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História Chocolate com menta - Capítulo Único


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


E ai galerinha? Moya não morreu HSAUSHAU mas a vida tá osso

Boa leitura!

Capítulo 1 - Capítulo Único


A vida de pro-hero pode ser o sonho de muitos, porém não é de fato tão gloriosa quanto os jornalistas fazem parecer, afinal o mundo real é muito mais complexo do que pessoas em perigo e heróis em ação.

É óbvio que existe um certo glamour na fama e no dinheiro, todavia viver em constante adrenalina pode descartar tanto mente quanto físico, e apesar de jovem, Katsuki havia descoberto certos limites de seu corpo.

— Você está liberado, Bakugou-kun, mas com algumas condições. — a fisioterapeuta disse a ele.

De braços cruzados e semblante sério, o robusto alfa escutou atentamente aos conselhos da profissional, sabendo que a sua saúde assim como o futuro da sua carreira estavam em jogo.

Era irônico como depois de anos fortalecendo a sua peculiaridade e “dando o seu melhor” para vencer, enquanto em sua mente se repetia aquele bendito jargão de sua antiga escola, o seu próprio “poder” estivesse se voltando contra si.

Afinal seus professores sempre o incentivavam a ultrapassar os seus limites ao que gritavam plus ultra, com exceção de Aizawa-sensei, que aparentemente era o único sensato.

De qualquer modo, não adiantava chorar pelo leite derramado, a lesão já havia sido feita, felizmente seus ombros que sofreram a maior parte da pressão de sua nova rotina como herói profissional, conseguiram se recuperar.

— É importante manter uma rotina de exercícios de fortalecimento.

Então lhe entregou um papel com alguns treinos e sugeriu que frequentasse a fisioterapia pelo menos duas veze por semana até a sua próxima consulta.

— Seria interessante fazer uma reavaliação daqui um mês.

Com uma breve reverência em agradecimento, Katsuki concordou com os termos da fisioterapeuta, contudo antes que pudesse lhe dar as costas e partir, um odor peculiar atingiu o seu olfato.

Um perfume que fez o seu alfa tremer em seu interior.

— Oh, Izuku-kun, como sempre adiantado!

A mesma mulher que havia lhe atendido agora conversava amorosamente com um jovem ômega, e apesar de odiar perder o seu tempo com ações supérfluas como observar um desconhecido, naquele instante o loiro se viu encantado.

O primeiro vislumbre que o jovem alfa teve foi de olhos grandes e que brilhavam como duas esmeraldas, depois ele encontrou pequenas sardas que enfeitavam a face do adorável ser que captara toda a sua atenção.

Até que o seu segundo em comando, afinal Katsuki era o líder alfa de sua matilha, decidiu lhe cutucar.

— Ei, Bakubro, você está bem?

Felizmente, Eijirou era bobo demais para notar o interesse dos orbes avermelhados, ainda que estivesse achando peculiar a atitude do melhor amigo.

— Estou ótimo, espeto. — resmungou uma resposta.

Com um breve rosnado, o loiro se viu com dificuldade para conter o seu lobo, tendo de lutar com os seus próprios instintos ao que sentia os caninos rasgando a sua gengiva.

Seria mentira dizer que nunca lhe ocorrera, afinal os lobos da família Bakugou eram conhecidos por sua rebeldia, todavia a última vez que Katsuki teve problemas em domar o seu lado animal fora quando ainda jovem.

— Seu merdinha. — reclamou consigo mesmo.

Contudo para a sua imensa sorte, o perfume daquele que incitara o seu lobo voltou a encher o seu nariz ao passo que a fisioterapeuta voltava a se aproximar.

— Sabe, Bakugou-kun, parte do trabalho de um prohero é dar atenção aos seus fãs.

Em um piscar de olhos, a fera do loiro se acalmou, seu olhar cravado no caderno impecável e cheiroso que lhe era oferecido, aberto em uma página coberta de anotações sobre Dynamight.

Seu alfa uivou em seu interior ao que Katsuki sorria orgulhoso, sabendo que aquele gracioso ômega sabia sobre ele, quer dizer, todo mundo conhecia o poderoso rei das explosões, mas havia algo naquelas anotações que o diferenciava dos outros.

