- Quem é? - Ele perguntou.
- Quem é!? - Repeti, rindo. - É a Bell, Justin!
- Bell? - Seu tom de voz mudou, e eu sabia que do outro lado da linha, se formava um sorriso no seu rosto. - Onde você está?
- Eu não tenho muito tempo, minha mãe deve aparecer a qualquer instante!
- Onde você está? Como você está?
- Eu estou bem, por mais que eu esteja sendo mantida em prisão domiciliar!
- O quê?
- E eu estou proibida de usar qualquer tipo de aparelho que eu possa usar para me comunicar com pessoas lá de fora!
- Como conseguiu esse celular então?
- Quando eu acordei, ele estava na mesinha ao lado da minha cama. - Eu disse. - Alguém está do meu lado!
- Bell, eu...
Não ouvi o resto da frase, pois alguém estava abrindo a porta do meu quarto.
- Preciso desligar. Eu te amo! - Desliguei e escondi o celular em baixo do travesseiro.
- Bom dia, Bell! - Minha mãe disse, entrando no quarto.
- Bom dia! - Eu disse, sorrindo, tentando limpar as lágrimas de felicidade que escorriam pelo meu rosto.
Me levantei e andei em direção ao banheiro.
- Bell, eu e o seu pai andamos conversando, e achamos que você deve voltar ao psicólogo!
Eu ri.
- Eu voltei a ser doente?
- Você nunca foi doente, mas esse garoto não faz bem à você, e talvez seja melhor um especialista estar ao seu lado, talvez assim você...
- Eu seja curada?
- Bell...
- Mãe, eu sei o que vocês pensam, não precisa se explicar, pois não estou afim de ouvir a mesma coisa de sempre!
- Você tem que superar isso!
- O que?
- Essa... - Ela parou.
- Continue!
- Bell, isso não faz bem à você!
- O quê?
- Ele!
- Por que?
- Você é doente por ele, você não o ama!
Eu gargalhei.
- Você pode tentar me fazer esquecê-lo, mas isso nunca vai acontecer! - Eu disse.
- Bell, pare com isso, por favor.
- Com licença mãe, quero tomar um banho!
- Bell, por favor...
Entrei no banheiro e fechei a porta.
Alguns minutos depois me lembrei que eu não devia ter feito aquilo. Terminei meu banho o mais rápido que consegui, e voltei para o meu quarto.
Minha mãe estava sentada na cama, segurando o celular que eu havia usado para falar com o Justin.
- O que significa isso? - Ela perguntou, mas sua tonalidade não demonstrava raiva ou algo parecido, apenas tristeza.
~Justin~
Eu estava preocupado, e queria ligar para ela, mas sabia que não devia. Se tivesse alguém com ela, descobririam o celular.
Quando eu atendi, achei que eu estivesse tendo mais uma das minhas ilusões e estivesse ouvindo sua voz por culpa da saudade que eu sentia dela todo o tempo.
Eu estava em uma reunião com Scooter, mas minha cabeça sempre se voltava para ela. Eu não havia contado à ninguém sobre o telefonema dela. Não queria correr o risco de ficar mais distante dela.
Eu não sabia nem sequer onde ela estava.
Naquele dia em que eu fui até a casa de Andy, decidi que iria até os pais de Bell no dia seguinte, mas quando cheguei lá, não havia ninguém.
Tentei encontrá-la, mas ninguém fazia ideia de onde ela poderia estar. Eu estava começando a me sentir da mesma forma que me sentira da última vez. Eu queria Bell ao meu lado. O mundo todo procurava uma resposta para esse novo desaparecimento dela. Ela havia sido fotografada comigo nas poucas horas que ficamos juntos quando eu a encontrei, mas ela havia desaparecido novamente. A mídia começava a inventar que ela se envolvera com drogas e estava internada em uma clínica de reabilitação. Estavam inventando de tudo, e eu já não sabia mais onde procurá-la. Tentei ligar para Robert e Helena, mas eles estavam me evitando. Eu estava a ponto de recorrer à droga novamente, mas ouvir sua voz havia me dado uma fagulha de esperança, mesmo que pequena, eu tinha algo à me agarrar.
- Justin! - Ouvi Scooter me chamando.
Pisquei algumas vezes, voltando à sala de reunião. Todos me encaravam.
- Desculpe, estou distraído hoje!
Scooter ergueu uma sobrancelha.
- Vamos encerrar por aqui e depois remarcamos. - Todos nos levantamos, e eu já ia saindo da sala, quando o ouvi me chamar. - Você fica, Justin!
Eu me virei e fiquei olhando para ele. Quando todos saíram, ele fechou a porta e se voltou para mim.
