1. Spirit Fanfics >
  2. Cleptomaníaca >
  3. Capítulo - 2.

História Cleptomaníaca - Capítulo - 2.


Escrita por: Jeleninhaz

Capítulo 3 - Capítulo - 2.


Fanfic / Fanfiction Cleptomaníaca - Capítulo - 2.


Justin Bieber Point Of view. 
22h37min-PM. 
Los Angeles/Departamento de polícia. 

Seguindo os conselhos dados pelos Gomez, passei algum tempo aguardando na delegacia. 

Como pais preocupados, eles resolveram dar uma lição em Selena, deixando-a aqui por essa noite. 

Eu poderia ter ido até o apartamento vestir uma roupa mais apresentável, entretanto, a ansiedade para começar a sessão me deteu.

 Afinal, trabalhar ajudando pessoas com problemas psicológicos é isso, estar disponível sempre que necessário. 

Não foi difícil convencer o delegado, que cobria o turno da noite, a me deixar entrar na solitária para conversar com Selena. Acredito que seus pais tenham se encarregado dessa parte. 

Obviamente, a conversa não seria muito longa, e nada de grandes contatos físicos. 

Um conjunto de grossas grades feitas de ferro nos separa. 

- O que faz aqui? - movido pela curiosidade, meu olhar se estende por seu corpo. A encaro dos pés à cabeça, e percebendo isso, Selena franze a testa. 

Em minha primeira experiência na prisão, não entendo muito como é o esquema, mas percebo que lhe tiraram seus pertences de valor, tal como jóias, acessórios e o celular. 

Seu vestido de festa curto, preto e de cor fosca se encontra em uma aparência envelhecida, julgo que antes do reboliço, era um tecido brilhante. E quanto a face, terrivelmente abatida, mesmo que ela tente disfarçar. 

Em tempos trabalhando com isso, o que mais tenho feito é analisar pessoas e reunir o máximo de detalhes. 
- Seus pais me ligaram, estavam bastante aflitos. - comunico direto. Selena levanta e agarra as grades da cela, sua feição é de pura injúria. 

- Acontece um probleminha e eles chamam um terapeuta ao invés de virem me ver? - interroga sarcástica. - Droga! Eu exijo falar com o meu advogado, vamos! Ande logo, não posso passar a noite nesse lugar. - me aproximo dela sem quebrar nosso contato visual. 

Se em algum momento de minha vida eu escrevesse um livro relacionado à terapia, com certeza essa ocasião estaria inclusa nele. 

- Você passará a noite aqui, já está tarde e seus pais decidiram que este é o certo. 

- O certo? O certo é deixarem a própria filha mofando em uma cela imunda a noite inteira? 

Em um gesto inesperado, me sento no chão, esperando ela repetir o mesmo movimento no banquinho de madeira, o que não ocorre. 

- É o que acontece com todas as pessoas que quebram uma lei, seja cometendo uma infração de trânsito ou um roubo, como você fez. É algo que vale para todos os seres humanos, por que seria diferente com você, Selena? 

- Por que tenho beleza, dinheiro e sou filha de publicitários renomados? - pergunta com uma voz óbvia. 

- E mesmo assim, está atrás das grades. - minha constatação serve como incentivo para que uma careta de desgosto se forme em sua face. 

- Veio aqui há essa hora apenas por uma sessão? Quanto meus pais lhe ofereceram? 

- Muito mais que apenas uma consulta valeria. - confesso. - Eles se preocupam com você, e sinceramente, depois dessa noite, eu também.
 Conversaremos sobre o ocorrido de hoje, você não tem escolha, fico em frente a essa cela o restante da noite se for preciso. 

Contrariada, Selena volta a sua antiga posição, sentada no banquinho de madeira. 

Ficamos em silêncio pelo que pareceu uma eternidade. Como seu terapeuta, tenho a obrigação de respeitar o seu tempo, fazendo questionamentos somente quando houver uma deixa. 

- Eu não queria ter feito aquilo. - seu áspero tom de voz atrai minha atenção. - Passei parte da festa tentando ficar longe do colar, mas essa... Coisa, é incontrolável, mais forte do que eu. Não conseguiria me sentir bem se não o pegasse. 

- E isso se resolveu quando o pegou? 

- Não. Chloé é uma das minhas amigas mais antigas, jamais voltará a olhar nos meus olhos. Estraguei sua festa, seu aniversário. Aquele colar era mais que um simples presente de aniversário, foi uma jóia de família dada pelo namorado dela. Você entende a gravidade disso? Em todos esses anos, nunca roubei nada de alguém importante, eu nunca fui pega. 

- Como está se sentindo agora? - pergunto, embora já tenha a provável resposta em mente. 

- Me sinto péssima! - seu timbre treme pela forma que sua chateação é expressada. - É um conjunto de coisas que explode em minha cabeça! Ter roubado uma amiga, sido exposta e pega na frente de todos, estar nessa cela agora. Imagino a decepção dos meus pais, eles não merecem uma filha ladra. - fala encarando os próprios pés. 