— Oh! Bakubro tem um super fã! — então Eijirou fez o que fazia de melhor, interagir com desconhecidos com seu enorme sorriso de idiota.

Não, Katsuki não estava com ciúmes!

— E ae, bro, talvez você não me conhe-

— V-Você é o RedR-Riot, c-certo?

Parecendo tímido, o pequeno ômega manteve distância, ainda que tenha lhes oferecido um breve acenar com a mão direita, essa que estava coberta de cicatrizes, o loiro observou.

— Ele sabe quem eu sou, Bakubro!

A vontade de explodir o “parceiro” para longe era real, porém Katsuki – pela primeira vez em sua vida – estava pensando na impressão que deixaria em Izuku, sim, ele queria ficar gravado na mente daquele ômega.

Então com um longo respirar fundo, o loiro pegou o caderno das mãos da profissional, aproveitando para memorizar o cheiro maravilhoso do esverdeado ao que assinava o seu nome.

— Feito.

E antes que o ruivo pudesse ter a sua chance, Katsuki se atreveu a andar até o ômega, adorando a maneira que seus olhos duplicaram de tamanho ao que se via cara a cara com um dos heróis do TOP10.

— Você tem boas anotações aqui, ômega.

Abraçando o próprio caderno que lhe fora cuidadosamente devolvido, o esverdeado assentiu sem conseguir ao menos elaborar uma frase, além disso, a sua capacidade mental provavelmente falharia consigo.

— O-O-Obrigado. — engoliu em seco, receoso sobre ter se envergonhado.

Contudo, Katsuki não zombou de sua dicção, na verdade, o herói prosseguiu fitando-o com admiração, fazendo o esverdeado se sentir o ômega mais bonito do mundo, pelo menos até o alfa ruivo interrompê-los.

— Bro, não é nada másculo intimidar os seus fãs.

Dessa vez, foi quase impossível frear o seu lobo que rosnou para o seu segundo em comando, facilmente o colocando em seu lugar e apenas relaxando quando ouviu certo riso gracioso.

— Cara, você é simplesmente adorável!

Eijirou e sua falta de bom senso conseguiram envergonhar o pobre ômega, e embora o loiro estivesse com raiva do amigo por tê-los interrompido e causado tanto constrangimento ao seu futuro companheiro.

Porque sim, Katsuki faria deste ômega o pai dos seus filhotes.

O alfa tinha de admitir que ele estava certo, Izuku era fodidamente adorável.

— Ignore esse otário. — lançou um último olhar de aviso ao ruivo. — Ele só está tentando ganhar a sua atenção.

— Como se você não estivesse tentando fazer o mesmo, Bakugou.

Uma voz familiar fez o seu lobo rosnar em seu interior e quando Shindo entrou em seu campo de visão, Katsuki desejou explodi-lo para bem longe, ou melhor, seu alfa adoraria rasgá-lo em pedacinhos.

Algo naquele sujeito, naquele jeitinho de superior... merda, o loiro queria destruí-lo.

— Vá fazer a sua rotina de exercícios.

— H-Hai!

Entretanto, antes que o belo ômega se fosse, Katsuki acabou tocando em seu pulso, bem acima de uma das suas glândulas odoríferas, o que fez Izuku suspirar ao que seu rosto se tingia de vermelho e uma onda intensa de seu cheiro fosse liberada.

Foi como ser banhado pelas águas do paraíso.

— Merda.

Shindo resmungou sabendo da falta de controle do irmão, porém antes que pudesse afastá-los, Katsuki o interrompeu com um rosnado, mas logo se recompôs, sorrindo para o pequeno ser que ganhara toda a sua admiração.

— Não se preocupe, Izuku, você não fez nada de errado.

—  Maravilha. — o moreno resmungou, assistindo a interação alheia.

E o loiro adoraria tê-lo mandado “ir se fuder”, contudo seu lobo estava todo animado em sua mente, quase ronronando como um filhote.

— O que acha de eu te levar para almoçar?

Sem palavras, o ômega trocou um rápido olhar com seu irmão, acabando por se afastar de Katsuki, recusando educadamente o seu convite antes de forçar os pés a se moverem para longe.

Ainda que decepcionado, o alfa não deixou de observá-lo, notando como Izuku andava com dificuldade, seu lado direito parecia mais lento e fraco do que o esquerdo.

