História Choose Your Fighter - Taekook e Yoonmin - Exposição de Artes

"A raiva não pode ser superada pela raiva. Se uma pessoa demonstra raiva de você, e você mostrar raiva em troca, o resultado é um desastre."

— Dalai Lama

— Isso não sai — reclamou Bia do banheiro, esfregando a toalha manchada de azul no cabelo.

Jungkook estava sentado na cama da garota pensativo e levantou o olhar quando a nadadora surgiu do banheiro com uma carranca indignada. O jogador mordeu os lábios, evitando a pequena risadinha que ameaçou sair e deu leves batidinhas no colchão.

Bia se sentou na beira da cama e se virou ainda emburrada, deixando o melhor amigo secar seus cabelos ainda com pequenas tonalidades de azul.

Suas bochechas, mãos e pés ainda tinham a cor impregnado e embora tivesse ficado boas horas debaixo do chuveiro, esfregando a pele irritada devido ao sal, o tingimento simplesmente não saia.

— Não está tão visível — disse Jeon, tentando tranquilizar a garota, mas Bia estava ocupada demais resmungando sobre o ocorrido.

— Ela arruinou tudo! — esbravejou entredentes, lembrando-se do ocorrido. — Minha pele está toda vermelha e arrg! — se sacudiu irritada e Jungkook piscou surpreso.

— Está doendo? — perguntou preocupado.

O rapaz conseguira tirar grande parte da tinta do corpo por ter saído da  piscina depressa, diferente da nadadora que ficou submersa por bons minutos. Mas ainda conseguia sentir a ardência no corpo.

Definitivamente, temperatura baixa e sal não eram boas combinações. Mas Jungkook suspeitava que Gigi, melhor amiga de Taehyung, sabia exatamente o que estava fazendo.

— Não mais, eu só preciso passar um pouco de hidratante — suspirou, desviando o olhar de seu colo para o melhor amigo e sem dizer nada indicou a escova sobre o criado mudo.

Jungkook sorriu de lado e pegou o objeto, penteando os cabelos cheios da garota calmamente.

— Vamos revidar, amanhã mesmo pensarei em algo à altura — disse Jeon e Bia negou com a cabeça.

— Não vamos fazer nada — disse séria e antes que o rapaz pudesse protestar, continuou: — ainda.

— Como assim?

— Eu ainda estou azul, Jungkook! Enquanto essa tinta toda não sair vamos esperar, eu quero estar presente para ver aquela garotinha se ferrar.

Jeon suspirou, compreendendo.

— Então é isso, não vai as aulas?

— Não desse jeito! — reclamou. — Então deixe que eles pensem que estão seguros... Assim que eu pensar em algo ruim o bastante para fazer contra aquela garota, nós damos o troco — disse convicta.

— Você quem manda... Mas ainda assim, quero fazer algo, agora! — grunhiu, contendo a raiva que ainda se instalara dentro de si.

Uma coisa era sua intriga com Taehyung, outra era o rapaz se envolver e prejudicar sua melhor amiga. Eram situações completamente diferentes e Gigi iria pagar por isso.

— Você não vai encostar em um fio de cabelo daquela garota — disse Bia séria e Jungkook franziu o cenho.

— Eu não pretendia bater nela — respondeu, sentindo-se insultado.

— Eu sei que não, mas me refiro a vingança, se eu não participar, então não faça nada.

— Podemos fazer algo contra Taehyung... — murmurou e Bia deu de ombros. — Ou Seokjin ou...

— O diretor Park — disse Bia, de repente. — com o cancelamento do campeonato, senhor Min perdeu muito dinheiro e com certeza acabou prejudicado.

— Precisamos fazer algo para recuperar a grana para ele — disse Jungkook, pensativo. — tipo uma festa.

— É uma boa ideia, vamos falar com o pessoal — concordou a menina. — podemos cobrar pelos ingressos.

Jungkook meneou a cabeça, mesmo que a garota não pudesse enxergá-lo.

