃO!