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História Civil War: Moon. - Segredos.


Escrita por: Seola______

Notas do Autor


Capítulo grandinho, mas espero que gostem!

Capítulo 3 - Segredos.


Abri os olhos sentindo a dor de cabeça dominar minha mente. Por alguns segundos apenas me mantive estática apertando os olhos devido a dor incessante, mas logo um conjunto de imagens veio em minha cabeça fazendo com que eu me lembrasse de cada segundo na loja de conveniências onde eu tinha ido apenas buscar uma mísera caixa de leite e então usei meu poder para espantar um bandido. Ele mataria Peter se eu não tivesse feito nada. Ou não mataria? Será que ele estava apenas blefando para que o Peter ficasse quieto? E, realmente, por que diabos o Parker não obedecia e calava a boca?

Não devia ter feito o que fiz. Não sou uma heroína, não acredito que havia feito aquilo de novo. E se mais alguém se machucasse? Até mesmo se o babaca do ladrão se machucasse eu me sentiria a pior pessoa do mundo e, provavelmente, voltaria para a clínica psiquiátrica em que permaneci por cinco míseros anos no Brasil. Senti meu coração acelerar só de recordar alguns momentos de tortura e solidão, sentei-me na cama de imediato sentindo tudo rodar, fechei os olhos mais uma vez e assim que os abri percebi algo que não tinha notado até então: eu estava em casa. Não me recordo de ter chegado em casa, não me recordo de nada após minha explosão de energia. Como eu havia chegado ali? 

Olhei na direção da janela no instante em que um vento balançou minha cortina branca, a janela estava aberta e o reflexo da Lua entrava em uma pequena parte do meu quarto. Sentindo meu estômago embrulhar joguei-me ao chão sentando naquele exato canto embaixo da janela onde abracei minhas pernas sentindo a Lua me curar. 

Ela era minha cura. Estar em contato com o luar fazia com que eu ficasse mais forte.

Por quê? Segundo meu falecido avô por causa dos nossos antepassados indígenas que pediam e faziam sacrifícios para a lua e então ela os abençoou com a força da luz do luar, mas o fato de eu, gerações depois da tal lenda, ter algumas “condições especiais” a ponto de brilhar tão forte quanto a lua – as vezes mais – enfraquecer quando ela não aparece por noites seguidas, me sentir mais forte e “viva” diante dela, não conseguir dormir muitas horas durante a noite com a necessidade de estar em sua presença são apenas alguns dos fatos que faziam com que ele me considerasse a “Filha da Lua”, um ser abençoado capaz de reproduzir os poderes da Lua na Terra. Assim que ele faleceu toda sua proteção e encorajamento se foram junto fazendo com que eu fosse mais temida do que protegida por minha avó e minha mãe, mas não as culpo, eu machuquei alguém e lhe tirei a visão. 

Era como se a luz do luar fosse uma leve brisa que entrava por meus poros delicadamente, podia sentir a vitalidade voltando para meu corpo a medida em que permanecia sob sua luz. Meu avô estava certo: a lua parecia cuidar de mim como uma mãe cuida de um filho. Minha respiração se acalmava e eu me sentia cada vez mais leve e tranquila. Abri meus olhos para fitar a Lua Nova, era como se tudo estivesse mais claro ao meu redor o que significava que meus olhos estavam brilhando mais uma vez, porém, daquela vez eu sabia que não sairia de controle, afinal não havia calor dentro de mim. A Lua Nova sempre trazia dentro de mim certa esperança, cada fase da Lua me dava uma sensação diferente, a Lua Nova me dava a sensação de inspiração e esperança onde eu sentia que mudanças estavam propícias e que era o momento certo para aceitá-las, a Lua Crescente trazia o sentimento de calmaria onde algo em mim dizia que o correto era continuar o que quer que fosse assim como o ciclo contínuo da Lua Crescente, a Lua Cheia por sua vez fazia com que eu me sentisse impulsiva e com mudanças constantes de humor e, por fim, a Lua Minguante me trazia o sentimento de desapego onde terminar qualquer coisa era algo prazeroso de se fazer.

Claro que ninguém nunca soube de todos esses sentimentos e, muito menos, que eu reparava em todas as fases da Lua e em como elas refletem dentro de mim ou o adjetivo – se é que isso é um adjetivo – louca encaixaria ainda melhor no meu currículo. 

Mantive-me sentada, naquela mesma posição, apreciando a luz do luar até o sono me chamar e, ao mesmo tempo, minha mente. Como diabos eu tinha voltado pra casa? E parado na minha própria cama? Caminhei ao redor do quarto procurando algo que denunciasse, mas nem mesmo havia algo no chão como se eu tivesse derrubado ao chegar extremamente fraca, estava tudo em tão perfeita ordem que não sabia o que fazer e, naquela altura, com os pensamentos a mil não consegui dormir. Passei a noite amedrontada sobre como fui parar em minha própria cama enquanto pensava em Peter e até mesmo na garota da loja. Se já não beirasse às cinco da manhã eu iria atrás de Peter para lhe fazer uma porrada de perguntas. 