— Bom, eu preciso ir — disse sorrindo, acenando para a amiga.

Bia suspirou cansada e se jogou na cama, grunhindo ao notar algumas manchas azuladas em suas mãos.

— Você ainda me paga... 

***

Taehyung estava sentado no chão apoiado à parede lisa, observando Gigi terminar um e seus quadros para a exposição de artes que haveria naquela semana. Os valor arrecado pelos quadros vendidos seriam entregues ao diretor Park, para que pudesse ajudá-lo na compra do campus.

Todos os alunos concordaram com a ideia do diretor e além de quadros, haveriam fotografias e esculturas para serem vendidos ou leiloados.

— O que está pintando? — o Kim perguntou curioso e Gigi abriu um sorriso meigo, pedindo que se aproximasse.

Taehyung arfou ao notar a bela paisagem de uma cachoeira, no topo, havia um pequeno casebre bem detalhado e uma garota de vestido amarelo florido se encontrava de pé, próximo ao pico da cachoeira, olhando o horizonte.

Taehyung sentiu um misto de emoções lhe atravessarem ao vislumbrar o belo quadro inacabado e com um sorriso orgulhoso indicou a garota da pintura.

— É você? — perguntou e Gigi negou, os olhos voltados a mistura de tintas ao seu lado.

— É a garota de uma história que li recentemente. — comentou e Taehyung franziu o cenho. — também me lembra uma lenda antiga — continuou a menina, sorrindo de canto.

— Que lenda?

— A de uma jovem que saltou do pico de uma cachoeira para salvar seu povo de uma doença — explicou, indicando o quadro e Taehyung piscou surpreso.

Era uma lenda triste, pelo visto. E não se surpreendia pelo motivo de Gigi estar ilustrando-a, isso era um dos motivos que tornava seus desenhos e pinturas incríveis.

— E o casebre? — indicou.

— É parte da história que li — murmurou. — não posso entrar em detalhes agora Tae.

— Certo, desculpe — Taehyung sorriu. — o que acha de, depois que terminar, irmos tomar sorvete?

— Você paga? — ela ergueu o olhar divertido e Taehyung concordou. — Então termino em um instante.

***

— Exposição de artes?  — perguntou Jungkook, sentando-se de frente a Yoongi, confuso.

O diretor Min concordou, entregando um pequeno panfleto ao jogador.

— Jimin pretende arrecadar dinheiro com a venda de quadros, esculturas e essas coisas todas — explicou o mais velho. — preciso que me ajude a arruinar essa feira.

Jungkook piscou em compreensão, sorrindo de canto.

— E o que tem em mente?

Yoongi sorriu de canto, piscando animado.

— Lhe direi exatamente o que precisam fazer... — murmurou. —os alunos de Jimin me fizeram ter um grande prejuízo no campeonato de natação, está na hora de revidar, estou cansado de ficar de braços cruzados.

Jungkook concordou, sorrindo animado.

Prometera a Bia que não fariam nada contra Gigi diretamente, mas nada o impedia de prejudicá-la da mesma maneira e levar a feira de vendas dos estudantes da Fairy ao desastre.

— Farei exatamente o que me disser, diretor.

***

— E quando será isso? — perguntou Namjoon, ocupado com suas anotações para o treino do time da semana.

O Kim era o assistente do técnico do time, e ajudava o homem a criar estratégias de ataque e defesa. Diferentes da maioria dos estudantes, que queriam ingressar na carreira de atleta, Namjoon desejava ser treinador ou professor de educação física.

— Amanhã na hora do almoço — respondeu Jungkook, apoiando no batente da porta.

— Tudo bem, pode contar comigo — respondeu por fim, sem tirar os olhos dos papéis.

Jeon saiu sem se despedir e caminhou em direção ao campo, onde seus colegas gritavam uns com os outros. Não era uma briga ou discussão, estavam, à sua maneira, conversando.

— Pessoal — Jungkook os chamou, parando no meio de Jackson e Jaebum que se provocavam. — preciso da ajuda de vocês.