— Deixe-o em paz, Bakugou. — Shindo avisou, parando ao seu lado. — Você só iria machucá-lo.

Algo na voz do moreno fez o loiro recuar, talvez fosse o medo de que ele estivesse certo, de que de alguma maneira Katsuki fosse capaz de brincar com os sentimentos daquele ômega... assim como fizera com algumas pessoas quando era criança.

Ele não era perfeito, inferno, ele sabia que era péssimo em demonstrar sentimentos, mas Katsuki estava se esforçando, até mesmo formara uma matilha e estava genuinamente interessado em cortejar o esverdeado.

E talvez por isso, ele escolheu ir embora, ignorando as perguntas de seu melhor amigo ao que caminhava para fora da clínica, o som de carros e pessoas irritando o seu lobo que somente desejava uma coisa:

Se afogar no odor de chocolate com menta que só aquele ômega possuía.

#

Katsuki sabia que o veria novamente em sua próxima sessão de fisioterapia assim como estava ciente de que não estava enganado sobre a ligação que tivera com o esverdeado.

Quer dizer, ele ainda não havia mencionado aos membros de sua matilha, principalmente porque sabia a confusão que os patetas fariam.

Inferno, só de imaginar como aqueles idiotas iriam constrangê-lo... lhe dava dor de cabeça.

— Bando de amebas. — resmungou ao que marchava pela cidade.

Dynamight enfim havia voltado a patrulhar, ainda que acompanhado da felicidade em pessoa, vulgo Togata Mirio, e suas piadas sem graça. Merda, ele já sentia falta da fisioterapia.

Pelo menos veria Izuku amanhã, pensou consigo mesmo, um sorriso pintando em sua face rabugenta até que o celular de ambos apitou, avisando de um crime nos arredores.

Sem dizer nada, ambos os heróis correram para o local, tão logo encontrando um homem de pele alaranjada e braços coberto de penas fazendo uma jovem de refém.

— Verme covarde. — Katsuki rosnou, mas o outro herói decidiu tomar a frente, usando a sua simpatia.

Insatisfeito, mas consciente da vida que estava em jogo, o loiro manteve a sua posição, isso até sentir aquele cheiro... e seu lobo entrou em ação. Em menos de três segundos, ele o achou agachado próximo a uma criança, a filha da vítima o loiro supôs devido a aparência.

— Os heróis chegaram. — ele murmurou, sorrindo para a menina. — Tenho certeza de que eles salvarão a sua mama!

A criança nada disse, apenas o abraçou com mais força, provavelmente sentindo-se segura com o perfume do outro ômega, e se alguém ousasse dizer que Katsuki ficou com ciúmes, seria enterrado a sete palmos.

Com um breve sorriso, Izuku tentou se erguer com a criança em seus braços, mas como imaginado sua perna direita não parecia disposta a obedecer, felizmente o loiro chegou ao resgate, segurando-o cuidadosamente ainda que de maneira firme pela cintura.

— Ei.

Exibindo um belo e charmoso sorriso, Katsuki assistiu as bochechas do esverdeado se tornarem róseas, fazendo as sardas se destacaram em sua pele e o perfume de chocolate com menta fluir por seus poros.

Céus, ele cheirava divino.

D-D-Dynamight-san.

E incrivelmente adorável.

— Ao seu dispor. — seu lobo apreciou a atitude. — Que tal eu levar vocês a um local mais seguro?

O tímido ômega respondeu com um breve “uhum”, não parecendo se opor com o caloroso afago que os dedos de Katsuki prosseguiram fazendo em sua cintura ao que o escoltava para um café.

Quanto a criança, parecia que a exaustão e o medo haviam gastado toda a sua energia, e agora ela dormia pacificamente no peito do esverdeado, fazendo o alfa de Katsuki aprová-lo como pai de seus filhotes.

Oh, merda, agora o loiro queria prover, pior, ele queria fornecer todos os tipos de matérias de nidificação que Izuku pudesse sonhar em querer.

— Você quer algo para beber?

De início, o esverdeado pensou em negar, mas depois de toda a adrenalina mais o esforço em confortar aquele filhote, ele merecia algo para repor as energias.

— Chocolate quente.