O Sol já começava a nascer no instante em que caminhei para o banheiro me despindo para tomar banho. Estava um pouco sonolenta devido a noite que não adormeci após o ocorrido no mercadinho, querendo ou não e mesmo tendo a ajuda da Lua, estava me sentindo um pouco cansada. A Lua não aparecia por dias e para me recuperar totalmente pelo menos duas noites são necessárias. 

Tomei meu banho demorado e desci para arrumar meu café da manhã quando o Sol já iluminava uma pequena parte da sala de minha casa. Fitei a caixa de leite vazia no lixo resmungando um palavrão básico, tinha me esquecido totalmente do fato de que não havia leite para o café da manhã, mas era até compreensível depois do que realmente aconteceu no mercadinho. Revirei os olhos pegando minha jaqueta e saí de casa trancando a porta. 

A padaria perto da minha casa estava aberta e suspirei aliviada ao perceber isso, não queria voltar no mercadinho com medo da garota me reconhecer e lembrar do que fiz – por mais que ela estivesse desmaiada sempre há possibilidades – e até mesmo amedrontada do ladrão me reconhecer caso ainda esteja pelo bairro, vai saber. Entrei na padaria andando direto em direção a geladeira, sem biscoitos dessa vez, apenas queria minha caixa de leite e ir embora para minha casa para saborear meus cereais, este seria meu café da manhã antes de Jullie me ligar dizendo que estávamos atrasadas para a aula. 

Segurei meu leite em mãos parando na fila do caixa, era uma fila pequena com duas pessoas, mas o garoto do caixa atendia tão calmamente que o que poderia estar sendo mais rápido parecia uma eternidade. 

— Oi, aqui é a fila? 

Virei-me para trás respondendo com um fraco sorriso – É sim. 

— Obrigada – a mulher jeitosa com um coque alto em seus cabelos castanhos sorriu agradecendo enquanto segurava uma cestinha amarela com alguns ingredientes. Reconheci ser a tia de Peter, May. 

Virei-me para frente dando mais um passo sendo a próxima da fila já que o senhor na minha frente estava sendo atendido.

— Tia May, certo?

Ela soltou uma risada um pouco alta o que me fez perceber o que havia acabado de dizer, tentei corrigir sem graça: 

— May… É que sempre ouvi Peter se referir a você como tia, então… - soltei uma risada sem graça sentindo meu rosto corar – desculpa, senhora Parker.

— Senhora não – ela riu simpática – Pode me chamar de Tia May, pelo visto é amiga do Peter então pode muito bem ser minha sobrinha também. 

Ri colocando meu leite em cima do balcão e retirando o dólar do meu bolso enquanto fitava May – Peter está em casa? 

— Ah, você é a vizinha! – seu sorriso então mudou juntamente com sua feição, mas ainda sim ela parecia simpática ao meu ver – não, Peter já saiu pra escola. Ele disse que tinha um trabalho de ciências pra fazer que tem de ser entregue hoje e que ele esqueceu completamente. Ele foi pra biblioteca assim que acordou.

A fitei por um tempo em silêncio. Não tínhamos trabalho algum para hoje, e ele não estava sempre estudando? Como tinha deixado algum trabalho sem fazer por mero esquecimento? Ele não contou nada do que aconteceu na noite passada? Ela perguntaria se eu estava bem caso o tivesse, não? Ou ela era reservada a ponto…

— Senhorita! 

Virei para o lado assustada quando o garoto do caixa berrou a palavra exaltado em meu ouvido. Ele erguia o troco amassado em sua mão magrela, dei um fraco sorriso ainda mais sem graça pegando o troco de sua mão e enfiando no bolso da jaqueta, peguei o leite do balcão ignorando o atendente enquanto agradecia a May com um sorriso nos lábios. E quando eu estava quase saindo ela me chamou: 

— Luna! – assim que me virei ela sorriu – acertei o nome. 

Dei uma fraca risada esperando que ela prosseguisse: 

— Você quer que eu fale algo com ele?

— Não – respondi abraçando minha caixa de leite – tá tudo bem, depois eu falo com ele, obrigada! 

Ela apenas sorriu colocando a cesta em cima do balcão, andei em direção à minha casa entrando na mesma e batendo a porta com certa força, o que me fez torcer a cara devido ao barulho forte da porta de vidro batendo no portal de madeira. Peguei o cereal colocando na tigela enquanto abria a caixa de leite com os dedos. 

Peter estava na escola fazendo algo e eu iria para lá mais cedo para falar com ele, o que seria ainda melhor porque não teria ninguém além da bibliotecária para nos ouvir lá dentro. Tinha uma série de perguntas em minha cabeça, mas as duas mais importantes eram sobre como cheguei em casa na noite passada e se ele havia contado para alguém o ocorrido, não havia lhe pedido o sigilo ainda então meu coração palpitava só de pensar que ele tenha contado algo pra alguém. 