— Vamos socar a cara dos estudantes da Fairy? — perguntou o Wang e todos os atletas riram e concordaram

Jungkook fez uma careta e negou, fazendo os jogadores resmungarem baixinho.

— Vamos fazer algo contra eles sim, mas sem violência. — pediu, ignorando o falatório de outros jogadores. — o diretor Min me pediu pessoalmente que acabássemos com a feirinha que vai rolar amanhã.

Jackson sorriu animado.

— Pode contar conosco.

Jeon sorriu entretido e se aproximou de seu time, dando-lhes instruções do que seria feito.

— Mas que droga — grunhiu Jungkook, jogando o celular na cama.

Acabara de ter uma "conversa" com Taehyung e o Kim estava determinado a conseguir seu violoncelo o quanto antes. Então, antes que se desse conta, a campainha estava soando alta e irritante pela casa e Jeon se levantou a contra gosto, resmungando enquanto arrastava os pés em direção a porta.

— Filho da puta — sibilou, assim que avistou o Kim parado com os olhos fixos no celular.

Taehyung ergueu o olhar e abriu um sorriso quadrado, ignorando o comentário anterior, entrando na casa despreocupado.

Jungkook bufou baixinho e pediu que o Kim o seguisse em direção à sala, onde o violoncelo se encontrava apoiado sobre a cômoda e observou Taehyung correr até o instrumento e acaricia-lo como se fosse um cachorrinho felpudo.

O atleta ficou ali, parado, esperando Taehyung parar de analisar o objeto com carinho imenso e colocá-lo nas costas, depois e encapá-lo.

— Vamos ou não? — resmungou e Taehyung concordou, olhando para o pai de Jeon que surgira da cozinha e olhou para os dois garotos surpreso.

— Olá, senhor Jeon — disse Taehyung educado e o homem o cumprimentou com um sorriso de canto. — eu e Jungkookie vamos levar meu violoncelo para trocar as cordas — indicou o objeto nas costas e o homem concordou.

Jungkook fez uma careta ao ouvir o apelido falsamente carinhoso e resmungou quando seu pai saiu, deixando-os à sós.

— Jungkookie? — olhou para Taehyung que apenas sorriu de canto, cínico.

— Ora, estamos indo levar meu violoncelo para o concerto juntos — disse o Kim. — então somos amigos, sabe, brothers — riu Taehyung, dando ênfase no 'amigos'.

Jungkook revirou os olhos e trancou a porta, colocando as mãos no bolso da calça, indo em direção a garagem.

— Você tem um carro? — perguntou Taehyung e Jungkook negou. — Então porque...

— É do meu pai, vamos com ele — disse por fim, pegando a chave do veículo pendurada na parede.

— Por quê?

Jungkook bufou, irritado apenas ao ouvir a voz rouca do Kim, que não sabia ficar calado.

— Não vou a pé até lá — disse por fim, destrancando o veículo.

Taehyung não disse nada e deu a volta no carro, colocando o violoncelo no banco de trás, depois sentou-se no banco ao lado do motorista.

— Você é um atleta e está com preguiça de andar? — provocou o mesmo, incapaz de ficar calado e segurou o riso quando, mais uma vez, Jungkook bufou irritado.

Estava claro que sua presença o incomodava, e isso apenas o divertia ainda mais.

— Se formos caminhando até lá levaremos trinta minutos — disse, ligando o carro. — agora, se eu for dirigindo, será dez minutos ou menos e quanto menos tempo eu passar ao seu lado, melhor para você.

Taehyung riu soprado, colocando o cinto de segurança.

— Isso é uma ameaça? — perguntou entretido.

— Pode ter certeza que é, sim — concordou Jungkook, saindo da garagem, observando o portão baixar lentamente. — agora, fique quieto, sua voz me irrita.

Taehyung ergueu as sobrancelhas e sorriu.