- Mas não é ladra por escolha, tenho certeza de que eles reconhecem isso. Por enquanto não está tendo auxílio dos métodos corretos, alguma hora isso vai diminuir, quem sabe até parar. 

- Não fale com tanta convicção, você ainda não me viu roubando e não sabe o quão difícil isto é. 

- Está enganada, vi quando roubou aquela bomboniere em meu consultório. 

- Oh eu...- seus olhos se arregalam em um misto de susto e constrangimento. 

- Tudo bem, eu não disse nada no momento, pois entendi que era uma necessidade sua. É como colocar bebida em frente a um alcoólatra e não deixá-lo embebedar-se, uma espécie de tortura. Você precisa parar com os roubos por iniciativa própria, não por estar sendo forçada. - explico após interrompê-la.

Possivelmente por falta de palavras, Selena volta a sua postura silenciosa. Passamos outro intervalo de tempo quietos, ambas as respirações são os únicos sons presentes no local. Porém, desta vez sou eu quem quebra o silêncio. 

- Acho que já é o suficiente por uma noite, não quero sobrecarregá-la e entendo que queira ficar sozinha. 

Segundos depois, quando me preparo para deixar o local, a ouço dizer meu nome em voz baixa. 

- Justin.
 
- Sim? - ela parece ter dificuldades em me encarar nos olhos. 

Completamente o oposto da Selena que conheci pela manhã. 

Um cleptomaníaco pode ter mais de uma face, a que me deparo agora é uma mistura de vergonha+receio. 

A face de alguém que foi descoberto.

- Independente do dinheiro, sou grata pela nossa conversa. Obrigada. 

Um único sorriso formado em meus lábios encerrou minha primeira sessão em uma delegacia. 

[...] 

Selena Gomez's Point Of view. 
09h31min-AM. 

A noite que passei dormindo naquele banquinho desconfortável foi péssima.

 Os poucos e ásperos cobertores que estavam disponíveis arranharam minhas pernas, e além disso, minhas costas latejam implorando por uma massagista. 
  Quem sabe mais tarde? 

Depois de ter os meus pertences devolvidos, mais alguns minutos de conversa com o advogado e o delegado responsável, finalmente fui liberada. 

Por sorte, meus pais lembraram de chamar seu motorista para conduzir o meu carro até o apartamento. Me incomodei com a quantidade de jornalistas presentes na porta da delegacia quando saí, havia um mar deles. 

Meu estômago se embrulhava. 

- Senhorita Gomez, gostaria de ajuda para chegar até o carro? - o advogado limpa a garganta antes de falar.
 
           - Por favor. 

Assim que descemos os poucos degraus, há um "empurra-empurra" para nos encurralar, questionários maldosos preenchem meus ouvidos, porém, trato de ignorar todos eles. 

Meu advogado é rápido, e sua altura avantajada permite que ele afaste muitos dos fotógrafos e jornalistas. Rapidamente alcanço a chave do carro na bolsa, passando-a para o motorista. Tampo o rosto com as mãos, fugindo dos flashs insistentes, e entro no carro ainda com a ajuda do advogado. 

- Obrigada. - murmuro ao homem, fazendo um sinal para que o responsável pelo volante comece a dirigir. 

Quando os vidros escuros se fecham, não consigo impedir a saída de um suspiro. 

Péssima maneira de começar o dia. 

Minutos mais tarde eu já estava no condomínio onde moro, como eu temia, mais um rebuliço foi provocado na portaria do prédio, entretanto, os seguranças resolveram este problema. 

Adentro o apartamento me deparando com Mandy e Ricardo sentados no sofá, eles mantêm olhares receosos. 

É óbvio que ela faria uma cópia das chaves. 

- O que vieram fazer aqui? Comemorar a primeira experiência da filha na cadeia? - ao escutar minhas perguntas, ambos levantam prontos para argumentar. 

- Selena nós... 

- Vocês nada! Não é necessário pensar muito para concluir como conseguiram entrar. Vocês prometeram que não iriam bancar os vigias. 

- E estamos cumprindo essa promessa. - minha mãe garante. - É a primeira vez que usamos essa chave, só a tiramos para o caso de surgir algum problema grave. Se prefere assim...- ela deposita o objeto no estofado. - Agora nos escute. 

- Não quero escutar! Vocês não sabem como me sinto, entendo que fizeram isso para o meu bem, mas passei a noite inteira contando os minutos para que aparecessem e dissessem que era uma brincadeira. Eu não merecia aquilo, não merecia ter sido tratada como uma criminosa. 

- Filha...- meu pai insiste, tentando uma aproximação. 

- Por favor, me dêem um tempo. 

Por mais forte que seja a vontade de correr para os braços deles e chorar como eu fazia na infância, não o faço. 

Temos que apreender a lidar com isso sozinhos. 

Todos nós. 

[...] 

Envolvo meus cabelos molhados em uma grossa toalha de banho. O primeiro passo para deixar essa terrível noite no passado é passar algumas horas na banheira.

 Sento na cama após ajeitar o robe em meu corpo, e alcanço o celular. É a primeira vez que tenho contato com ele desde ontem. 