Deixei o cereal pela metade não sentindo fome, peguei minha mochila no mesmo lugar onde havia deixado no dia anterior e tranquei a porta após sair de casa. Pegando o celular no bolso da calça mandei uma mensagem para Jullie dizendo que iria para a escola mais cedo para estudar, ela respondeu de imediato perguntando o que eu estudaria por lá e que era para esperá-la que ela me faria companhia e me contaria algumas coisas sobre o Flash. Tentando ser o mais gentil possível falei que já estava chegando na escola e que a esperaria por lá no horário da aula. Estava contente por ela, queria ouvi-la mesmo que não estivesse nem um pouco interessada neste seu novo romance, afinal Flash Thompson é um completo babaca que não consigo suportar por muito tempo já que a maioria das palavras que saem de sua boca servem para inflar seu ego e nada mais, mas precisava implorar a Peter para que ele fizesse de conta que nada acontecesse. 

Fui caminhando para a escola chegando lá em quase meia hora, não era perto da minha casa e faltava cerca de uma hora para a primeira aula começar.

A escola estava vazia, como eu esperava, porém aberta como também esperava. Entrei pela porta dupla da frente e fui caminhando ao final do corredor onde a biblioteca se encontrava, parei na porta empurrando-a levemente ao perceber que as luzes lá de dentro estavam completamente apagadas, apenas queria me certificar de que não havia ninguém por ali e que estava realmente fechada. Bufei me dando conta de que estava sendo imbecil ao pensar que ele realmente estaria na biblioteca logo cedo, mas ele não parece muito ser o tipo de garoto que mente para a tia. 

Sentei-me no chão encostando as costas na porta branca em sua metade de madeira, peguei meu celular respondendo Jullie em algum assunto inútil, mas logo pensei que ela poderia ter o celular de Peter, afinal, ela tem o celular de todos que conhece e mesmo que Peter não seja o tipo de garoto que conversa com ela – porque ele está sempre ocupado demais ficando na detenção ou chegando atrasado – uma pequena chama de esperança brotou em meu peito. 

“Julles, você tem o número do Parker?”

Como sempre, rapidamente ela respondeu. 

“Hmmmmmmmmm. Olha só! Você tá a fim do Parker?”

Revirei os olhos enquanto respondia.

“Claro que não! Eu preciso dar um recado da tia dele.”

“E esse recado não pode esperar até a hora da aula?”

Pensava em alguma resposta por alguns segundos quando ela continuou me bombardeando com perguntas.

“E por que a tia dele te pediria pra dar um recado pra ele sendo que ela mesma pode ligar pro celular dele e fazer isso?”

“E por que ela confiou em você pra dar um recado pra ele? Ele não é apenas seu vizinho? (Nosso, mas a casa dele é mais perto da sua)”

“E por que o Parker?”

Revirei meus olhos jogando o celular dentro da mochila que repousava em meu colo, não perderia meu tempo explicando para Jullie uma mentira já que não falaria com ela sobre o que sou verdadeiramente capaz. Apenas fiquei ali, sentada, até os primeiros professores chegarem, a professora de Introdução às Ciências Biológicas foi a primeira a chegar me lançando um olhar confuso ao me ver sentada na porta com as pernas esticadas pelo chão frio e com a maior cara de tédio. Tentando ser simpática, ela perguntou o que eu fazia tão cedo na escola e o que respondi foi que precisava estudar, mas que a biblioteca estava fechada e foi quando ela me disse que a biblioteca só abre uma hora após o início das aulas, ou seja, as oito horas. 

Meu celular começou a vibrar mais que o normal dentro de minha bolsa e foi quando me dei conta de que havia alguém ligando, era a ligação matinal de meu pai, demorei a atender pensando em até não fazer, mas ele ficaria preocupado como pai super protetor que ele é. A ligação acabou sendo uma distração, enquanto ele me contava o que aconteceu em sua viagem de negócios eu esperava Peter aparecer ou a aula começar, com sorte ele iria na aula hoje, caso não tenha ficado assustado demais com o fato de sua colega de classe ser uma inumana, mutante, anormal ou o que quer que ele tenha pensado. 

Desliguei o telefone quando vi o zelador abrir a porta da minha sala no andar debaixo, dei um fraco sorriso para ele quem retribuiu e entrei na sala sentando à minha carteira para esperar os alunos chegarem. Não demorou muito para algumas pessoas chegarem e sentarem em seus lugares, cumprimentava um por um e saía de sala constantemente para procurar por Peter, mas encontrei Jullie enfurecida ao invés disso. 

— Você me ignorou, por quê? 

Levantei meu rosto do bebedouro retirando o cabelo dos olhos enquanto a fitava sem entender do porquê daquele show, mas assim que vi Maria e Jessica ao seu lado compreendi. Às vezes Jullie gostava de mostrar aos outros um alguém que ela não era de verdade e, naquele momento, ela estava sendo esta Jullie. 

— Qual o problema de me falar que tá a fim do Parker? – ela cruzou os braços ao lado das meninas.

— Você gosta do Parker? - Jessica perguntou sorridente – Peter… Peter Parker? 

Olhei para Jessica tentando falar, mas fui interrompida por Jullie.

