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História Cheat On - C12. Falling


Escrita por: AoKiriDay

Notas do Autor


Yo minna-san! Desculpe pela demora novamente. Estou postando num dia bem aleatório, mas resolvi postar logo sim?
Espero que a história esteja realmente melhor organizada.
Obrigada a todos os comentários anteriores XD, fico feliz pelo apoio!
Boa leitura!

Capítulo 12 - C12. Falling


...

Casa do Kagami – Meguro, 22h00

Kuroko Tetsuya

 

Depois de apagar as luzes ainda bateu uma vontade de continuar conversando. Kuroko tinha pensado em várias hipóteses para o comportamento depressivo de Kagami e ainda assim não tinha chegado a uma resposta concreta. Perguntar para o ruivo estava fora de questão.

O azulado procurou no escuro algum movimento ou traço de luz. Kagami estava se revirando no futon, mas após uns intantes ele se acalmou. Passou-lhe pela cabeça os momentos durante a sessão de fotos e também o resto. Sem falar que Akashi tinha falado um monte durante o trabalho. Por pouco não tinha sido um dia fracassado. Ele estava tão cansado, preocupado e decepcionado com Aomine que parecia que tudo estava parado em sua garganta.

"Se não fosse Kagami-kun..." O azulado esfregou a testa com o antebraço, movendo os lábios. Não esperava ficar tão íntimo de alguém em tão pouco tempo, nem acabar gostando desse alguém.

Sim... Se uma coisa ele entendia era como ficar encantado com uma pessoa. O modo de sorrir dessa pessoa, de cuidar, de fazê-lo ficar frágil, era um gostar inconfundível. Kagami tinha feito tudo isso, tinha o olhado daquela forma que só quem se apaixonou um dia pode entender. Talvez nem tenha sido de propósito, talvez fosse unilateral. Mas nascer uma nova paixão mesmo depois de ter jurado amar Aomine somente... Era excitante além da razão.

O jovem se espichou debaixo das cobertas com a temperatura corporal elevada. Seu rosto estava confortavelmente quente, fazendo-o se sentir um garoto inocente em seu primeiro amor. E as roupas que vestia, as roupas que o ruivo emprestara, tinham o cheiro de lavanda, mas ainda o cheiro do amigo. Forte e gentil.

"Eu sou o pior..." Suspirou para si mesmo, afundando o rosto no travesseiro.

O ressono de Kagami era baixo, diferente do que se espera de um cara enorme. Kuroko silenciou seu corpo tentando apenas ouvir esse som. Mexia as pernas, deslizando as pernas uma sobre a outra. Era suave a própria pele, mas em sua cabeça não eram suas pernas, mas as de Kagami. Em sua cabeça entrelaçavam as pernas de Aomine de um lado e as de Kagami na outra. Seu corpo reagiu à fantasia. Sua mão reagiu à sensação imunda, tocando sua coxa roliça, não própria da figura masculina. Arrepios percorreram toda a sua estrutura enquanto ouvia o ressono de Kagami e olhava para o nada, imaginando como seria ter aquela pele queimada de sol esfregando na sua, com um pouco de violência, mas com beijos lentos e abraços cuidadosos. Era isso que ele queria e que, infelizmente, só recebia nas fantasias.

-Kuroko, está acordado?

O murmuro de Kagami o fez se sobressaltar. O azulado encarou o ruivo enquanto este ligava um abajur próximo.

O veterano tinha uma expressão perturbada no rosto, o mesmo para o azulado. Ele coçou a nuca um pouco e soltou um suspiro afetado.

-Sabe, Kuroko. -ele começou, meio que sorrindo, meio que triste. -Acho que você deve estar pensando que é estranho eu não ter ficado surpreso.

Kuroko ergueu as sobrancelhas minimamente, em pura surpresa.

-Kagami-kun...

O ruivo o olhou, tinha uma expressão diferente. Suas pupilas eram finas como as de um felino durante a noite e, nesse clima, ele parecia um carnívoro mitológico prestes a devorar alguma alma descuidada.

