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História Cicatrizes - Capítulo Único


Escrita por: MT_Fanfics e Manu_Tavares

Notas do Autor


Boa Leitura

Capítulo 1 - Capítulo Único


Quando vivemos inocentemente, nos entregamos de corpo, alma e coração. Bom, isso não serve apenas na vida, mas como também pro amor.

Amor, olhando assim, nem parece que quatro letrinhas não são apenas belas, e sim também dolorosas.

As experiências amorosas variam de pessoa pra pessoa e ter ou não um bom resultado também depende daqueles que estão envolvidos, afinal, nem tudo que é bom pra um, é pro outro.

Ao meu ponto de vista, acabei obtendo os dois resultados, eu me magoei muito enquanto amava alguém a ponto de desacreditar do amor, e não, não estou triste com isso nem sou digna de pena. Pra mim, antes dessa experiência dolorosa e reveladora, todos tinham que ter alguém ao seu lado pra chamar de "meu amor" e o mundo se resumia a isso, assim, me faltava amor próprio.

Minha história começou ainda no Ensino Fundamental. Havia um garoto super popular que cantava desde jovem e sua carreira como cantor havia começado durante esse período, ele sempre cantava nos eventos da escola e com o passar dos anos, foi chamado para outros lugares até subir em palcos de verdade e ainda por cima em outras cidades, ele ficou conhecido como D.O.

No Ensino Médio nossos caminhos continuou a se cruzar e novamente ele era o centro das atenções, era o sonho de toda garota da escola tê-lo como namorado e eu também estava nessa fila.

Ainda no meu primeiro ano daquela etapa de ensino, eu decidi me dedicar inteiramente pra ele, decidi chamar sua atenção, decidi fazê-lo me notar, decidi que ele que iria me querer.

Passei minha infância e adolescência como uma gordinha nojenta com rosto e cuidado indesejável, em um ano, eu havia saído dos 96kg e entrado na média de 68kg. Minha família não tinha uma renda que pudesse gastar dinheiro a toa então trabalhei muito pra conseguir comprar meus materiais de estéticas no final do ano pra iniciar o próximo cheia de glamour, não é que deu certo?

Segundo ano, adivinha quem chegou no primeiro dia de aula como uma diva? Meus cabelos que vivia num coque desarrumado agora estavam soltos e leves enquanto minha franja perfeitamente alinhada me fazia ter que arrumar cada vez que passava um vento o que me fazia ser sexy pelo vestuário e fofa em modo de agir.

Como planejei, eu havia chamado a atenção do D.O, até hoje não sei dizer se meu arrependimento começou no momento que seus olhos encontraram os meus ouvidos no momento em que me transformei pra fazer com que uma hora me enxergasse.

Fui chamada pra ser amiga de garotas bonitas e populares da escola e abandonei as poucas duas amizades que tinha lá, automaticamente meu caminho e os do D.O acabaram se cruzando frequentemente.

Nossa relação finalmente se desenrolou na minha quarta "farra" que participei, essa foi na casa dele. Me lembro de todo mundo da escola ter ido, menos minhas duas amigas das quais me afastei.

Era um feriado prolongado e a festa durou esses quatros dias, iniciou sábado com o sol quente em uma piscina, domingo uma saideira com bebida quente e monte de misturas que eu não consegui indentificar mesmo estudando os tipos de bebidas, segunda foi um jogo clássico como o da garrafa dentre outros jogos com segundas intenções e terça foi apenas eu e o D.O, na casa dele com um cineminha clássico que acabou mais quente do que previ, não sei se foi a escolha de um filme um tanto quanto erótico — pra mim se Cinquenta tons de Cinzas não era um filme quente e despertasse coisas, não sabia o que era —, ou se rolou mesmo uma química, mas foi com ele que tive minha primeira vez.

O encanto daquela noite desencantou antes de passar 24hrs, na manhã seguinte fui da casa dele pra escola, chegamos juntos, a primeira coisa que pensaram foi "não vai me dizer que vocês transaram". A palavra "transaram" era uma forma educada pra que eles mais tardes falassem “comeu ela”, eles não falariam isso com suas parceiras de seu lado, elas tinham um gênio forte e mesmo que não fossem “respeitosos”, ao menos na frente delas eles tinham que ser.

Meu maior constrangimento naquele dia foi ver todo mundo me perguntando “como foi” a noite com o D.O além de perguntas completamente inapropriadas como “qual o tamanho”, “ele gozou dentro de você”, “ele colocou o pau dele na sua boca”, “em que posição fizeram”, “ele usou a língua em seu ponto fraco” e “se pensar em um ménage me chama”. Ouvir todas aquelas perguntas foi pior do que falar sobre “garotos” com minha mãe.