- Quem te ligou?
Eu sabia que ele queria falar sobre eu estar distraído, mas a pergunta me pegou de surpresa.
- O que?
- Desde aquele telefonema que você recebeu, você está distraído. Quem era? - Seus olhos mostravam que ele tinha uma suspeita, mas duvidava que poderia ser ela.
- Não era nada importante!
Ele franziu a testa.
- Então por quê você ficou tão transtornado desde então?
- Não fiquei transtornado, apenas...
- Preocupado?
- Não, eu...
- Era ela, não era?
Me calei.
- Justin, diga a verdade!
Respirei profundamente, e assenti.
- Era ela!
Sua expressão se suavizou.
- Onde ela está?
- Eu não sei! - Abaixei minha cabeça.
- O que ela disse?
- Só que está sendo mantida em prisão domiciliar, e que está proibida de usar qualquer aparelho que possibilite sua comunicação com outras pessoas, mas alguém chegou, porque ela desligou de repente.
- Já ligou novamente?
- Não quero que descubram que ela está com um celular, então decidi esperar ela me ligar de novo!
Scooter assentiu, pensativo.
- Então vamos esperar! - Ele disse. - Acha que ela liga ainda hoje?
- Não sei, mas acredito que sim!
Ele assentiu novamente, e se sentou. Me sentei do outro lado da mesa, e fiquei de frente para ele.
Ele enterrou o rosto nas mãos, e eu fiquei encarando o meu celular.
- Justin! - Ele disse, de repente, e eu o encarei. Seu rosto dizia que ele tinha uma ideia. - Qual o DDD do número que te ligou?
Arregalei meus olhos.
- Eu não havia pensado nisso!
Peguei meu celular.
- 212!
Scooter sorriu.
- Então nossa garota misteriosa está em Nova York?
Eu sorri. A fagulha de esperança que havia dentro de mim crescia a cada minuto.
O meu celular começou a tocar. Era ela.
~Bell~
Depois de ouvir muitas vezes "Você não entende", "Esse é o melhor para você", "Nós estamos pensando em você" e "Ele não faz bem para você", minha mãe sumiu com o precioso celular que aparecera na minha mesinha.
Passei o dia todo no meu quarto. Emily tentou me fazer comer, mas eu não sentia fome.
- Você precisa comer!
Eu balancei a cabeça negativamente.
Alguém bateu na porta do meu quarto, e eu coloquei o travesseiro em cima da minha cabeça. Eu não queria ouvir outro sermão.
Emily abriu a porta.
- Prazer, sou a Beth! - Ela disse, e eu reconheci sua voz acolhedora no mesmo instante.
Com um pulo, levantei da cama, e corri até ela. A abracei forte.
- Bell, como é bom vê-la! - Ela disse, se afastando um pouco de mim, para me olhar.
- Beth, você não faz ideia do quanto é ótimo vê-la!
Ela sorriu.
- Começamos bem dessa vez!
Eu ri.
- Você conversar logo de cara é algo que eu nunca pensei que aconteceria! - Ela disse, sorrindo. - E pensei que você não se lembraria de mim!
Eu sorri para ela.
- Quem é ela, Bell? - Emily perguntou, sorrindo.
- Essa é Beth, minha psicóloga! - Eu disse. - Beth, essa é Emily!
Beth a cumprimentou.
- Pode nos deixar a sós para que possamos conversar? - Ela perguntou à Emily, que assentiu e se retirou.
Nós nos sentamos na mesa que havia na sacada do meu quarto, uma de frente para a outra.
- Gostaria de conversar sobre tudo o que aconteceu desde nossa última sessão?
Eu assenti, e comecei a contar tudo à ela, sem deixar de fora nem sequer um detalhe.
Durante a história, lágrimas escorreram pelo meu rosto, mas Beth apenas me ouviu durante toda a história, ela não me interrompeu e nem mudou sua expressão.
Terminei de contar todos os acontecimentos. Desde que eu me mudara para Atlanta, até a manha daquele mesmo dia.
- Se lembra da nossa primeira sessão? - Ela perguntou.
Eu assenti.
- Se lembra qual foi a primeira coisa que eu te disse, quando ouvi sua voz pela primeira vez?
Eu pensei um pouco.
- Você disse que minha voz era linda, e perguntou se eu já havia pensado em ser cantora.
- Isso mesmo. E você se lembra qual foi a sua resposta?
- Eu disse que esse era o meu maior sonho.
- E você realizou esse sonho?
Eu franzi o cenho, sem entender onde ela queria chegar.
- É claro!
- E depois, você se lembra o que eu te perguntei?
Pensei um pouco mais.
