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História Clamor de Fogo - A Pensão Tarkóvski


Escrita por: Dark_Siren4

Notas do Autor


Boa Leitura!

Capítulo 10 - A Pensão Tarkóvski


Fanfic / Fanfiction Clamor de Fogo - A Pensão Tarkóvski

Depois de ver Frank arrancar a cabeça de um cara, como se não fosse nada e desmembrar o outro como se estivesse em um açougue com aqueles machados, cruzamos o tal rio e encontramos mais alguns quilômetros à frente um Porsche prateado e reluzente.
- Toma, veste isso- disse ele me jogando uma muda de roupas que pegou no porta malas, quando já estávamos dentro do carro.
O vi sair e começar a se despir da calça de moletom, ficando completamente nú.
Fiquei olhando para o corpo dele como uma adolescente retardada e com os hormônios em fúria.
Com a respiração acelerada, me obriguei a olhar para frente e me vestir logo.
A calça skynni preta, não ficou tão skynni em mim, pois era do tamanho de Anjo que era bem mais robusta e sarada que eu. E sem comentários sobre a blusa decotada. Ao menos, pude me cobrir com um grande casaco de Frank que peguei no banco dele.
Quando voltou para o carro, já estava vestindo jeans escuros, botas e uma camisa cinza de mangas.
- Pra onde nós vamos?- perguntei, vendo-o acelerar o carro, entrando em uma estrada velha e sem asfalto no meio da floresta.
- Se preocupe em manter-se viva e de boca fechada, pirralha- murmurou, me fazendo revirar os olhos.

♛♕♛

Não demorou muito para que encontrassemos civilização. Primeiro, estávamos em áreas mais rurais, mas depois fomos parar no que se parecia uma grande cidade.
Enquanto, Frank dirigia notei algumas coisas estranhas.
Estava um pouco frio, para aquela época do ano e as pessoas eram estranhamente... diferentes. Não era algo gritante, mas havia sinais leves de que eu não pertencia à aquele lugar.
O gatilho para entender o que estava acontecendo mesmo foi quando passamos perto de algumas lojas. Os letreiros das fachadas me chamaram a atenção pelas letras estranhas que eu não conhecia.
- Frank?- chamei, com a voz um pouco ofegante- Onde nós estamos?.
- O quê?- disse ele, meio distraído.
- Onde nós estamos?- repeti, um pouco alto demais.
- Moscou- disse simplesmente.
- Moscou?- arfei- Tipo a da União Soviética?
Ele revirou os olhos.
- Não, tipo a da Rússia, mesmo.
- VOCÊ ME TROUXE PRA RÚSSIA?!- gritei- VOCÊ É LOUCO?! SEU MERDA! DESGRAÇADO! IDIOTA!
Ele ignorou minha gritaria, até que estacionou o carro em um beco.
- Eu quero ir para minha casa!- esbravejei- Agora! Eu quero que me leve para a merda de um aeroporto!
Ele saiu do carro, o contornando e abriu a porta do meu lado.
- Pode ir andando! Anda, vá! - gritou pra mim.
Lancei um olhar assassino para ele e me levantei, caminhando para longe dele. Porém, antes que eu saísse do beco ele falou:
- Mas espero que consiga sobreviver- alfinetou- Porque à essa altura, eles já sabem quem você é. E uma garota sozinha como você e sem seus amiguinhos e poderes... Vamos ver quanto tempo dura aí fora sem a minha ajuda.
Parei de caminhar, olhando por cima do ombro.
- Eu vou conseguir. Sempre consigo- falei.
- Mas aqui não é o seu país, onde é só acionar um transmissor e seus amigos mutantes aparecem- murmurou friamente- No momento em que pisar em um lugar público e desprotegida, eles saberão e não importa a sua idade, ou se é mutante ou não. Eles a matarão.
Continuei parada absorvendo tudo, ainda com ódio dele, mas incapaz de dar outro passo.
Me voltei para ele.
- Isso é culpa sua- falei maldosamente- Eu não sei em que merda, você e Anjo se meteram, mas eu não tenho nada haver com isso.
Ele riu.
- Acha que os caras maus se importam com isso? Já viram você conosco. Se tornou um alvo no mesmo instante.
Continuei encarando seus frios olhos azuis. Frank retribuía o mesmo olhar sério e mau.
- Você tem duas escolhas- citou, ainda sério- Ficar aqui, talvez pedir ajuda. E morrer quando menos esperar. Ou pode vir comigo. Dar o que eu quero e a deixo ir em paz. Se quiser até a deixo na quadra daquela Mansão ridícula onde vivia.
Eu não disse nada.
Uma parte enorme. Gigantesca mesmo. Queria sair correndo de perto daquele cara e voltar para os meus poucos amigos e meu tutor Colossus.
Porém, aquela partezinha prática de meu cérebro, não queria ir, pois sabia que eu não sobreviveria muito tempo em uma terra estranha e com um inimigo que eu nem conhecia no meu encalço.
Cruzei os braços, voltando meus olhos para o chão de cimento.
- Tudo bem- resmunguei- Eu vou com você.
- Eu sabia que era inteligente- aprovou e quase pude ouvir um sorrisinho em sua voz.
Levantei meus olhos o encarando.
- Se não cumprir com o que prometeu- ameacei- Juro que o mato com seus próprios machados, entendeu?
Ele revirou os olhos, provavelmente, achando que eu não era grande ameaça.
- Tá, Phimister- disse entediado- Agora entra no carro. Ainda tenho que achar um lugar seguro para nos escondermos.
Lançando um último olhar malvado, entrei no Porsche.