-Eu não estou tentando ser educado ou coisa assim. Eu não pensei na possibilidade no começo, mas depois que você me contou que era homossexual não achei nada estranho, entende? Eu continuarei sendo seu amigo não importa o que aconteça. -Kagami deu de ombros enquanto falava. -Eu não me importo em ficar com homens também. Não vou mentir que tive poucas experiências, mas para mim tanto faz desde que eu goste da pessoa.

Kuroko estremeceu ao ouvir essas palavras, mas não pode dizer nada, mesmo que não soubesse o que dizer. Isso sim era surpreendente... Um cara tão bonito e másculo como ele, no fim, também se relacionava com homens, não é?

-Você é um amigo muito especial. Por isso quando precisar, eu estarei aqui. Quero dizer... Não quero que você sofra. -Kagami pronunciou com uma acidez quase imperceptível na voz, os olhos desviando, como se por trás das palavras as mensagens estivessem criptografadas.

Parecia até que tinha algo que ele estava escondendo.

No entanto, ainda que isso tivesse clicado na sua mente um alerta de perigo, quando Kagami sorriu para si, com um misto de alívio e graça, tudo ficou branco. Kuroko só sorriu com os lábios... E desejou que pudesse simplesmente ceder para o erro e beijar aquela pessoa.

 

Sala 15, Prédio B - Campus Shirokane (Toudai), 08h03

 

Nada realmente emocionante tinha acontecido naquela noite como ficou sonhando.

Kuroko andava sem pressa nenhuma em direção à sua carteira, segurando a alça da bolsa de tal modo que se algum trombadinha tentasse levá-la, ia sair com sucesso. Mas no campus geralmente essas coisas não aconteciam e não circulavam muitos trombadinhas como nos metrôs, então ele estava seguro.

Os amigos vieram cumprimenta-lo e não durou nem metade do “Bom dia” e do “Como vai” para a pergunta que ele não queria responder ser feita.

-O que aconteceu que você sumiu completamente na madrugada passada, Kuroko?!

Quem a fez foi Koganei, o rapaz de feições felinas, que indagou em preocupação e afobamento ao vê-lo bem. Não como se ele já não soubesse o que tinha acontecido... Kise era bem boca grande, sem falar que Aomine tinha aparecido para fazer algumas perguntas.

Mitobe gesticulou com as mãos levemente enquanto Kuroko se concentrava mais nas sobrancelhas do que nos olhos do colega.

-Mitobe disse que estava preocupado porque você não parecia muito bem de uns tempos para cá. –Koganei traduziu, aproveitando a deixa para sentar-se na carteira da frente e ficar de costas para a lousa enquanto conversava com o azulado.

Kuroko pensou pouco antes de responder com casualidade o que deveria ser dito, excluindo todo o desnecessário e comprometedor. E não pensando que isso era maldade dele, pois na verdade isso é normal de todo o ser humano.

-Ontem, depois daquela festa, sai da casa do Kise-kun e voltei para o dormitório e dormi até tarde. Fui trabalhar e por azar acabei ficando preso por causa da tempestade, por isso vocês devem ter sentido que eu apareci menos do que o normal. –Kuroko gesticulou brandamente, tentando arranjar uma desculpa convincente para o comentário de Mitobe.

Verdade que seu humor não era nada espontâneo, mas naqueles dias, após as conversas vazias com o namorado, nada fazia muito sentido e ele não conversava tanto como nos primeiros dias.

-Isso não vai fazer bem para você, Kuroko. Acho que é legal você se concentrar mais na primeira semana... Já olhou sua cara no espelho? Você tem olheiras grandes. –Koganei coçou a bochecha. –Estou falando porque estou preocupado, sabe?

Kuroko assentiu e voltou a mexer na bolsa.

O jovem de sorriso gatuno tocou seu ombro.

-Não fique muito pra baixo, a faculdade sempre pode piorar. –sorriu coloridamente enquanto fazia um sinal positivo.

Mitobe ao lado balançou a cabeça de um lado para o outro, suspirando. Kuroko teve que fazer o mesmo.