— Não tem problema gostar do Parker, ele é fofo até…

Olhei um pouco para trás de Jullie quando vi uma silhueta conhecida entrar pela porta enquanto faltavam poucos minutos para o sinal bater, lancei um rápido olhar para Jullie enquanto ela falava sobre os pontos positivos de Peter e então, mais uma vez, a ignorei andando em direção a ele. 

— Parker – parei em sua frente fazendo com que ele freasse seu andar imediatamente e virasse seu rosto para me fitar. Ele sorria, pois parecia estar contando algo divertido à seu amigo Harry Osborn. 

— Oh, oi Luna. 

— Posso falar com você rapidinho? – perguntei forçando o sorriso e lançando um breve olhar para Harry. 

— Te vejo em sala, Pete – Harry entendeu meu olhar sorrindo e nos deixando a sós.

Ele sorriu para Harry, mas logo virou-se para mim preocupado - Tá tudo bem?

— Venha, vamos pro Ginásio. 

Sem esperar uma resposta andei pelo corredor passando direto por Jullie, Jessica e Maria, mas não sem antes lhes lançar um olhar e perceber sorrisos maliciosos nos lábios de ambas as três. Revirei os olhos para Jullie lhe lançando um olhar de reprovação, mas ela não se importou, soltou uma breve risada e ergueu as sobrancelhas pra mim abrindo um largo sorriso. 

Empurrei a porta do Ginásio entrando no mesmo em seguida, escutei a porta bater e os passos de Peter pararem atrás de mim no mesmo instante em que o sinal batia indicando que o dia começaria na escola. Estava tudo escuro por ali e tínhamos alguns minutos antes da primeira turma entrar juntamente com o professor de educação física, virei-me em direção a Peter quem segurava as duas alças da mochila com as mãos e me fitava esperando que eu lhe dissesse algo. Tentei falar a princípio, mas então lembrei que estava cara a cara com alguém que não conhecia direito e que tinha visto do que sou capaz, alguém que sabia que eu tinha dons como os heróis que passavam na televisão e protegiam a cidade. Porém eu não era uma heroína, eu era uma garota comum do Queens que vivia com o pai após a morte da mãe.

Peter parecia tranquilo para mim, agia como se nada tivesse acontecido no mercadinho, agia como se eu fosse normal, ele parecia me tratar normalmente e isso me deixava tensa, extremamente tensa por não saber se aquela “casca” era amigável ou se seu sorriso nos lábios tinha algo além. 

— Eu não contei à ninguém. 

Ergui meu olhar para ele quando escutei sua voz, ele mantinha um pequeno sorriso nos lábios e a mesma expressão amigável de sempre, ele apertava os dedos com força nas alças da mochila enquanto eu não conseguia fazer uma mísera palavra sair de meus lábios. 

— Sei que é por isso que me chamou aqui, mas sério, não se preocupa. Não vou contar pra ninguém o que rolou no mercadinho. 

Consegui soltar um obrigada entredentes.

— Você salvou minha vida e da garota da loja – ele aumentou seu sorriso me fitando com seus olhos castanhos – eu quem devia agradecer. 

— Não sou uma heroína – juntei as palavras soltando-as para Peter – nunca fui e nem pretendo ser.

Ele deu de ombros – Você agiu como uma. 

O fitei cruzando os braços – Peter olha… Tudo o que eu fiz foi agir por impulso. Eu não devia ter feito aquilo.

— E então eu morreria – ele sorria me fitando, parecia mais animado que o de costume e eu estava começando a me assustar com sua naturalidade para com o assunto – Preciso te mostrar uma coisa.

Dei de ombros – Tudo bem. 

Ele balançou a cabeça negativamente – Não pode ser aqui, as pessoas…

Ambos olhamos na direção em que a porta do ginásio se abria como um estouro.

O professor entrava com seu nariz em pé com toda a turma atrás de si, ele parou por alguns segundos ao me ver com Peter e os alunos que o seguiam se aglomeraram ao seu lado enquanto ele nos fitava já com os braços cruzados esperando que lhe disséssemos porque estávamos sozinhos na quadra escura. No instante em que abri a boca para dizer que já estávamos de saída ele me interrompeu sem me dar a chance de explicar:

— Vamos, os dois… Andando. 

Ele passou em meio aos alunos indicando com o indicador que deveríamos o seguir, olhei brevemente para Peter já receosa do que aconteceria, mas ele seguiu em direção a nossa sala parando na porta e pigarreando de modo que a professora de Ciências Biológicas parasse de escrever algo no quadro para olhar na nossa direção, o professor apontou para mim e Peter esticando o braço de modo que nos mandasse entrar na sala o que fizemos logo em seguida. A sala estava dividida em grupos de duas pessoas cada e não havia um mísero aluno sobrando. 

— Encontrei os dois sozinhos no ginásio – parada entre Peter e o portal da porta, esperando a professora olhei para o professor quem insinuava algo entre Peter e eu, apenas cruzei os braços ao ver um sorriso debochado sambar em seus lábios – Achei que gostaria de tê-los de volta. 

