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História Cinco Letras Que Choram - Pai Solteiro


Escrita por: BabySuHo

Capítulo 15 - Pai Solteiro


Fanfic / Fanfiction Cinco Letras Que Choram - Pai Solteiro

 

Ao sair do laboratório com o resultado do exame de sangue em mãos, Luhan soube que estava ferrado. A palavra POSITIVO em letras garrafais destacadas em um intenso vermelho carmim, fazia com que se sentisse um completo inútil e incapaz.....Incapaz de tudo, inclusive de arranjar um simples emprego.

Completamente apreensivo, caminhava de volta em direção ao centro da cidade com uma preocupação à mais em sua cabeça. E, agora?? Como faria, para criar um bebê?? Como faria tal coisa se ainda continuava desempregado, e sem nenhuma perspectiva de melhorar de vida??

Seus dias se resumiam em procurar empregos, e receber "nãos" que o machucavam profundamente. Já não sabia mais o que fazer para colocar comida na mesa, e isso o deixava mortificado. A venda dos sabonetes artesanais estava fraca, e a falta de dinheiro para comprar a matéria prima para confeccioná-los, só piorava ainda mais as parcas finanças da avó.

Á noite deitado em sua cama, Luhan sonhava com dias melhores, se é que eles existiam. Morria de saudades de BaekHyun e KyungSoo, mas não podia voltar atrás em sua decisão. O casamento de ambos seria dentro de alguns dias, e o lindo convite que recebera, mexera profundamente consigo.

Se não fosse pela armação covarde e sórdida da qual fora vítima, ele também estaria fazendo parte da mesma cerimônia.....Estaria feliz, ao lado de Sehun.

 

 

Quatro meses haviam se passado rapidamente e Luhan ainda não tinha conseguido um emprego fixo, que pudesse pelo menos amenizar as suas constantes preocupações. Sim.....Preocupações essas que aumentaram consideravelmente, assim que soube que esperava gêmeos. Quase caiu duro para trás, quando o médico todo sorridente, lhe dera a notícia.

Emagrecera bastantee já não trazia estampado no rosto bonito, o sorriso largo e sincero de antes. Preocupado com a criação dos filhos, muitas vezes perdia o sono, e de olhos bem abertos via a madrugada partir, dando lugar à um novo dia.

Nari não satisfeita, fizera tudo o que estava ao seu alcance, para prejudicar ainda mais a vida de Luhan. Usara todos os seus conhecimentos, para fazer com que todas as portas se fechassem para o pobre rapaz. Mas como sempre preferiu perder tempo sendo uma pessoa má e extremamente vingativa, ela não sabia que quando uma porta se fechava, o glorioso Deus em sua infinita bondade e justiça escancarava uma janela, e foi assim que o doce e prestativo JunMyeon apareceu na vida do chinesinho.

 

 

Assumindo recentemente o lugar do pai que se aposentara, Kim JunMyeon tentava organizar e modernizar o trabalho da Companhia de Limpeza Urbana, da qual era herdeiro único. Com novas ideia na cabeça, começou à fazer inúmeras e benéficas modificações dentro da empresa, que logo lhe deram o resultado tão esperado.

Participando de empreendimentos agressivos e investindo na compra de equipamentos modernos e de última geração, as finanças melhoraram e já podia se dar ao luxo de contratar mais funcionários qualificados.

Após colocar o anúncio nos classificados do jornal de maior circulação pelo bairro, sentou e esperou.....

Na manhã seguinte ao chegar no escritório da empresa, verificou que na calçada havia uma fila tão extensa, que já ameaçava dar a volta no quarteirão. Como não tinha muitas vagas para oferecer, resolveu ser mais seletivo na hora de entrevistar os candidatos.

Três horas depois e faltando apenas uma vaga para ser preenchida, pediu para a secretária enviar-lhe o perfil dos próximos candidatos. Imediatamente a moça entrou em sua sala, e colocou diante de si apenas três pastas.

 

- Só restam, esses três?? - Indagou, incrédulo.

- Sim, senhor!! Alguns acabaram desistindo, e foram embora!! - Respondeu, a jovem.

- Entendo.....Sei, como é difícil esperar!! Já são quase, duas horas da tarde..... - Falou, olhando para o relógio preso em seu pulso. - .....Muitos estavam aí, desde a madrugada!! A fome e o cansaço, devem ter falado mais alto.....Então, vamos acabar logo com isso!! Mande o primeiro candidato entrar, por favor!!

- Ok!! - A secretária assentiu, retirando-se do cômodo.

 

Alguns minutos se passaram e assim que ouviu a porta se abrir, levantou imediatamente os olhos e deu de cara com a criatura mais linda, que já havia visto na vida. Ficou paralisado diante daquele ser pequenino, que o olhava fixamente, como se pedisse socorro.

Foi somente ao sair do torpor e pedir educadamente para que o rapaz se sentasse, é que notou o ventre protuberante do mesmo. Intrigado, e sendo adepto da sinceridade, foi logo pereguntando à queima-roupa.

 

-Você, está grávido??