♛♕♛

Circulamos por toda a cidade de Moscou em busca de hotéis discretos, onde nos estabelecer, mas Frank, não gostava de nenhum, alegando que eram grandes demais e seriam os primeiros lugares onde nos procurariam.
- O que sugere? Que passemos a noite, embaixo de uma ponte?- murmurei, perdendo a paciência com toda aquela frescura.
- Só estou tentando nos manter vivos, garota- resmungou ele, ainda de cara feia.
Os faróis iluminavam as ruas escuras de Moscou, mas podia ver um leve brilho no horizonte. O dia nasceria à qualquer momento e seria muito perigoso ficarmos expostos daquela maneira.
Encostei a cabeça no vidro da janela, tentando ficar calma. Meu corpo estava muito tenso por causa de todo aquele estresse.
E subitamente, vi algo que chamou minha atenção.
Era uma construção de tijolos de dois andares e bem grande, havia uma placa com letras vermelhas-neon escritas em russo que não compreendi. Mas havia uma menor, ao lado da porta de madeira.
Estava escrita em minha língua.

Pensão Tarkóvski. Temos vagas.

- Frank, pare aqui- falei.
Ele estranhou meu pedido, mas o fez.
- Já descobri onde ficaremos.
Ele acompanhou meu olhar, vendo o pequeno hotel do outro lado da rua.
- Nem pensar- reclamou- Não vou ficar nesse pulgueiro.
Semicerrei meus olhos.
- Ah, você vai...

♛♕♛

Meia hora depois, Frank terminou de fazer nossa reserva. O cara sabia falar russo fluentemente.
E o odiei mais por isso.
Minha dependência, ficava mais evidente a cada segundo.
Para nossa sorte um quarto conjugado estava vazio à cerca de dois dias.
Senhora Tarkóvski era a dona do lugar. Era uma mulher bem intessante essa. Pena que eu não falava russo para poder conversar com ela.
A mulher nos levou até nosso quarto. Que não era tão ruim, assim.
Ficava no andar superior e tinha uma decoração meio de vovózinha com aquele papel de parede floral e cobertores nas duas camas de solteiro com o mesmo tema.
Ouvi Frank dizendo algo em russo para ela, que olhou para mim e sorriu dizendo alguma coisa e saiu para outra coisa.
- O que disse à ela?- perguntei, quando fechei a porta.
- Disse que você é minha filha- murmurou, colocando a mala com nossas coisas em cima da cama.
- Filha?- questionei, com uma sobrancelha arqueada.
Tá que ele era alguns anos mais velho que eu, mas não parecia tão velho assim. Devia ter entre trinta e trinta e cinco anos.
Ele deu de ombros.
- Seria estranho, um cara viajando sozinho com uma garota da sua idade- explicou- Iria provocar suspeitas não muito castas quanto à minha pessoa.
- Mas, eu nem me pareço com você- ressaltei.
Frank me olhou de cima à baixo, reparando também em nossa falta de semelhanças contrastantes.
Ela era louro, alto, meio bronzeado, de olhos azuis e um ar arrogante na expressão que fazia qualquer um temê-lo ou querer dar um soco, como eu.
E eu... era baixinha, de cabelos castanho-escuros, pálida como um defunto e com olhos escuros e mal-humorados. E sem falar nos piercings.
Ele deu um sorriso de canto.
- Então, você se parece com sua mãe- disse, como se alguém fosse acreditar naquilo.
- Ok, papai- murmurei, me jogando em uma das camas.