Como se a situação não tivesse sido ruim, apenas pirou, com uma semana ele “terminou” comigo e meu nome voltou à boca do povo, dessa vez, diziam que ele não gostou do que “fez” comigo e me “aturou” mais uma semana por “educação”.

Eu só queria sumir, procurei as únicas pessoas que podiam me abrigar nesse momento difícil, minhas boas e velhas amigas, mas nem elas quiseram saber de mim, fiquei furiosa com elas, mas só entendi seus lados depois, bem depois.

Receber a rejeição, ser isolada da “sociedade” e perder as poucas amigas que eu tinha de verdade, me fez quase surtar, mas eu superei, um tanto quanto tarde, mas superei.

A ficha sobre todas as coisas erradas que eu havia feito caiu e pareceu que da noite pro dia eu amadureci, mas levou um ano. Decidi me reconciliar com minhas amigas, admiti meus erros e pedi desculpas, elas pareciam que não iam me perdoar, mas enfim trocaram um olhar e me abraçaram, o que me fez borrar minha maquiagem.

Terminei meu Ensino Médio e mantive contato com minhas amigas, e diferente da ideia que eu tinha de que quando chegamos na idade adulta nossos amigos da adolescência e infância se tornam apenas boas lembranças, seguimos nossas carreiras lado a lado.

Mudar de visual inicialmente para agradar e chamar a atenção de alguém era uma péssima ideia, se não for por você ou por um bem maior, não faça. Foi isso que aprendi, mas mesmo depois de fazer essa burrada, eu aprendi a me amar. Eu amava meu corpo, meu cabelo, meu sorriso, tudo, mas tudo mesmo em mim, minha autoestima parecia uma fênix renascendo das cinzas e foi com ela que criei minha carreira profissional.

Agora, eu era uma modelo, minha amiga formada em administração era minha agente e minha outra amiga de Design de Moda desenhava para a empresa da qual eu era capa e renovava contrato a cada cinco anos.

Bem, tive muitas conquistas ao chegar na idade adulta, mas sabe, depois da minha primeira e única decepção amorosa, a palavra “relacionamento” nunca mais passou em minha mente ou sequer considerei aqueles que se insinuaram. Eu tinha esquecido até como era ou o que era amar alguém que não fosse minha família e minhas amigas que eram como minhas irmãs, ao menos até voltar À minha cidade Natal e reencontrar o marco da minha vida amorosa.

Eu estava em uma sessão de fotos, era volta aulas em poucos dias para os universitários, então uma linha de roupas femininas e masculinas seriam lançadas, nem me preocupei em quem faria o papel masculino, mas me arrependi disso assim que vi o D.O se aproximar do agente com o qual eu havia falado outro dia; eu sabia tão pouco do D.O que nem sabia que aquele agente era “seu” agente.

— Nanda? — Ele me olhou duvidoso se era realmente eu.

— Eu mesma — Forcei um sorriso no rosto por simpatia.

— Não sabia que você ia fazer par comigo, fico feliz em revê-la depois de tantos anos — Ele parecia realmente animado, queria ter um terço da animação que ele tinha ao falar comigo.

— Acredite, mas estou tão surpresa quanto você!

Iniciamos a sessão de fotos, até o final dela, usamos mais ou menos treze looks diferentes, perdi as contas no nono, mas por fim, todas fotos ficaram ótimas. Pro meu azar ou ironia do destino, nossos agentes foram cuidar de uma reunião entre os agentes então eu tinha que sair sozinha da sessão, se ao menos minha agente estivesse aqui, poderia me ajudar a me livrar do D.O dizendo que tinha algo urgente por mim, mas eu era péssima mentindo, não poderia fazer isso sozinha.

— Sua agenda está livre?

Quase dei um pulo ao ouvir sua voz, mas me recompus imediatamente e sorri ao me virar.

— Sinto muito, mas a Becca me mandou uma mensagem dizendo que preciso ir encontrá-la — Balancei o celular pra tentar evitar meu nervosismo.

Ele soprou um sorriso, girou a cabeça e mordeu seus belos lábios tentadores.

— Engraçado que acabei de falar com o Rob e ele disse que a reunião durará por no mínimo mais duas horas — Ele olhou por cima dos cílios pra então sorrir de lado.

— É… — Tentei pensar em alguma outra desculpa, mas minha mente falhou.

— Não se sente confortável comigo por conta do nosso passado? — Ele fixou seus olhos nos meus e como hipnose, não consegui desviar.

— Nós não temos um “passado” — Fui o mais convincente possível.