- Estou.....De quatro meses, para ser exato!! - Luhan respondeu, também usando de sua costumeira sinceridade. - Mas não se preocupe, isso não me impedirá de trabalhar corretamente!!

- Mas.....

- Olhe, Sr. Kim..... - O chinesinho o interrompeu, nervoso. - .....Só Deus sabe, o quanto eu preciso desse emprego!! Dele dependem meus filhos, e minha avó!!

- F-filhos??

- Sim.....Eu estou, esperando gêmeos!! - Falou, acariciando gentilmente a barriga.

- E, você..... - JunMyeon continuou, enquanto olhava a ficha à sua frente. - .....Luhan!! É Luhan, né??

- É, isso mesmo.....Luhan!! Sou, chinês.....

- Então Luhan, você já sabe o sexo dos bebês??

 

Com um sorriso tímido nos lábios rosados, o chinesinho respondeu envergonhado.

 

- Sim.....Um, casal!!

 

Notando a tristeza estampada na voz e no olhar alheio, JunMyeon sem saber muito bem o por quê, decide saber um pouco mais à respeito do rapaz humilde sentado diante de si. Enquanto faz perguntas, vai percebendo as inúmeras dificuldades financeiras, pelas quais o jovem vem passando.

As roupas puídas e os sapatos gastos chamam-lhe a atenção e fazem com que tome a coragem necessária, para fazer a pergunta que estivera evitando até então.

 

- Luhan.....Me desculpe a indiscrição e a tremenda ousadia de minha parte, mas eu preciso saber.....Por onde anda, o pai dos seus filhos?? Ele, não te ajuda??

 

Após ficar alguns minutos em um completo silêncio, Luhan finalmente responde.

 

- Não.....Ele nem ao menos, sabe que eles existem!!

- Como, assim.....Não, sabe??

 

Não querendo reviver lembranças tão dolorosas para si, o chinesinho vai logo tratando de desconversar. Levanta-se, estende a mão em direção ao outro, enquanto o reverencia educadamente.

 

- Olha, Sr. Kim.....Muito obrigado pela sua atenção, mas não quero lhe importunar com os meus problemas. Me desculpe, por tê-lo feito perder seu precioso tempo comigo!! Boa, sorte!!

 

Virou-se, e caminhou até a porta. Já estava com a mão na maçaneta, quando ouviu a voz mansa e suave atrás de si, dizer rapidamente.

 

- Está, contratado!!

 

 

Beirando os oito meses e meio de gravidez, Luhan encontrava-se dirigindo o enorme caminhão de lixo para cima e para baixo, cidade à fora. Mesmo sentindo-se extremamente cansado pelo peso excessivo da barriga gigantesca, o rapaz levantava-se muito agradecido de sua cama todos os dias.

Trabalhava menos apreensivo, pois tendo um salário fixo todo mês e sabendo que poderia quitar sua dívidas aos poucos, já era o suficiente para deixá-lo um pouco mais tranquilo.

Em casa continuava ajudando MeiYing à fabricar os cheirosos sabonetes, que ambos vendiam nos finais de semana, em uma pequena feira artesanal do bairro. Viviam sem luxos, e muitas vezes com a ajuda da igreja, que a mais velha começara à frequentar.

Com o pagamento das dívidas acumuladas durante os meses anteriores, quase não sobrava nada de seu salário, apenas o suficiente para não morrerem de fome.

À noite sentado em sua cama, Luhan arrumava em um gavetão de seu armário, as poucas roupinhas que havia conseguido comprar para os filhos. Olhava para as peças minúsculas em suas mãos, e pensava nos mesmos. Tadinhos.....Não haviam pedido para virem ao mundo, e por causa de uma mentira, de uma acusação terrível, chegariam nele passando por muitas privações.

Nunca mais vira Sehun, e o pouco que sabia, ouvia através das conversas da avó com a Srª Do e a Srª Byun, que sempre iam visitá-los. Através delas, ficara sabendo que seu casamento com Nari Meang seria muito em breve.

Recusara-se à contar ao empresário, sobre a sua gravidez. Um dia quando perguntado pela Srª Byun por quê não o fizera, respondeu-lhe com simplicidade.

 

- Para quê, tia?? De quê, adiantaria?? Com toda certeza, ele não acreditaria em mim.....Iria dizer que os filhos eram do meu amante, e em seguida me ofenderia novamente!! Não.....Foi melhor, assim!!

- Mas, meu filho.....Criar duas crianças, vai ser muito complicado!! A situação financeira de vocês, está muito difícil!! Você precisa trabalhar, e MeiYing já não tem condições físicas para acompanhar o crescimento de uma criança.....Imagine, duas!!

- Eu, sei!! Mas eu vou dar um jeito, ok?? Meus filhos não tem culpa, de nada do que aconteceu.....Eles, são inocentes!!

- Aaahhh, Luhan.....Por quê, você não deixa os meninos te ajudarem?? Vocês sempre foram, tão amigos.....

- Já disse, tia.....Não quero dar trabalho à ninguém, e muito menos que gastem dinheiro comigo!! O Baekkie e o Soo agora estão casados, e têm a própria família para cuidar.....Não quero, atrapalhá-los!!