♛♕♛

Passar um mês naquele quarto/cativeiro, fez com que eu me acostumasse a ficar constantemente sozinha. E até gostava da sensação.
Porém, dividir um quarto com o meu sequestrador e agressor era muito esquisito.
O dia finalmente nasceu e Frank disse para que eu dormisse um pouco, mas eu não era louca de fechar os olhos, com aquele psicopata na cama ao lado, alisando aquele machado.
Então, mesmo estando muito cansada decidi ficar acordada e tentar me ocupar com algo.
Passei boa parte do dia, sentada na cama, assistindo televisão, mas não entendia uma palavra do que diziam. Tentei ler alguns livros que achei pelo quarto, mas novamente, não entendi nada do que estava escrito ali.
Comecei a caminhar impacientemente pelo quarto. Indo até a janela e voltando. Fui até o banheiro e tomei uma ducha fria, tentando me acalmar.
Voltei a caminhar de novo.
- Se você continuar andando sem parar- ameaçou, Frank perdendo a paciência- Juro que a amarro naquela cama.
Cruzei os braços, o encarando.
- Eu tô entediada- resmunguei- Não tenho nada para fazer aqui. É chato.
- Prefere ir lá para fora e morrer?- questionou, erguendo as sobrancelhas louras.
Bufei me sentando na cama bruscamente.
Já não bastava ter que ficar presa com ele, ainda tinha que ficar parada como um estátua.
Passaram-se alguns minutos, nos quais eu não disse mais nada.
Até o ouvi levantando-se.
- Vem- chamou, me puxando pelo braço, fazendo-me ficar de pé- Vou ensiná-la a se defender.
Revirei os olhos.
- Eu sei me defender.
- Pensa que sabe- murmurou, parando diante de mim.
Ergui uma sobrancelha.
E nem esperei ele dizer mais nada.
Tentei acertá-lo com um soco, mas ele desviou.
Cheguei mais perto e tentando acertar suas costelas, mas simplesmente, deu a volta em mim, me fazendo acertar o ar.
- Você é muito impulsiva- apontou.
Grunhi, avançando com mais uma saraivada de golpes que ele simplesmente desviou ou aparou com os punhos e os braços.
- Não pensa direito, quando está irritada- provocou de novo.
Me lancei para ele, pronta para dar um gancho bem dado em seu queixo, mas ele simplesmente agarrou meu punho e me prendeu em seus braços em uma espécie de abraço.
Me sacudi tentando me soltar, mas aquele maldito tinha uma força infernal.
- Você é bem esquentadinha, não?- sussurrou em minha orelha.
Me debati mais, mas foi o mesmo que nada.
E fez uma coisa estranha.
Se inclinou e me deu um beijo na bochecha.
Eu odiei aquilo, pois uma parte de mim, gostou demais da sensação.
- Me solta!
Ele me largou e pude ver o sorriso canalha que deu.
- Você corou- ele riu.
Aquilo foi provocação demais.
Mais rápido do que podia acompanhar, me abaixei, dando uma rasteira nele. E desperevenido, caiu de costas no chão.
Coloquei o pé sobre seu peito, vendo-o arfar.
- Quem está corando, agora?
E aquele safado puxou meu pé, fazendo-me cair ao lado dele.
Claro, que fiquei revoltada, mas ao fitar seus olhos azuis, me senti estranhamente bem.
Começamos a rir como idiotas.
- Ok...-falei- Empate.
Ele parou de rir me fitando de um modo estranho.
- Olha, você sabe sorrir.

♛♕♛

O som de metal sendo raspado me acordou.
Ainda era noite e pude ver no relógio de cabeceira, que eram três da manhã.
Me virei na cama e vi que a de Frank estava vazia, com os lénçois remexidos.
Foi quando o vi.
Ele estava sentado no chão, naquele escuro com a luz dos postes da rua entrando pela janela e iluminando sua silhueta.
O som de metal provinha dele e pude vê-lo deslizando a lâmina do machado prateado em uma pedra escura e áspera.
- Você não dorme?- falei com a voz arrastada de sono.
- Às vezes- murmurou, não parecendo surpreso de me ver acordada.
Levantei de minha cama e me sentei na sua, ao lado dele.
Frank não falou nada, mas pude perceber por sua postura, que algo o incomodava. Ele parecia inquieto e distante.
Aquilo só podia ser por causa de Anjo.
Eu não sabia até que ponto ia sua relação com ela, mas parecia algo muito mais profundo que uma simples parceiria.
Eu podia não morrer de amores por aquela machona mal-humorada, mas comecei a sentir uma certa saudade de seu silêncio irritante e seus sérios olhos negros.
Frank continuou afiando aquele machado prateado como se quisesse levá-lo à perfeição.
E eu... simplesmente, toquei em seu ombro, sentindo o calor de sua pele. O senti estremecer um pouco com meu toque, mas logo relaxou, parando de afiar o machado.
- Obrigado- sussurrou e voltou ao que estava fazendo.
E eu fiquei ao seu lado, deixando que minha pele fosse sua apenas aquela noite.


Notas Finais


Olá ^-^
Vimos que Francis e a Ellie já estão aprendendo a se virar e trabalhar em equipe.
O que estão achando?


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