— Engraçado ouvir isso — murmurou baixinho, tornando o timbre de sua voz ainda mais grave. — geralmente, costumam dizer que minha voz é atraente — disse, lançando um olhar interrogativo a Jungkook que franziu o cenho.

— Não acredite em tudo que dizem pra você — respondeu, fazendo uma pequena curva à direita.

— Então não devo acreditar nas ofensas que me dirige? — provocou.

— Todos, exceto eu. — grunhiu Jeon e Taehyung riu soprado.

— Você é divertido Jungkookie...

— Não me chame assim — resmungou, diminuindo a velocidade do carro e Taehyung piscou, notando que já haviam chegado.

O Kim suspirou e saiu do veículo, pegando o violoncelo no banco de trás. Jungkook não moveu um músculo para ajudar o rapaz e com as mãos no bolso e uma distância razoável, entrou no estabelecimento, onde uma música clássica e baixa soava.

Taehyung abriu um sorriso e cumprimentou  a mulher que se aproximou dos dois e explicou o ocorrido, seguindo a funcionária em direção à uma prateleira cheia de objetos de instrumentos que Jungkook não conhecia.

O atleta ficou em silêncio durante todo o momento em que Taehyung conversava com a mulher, sem tirar os olhos do rapaz que sorria animado enquanto falava sobre alguma música com nome estranho.

Ele poderia facilmente concordar que o Kim era bonito ou até mesmo atraente, se não sentisse vontade de socá-lo à cada segundo sempre que lembrava do ocorrido no campo de futebol ou no corredor da Seagull, segurando suas roupas, enquanto ria de sua vergonha.

Antes que pudesse notar, Taehyung estava a sua frente sorrindo de canto, com as mãos estendidas.

— Não vou dar a mão pra você — reclamou Jungkook fazendo uma careta e Taehyung piscou confuso e começou a rir.

— Vejo que estava em outro mundo Jungkook — disse. — eu quero o dinheiro, para pagar o concerto.

Jeon piscou em compreensão e desviou o olhar do violoncelista, pegando a carteira, entregando-lhe algumas notas de dinheiro.

— Não precisa de tanto, apenas quinze dólares — disse o Kim, devolvendo-lhe algumas cédulas.

Jungkook franziu o cenho.

— Eles me disseram que era uns vinte ou trinta dólares, dependendo de quantas cordas foram danificadas.

— Ah, sim — concordou o Kim. — mas Ashley me deu um desconto — sorriu quadrado mais uma vez, inocente, como se não tivesse notado que, provavelmente estava sendo paquerado pela funcionária do local.

Jungkook deu de ombros, agradecido por poupar alguns dólares e esperou que Taehyung fosse até o caixa, voltando a conversar animado com 'Ashley'. A mulher desviou o olhar do Kim para o jogador e o indicou com o dedo, Jungkook fez menção de se aproximar, imaginando que a mesma gostaria de falar consigo, mas parou ao ouvir Taehyung rindo.

— Não, ele não é meu namorado — respondeu e Jungkook se manteve calado, se aproximando irritado do Kim.

— Podemos ir? — reclamou.

A última coisa que queria era ser confundido com o namorado do rapaz. Ser insultado seria melhor.

Eles retornaram em silêncio até a casa de Jungkook, que não se dispôs a oferecer carona à Taehyung até a própria e o Kim não esperava que o atleta fosse fazê-lo de qualquer forma.

— Bom... Valeu — agradeceu Taehyung e Jungkook deu de ombros, indo até a porta.

Assim que entrou, soltou a respiração que sequer havia notado ter prendido, tentando conter a vontade de começar outra discussão com o violoncelista sempre que o mesmo tentava puxar assunto.

Falar sobre o clima ou a música que tacava na rádio não faria Jungkook se esquecer do que fizeram a sua melhor amiga e, caminhando lentamente em direção à cozinha, sorriu ao receber uma mensagem de texto de Namjoon, informando-o que tudo já estava preparado.

***

— E como foi? — perguntou Gigi, caminhando ao lado de Taehyung. Haviam acabado de sair da aula de história da arte, unica matéria que tinham juntos e o Kim lhe contara que saira com Jungkook.