— Obrigada professor Elm – ela agradeceu com um pequeno sorriso olhando para mim e Peter – vão para seus lugares e formem uma dupla, já falo com vocês. 

Assenti em silêncio e me pus a andar na frente de Peter quem escutei os passos logo atrás de mim, sentávamos um ao lado do outro então juntar as carteiras não foi algo demorado e muito menos difícil, sentei-me na cadeira e ficamos em silêncio enquanto retirávamos nossos pertences de dentro da mochila, e então sussurramos juntos um para o outro:

— Desculpa – sussurrei.

— Aquilo foi completamente desnecessário – ele sussurrou tão rápido que mal pude escutá-lo.

Assenti balançando a cabeça positivamente enquanto olhava para os alunos que ainda nos fitavam com sorrisos maliciosos em seus lábios. Revirei os olhos ao ver Flash Thompson rindo com seu parceiro de grupo, mas ele logo se virou e meu olhar encontrou a cara de vitoriosa de Jullie como se ela estivesse me dizendo “Eu sabia!”. Cerrei os olhos com a expressão de séria, o mais séria que eu conseguia parecer, mas logo fui interrompida por Peter quem perguntava:

— Desculpa pelo o que? 

Virei meu rosto para fitá-lo – Raras são as vezes em que você chega na hora e, quando isso acontece, eu te atraso. 

— Ah – ele deu de ombros olhando para o quadro – tá tudo bem, relaxa. Pela fama de atrasado que eu tenho você me fez foi um favor – ele virou seu rosto para me olhar e abriu um pequeno sorriso nos lábios – me ajudou a manter a minha reputação, que por sinal, é muito importante, afinal, o Merlin não vive sem mim.

Ri do modo como ele se referiu ao professor barbado que tomava conta dos alunos em detenção, provavelmente ele estava pagando algumas horas de serviço e claramente não era feliz por tal circunstância. 

— O primeiro nome dele é Merlin?

Peter riu abafado balançando a cabeça negativamente – Não. Mas você já viu como ele é parecido com as pinturas do Merlin na Idade Média?

Abafei uma risada o fitando.

Ele gesticulava com as mãos enquanto falava – Poderíamos chamar ele de Gandalf também… Mas careca. Mas quem se importa? Aposto que Gandalf se sentiria lisonjeado em ser comparado àquele homem.

Apenas o fitava em silêncio com um pequeno sorriso nos lábios, ele realmente era um tagarela daqueles que não consegue parar de falar enquanto não o cortarem.

— Quando chegar em casa farei uma lista sobre os possíveis apelidos para ele. Mas sem bullying – ele sussurrava agora olhando para frente – você não acha uma honra ser chamado de Merlin ou Gandalf? 

Casa. 

A palavra caiu como uma pedra no estômago quando lembrei que não sabia como cheguei em minha cama, na noite passada, após apagar por completo devido a grande liberação de energia. 

— Peter – o interrompi o fitando com a testa franzida – como cheguei em casa? 

Ele então paralisou, o sorriso sumiu de seu rosto por alguns segundos, mas ele logo respirou fundo voltando a sorrir – O Homem-Aranha te ajudou. 

— Homem-Aranha? – arqueei uma sobrancelha ao ouvi-lo falar – aquele cara que vive pegando bandidos por ai? 

Peter balançou a cabeça assentindo – É. Ele estava bem perto. 

— Você pediu ajuda? 

— Pode-se dizer que sim – Peter coçou a nuca olhando para frente – nós te levamos até sua casa. Não achamos certo ficar… Mas, você sabe, tínhamos que te levar pra algum lugar.

— É.

Ele, mais uma vez virou o rosto com um fraco sorriso nos lábios – E algo me dizia que você não queria ir para um hospital. 

Dei um fraco sorriso – Obrigada, Peter.

Ele manteve o sorriso - De nada. 

— Ei, vocês dois! – a professora não precisou dizer nossos nomes para que soubéssemos que ela se referia à nós dois, assim que olhei para frente a professora estava há centímetros de nossas carteiras com as mãos nos bolsos de seu jaleco, ela não parecia furiosa ou algo do tipo o que não me surpreendia já que, dentre todos os professores, ela era a mais amigável. Ela então agachou-se na frente de nossas carteiras sussurrando – Foi bem rude da parte do Professor Elm fazer aquilo, ele expôs os dois. Sinto muito.

Peter riu completamente sem graça coçando a nuca e virei-me para a professora – Não estávamos fazendo nada. Apenas conversando. 

— Não é da minha conta e nem de ninguém – ela sorria amigavelmente – mas isso não pode se repetir.

— Não, mas nós realmente... Eu não... Ela não...

A professora o interrompeu – Não se preocupe, Parker.

Ele então se calou e a professora riu alternando seu olhar entre Peter e eu – Mas isso não pode ficar se repetindo, especialmente com você senhor Parker. Você está sempre atrasado e nem sempre posso abrir mão de mandá-lo para detenção como venho fazendo. Acreditem, acho isso uma palhaçada, não há nem uma tolerância aceitável de atraso e isso é ridículo, mas eu apenas sigo ordens e preciso do emprego.