-O seu tom quando diz isso não me deixa nada otimista.

-Esse é objetivo, meu jovem. Você tem que destruir as esperanças dos estudantes ingênuos que acreditam que isso aqui é um parque de diversões. Você esmaga seus sonhos e os transforma em soldados suicidas de elite!

-Isso foi um exageiro, Koganei-san... –Kuroko sorriu levemente. O outro fazia poses dramáticas e parecia envolvido na atuação, de alguma forma deixando-o bastante relaxado.

E após o professor entrar na sala, as conversas foram deixadas de lado e eles passaram a prestar atenção na aula. Diga-se de passagem, “prestar atenção”, porque depois do que foi conversado naquela noite, Kuroko não poderia de forma alguma tirar da cabeça as palavras fiéis e as sensações insuportáveis em seu peito.

“Se Kagami-kun estudasse aqui, na mesma sala, eu acho que já teria sucumbido”. Kuroko pensou, passando a mão pelo cabelo e abaixando o rosto na carteira.

Mas que droga, aquelas coisas tão fúteis estavam acabando com sua cabeça. Estava se prejudicando, não conseguia nem distinguir as palavras na tela do projetor, não se lembrava de mais quem se sentava atrás de si, nem o nome da matéria. Pensando diversas vezes e sem conseguir tirá-lo da cabeça, lembrando-se do olhar forte, da foto, do timbre da voz, da proximidade daqueles momentos todos, o jovem azulado não conseguiu suportar tanto. E lembrou-se novamente que por Aomine nunca havia existido tal pressão e supressão de sentimentos.

 

Sala 12, Prédio A - Campus Shirokane (Toudai), 10h02

Kise Ryota

 

A mão passou pelos cabelos louros com demora, os olhos presos no céu nublado através da janela.

Kise ignorava tudo ao seu redor mesmo com o professor e os amigos estranhando sua distração incomum e tentando puxar algum assunto. Ele somente respondia e voltava para seu mundo particular. Chegaram à conclusão de que não havia o que ser feito a não ser deixa-lo em paz.

Ele estudava formalmente no período noturno igual Kagami e Aomine, mas depois de tantas coisas, ele não conseguiria encará-los sem tomar uma posição. Havia deixado claro que não perdoaria Aomine, mesmo porque ele não se arrependia e estava pouco se lixando para a situação que tinha colocado Kagami e Kuroko juntos.

Isso não parecia uma tragédia?

Kise, no dia em que Kagami virou-se e disse que a pessoa com quem saia era o próprio Aomine, viu que o ruivo estava sério. Como não perceber? Os olhos dele brilharam como os de uma criança e o rosto corou como o de uma garota, e foi tão chocante que Kise naquele momento perdeu um pouco de coragem em seu coração.

E Kuroko? Que tinha para falar do azulado? O pobre tinha uma relação com Aomine há muito tempo, não podia simplesmente parar agora. Kise não sentia como se pudesse se intrometer, mas já o tinha feito. Já tinha apontado o dedo na cara de Aomine e destruído pelo menos 50% da amizade que tinham. Tinha acabado. Sua crença em Aomine tinha acabado.

O modelo finalmente se levantou. Ele viera na aula do período diurno, mas não tinha avisado nenhum de seus outros amigos e Kasamatsu-senpai era veterano, por isso não estudava na sua turma. Agora ele estava numa situação de querer estar com alguém e ao mesmo tempo não.

-Kise? Você vai dar uma pausa? –perguntou um colega que falava com ele quando aparecia.

O louro balançou a mão negando. Seu sorriso não alcançou seu olhar.

-Eu vou acompanhar minhas doces fãs para um piquenique, então vou estar ocupado. –disse, se levantando sob os olhares das jovens atletas e dos colegas avantajados de músculos do curso de Ed. Física.

Deixar a sala foi questão de segundos e atravessar todo o corredor até chegar à área verde de Shirokanedai foi tão rápido que ele mal percebeu que havia passado por um grupo de amigos que tentou pará-lo.