Vejo diversas chamadas de meus pais, estas que provavelmente foram realizadas enquanto eu ainda estava no banho, mensagens+ligações de Ashley, entre elas, diversos pedidos para que eu não abra as colunas de fofocas do dia, pois segundo ela, isso só me faria mal. 

Embora sua intenção tenha sido a melhor possível, Ashley não é uma mulher muito inteligente. 

O que me faz pensar que a teoria popular que desmerece o cérebro das loiras esteja correta. 

No site de notícias mais famoso que conheço, a mesma manchete está exposta inúmeras vezes, em cada uma delas com um título diferente. 

"Selena Gomez é vista roubando jóia de amiga em festa na badalada boate Lux." 

"Chloé Neville acusa Selena Gomez de tentativa de furto." 

"Selena Gomez desacata policial e é levada algemada para a delegacia." 

"Veja com exclusividade fotos de Selena Gomez deixando o departamento de polícia acompanhada pelo advogado." 

Pior que admitir que essas notícias conseguiram diversos acessos nas últimas horas, é ler os comentários maldosos. 

Essas pessoas nem me conhecem, nunca trocaram duas palavras comigo, e fazem julgamentos como se fossem perfeitas. 

Infelizmente, este é o mundo em que vivo. 

Parte delas não estão totalmente erradas, tentei roubar aquele colar, cedi a incontrolável vontade de colocá-lo na bolsa mesmo quando minha cabeça dizia que era errado. 

Sou uma droga de pessoa. 

Largo o celular e jogo meu corpo contra o colchão.

 Conforme meu cérebro trabalha às frases que li anteriormente, a visão do teto branco se torna turva, em instantes meus olhos transbordam em lágrimas, elas descem acompanhadas por uma enxurrada de soluços. Me sinto tola, uma completa idiota chorando por algo que deu errado. 

Mas sei que não é só isso, há algo errado em minha vida desde sempre, desde que me lembro, desde que me conheço.

O som alto de meu choro apodera-se do ambiente, tornando tudo mais real. 

Não são lágrimas de tristeza, tristeza não. São lágrimas que demonstram a raiva que sinto de mim, das minhas atitudes, raiva dessa coisa que me controla sem que eu queira. 

Eu a odeio, a odeio mais do que tudo. 

E quando esse sentimento desgastante se vai, me pergunto se algum dia não serei mais uma mulher controlada por algo maior. Se isso irá diminuir, talvez desaparecer conforme as afirmações de Justin. 

A resposta é simples e curta: não vai. 

Cleptomania estará dentro de mim para sempre, eu a levarei para qualquer lugar, a qualquer hora, pelo resto da vida. 

É um fardo que não escolhi carregar, mas carrego. 

Não sou a melhor das pessoas, porém, eu não merecia isso. 

Tenho certeza que não. 

[...] 

Justin Bieber Point Of view. 
       10h22min-AM. 

Devido aos acontecimentos da noite anterior e das poucas horas que dormi, liguei para a secretária e pedi que remarcasse todas as sessões de hoje para outro dia. 

Não posso trabalhar no problema de alguém sem conseguir manter meus olhos abertos. 

Horrorizado, corro meus olhos pelo texto exposto na tela do computador.

 A pesar de estar aos cacos, morto de sono e precisando de descanso, não consegui controlar a curiosidade. Ela me levou a abrir o site com as notícias do dia - e últimas horas, mas após ler algumas das matérias e os comentários abaixo delas, vejo que foi uma péssima ideia. 

A maior parte dessas pessoas, além de criticarem, também fazem uma espécie de julgamento cruel, chamando-a de louca e dissimulada. 

Cleptomania não é uma insanidade, assim como transtorno de personalidade, ansiedade, bipolaridade.

 São transtornos, e pessoas que infelizmente precisam infrentá-los podem sim ter uma vida normal com o auxílio de medicamentos. 

Analisando um pouco mais o assunto, concluo que precisarei conversar sobre isso com Selena nas próximas sessões, ela não pode colocar na cabeça que é uma maluca.

É uma pena muitos pensarem o contrário. Loucura e distúrbio são duas palavras completamente distintas.


Notas Finais


Eu deveria ter mil explicações para dar, mas não tenho nada de importante. Deixei alguns dos motivos que me fizeram sumir do Spirit, lá na minha outra história. Espero que não aconteça novamente.
A atualização de Cleptomaníaca estava prevista para ontem a tarde, infelizmente acabou não dando certo. E eu resolvi postar o capítulo sem betagem mesmo, só para não deixá-las esperando tanto.
Enfim, o que acharam?
Uma amiga minha quando leu esse capítulo, me disse que achou a atitude da Selena com os pais meio infantil. Bom, eu não acho. Se meus pais me deixassem dormir na cadeia quando possuem inúmeras condições de me livrarem disso eu também não iria recebê-los de braços abertos no primeiro momento. Acho perfeitamente compreensível.
Minha cena preferida desse capítulo é a primeira, deles conversando na cela, Justin é meu protegido ♡
Digam aí suas opiniões 💜
Volto em breve com o proximo;*


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...