Ainda que tenha falado pausadamente, Izuku estava feliz por ter conseguido proferir perfeitamente, ainda mais se tratando da sua bebida favorita. Afinal, ele tinha bastante dificuldade em proferir grandes frases e sua dicção poderia ser um desastre se não soubesse exatamente o que gostaria de dizer.

O ômega não se lembra ao certo quando os problemas começaram, mas tão logo quando sua fala foi comprometida, outros sentidos também foram assim como sua capacidade motora de seu lado direito.

Até mesmo a sua mania de murmurar sozinho – algo que as outras crianças diziam ser irritante – acabou se perdendo já que ele mal conseguia falar direito.

— Ela parecia bem apegada a você. — o herói comentou, totalmente alheio aos olhares curiosos. — Você conhece a mulher que foi feita de refém?

Ele negou antes de engolir em seco, preparando-se para falar.

— P-Parecia assust-tada. — explicou, seu olhar suavizando ao fitar a garotinha adormecida. — Sozin-nha.

Bonito. Cheiroso. Gentil. Este ômega era perfeito, Izuku era o tesouro mais precioso de todos e Katsuki seria um idiota se não investisse, quer dizer, até mesmo o seu lobo estava disposto a alguns sacrifícios para impressionar o macho menor.

— Você fez bem, ômega.

Envergonhado ainda que timidamente cativado, o olhar do esverdeado se encontrou com o seu, e foi impossível não sorrir com a maneira dócil que Izuku agradeceu por sua bebida.

Infelizmente, antes que Katsuki pudesse aproveitar mais da companhia de seu futuro companheiro, alguns policiais vieram avisá-los que a mãe estava à procura de sua filha.

Ele até tentou convencê-lo, ansioso para acompanhá-lo até em casa, mas Izuku foi firme em sua decisão, algo sobre ultrapassar os seus limites diários de caminhada.

E que não gostaria de interromper o trabalho do herói.

No fim, Katsuki o deixou ir, ou melhor, permitiu que o esverdeado pensasse que o havia despistado, mal sabendo que o alfa garantira a sua segurança lá de cima, satisfeito – por enquanto – em apenas observá-lo.

#

A terceira vez que o loiro teve o prazer de ver Izuku foi – como imaginado – em sua sessão de fisioterapia, dessa vez ele não se surpreendeu quando o perfume divino inundou o seu nariz, mas ainda mesclou todos os seus sentidos, quase o fazendo suspirar encantado.

— Ei.

Já familiarizado com os encantos do loiro, o ômega ofereceu um breve acenar antes do corpo alto e relativamente musculoso de seu irmão escondê-lo do olhar alheio.

— Exercício. — praticamente ordenou.

Um pouco receoso, Izuku o obedeceu ainda que tenha se atrevido a lançar um último olhar em direção ao belo alfa de fios loiros.

— Talvez você esteja com problemas em entender, então vou tentar outra língua, Bakugou. — Shindo se aproximou de braços cruzados. — Fuck. Off.

Com um rosnado, Bakugou não se intimidou com a ameaça do outro alfa e eles provavelmente teriam lutado por domínio por horas se o pequeno e tímido ômega não tivesse se intrometido.

— V-Vocês... assustand-do...

Então seus olhares seguiram para onde seu indicador apontava, um grupo composto por três crianças tremendo e prestes a chorar enquanto a fisioterapeuta tentava tranquilizá-los.

— Ótimo.

O moreno reclamou antes de marchar para longe do outro alfa, mas não sem antes arrastar o irmão consigo, o que apesar de ter sido uma atitude grosseira com o esverdeado, Shindo ainda teve o cuidado de não o forçar demais.

Sabendo de suas limitações.

— Fique longe dele, entendeu, Izuku?

Ordenou, mas ele soube que já era tarde demais pelo brilho no olhar do irmão.

— Ele vai te machucar. — suspirou, seu lobo o fazendo recordar do passado. — Assim como eu já o fiz. — sussurrou, mas não baixo o suficiente para que o esverdeado não escutasse.

 

Izuku sempre fora um bebê esperto e uma criança amável, logo que deu os primeiros passos, tomou o irmão mais velho como a figura mais importante da casa. Afinal, com a mãe vindo a falecer durante o parto e o pai deveras ausente, Shindo se tornara seu tudo.

Ele o seguia como um bendito filhote de cachorro, ouvindo cada uma das suas ideias idiotas e rindo de suas piadas tolas, o esverdeado era o seu pequeno tesouro, o irmão que ele jurou proteger.