Os olhos caramelos não estavam doces, mas amargos como seiva de árvores novas. Kise suspirou, desejando em muito tempo uma tragada... Mas ele tinha algum tempo que havia parado de fumar por causa da saúde e do emprego.

Ele olhou a grama e ficou com inveja das pessoas que se sentavam e conversavam umas com as outras como se nada estivesse acontecendo. Ele se sentou também, mas não tinha com quem conversar, então suspirou de novo e se pôs a refletir, ou melhor, se pôs a esvaziar a mente. Olhou para o alto e ficou vendo aquele céu ambíguo, que no dia anterior estava negro e tempestuoso e hoje estava tão azul e brilhante como se nem fosse mais inverno. Kise somente pensou que talvez a vida das pessoas fosse assim, passa por um aperto e depois solta de novo. As pessoas andam e param por causa dos obstáculos e na maioria das vezes elas se esquecem deles. E ele pensou que talvez devesse esquecer tudo, ele não precisava desviar de seu caminho totalmente seguro para ir de encontro ao obstáculo de outra pessoa.

Fechou os olhos para deitar e dobrar as pernas. Sentia um sono abatedor. Não havia parado em momento nenhum e aquela noite seu sono não foi suficiente, aliás, ele havia passado mais da metade da noite rangendo os dentes de raiva e frustração.

Kise resmungou algo para si mesmo, tentando afastar qualquer pensamento e lembrou-se do dia anterior, depois da sessão de fotos.

“Kurokocchi e Kagamicchi foram tão bem... Dava para ver nas fotografias.” Kise pensou, mordendo os lábios.

A verdade era que ele tinha ficado surpreso. Ele acompanhou Alessio até a sala deste, olhou as fotos que o empresário tinha conseguido e conversaram sobre os dois, mas não contou em nenhum momento os problemas que os envolviam. Em vez disso, fez o usual.

A lembrança o fez colocar o antebraço sobre os olhos, tanto para esconder seu arrependimento como para afastar a luz fraca do sol que havia resolvido aparecer atrás das nuvens remanescentes da tempestade. Já não ouvia as vozes. Ele ouvia gemidos.

Entrando num espaço que só a mente individual pode compreender, as imagens vieram, borradas para quem tem pouca prática, precisas para quem passa tempo demais pensando.

Kise deixou transcorrer seus sentimentos e suas lembranças vieram. Mas ele não olhava para a mémoria como se ele fosse um espectador. Podia não parecer, mas ele como ótimo memorizador tinha clara na mente a imagem daquele teto do escritório: a lâmpada fluorescente estava desligada, coisa incomum numa sala de escritório de empresa, mas é que ele estava lá com Alessio. Já era passado o horário de fechamento. Todos tinham ido embora, os seguranças do lado de fora e os vigilantes das câmeras tinham sido instruídos a desligarem tudo naquela noite. Alessio era um homem impaciente e não queria esperar, além de que ele morava fora da cidade e havia deixado claro que não gostava de levar as pessoas que gostava para um motel ou um local que já havia sido usado. De qualquer forma ele olhava para cima enquanto sentia firmes os lábios grossos do italiano abaixo de sua orelha, as mãos em sua coxa, subindo, palavras murmuradas de preocupação.

Kise abriu abruptamente as pálpebras e levantou-se com os dentes apertando-se. Sentiu sua garganta seca e seu coração acelerado e ele se dirigiu para o banheiro, sem ter noção de quanto tempo havia passado cochilando, porque agora havia uma quantidade abundante de pessoas atravessando os prédios.

Suando, respirando disfarçadamente, Kise passou o mais longe possível dos grupos, para não ser questionado sobre sua aparência, no caso lamentável, e tentou ir o mais afastado possível.

Enquanto passava ao lado de algumas salas, parte de si captou uma cabeça azul rapidamente virando em sua direção, mas ele ignorou, foi ainda mais rápido para outra direção. A última pessoa que o veria assim seria Kurokocchi.