— Estranho... — murmurou, pensativo. — eu tentei puxar assunto, para, você sabe, não levar um soco, mas foi como se a cada palavra que eu dissesse ele sentisse mais vontade de me bater — disse, fazendo uma careta.

Gigi riu baixinho.

— Eu até entendo ele, você consegue ser insuportável quando não quer — disse a garota.

— Bom... Eu pensei que seria melhor que ficar quieto e do nada levar um soco — reclamou, fazendo Gigi rir novamente. — o que foi?

— Você tem medo dele — constatou.

—E você não?

A menina deu de ombros.

— Ele jamais tentaria socar minha cara, então, a não ser que faça algo indiretamente, posso lidar com isso — respondeu séria e Taehyung a observou com cautela.

— E da amiga dele, Bia? Ela parece ser alguém disposta a lhe dar um soco na cara.

Gigi mordeu os lábios, demonstrando claramente sua ansiedade.

— Bom, eu sou rápida, posso correr — disse rindo sem humor.

— Eu não entendo você — Taehyung bufou, jogando o braço em torno dos ombros da garota. —, estava puxando briga com ela no twitter por quê então?

— Eu não ia ficar calada! — bufou, desviando o olhar.

— Certo... Mas não vamos falar nisso, hoje é seu dia! — sorriu orgulhoso, bagunçando os cabelos da menor que fez um bico emburrado.

— Não é meu dia, muitos outros alunos irão colocar suas obras á venda — respondeu.

— Mas a sua será a mais linda de todas, a melhor — respondeu sério, puxando a orelha de Gigi que resmungou. — é isso, tô certo.

Seokjin se aproximou da dupla e jogou o braço sobre os ombros de Gigi também que resmungou, tentando se afastar dos dois rapazes que a usavam como mula.

— Vocês são chatos.

Os dois Kim's a seguiram em direção à sala onde estava havendo a exposição, as esculturas, fotografias e pinturas estavam cobertas por imensos mantos, evitando a poeira ou qualquer coisa que pudesse danificar as obras, até que a feira começasse.

Gigi sorriu animada e indicou um local, onde algum quadro preso à parede estava coberto por um pano.

— O meu está ali — disse animada.

— Eu quem vou comprar — disse Seokjin e Taehyung o empurrou.

— Eu vou comprar!

Gigi riu enquanto observava seus amigos discutindo sobre valores que iriam dar na pintura, deixando-a menos ansiosa.

Ao menos, se seu quadro não fosse escolhido por nenhum visitante, teria Taehyung ou Seokjin ao seu lado, prontos para apoiá-la acima de tudo.

O alarme da Universidade soou e Gigi e seus amigos apressaram o passo em direção à entrada do local, observando e cumprimentando os adolescentes, adultos e crianças que entravam animados.

A turma do segundo ano tocava uma música calma e bonito no saguão principal, onde alguns alunos da equipe de dança faziam um pequeno espetáculo para os convidados, aguardando o começo da feirinha.

Jimin observava o local animado e orgulhoso, acenando e se curvando para as pessoas que se aproximavam e o elogiavam. Perguntou aos professores se já estava tudo pronto e, assim que todos concordaram, pediu que avisassem cada aluno fosse até sua obra.

Gigi sorriu animada e acenou para seus amigos, correndo logo em seguida.

— Oi — Hoseok se aproximou dos Kim's e sorriu de canto. Ao seu lado, seu amigo Gabe, observava fascinado as meninas da equipe de dança.

Taehyung abriu um sorriso contagiante.

— Oi, é bom vê-lo de novo, veio pela exposição?

— Ah... Claro — riu Hoseok, olhando ao redor. — Imagino que seja divertido.

Seokjin franziu o cenho ao notar o tom de voz do Jung.

— De onde você é? — perguntou o mais velho, cruzando os braços. 

Hoseok piscou animado e deu de ombros.

— De muitos lugares...