Até o dia em que a sua peculiaridade surgiu e as ideias de seu próprio pai encheram a sua cabeça.

 

— Shin. — Izuku agarrou uma de suas mãos, fazendo o seu melhor para pressioná-las juntas ainda que lhe faltasse força. — Amo.

— Você é um tolo por isso. — ele se afastou, fingindo não ver o olhar ferido de seu irmão. — Eu não mereço o seu perdão, Izuku, quem dirá o seu amor.

E então se foi, deixando-o sozinho para mais uma sessão de fisioterapia, mais uma hora de exercícios que só serviam para fazê-lo perceber a sua própria fraqueza.

Para a sua sorte, havia um outro alfa muito atento as suas necessidades e assim que o seu cheiro azedou, Katsuki estava ao seu lado.

— Ei.

Dessa vez não havia segundas intenções nem nada, era só um homem preocupado com alguém que lhe era estimado, e antes que qualquer um deles pudesse prever, Izuku se viu chorando nos braços de um quase desconhecido.

#

Depois daquele dia, Katsuki demorou uma semana inteira para vê-lo novamente, e para a sua tristeza, o esverdeado parecia mais magro e sem o brilho em seu olhar.

Sem nem pensar, o loiro se aproximou e o abraçou, não se surpreendendo quando o ômega cedeu em seus braços, então sem reclamar, ele o pegou em seu colo, cuidadosamente o carregando até o sofá que havia em uma das salas mais privadas.

E com a ajuda de seu próprio odor calmante, o alfa ajudou o macho menor a dormir, cantarolando alguma música estúpida de sua infância ao que assistia o esverdeado lutar contra o cansaço de sabe-se lá quantas noites mal dormidas.

Inferno, Katsuki iria esfolar o moreno vivo.

Felizmente, o loiro não precisou procurá-lo, já que Shindo veio ao seu encontro, mas ao invés de enfrentá-lo com sua pose de superior, o outro suspirou e então perguntou quais eram as suas intenções com o esverdeado.

— Eu vou me casar com o seu irmão.

A seriedade alheia foi tanta que Shindo se viu rindo, na verdade, o moreno teve a audácia de gargalhar.

— Escute aqui seu filho d-

— Deixe sua sogra fora disso, Bakugou.

Se Izuku não estivesse dormindo pacificamente logo ao lado, ele o teria explodido para bem longe.

— Foda-se. — rosnou. — Eu quero saber que porra você disse ou fez com ele.

Shindo não era idiota, ele sabia que o loiro se referia ao que ocorrera na semana anterior, porém hoje o moreno testaria o quão dedicado ao seu irmão o outro alfa estava.

Então ele lhe contou sobre o passado.

 

Ninguém nasce sabendo usar a peculiaridade, ainda mais quando a sua é forte o suficiente para paralisar o próprio corpo, todavia o pai de Shindo decidiu que incentivar o filho mais velho a treinar em seu irmão mais novo fosse uma boa ideia.

No começo, o moreno fez o que o pai pediu, ainda que não compreendesse as consequências do uso excessivo de seu “poder”, então os anos se passaram e enquanto Shindo aprendia mais e mais sobre a sua peculiaridade, Izuku prosseguia o seguindo com um sorriso em seu rosto.

Até o dia em que o lado direito de seu rosto parou de se mover.

Foi uma vizinha que os levou ao hospital depois de ouvir os gritos desesperados do irmão mais velho, todavia tudo ficou mil vezes pior quando o médico explicou o que havia acontecido.

Seu inocente e pequeno tesouro havia sido quebrado e ele era o culpado, ou melhor, o “poder” que ele e o pai tanto se orgulhavam havia machucado Izuku.

 

— Meu pai nunca superou a morte da sua esposa. — explicou, ainda que não fosse desculpa. — E, agora eu vejo, que ele culpa Izuku por isso.

— Ele mal tinha completado quatro anos. — Katsuki cuspiu a verdade. — Você fodeu o desenvolvimento dele.

— Eu sei. — confessou. — Eu fui uma criança tola que queria impressionar o pai.

Enfurecido, Katsuki assistiu a “máscara” do outro alfa cair, toda aquela pose de superior se derretendo ao que seus olhos se enchiam de lágrimas e o arrependimento se mostrasse no cansaço de suas olheiras.