Sua mão estendeu-se para a maçaneta do banheiro masculino menos utilizado da universidade e finalmente se viu sozinho quando encostou a porta atrás de si. Automaticamente sua mão foi ao rosto, e ele caminhou para dentro de uma cabine sem olhar para o espelho, mesmo porque ele não teria coragem. Era verdade que seu rosto continuava perfeito, mas por detrás da maquiagem toda, ninguém via as olheiras da noite anterior, nem o cansaço que ele escondia firmemente, como o profissional que devia ser. E nem ele veria as marcas, mas certamente se lembraria de que ele no fim era uma pessoa normal.

Kise verificou o local do crime e não se demorou muito mais. Antes que acontecesse uma daquelas cenas clichês quando a pessoa está fazendo algo errado e é pego no flagra. Certo, ninguém ia abrir a porta da cabine descaradamente, mas ele não queria mesmo ser visto naquele lugar abandonado, com a expressão afetada tão... Não ele.

-Hmf...

Para quem supostamente o visse agora, seria capaz de ver como as mãos delicadas do modelo eram grandes e fortes. Os dedos longos apertavam firmemente o meio da calça, esfregando de forma que só um homem faria, com vontade.

Ele já havia se sentado e aberto a cinta na velocidade que se tem quando se está bêbado, de forma que nem se percebe e nem se lembra claramente, e por cima da boxer cinza passou a mão inteira, sentindo, estimulando e respirando. Kise já estava ereto há um tempo, sem poder esquecer como havia sido incrível a rodada com o empresário na noite anterior e principalmente em como era fraco para o sexo.

-Hm...

O louro fechou os olhos, movendo os dedos, apressando-se. Nada no mundo o faria parar... Ele que estava cheio de pensamentos há tanto tempo. Ele só encontrava alívio quando fazia isso. Se fosse ser sincero, agora era o pior momento, era terrível, e ele só se sentia cada vez pior. Ele só queria chorar.

-Hah. –suspirou baixo, segurando a base e forçando os dedos com jeito para cima e para baixo, encontrando seu ponto máximo de prazer. Kise apertou seu estomago com a outra mão e sentiu tudo tremendo, suas emoções e seus instintos. Gemeu de novo. –Haa...

Logo que o suor ficou visível em seu pescoço, o orgasmo veio. Tinha sido jogo rápido, tinha sido pouco gozo. Ele nem estava orgulhoso nem frustrado por causa disso. Só uma sensação ruim o tomava depois de ceder ao seu hábito ruim. Ele só via um cara pervertido sem volta. Tudo o que ele precisava era de alguém abrindo os braços em sua direção, assim ele podia esquecer que amava incondicionalmente aquela pessoa e que, por outro lado, não tinha chance alguma com ela.

Kise mordeu os lábios. Ao fazê-lo sentiu dor, mas principalmente na área do peito, e depois ficou cego pela excitação novamente. Seu órgão no peito bateu mais forte e um espasmo o tomou de repente. No mesmo instante ele envolveu sua nova ereção e recomeçou o processo.

“Droga...”

Veio de novo. E ele gemeu estendendo a cabeça para trás, com a boca molhada de saliva e o desejo crescendo. Droga, não era suficiente. Estimulou-se mais, e foi capaz de afundar-se em seus pensamentos. Sentiu os lábios, os olhos sérios nos seus.

“Droga! Droga! DROGA!”

Ele não saiu dali por no mínimo uma hora e quando foi capaz de se recompor, engoliu em seco, segurando a vontade de chorar. Ele não mudava, não conseguia. Se conseguisse, ele nem sabia se seria ele mesmo. Mas o que podia fazer? Tinha estragado tudo. Estava estragando tudo desde o inicio. Alguém tinha que ajuda-lo, porque ele estava perdendo tudo, dignidade, amizade, amor. Tudo.

O louro abriu a porta com o ânimo de um morto-vivo. Se ele tivesse reencontrado Aominecchi estaria melhor, mas tinha que ser Kasamatsu-senpai?...

-Kise! Voc-...

Antes de terminar a sentença, o moreno arregalou os olhos. O pior era isso, parecia que ele tinha raio-x nos olhos, Kasamatsu parecia estar vendo tudo dentro dele.