— Seja mais direto.

— Não somos de nenhuma Universidade, se quer saber — respondeu Gabe, desviando o olhar do palco, onde as meninas já haviam parado de dançar e um garoto loiro se encaminhava em direção ao piano.

Gabe já não estava mais interessado na apresentação.

— Não são de nenhuma Universidade... — murmurou Seokjin. — Mas estão sempre aqui ou na Seagull, por quê?

— Vocês são divertidos — respondeu simplesmente, fazendo Taehyung e Seokjin se entreolharem confusos.

Jin suspirou.

— Você tem quantos anos? — perguntou Taehyung, curioso.

— Dezenove — respondeu o Jung, olhando ao redor, como se aguardasse por algo, além da exposição de arte.

— E não cursa nada? — insistiu.

— Eu não quero — Hoseok deu de ombros, voltando a encarar o Kim. — e não preciso.

— Por que?

— Ele é rico — Gabe disse por fim, como se aquilo respondesse todas as perguntas seguintes de Taehyung.

Taehyung não conseguiu dizer mais nada, ao notar, com o canto dos olhos, Jungkook entrar no saguão ao lado de Namjoon e mais alguns amigos do time de futebol.

O violoncelista, assim como Jimin que notara a movimentação, se endireitou e engoliu em seco.

A presença dos estudantes da Seagull não significava boa coisa e Taehyung buscou Gigi com os olhos, temendo pela amiga.

Jimin se aproximou do grupo de estudantes e antes que pudesse dizer alguma coisa o diretor Min surgiu, cumprimentando-o educadamente.

 — Boa tarde, Jimin — disse o Min, de maneira fria e calculista, fazendo o Park franzir o cenho. 

— O que fazem aqui?

— Eu dispensei as aulas do primeiro período — respondeu, olhando ao redor com curiosidade e Jimin piscou confuso, arregalando os olhos quando, dezenas de estudantes da Seagull entraram no saguão, conversando entre si, estranhamente animados.

Jimin olhou ao redor ansioso, sem saber como reagir. Não poderia expulsar os estudantes apenas por serem da Seagull, embora quisesse.

— O que querem aqui? — insistiu e Yoongi sorriu de canto, pedindo para que Jungkook, Namjoon e o restante do time de futebol se afastassem.

Jeon e seus colegas concordaram, indo em direção à entrada do salão, parando quando Taehyung se colocou entre eles.

— Por que estão aqui?

Jackson e Jaebum riram entre si e ignoraram o violoncelista, desviando do garoto, seguindo em direção à sala onde as obras seriam reveladas.

Taehyung suspirou frustrado e os seguiu, parando próximos a Gigi, que estava de pé ao lado de seu quadro ainda coberto, observando confusa e ansiosa os alunos da Seagull. 

A garota olhou para Taehyung e fez um gesto, pedindo por explicações, mas o Kim apenas levantou os ombros e desviou o olhar.

O diretor Park entrou logo e seguida, sendo seguido pelos professores e subiu no pequeno palco montado no centro da sala ampla.

— Sejam bem vindos — disse sorridente. — eu, nossos professores e nossos alunos somos muito gratos pela presença de... cada um de vocês.

— Não tem de quê! — gritou um dos atletas e seus amigos riram entre si.

O diretor Park os ignorou e voltou a falar.

— A nossa pequena feira ocorre todo ano, onde diversos de nossos alunos se dispõem a mostrar-lhe seus maiores talentos — elogiou e alguns estudantes da Fairy bateram palmas e assoviaram. Taehyung lançou um olhar orgulhoso a Gigi. — e hoje, como todo ano, iremos leiloar e vender algumas dessas obras e todo o dinheiro arrecadado, com a autorização de cada artista, será convertido em bens para nossa Universidade — disse o diretor e os estudantes comemoraram animados.

— Em breve o gramado será nosso! — um aluno da equipe de teatro disse animado e seus companheiros concordaram.