- Você perguntou se tinha alguém que me inspirava a ter esse sonho.
- E você me respondeu o quê?
- Justin Bieber!
- Exatamente!
- Onde quer chegar?
- Você tinha um sonho e um ídolo, isso formava quem você era! Se lembra de quando eu disse que te conhecia, e você perguntou quem você era?
Eu assenti.
- Naquele dia, você era apenas uma garota que queria alguém ao seu lado, alguém que queria se sentir acolhida, você tinha um sonho e um ídolo. E hoje?
- Ainda não entendi onde você quer chegar!
- Quem é você, Bell Calouth?
- Eu... - Fiz uma pausa. - Eu... não sei! - Abaixei minha cabeça. - Quem sou eu?
- Você é Bell Calouth, uma belieber que conquistou o mundo todo, e até mesmo seu próprio ídolo. Você tem o mundo todo ao seu lado, e ainda assim se sente sozinha. Você é uma mulher batalhadora, que por mais que tudo indique que você não deve ficar com o Bieber, você luta contra a correnteza e faz de tudo para chegar até ele. Agora me diga, quem é você?
- Beth, eu não sou tudo isso!
- Vai dizer que eu disse alguma mentira? - Ela ergueu a sobrancelha. - Você não se tornou mundialmente famosa, conquistou seu ídolo e lutou contra tudo e todos para estar ao lado dele?
- Mas você fala como se isso fosse algo tão grandioso, mas não é. Se eu tivesse conseguido, talvez fosse, mas eu não consegui!
Beth sorriu.
- Não?
- Não.
- Bell, por quê você está sendo mantida em prisão domiciliar?
- Porque... - Fiz uma pausa. - Não, Beth.
- Apenas me responda!
- Porque meus pais acreditam que o Justin não faz bem à mim!
- E o que você pensa sobre isso?
- Isso não é verdade!
- Como sabe disso?
- Porque com ele, eu me sinto completa!
- E o que você já fez para estar com ele?
- Desapareci da vida de todos, e mudei de nome.
- E isso não é nada?
- Beth...
- Isso não é nada?
- Não.
Ela riu.
- Bell, você foi capaz de sumir para que ele não morresse, e isso não é nada? - Ela disse. - Você está sendo mantida presa aqui por não ter feito nada? Você está sendo mantida presa aqui porque você lutou!
- Mas não acabou bem!
- E quem disse que já acabou?
Eu a encarei.
- Você acredita em nós dois?
- Não, Bell, eu não acredito em vocês dois, eu acredito em você!
Eu sorri.
- Você coloca tanta confiança em mim, que eu me sinto até...
- Importante?
- Sim!
- Você é importante, e não apenas para mim.
Eu franzi o cenho, e ela colocou alguns papéis em cima da mesa, e os empurrou para mim.
- O que é isso?
- Veja você mesma!
"O QUE ACONTECEU COM A GAROTA MISTERIOSA?"
"ONDE ESTÁ BELL CALOUTH?"
"FÃS DE BELL CALOUTH SE REÚNEM PARA HOMENAGEAR SUA ÍDOLA"
"NÓS TE AMAMOS BELL"
Lágrimas escorreram pelo meu rosto.
- Eles sentem sua falta, Bell! - Ela disse, se levantando. - Eu preciso ir agora, mas eu volto amanha!
Ela beijou minha testa e saiu, me deixando sozinha com meus pensamentos e as notícias sobre mim.
Algumas horas depois, minha mãe entrou no quarto, e se sentou ao meu lado.
- Gostou de rever Beth? - Ela perguntou.
Eu assenti.
- Eu conversei um pouco com ela, e ela me disse que eu preciso te deixar sair pelo menos um pouco.
Eu a encarei.
- Você vai me deixar sair?
- Ela me convenceu a deixar você ir a um baile que acontecerá em alguns dias!
Eu sorri.
- Mãe, você está falando sério?
Ela assentiu.
Ficamos em silêncio por algum tempo, e ela me disse boa noite.
Beth chegou no mesmo horário do dia anterior. Eu a abracei.
- Obrigada, Beth, muito, muito obrigada!
Ela me olhou, com os olhos semicerrados.
- Do que você está falando?
Eu a encarei. Ela realmente não sabia.
- Minha mãe me contou sobre a conversa que vocês tiveram!
- Mas eu nem sequer vi a sua mãe! - Ela disse. - Eu conversei apenas com o seu pai para combinar de vir para cá, eu não falo com a sua mãe desde o ano passado, quando ela marcou sua primeira sessão.
- Mas ela me disse que... - Fiz uma pausa.
Não era possível!
Será que era realmente isso?
Minha mãe estava do meu lado!
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