- Isso não está certo, Luhan.....Você, é muito teimoso!! Você nem ao menos contou para eles, que está grávido!!

- Não achei necessário, e além do mais, para quê preocupá-los com bobagens?? Eles ainda estão em lua-de-mel, tia!!

- Bobagens?? As crianças quase não têm nada, criatura!! Me diga, como você vai fazer?? - Indagou, preocupada.

- Não, se preocupe!! - Luhan falou, abraçando a senhorinha tão parecida com o neto. - O padre DaeHyun, ficou de me arranjar mais umas roupinhas!!

- Usadas, Luhan??

- E o que é que tem, tia?? Pelo menos, eles não ficarão peladinhos!!

 

Desistindo de tentar vencer a teimosia do rapaz, a Srª Byun antes de ir embora, ainda jogou a sua última cartada.

 

- Mas pelo menos, você vai nos deixar te ajudar, não é mesmo??

 

 

Naquela manhã assim que saiu do elevador, Sehun foi parado pela secretária, que o aguardava com um envelope branco na mão.

 

- Bom dia, Sr. Oh!! - A mulher falou, enquanto estendia o objeto em direção ao patrão.

- Bom dia, Srª Lee.....O que, é isso?? - Indagou, confuso. - Creio que eu tenha assinado, todos os documentos pendentes ontem à tarde!!

 

Sorrindo, a mulher de meia idade tenta despreocupá-lo.

 

- Isso.....São as passagens, para a sua lua-de-mel!!

- Aaahhh.....Sim!! - Respondeu evasivo, enquanto pegava o envelope e entrava na sala.

 

Jogando-se em sua cadeira, colocou o envelope sobre a mesa e pela primeira vez em muitos meses, permitiu-se lembrar de um certo chinesinho.

Por onde, andaria ele?? O quê, estaria fazendo?? Será que continuava se encontrando, com o tal amante??

Ao recordar-se da imagem que vira tempos atrás, sentia seu coração doer dolorosamente. Apesar das várias tentativas que fizera, não conseguira tirá-lo de sua cabeça. Como forçar o próprio coração, à esquecer o que ele mais deseja?? Como ensinar, a saudade à mentir??

Doía muito querer tê-lo, e não poder tocá-lo.....Doía muito pensar, que poderia ter outro alguém ocupando o lugar, que um dia já fora seu. Fechava os olhos, para tentar não ver o que o fazia sofrer.

Queria conseguir ser como essas pessoas, que não se importam.....Que, não se apegam.....Que sabem, esquecer. Mas, não era bem assim.....Infelizmente, esquecer não era o seu forte.

Apesar de ter dito que nunca mais queria vê-lo, preocupava-se com a falta de notícias. Nem mesmo BaekHyun e KyungSoo sabiam mais nada, à respeito do menor. Nutriu grandes esperanças de reencontrá-lo no casamento dos irmãos, mas ele não aparecera, deixando à todos muito frustrados com a sua ausência.

Preocupara-se ainda mais, quando o Reitor da faculdade de gastronomia o notificara da desistência de Luhan. Jamais passara por sua cabeça, que o chinesinho pudesse deixar de lado, algo que amava tanto. Sabia que o menor não podia pagar do próprio bolso a mensalidade de qualquer outra faculdade, e estando separados desde então, perguntava-se como o mesmo estaria se virando para poder estudar.

BaekHyun e KyungSoo já haviam se formado com louvor no mês anterior, mas ao contrário do que se imaginava, não quiseram comemorar o feito em grande estilo. Ao invés de uma festa, preferiram um jantar em família.

Jantar triste, sem sorrisos e brincadeiras.....Faltava, alguém!!

 

 

A madrugada já ia alta, quando uma pontada de dor em seu baixo ventre, fez Luhan acordar sobressaltado. Assustado, tentou se levantar, mas ao fazê-lo sentiu um jato de água morna ser expelido por entre sus pernas.

Com o coração aos saltos, reuniu forças e chamou pela avó, que dormia no quartinho ao lado.

 

- Vovó.....

 

Ao ouvir a voz fraca e sofrida, MeiYing levantou-se imediatamente e foi em socorro ao neto. Encontrou-o curvado sobre o colchão, em meio às contrações fortes e ininterruptas, que sacudiam o seu frágil corpo.

Percebendo que a hora do parto finalmente havia chegado, a mais velha passou a mão no telefone, e discou o número que havia adicionado recentemente à sua agenda. Assim que foi atendida, falou apenas o necesário.

 

- Está, na hora!! Venha, depressa!!

- Estou, indo!! - Respondeu rapidamente, a voz do outro lado da linha.

 

 

À milhares de quilômetros de distância, Sehun dormia à sono solto sem saber que quando Luhan mais precisou de sua mão, mais uma vez ele a encontrou fechada.

Simplesmente virou as costas e se foi, sem olhar para trás.....Sem querer saber como ele ficaria, ou com o rumo que as coisas tomariam dali por diante.

Naquele momento, o que mais lhe doeu foi o silêncio.....



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