— Então você não tem uma desculpa pra não aceitar passear comigo e tomar um refresco enquanto comemos takoyaki — Havia um brilho no seu sorriso e nos seus olhos que me fazia lembrar da época em que estivemos juntos.

— Takoyaki? Eu nunca dispenso um takoyaki! — Admiti e concordei.

Enquanto namorávamos, nós dois saíamos a noite, caminhávamos pelas calçadas até achar um banco vazio e comíamos takoyaki enquanto bebia refrigerante, ele ainda lembrava e eu, obviamente, não havia esquecido.

— O que tem feito nos últimos meses? — Perguntei procurando um assunto pra quebrar o gelo entre a gente.

— Alguns shows, turnês. A vida de cantor exige algumas viagens e algumas delas não tenho opção de opinar, mas eu gosto do meu trabalho — Ele pareceu pensar longe ao comentar — Ao menos agora posso focar um pouco mais em mim, já cumpri minhas obrigações.

— E na sua namorada… — Pensei alto demais, fechei meus olhos fortemente ao perceber isso.

— Eu não tenho uma namorada.

— Sei — Virei pra ele e levantei meus dedos hipotéticos — Cantor, rico, bonito, simpático… Acha mesmo que vou acreditar que não teve nem sequer uma ficante? — Brinquei.

— Estou falando sério — Ele riu e virou pra mim — Desde que terminamos não sei nem o que é olhar pra outra mulher.

Parei de sorrir, aquilo havia sido uma surpresa. Achei que quando soubesse que ele não namorava, meu coração ia pular de alegria como na minha adolescência ou algo parecido já que eu estou mais “madura” do que na época, mas sinceramente, eu não senti nada.

— Na época eu fui um idiota. Eu sempre tive os olhos da escola em cima de mim, quando passei a namorar você, achei que podia fazer as meninas se afastarem, em parte deu certo, mas por outra, eu acabei me apaixonando. Cometi um erro ao terminar com você, mas eu já me incomodava de ver os outros falar de mim e ver você na mesma situação que eu me fez querer que você saísse desse meio porque eu sabia como era ruim — Suspirou e respirou fundo pra continuar — Só piorei as coisas e você sofreu mais um ataque de fofocas, eu sinto muito.

Segurou minha mão e acariciou com seu dedão.

— Será que eu tenho uma chance? Podemos voltar a ser o que éramos antes? — Senti seus olhos irem mais fundo nos meus do que podia imaginar.

Voltar no tempo, eu diria que sim há alguns meses após o nosso término, mas depois de anos… Não era mais a mesma coisa, eu não me sentia mais daquele jeito, achei que nunca me envolvi com mais ninguém porque ainda o amava, mas era apenas uma cicatriz, uma cicatriz que eu insistia em deixar aberta porque nunca quis ou fiz o possível pra sarar.

— Quero cuidar de você, quero compensar todo mal que te fiz — Suas promessas pareciam sinceras, mas em meu peito, eu sentia que não precisava delas.

Afastei minha mão e sentei reto olhando pro céu estrelado sem lua dessa noite. O ar era fresco e parecia adentrar minha mente, cicatrizar meu coração.

— Eu entendo que reconheça que errou, você não foi o único, eu mudei bastante por coisas que não eram realmente o que eu queria, mas vendo hoje… Reencontrar você me fez ver as coisas com mais clareza — Respirei aquele ar puro, parecia me refrescar de dentro para fora — Mas tudo isso já passou, a ferida que me deixou no passado, hoje é cicatriz. Não podemos voltar no tempo, e seremos muito mais felizes se seguirmos em frente, não acha?

Não o olhei ao perguntar, consegui sentir  tristeza pela rejeição em seu olhar, então era melhor não olhar, pra não me culpar.

— Você mudou muito — Ele olhou para frente e encontrou a mesma direção que eu — Pela forma que me olhou, achei que ainda tínhamos uma chance...

— Nós mudamos, D.O. Tivemos nossos bons momentos, nossas boas lembranças, nossas brigas, nossas feridas… Achei que eu ainda gostava de você também, mas eu apenas não havia resolvido essa parte do meu passado, fico feliz em finalmente reencontrá-lo, espero que possamos ser amigos — Fiz meu pedido mais sincero aguardando sua resposta num encontro de olhar.

— Claro, amizade também é tudo e seria um arrependimento não ter a sua.

Não podíamos desfazer o que estava feito, mas no final, tivemos conquistas, derrotas e aprendizados com tudo que passamos, amadurecemos e por fim, encontramos um caminho pra seguir depois de soltarmos nossas mãos.


Notas Finais


Capa por @oppaxwang minha divinha cujo sempre arrasa editando, falando em arrasar, que capa perfeita, espero ter dado à ela uma boa história!


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