— Eu achava que me tornando mais forte, eu poderia protegê-lo... além de que Izuku nunca reclamou, nem uma vez se quer.

— Óbvio que ele nunca reclamaria, seu idiota! — o alfa do loiro rugiu em seu interior. — Você era e ainda é tudo pra ele!

— E você acha que eu não sei?!

Foi a vez de Shindo gritar, finalmente deixando a raiva de si mesmo emergir, desabafando todos os seus arrependimentos e praguejando sobre o quanto ele havia fodido com o futuro de seu amado irmão.

— Tudo que ele sempre quis foi ler aqueles quadrinhos estúpidos do All Might, mas ele não consegue... e por culpa minha! — rosnou, desferindo um soco na parede mais próxima. — Ele mal consegue dizer All Might.

Ele ainda se lembra de como Izuku continuou o fitando com aqueles olhos enorme e brilhantes, silenciosamente pedindo que nunca o deixasse, e foi exatamente o que Shindo fez.

Pagando por cada tratamento, levando-o a cada sessão de fisioterapia e cuidando-o em sua própria casa.

— A minha vida gira em torno das suas necessidades, Bakugou, então eu lhe pergunto. — ele o encarou. — Você está pronto para todos esses sacrifícios?

— Não me confunda com você, seu merda. — retrucou, lutando muito para não pular no pescoço alheio. — Eu jamais o machucaria.

— Eu fui uma criança estúpida, Bakugou, mas posso apostar que sou um adulto mil vezes mais responsável que você.

Katsuki estava pronto para rebater quando o perfume de Izuku veio acalmá-los, seguido do toque gentil e caloroso de seus dedos.

— Shin. — a voz também saiu extremamente gentil, fazendo os lobos relaxarem. — Não f-foi sua... s-sua culpa.

— Bestei-

— M-Mas eu per-rdoou você. — cada palavra era uma luta, mas nenhum deles se atreveu a interrompê-lo. — P-Porque amo voc-cê.

De punhos cerrados, Shindo observou o esverdeado caminhar até si, cada passo sendo cuidadosamente calculado enquanto um belo e amável sorriso se formava em seus lábios.

— Shin é f-f-família.

Como se não fosse suficiente, Izuku decidiu tentar recitar aquela frase estúpida de um dos seus filmes favoritos, obrigando o irmão a dizer por si.

— Ohana que dizer família. Família quer fizer nunca esquecer ou...

— Ab-bandon-nar.

Era óbvio que Shindo havia se arrependido, inferno, ele ainda se ressentia pelo que havia causado ao irmão, todavia o ômega jamais o culpou pelo que aconteceu, Izuku nunca ao menos pensou em se vingar.

Para ele, o moreno nunca deixaria de ser o seu amado irmão e a sua única família.

— Você venceu. — o alfa murmurou, tentando engolir o choro. — Seu merdinha astuto.

Isso fez o macho menor rir, requisitando por um abraço de Shindo antes de voltar-se ao loiro, seu jeitinho adoravelmente tímido obrigando Katsuki a abraça-lo, erguendo-o do chão com facilidade.

— Bakugou!

O moreno rosnou, mas Izuku tranquilizou o irmão com o seu riso, afinal ele estava adorando os mimos e estaria mentindo se não estivesse ansioso pelo cortejo que o loiro parecia tão ávido em lhe fornecer.

— Kacchan.

Ele murmurou todo dengoso, acabando com toda a pose de macho alfa do loiro que se viu, uma vez mais, forçado a ceder aos encantos alheios.

— Espero que esteja pronto para o nosso primeiro encontro, ômega.

E quando Izuku aquiesceu com seu lindo e gentil sorriso, Katsuki soube que havia encontrado a flor mais bela de todas.


Notas Finais


Galerinha linda, eu tenho duas dúvidas e ficaria muito feliz se vcs me respondessem

1) Pq ainda não existe uma opção de universo ABO nesse site?
2) Alguém aqui usa o patreon ou já pensou em utilizar? Eu digo de pagar para usufruir da arte/história de alguém q vc goste?

AHHHHHHHHHHHHH gostaria de ressaltar também que a capa foi feita pelo digníssimo @GhostHaunt <3


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