— Desculpa senhora Robinson, eu não tive a intenção – Peter a interrompeu – eu nunca tenho, na verdade, mas sempre surgem imprevistos os quais não posso fugir…

Ela o interrompeu ainda sorrindo – Não estou culpando-o, Parker, não se preocupe. Você é um aluno exemplar, um modelo. O problema é a escola e toda essa incompreensão e disciplina maluca – ela soltou uma fraca risada – a razão pela qual estou falando isso é porque hoje o Professor Elm os trouxe até aqui e não posso fazer de conta que nada aconteceu e deixá-los ir embora no horário normal. Eu queria poder, mesmo. 

— Professora – a chamei atraindo sua atenção de Peter quem ela olhava na alternância de olhares. Era verdade, os alunos que chegavam atrasados ela raramente mandava-os para a detenção, ela parecia realmente chateada por não ter escolhas em relação a mim e Peter, mas era compreensível – Não é culpa do Peter – sussurrei percebendo que ele virou seu rosto rapidamente para me fitar, lhe lancei um breve olhar e tornei a fitar a professora – ele chegou mais cedo hoje, é difícil de acreditar, eu sei, mas ele chegou. 

Escutei Peter soltar uma risada abafada e a professora o olhou brevemente rindo fraco. Prossegui com um pequeno sorriso nos lábios: 

— Eu o chamei pro Ginásio porque precisava falar algo pessoal com ele, ele é amigo e me sinto segura ao falar de tal assunto com ele – novamente olhei para Peter quem tinha um fraco sorriso nos lábios enquanto me fitava, era um sorriso amigável – Então, se alguém tem que ir pra detenção este alguém sou eu. Não é culpa dele. 

— Não é como se ela tivesse me obrigado a ir. 

Virei meu rosto olhando para Peter com as sobrancelhas erguidas. Estava tentando ajudá-lo a ir para casa mais cedo pelo menos uma vez naquele ano letivo desde que cheguei e ele estava me atrapalhando completamente.

— Nem me arrasou até lá – ele prosseguiu sorrindo e dando de ombros como quem não se importava.

— Mas te puxei até lá – ri sem graça lhe lançando um olhar quando na verdade tudo o que eu queria era mandá-lo calar a boca.

— Mas eu tenho uma coisa chamada pernas e as usei por pura e instantânea vontade – ele cruzou os braços e olhou para a professora – é minha culpa também.

— Claro que não, você...

A professora me interrompeu rindo, ela ficou de pé e cruzou os braços nos fitando – Peter está certo. Não posso te culpar apenas, Luna, por mais que você queira.

Apenas a fitei cruzando os braços, ela sorriu me fitando e então saiu de perto de nossas mesas ainda com os braços cruzados, virei-me para Peter um tanto furiosa e ele mantinha um sorriso debochado no rosto como se soubesse que havia me irritado, parecia ter feito de propósito.

A professora rabiscava algo na mesa e então virei-me para olhar Peter quem agora escrevia algo em seu caderno enquanto alternava olhares para o quadro branco e sua folha. 

— Por que fez isso, Parker? Estava tentando ajudar. 

Ele soltou uma fraca risada anotando fórmulas em seu caderno – Você não me deve nada, Luna. Sério. 

— Eu sei disso – o fitei confusa – por que está falando isso? 

— Porque parece que você quer me fazer um favor – ele parou suas anotações para me fitar – e você não me deve nada. Não vou contar nada pra ninguém e você não precisa se preocupar. De verdade. Sei que é difícil, mas você vai ver que eu sou confiável.

Apenas o fitei em silêncio. Por mais que eu achasse que não talvez eu estivesse sim o ajudando por pensar que lhe devo um favor e por mais que eu deva – mesmo que ele negue – não há muitas coisas que eu possa fazer em troca de seu sigilo quanto a mim e meu segredo.

A aula se desenvolveu sem mais delongas, às vezes via Jullie e Harry Osborn nos olhar disfarçadamente para ver se estávamos fazendo algo “comprometedor”, mas obviamente apenas discutíamos fórmulas genéticas e biológicas referentes à repteis, afinal, o que diabos eles estavam pensando que faríamos dentro de uma sala de aula? Não fazia sentido até. 

Agradeci aos céus por Jullie ter sido interrompida por Flash Thompson no intervalo. Ela sentou-se na minha frente já pronta para a enxurrada de perguntas no instante em que Peter saiu da sala com Harry após me chamar para comer com eles, mas neguei dizendo que queria ficar em sala e eu realmente queria, mas quando Jullie chegou maliciosa perguntando como Peter Parker beijava pensei em levantar e aceitar o convite. Mas não durou muito tempo todo aquele entusiasmo em relação a suposta agarração minha e de Peter no Ginásio já que Flash a interrompeu, primeiramente, para rir enquanto perguntava o porquê de eu ter escolhido o Peter e logo em seguida para chamá-la para lanchar o que ela, de imediato, aceitou. Seria mais um dia sem Jullie na escola pela parte da tarde. 