Mais ao longe, Jungkook e seus colegas sorriam cínicos, de braços cruzados, apenas observando o desenrolar da breve apresentação de Jimin.

Hoseok, junto de Gabe, assistia curioso o diretor falar animado e orgulhoso sobre os feitos importantes que a Universidade já fizera, imaginando que, se os alunos da Seagull estava ali, certamente algo divertido acabaria por acontecer.

— Isso não vai dar certo... — murmurou Gabe, ao lado do melhor amigo e o Jung riu soprado, concordando.

— É por isso que estamos aqui, cara — respondeu.

E foi dito e feito, assim que Jimin terminou de falar e pediu que seus alunos revelassem seus trabalhos, todos os estudantes da Fairy e convidados exclamaram surpresos e os atletas da Seagull gargalharam alto.

Taehyung se endireitou em choque e olhou ao redor, sem saber como reagir à situação.

Cada obra exposta, fotografia; pinturas e esculturas, foram substituídas por imagens e retratos do diretor Park, em seus momentos mais constrangedores.

Jimin arregalou os olhos, o rosto vermelho de vergonha e buscou o futuro ex-marido com os olhos, avistando Min Yoongi ao lado de alguns estudantes da Fairy, rindo divertido.

— Você.... — grunhiu o Park, enraivecido e Yoongi desviou o olhar de uma das fotografias vergonhosas de Jimin para si.

O diretor da Fairy desceu do pequeno palco e avançou contra Yoongi que se endireitou e o encarou sério.

— Belo sorriso — comentou o Min, ainda sorrindo de canto, de maneira debochada.

— Como ousa? Roubar nossas obras?

— Ei, relaxa, não roubamos nada... — murmurou o Min, fingindo indignação. — Nós apenas... guardamos, em um local seguro.

— Você não devia ter feito isso Yoongi eu-

— Você o quê? — provocou o Min, se aproximando do Park. — Já não fez o suficiente até aqui? Não está satisfeito ao me expor daquela forma no campo de futebol? Ou sabotando o campeonato de natação?

— Eu não tenho nada a ver com o que houve no campeonato! — protestou o Park.

— Mas não nega o que ouve no jogo de futebol, não é?

— Você merecia, estragou nosso evento beneficente.

— Eu não fiz nada! Você quem tomou conclusões precipitadas, como sempre faz — ralhou o Min, exasperado.

— Está mentindo, eu vi você rir junto do garoto — disse, indicando Jungkook que apontava para uma de suas fotografias pregadas à parede, enquanto tirava fotos com o celular, gargalhando.

— Você só pode estar louco Jimin, poderíamos resolver isso de outra forma, poderia conversar comigo e me explicar o que está acontecendo, mas como sempre, prefere fazer as coisas à sua maneira — Yoongi bufou, irritado e indicou os quadros. — bem, você não me disse que nunca faço nada? Ai está, acabei de entrar em seus joguinhos.

Jimin grunhiu e se afastou a passos rápidos do futuro ex-marido, ordenando aos professores que retirassem cada quadro e fotografia do local.

Os alunos da Seagull ainda riam entre si e Taehyung, depois de confortar Gigi por ter sua pintura furtada, se aproximou de Jungkook.

— Qual a porra do problema de vocês? — reclamou e Jeon desviou o olhar de um dos quadros do diretor Park e encarou o violoncelista.

Hoseok ainda fotografava cada quadro junto de Gabe, que no entanto, tentava flertar com as alunas da equipe de dança, se oferecendo a ajudá-las a retiras as obras da parede. O Jung revirou os olhos ao observar o amigo.

— Está bravinho por quê? — perguntou Jungkook, cruzando os braços. — Não é você ali.

— Onde estão as obras?

Jackson riu soprado e se colocou ao lado de Jungkook.

— Pede com jeitinho que talvez eu possa lhe contar... — exclamou cínico.

— Você tem noção de quanto tempo nós levamos parar organizar isso?

— E você sabe quantas horas por dia Bia e seus colegas treinavam para a competição? — retrucou irritado.