-Meu Deus, Kise. –o senpai se aproximou, suprimindo sua habitual expressão rude. Bateu a mão no ombro do rapaz e fez uma careta quando Kise evitou olha-lo nos olhos. –O que foi agora? Não me diga que ainda está pensando naquilo.

Kise afastou-o gentilmente. Nunca seria capaz de ser indelicado com aquela pessoa tão terna.

-Estou bem.

-O caralho! –Kasamatsu exclamou, agarrando seu pulso e o puxou para o outro lado, que seria o caminho para os dormitórios.

Eles foram tão rápido que foi coincidência ninguém te-los percebido. A sorte era que muitos dos estudantes tingiam o cabelo de louro, então não era estranho confundirem Kise várias vezes.

O mais velho entrou no quarto com um pontapé e colocou Kise para dentro como um pai tirando a filha do namoradinho. O som da tranca foi o que fez o louro voltar-se em revolta.

-Kasamatsu-senpai!

-Kise. –Kasamatsu o repreendeu, cruzando os braços.

Mordendo os lábios por dentro, Kise tentou achar uma resposta. Era óbvio que o de olhos platinados queria saber por que ele estava com aquela cara e o que estava fazendo naquele horário.

-Eu estou bem, não é nada demais.

A sobrancelha grossa franziu. Sinal de perigo.

-Se não fosse nada, você não estaria com essa cara de quem vai chorar a qualquer momento. –Kasamatsu disse e se sentou ao lado do louro, colocando a mão na cabeça do rapaz. –Você pensa que engana quem?

Nessa hora Kise soltou uma risada amarga, gostando da sensação daquele toque.

-Admito que não dá pra te enganar senpai... -Kise respondeu em tom baixo, esfregando o braço nos olhos. Mal fez isso já sentiu as lágrimas, mas foram poucas e ele fungou forte só para o moreno não ver que ele estava acabado.

Kasamatsu por sua vez passou o braço por cima de seu ombro, puxando-o gentilmente para um abraço. Ele nunca tinha feito isso. Foi tão acalentador.

Kise tocou com seus dedos a mão do outro sem saber muito bem como eles se aproximaram tanto. A amizade deles começou do nada, descompromissada, e soava uma amizade de anos. Kasamatsu era uma família inteira e era tudo o que precisava agora.

A voz dele soou grave como de costume bem em seu ouvido. Kise se arrepiou um pouco, mas engoliu o desejo.

-Ei, você vai ficar bem. Não é seu problema, então pára de pensar nisso. -Kasamatsu segurou sua mão de volta enquanto dizia.

A mão era forte e inspiradora. Kise inspirou ar, convencendo-se que não podia mais perder tempo e paciência com problemas que não eram seus.

-Comigo, Kise. -Kasamatsu falou olhando em seus olhos, se agaixando à sua frente. O moreno segurou suas mãos com força, fazendo-o retribuir o olhar. -Você vai cuidar de si mesmo. Vai se preocupar apenas com sua alimentação, com seus estudos, com seus objetivos. Se precisar de ajuda, eu sempre vou estar aqui. Entendeu?

Kise assentiu ao mesmo tempo em que sorria mais animado.

-Você parece uma mãe, senpai.

O outro suspirou enquanto se levantava e dava um tapa leve na cabeça do louro. Seu sorriso foi pequeno, mas transbordava sentimentos.

-Hnf, claro idiota. Você continua sendo um bebezão, então alguém tem que fazer o papel da mãe. -Kasamatsu cuspiu as palavras como fazia nos treinos de basquete, no mesmo tom de capitão que ele sempre fora.

Kise se levantou também e quando o moreno estava para dar as costas, seus braços estenderam-se e capturaram Kasamatsu em um forte abraço. Seu queixo tocou-lhe o topo da cabeça, pois o moreno era realmente baixo comparado a ele, e seus dedos apalparam os braços grossos de jogador.

-Senpai, sankyu*. -Kise murmurou junto à orelha do veterano sentindo-o tremer em seus braços com força e vendo seus olhos abalados pedirem para que o soltasse, diferente do que as bochechas coradas pediam.