Os quatro horários da tarde passaram rápido e fui para a detenção na frente de Peter por razões que nem eu sabia explicar. Ele estava conversando com o amigo quando cogitei a possibilidade de chamá-lo para irmos juntos, mas assim que dei o primeiro passo, travei passando direto e lhe lançando apenas um breve sorriso e ele não pareceu fazer muita questão porque logo virou seu rosto de volta para frente para conversar com o amigo. 

O senhor Merlin estava na sala sentado com seu livro de filosofia em mãos, ele abaixou os óculos e me entregou a prancheta para que eu assinasse meu nome e meu número de matricula de modo que eles conseguissem ter um controle sobre quem realmente cumpria as ordens de ir para a detenção. Três alunos estavam sentados pela sala espalhados, uma garota de roupas pretas e lápis de olho bem escuros me fitou sem um mísero sorriso enquanto mexia no piercing de septo que parecia a incomodar, o garoto rabiscava repetidamente o seu caderno com inúmeros números e contas, estava concentrado demais naquilo para prestar atenção em quem entrava e, por fim, outro garoto olhava para frente com a feição séria e seus olhos azuis estavam focados no quadro de giz onde estava escrito “Sala de Detenção” em letras garrafais, provavelmente a letra do professor Merlin.

Sentei-me na última carteira da fileira colada a parede e fitei o professor Merlin enquanto ele me encarava como quem quisesse dizer algo, mas ele logo bufou em seu mau humor e voltou a ler seu livro. Abri a mochila retirando meu notebook na esperança de que houvesse algo para fazer, mas assim que o fiz sobressaltei-me, junto com os outros alunos, quando a porta de vidro e madeira fez um barulho tão alto que me surpreendi de não tê-la quebrado quem quer que fosse. 

E claro que era Peter. Segurei o riso enquanto o via atrapalhado implorar perdão para o professor enquanto encostava a porta lentamente sem batê-la desta vez. Ele pedia desculpas sem parar enquanto se explicava sem graça e logo virou-se em direção às carteiras preparando para se sentar na primeira carteira da frente bem perto do professor, mas ele passou o olho pela sala e assim que me viu sorriu andando em minha direção com a mochila em mãos. Ele sorriu sentando-se na carteira à minha frente e apenas soltei uma breve risada ainda rindo do ocorrido. 

Ficamos em silêncio por algum tempo e logo o sinal bateu fazendo com que o professor fechasse seu livro com sua feição irritada e caminhasse em direção ao quadro para escrever algumas coisas. A tarefa daquele dia seria fazermos uma proposta para consertar um duto de ar que não ventilava mais do que setenta por cento da sua capacidade total sendo que ele aparentava estar em perfeito estado tanto interno quanto externamente. Peter virou-se para trás enquanto o professor escrevia no quadro e levantei meu rosto para fitá-lo esperando que ele dissesse algo e ele logo o fez:

— Tenho que dizer que os exercícios que passam aqui são mais legais que os das próprias aulas.

Soltei uma breve risada – Você meio que conhece bem os exercícios né? 

— E como experiente na detenção posso dizer que eles nunca repetiram um.

Ergui as sobrancelhas – Mesmo? 

Ele balançou a cabeça assentindo – Estava pensando em mudar meu nome para Rei Parker da Detenção. Você acha que agradaria ao senhor Merlin? – ele deu de ombros – vai que ele tem complexo de superioridade não é? Não é como se eu pudesse ter a audácia de fazer um inimigo poderoso como ele. 

— Ele com certeza vai ficar furioso com você. Mas quero ser alguém importante também – dei de ombros entrando na brincadeira. 

— Mas você vai ser tipo minha mão direita – ele virou seu corpo mais para o lado encostando suas costas na parede cinza enquanto sussurrava escondendo o riso – sabe em Game Of Thrones que sempre tem uma mão do rei? Vai ser você. 

— As mãos do Rei, em sua grande maioria, morrem – escondi o riso o fitando séria. 

— Tyrion Lannister está ai pra comprovar o contrário – ele deu de ombros sorrindo – ele, na…

— Parker e senhorita novata – o professor o interrompeu berrando com sua voz falha – vocês dois tem todo tempo do mundo pra conversarem… Fora daqui. 

— Desculpa Senhor! – Peter ergueu os braços sorrindo.

— Feche a boca, Parker. 

— É pra já – ele fez como se estivesse zipando a própria boca, mas assim que o professor virou-se para trás ele virou-se novamente me fitando com seu sorriso amigável – preciso te mostrar algo. Você vai pra casa?

— Sim.

— No caminho te mostro, ok? 

— Ok – assenti com um sorriso um pouco confusa do que se tratava, mas era Peter, ele não me prejudicaria, assim eu esperava. 

Passei a hora da detenção quebrando a cabeça como se aquele exercício realmente valesse algo, estávamos todos entretidos com as possibilidades do exercício, mas fui a última a sair, fiz aquilo como se fosse uma prova e o professor já estava impaciente por me implorar pela folha enquanto já se passavam dez minutos do horário da saída. Assim que saí da sala encontrei Peter encostado na parede com o celular em mãos, ele deslizava o dedo enquanto observava algo na tela confuso, mas deixou o celular de lado quando o chamei para irmos embora. 