Taehyung grunhiu, se obrigando a não recuar ou desviar do olhar furioso de Jeon.

— O diretor Park não tem nada a ver com isso — respondeu, evitando a pergunta anterior.

— Mas eu acho que tem... — sorriu Jungkook. — e nós também, não pensem que estamos satisfeitos com isso — indicou o salão lotado, onde diversos alunos da Seagull caçoavam de Jimin. — não é nada comparado ao que vocês fizeram.

Taehyung não disse nada, incapaz de responder algo naquele momento.

— Nos deixem em paz e faremos o mesmo com vocês — ditou por fim, respirando fundo.

Jungkook negou.

— Bia me pediu para não fazer nada, diferente de mim, ela é uma garota legal e sabe perdoar... — mentiu, pensando na garota em sua casa, que provavelmente estaria rindo vendo as fotografias que enviara. — mas, quando a oportunidade surgir ou, se vocês voltarem a nos sabotar, daremos o troco.

Antes que Taehyung pudesse responder Jungkook passou reto por si, esbarrando em seu ombro, indo até o diretor Min, sussurrando algo em seu ouvido.

O violoncelista engoliu em seco e foi até Gigi que ainda parecia perdida e decepcionada com o ocorrido, e ajudava seus colegas de classe a retirar as fotografias pregadas à parede.

Jimin pediu desculpas aos demais presentes, anunciando o cancelamento da exposição, ignorando os comentários dos estudantes da Seagull que diziam querem comprar os quadros com suas fotografias vergonhosas.

O Park os ignorou e, com um aceno, apressou o passo para longe do saguão.

— Tudo bem? — Taehyung perguntou e Gigi concordou, sorrindo de canto.

— Tudo... Quer dizer, poderia ter sido pior e, pensando nisso, em como todo meu trabalho fora jogado no lixo, acho que me sinto mal por ela, sabe, a amiga de Jungkook — falou, pensativa, indo até outro quadro pregado na parede.

— Se sente mal? — o Kim franziu o cenho.

A menina deu de ombros.

— Sim, quer dizer, ainda não gosto dela e se a visse com certeza teríamos outra discussão, mas pensando dessa forma, não é tão engraçado quando é o nosso esforço sendo desperdiçado.

— Não diga isso, ela provavelmente tem dedo nisso, ou acha que ela não sabia dessa armação toda?

Gigi concordou.

— Sim, provavelmente sabia e deve estar rindo de tudo isso — murmurou Gigi. — mas não quero pensar mais no assunto.

— Eles me disseram que isso ainda não acabou — alertou Taehyung. — que, se a oportunidade surgir, farão algo contra nós.

Gigi sorriu de canto.

— Que venham então, estarei pronta para revidar.

Taehyung riu sem humor.

— Mas não precisamos, quero dizer... — o Kim pigarreou, desviando o olhar da amiga para Jungkook e seus amigos. — se deixarmos eles em paz, provavelmente farão o mesmo conosco e poderemos viver em harmônia.

— Duvido que possamos viver em harmônia Tae — sorriu a menina, agarrando seu braço. — mas concordo com você, se eles não fizerem nada, não faremos também e... Bem, isso que aconteceu não é problema nosso, o diretor Park que terá que se resolver com seu marido.

Taehyung concordou, indo em direção à Seokjin que ajudava outros estudantes a cobrir os quadros com as fotografias do diretor da Fairy.

— Bom... Espero que eles se resolvam  logo, ou acabaremos no fogo cruzado mais uma vez. — murmurou Taehyung, pensativo.

— Mas cabe apenas à nós decidirmos se vamos ou não nos juntar à confusão — disse Gigi e o Kim concordou.

— É, você tem razão, é nossa decisão e podemos escolher sermos imaturos ou não.

Gigi sorriu e antes que pudesse elogiar o melhor amigo, Taehyung continuou.

— Mas se eles fizerem alguma coisa, nós vamos revidar! — exclamou sério e a garota gargalhou, concordando por fim.