O louro sorriu agradecido, apreciando a face adorável que o capitão tinha quando era pego de surpresa. Soltou-o e rapidamente escondeu as mãos nos bolsos.

Por um instante, Kasamatsu o olhou curioso, mas deixou de lado seja lá o que estava pensando e fez um sinal com a mão.

-Vamos. Você não quer almoçar gyudon*? -Kasamatsu bufou, acenando para o louro segui-lo.

Kise suspirou. Não tinha certeza se conseguiria tirar da cabeça tudo o que estava acontecendo, mas era certo que enquanto estivesse com Kasamatsu pensaria menos. Então por enquanto não existiria Aominecchi. Por agora ele seguiria o conselho do veterano.

 

Dormitório Masc. - Campus Shirokane (Toudai), 11h22

Aomine Daiki

 

Ele se levantou da cama abruptamente.

Era impossível que Tetsuya não estivesse na universidade, que seu celular estivesse fora de área e que não tivesse vindo falar consigo. Ele estava zangado? Porque a única explicação para aquele tratamento gelado era a transa na festa.

-Você é um idiota. Vocês mal acabaram de fazer as pazes e você já sai comendo ele em público. -disse Takao em sua porta, rindo com tanta vontade que Aomine teve vontade de socá-lo até a morte. Não era porque a vida sexual dele era perfeita que precisava zombar dos outros assim.

-Cala a boca. -Aomine resmungou, jogando os cadernos para o lado e encarando o rapaz de óculos sentado polidamente em sua escrivaninha.

Como que indagado, Midorima Shintaro se pôs a falar.

-Kuroko é do tipo que ficaria furioso com isso. Você realmente passou dos limites, Aomine.

-Ele gostou. -Aomine só disse isso e pegou o celular para fazer a vigésima ligação no dia. -Fora de área!

-Não é porque gostou que ficou feliz. -Takao retrucou baixo, folheando uma revista de esportes. -Por que não vai atrás dele?

-Do que adianta se não vou poder falar em público com ele? -Aomine suspirou, paciente. Empurrando com os pés toda a papelada da cama. -Não sei se o Kise falou alguma coisa para o Kagami... Eles estavam muito amiguinhos quando vim trazer o Tetsu e os peguei conversando sozinhos.

-O que o seu amigo loiro tem a ver?

-Não sei ainda. Tetsu me pediu para não contar sobre a nossa relação em nenhuma hipótese, mas se esses dois estão sabendo de alguma coisa eu vou querer saber.

-Mas você contou pra gente. -Takao disse com indignação.

-Vocês são gays e não estudam mais. É diferente.

-De qualquer forma o que você vai fazer? Falar com o Kuroko é o mais importante agora. E tem que ser rápido, porque se você percebeu, ele está se afastando de você. -Midorima disse cruzando os braços. Ele estava falando sério.

Takao sorriu largamente, não perdendo a chance.

-Quem sabe até não encontrou outra pessoa...?

O moreno franziu as sobrancelhas e dizer que as palavras o tinham deixado irado era pouco. Automaticamente Takao congelou, segurando a respiração com o olhar penetrante, senão assassino do rapaz.

-Isso é impossível. -sua voz era um fio de timbre grave e rouco. Aomine nunca pareceu tão sinistro como naquele momento. -Kuroko me ama incondicionalmente e nada no mundo o faria esquecer-se de mim.

 

Aeroporto - Narita, 12h

 

Logo que o celular vibrou o rapaz viu o nome da instrutora por detrás das lentes escuras. Sorrindo levemente, ele ignorou a chamada. Tinha o endereço, então não precisava de mais nada.

 

Continua


Notas Finais


Yo minna-san! E então? Espero que tenham gostado - odiado - rs. O clímax se aproxima *3*
Se puderem deixem comentários, críticas sim? Nesse ponto da vida estou precisando de sugestões também. Mas mantenham em mente que estou escrevendo atualmente o capítulo 15 ok?
Um abraço e até mais!


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