Andamos grande parte do caminho em silêncio, apesar de já serem seis horas da noite o dia ainda estava claro dando indícios de que começaria a anoitecer logo, demorava mais para o cair da noite que no Brasil, o que, para mim, nem sempre era bom. Paramos em frente à um beco a caminho de nosso bairro, o fitei com as sobrancelhas erguidas e ele sorriu entrando no beco fazendo com que eu o visse cada vez mais longe. Estava claro então não era como se ele sumisse em meio a escuridão do beco de tijolos que ficava entre um restaurante chinês e uma loja de cds antigos. 

Andei em direção a Peter um tanto quanto suspeita, o que ele queria entrando em um beco com aquele olhar convidativo? Mas, mais uma vez, só pensava que era Peter Parker o nerd engraçadinho e desastrado da escola, ele sabia do que eu era capaz e, por mais arriscado que fosse eu me protegeria – mesmo porque quando a energia era liberada, o que ocorre com mais facilidade quando estou em perigo e com medo, mal conseguia controlá-la. 

— Ok, Parker – falei o seguindo e virando para a esquerda onde o beco ficava maior – o que estamos fazendo? 

Ele sorria sem mostrar os dentes enquanto mantinha os braços para trás, podia escutar algo sendo abotoado e parecia barulho de metais se esbarrando.

— O que tá fazendo? 

— Você confia em mim? – ele sorriu retirando as mãos de trás de suas costas.

— O que? – perguntei confusa quando, na verdade, queria dizer um sonoro não. 

— Preciso que confie em mim pra saber se posso compartilhar meu maior segredo com você. 

— Por que você quer compartilhar seu segredo…

Ele me interrompeu – Você entenderá. 

Depois de alguns segundos abrindo a boca e fechando-a enquanto Peter esperava minha resposta, balancei a cabeça positivamente o fitando com um pequeno sorriso nos lábios. Não estava completamente tranquila, mas também não estava amedrontada. 

Peter colocou a mochila de volta nas costas me fazendo perceber que ele havia aberto e pego algo, arqueei uma sobrancelha o fitando enquanto ele ajeitava o casaco com seu sorriso amigável nos lábios. Ele andou lentamente em minha direção como se estivesse pedindo permissão para se aproximar, o fitava completamente confusa e sussurrei seu nome no instante em que ele passou o braço direito em volta da minha cintura. Não estava com medo, mas estava começando a ficar nervosa com tal situação. Que diabos ele estava fazendo? Peter estava levando a sério os boatos de que estávamos tendo realmente algo? Ele queria tornar aquilo concreto? Hesitei abrindo a boca para falar mais uma vez, mas ele apenas sorriu me tranquilizando:

— Não vou te agarrar – ele riu erguendo a mão esquerda para cima mantendo-a apontada para o céu azul com os dedos relaxados – pronta? 

— Sim, mas o que…?

Eu olhava para sua mão erguida para cima quando seus dedos abaixaram e Peter manteve apenas o indicador, o dedão e o mindinho em pé. Fiquei quieta no instante em que vi algo branco transparente sair de seu pulso assim que ele girou mantendo firmeza em seus braços. Senti um frio em minha barriga e tudo o que fiz foi soltar uma risada nervosa e desconcertada quando percebi que estávamos fora do chão, era como se estivéssemos voando, mas na verdade Peter segurava sua teia com a mão fechada e eu sentia o vento bater em meu rosto enquanto subíamos com certo impulso para o topo do grande prédio abandonado que hospedava a loja de cds em seu andar térreo. Peter me soltou no exato instante em que nossos pés tocaram o cimento da área externa do prédio.

Apenas o olhava com um misto de emoções, estava surpresa, feliz, confusa, queria rir, abraçá-lo, fazer uma série de perguntas enquanto ele apenas me fitava completamente vermelho, ele coçava a nuca se sentindo sem graça enquanto mexia seus lábios dando leves mordiscadas nos mesmos. Ele esperava que eu falasse alguma coisa, mas eu sabia que ele não estava apreensivo pelo que eu falaria, se eu o julgaria ou algo relativo devido a minha cara de boba. E eu estava maravilhada. Não era a única adolescente com “dons”, não estava sozinha naquela escola, naquela cidade e naquele bairro. E Peter quis compartilhar algo comigo que não precisava: seu maior segredo. 

Entre risadas e alguns palavrões e gestos desengonçados me aproximei de Peter novamente tentando manter o controle, cruzei meus braços tentando parecer séria e o fitei nos olhos sorrindo enquanto dizia:

— Peter Parker é o Homem Aranha. 

Ele sorriu me fitando, parecia um pouco mais confiante em relação ao ocorrido. Prossegui após uma breve pausa:

— Isso soa muito bem!


Notas Finais


E ai, o que acharam? Não deixem de comentar! Beijos!


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