Existia muito conteúdo relacionado ao enredo e ao que tudo indicava, atualmente a autora trabalhava em um novo volume que seria lançado em breve.
Isso explicava a confiança de Aldebaran quanto à possibilidade de uma segunda temporada e pelo pouco que pode apreender ali existiam outros livros que desdobravam o universo da princesa presa no corpo de homem em um mundo diferente do seu...
Pelo que sabia da intriga que se desenvolveria, o seu "príncipe" era basicamente um cafajeste.
Surpreendente seria se fosse diferente, permitiu que um som enojado lhe escapasse dos lábios.
Os consumidores se deleitavam com clichês...
O amor da vida de sua princesa era um hétero convicto e super machão que se via encantado por outro homem, já que no íntimo o amor reconhece apenas almas!
Ingênuo e improvável, porém de alguma forma perturbadoramente bonito.
Aparentemente este tipo de enredo, um romance entre dois rapazes, tinha muito apelo, o que pôde identificar nos incontáveis subprodutos derivados da obra original.
Desenhos e histórias produzidos por fãs sem qualquer ligação com a autora.
Estas produções conseguiam ser ainda mais fantasiosas, chegando inclusive a habitar universos alternativos ao da obra, que já era uma ficção de qualidade duvidosa!
Torceu o nariz ante a insanidade das pessoas, ocupar-se com algo assim era absurdo.
Apertou os olhos cansados ao observar a incontável quantidade de resultados.
Abriu um link sobre a tal autora, que era conhecida apenas por seu pseudônimo...
Seu telefone vibrou com uma ligação antes que pudesse aprofundar-se nas informações contidas no link.
Ao ler o nome de Natassia na tela, rejeitou a ligação, emburrado.
Não tinham nada para conversar! Sentia-se desrespeitado com o contato.
Calculava que ela tinha aguardado até que Hyoga, seu filho, estivesse completamente restabelecido para ligar e isso o irritava ainda mais.
Não pelo rapaz, mas pela maneira como ela agia.
Cada gesto de Natassia era um insulto.
Quem o julgava frio não tinha noção alguma das capacidades dela…
Ter permitido a presença daquela mulher em sua vida por tanto tempo tinha sido um erro imenso, lamentar agora que Isaak pudesse de alguma forma ter sido prejudicado por suas escolhas não era o mais acertado dos caminhos, ainda que fosse impraticável evitá-lo.
Decidido desligou o aparelho e ajeitando-se em uma posição mais confortável começou a leitura.
Leu por algumas horas antes de perceber que estava faminto.
Surpreso ao notar que em breve seria noite levantou-se e alongou seu corpo de forma felina.
O enredo era surpreendentemente cativante, ainda que recheado de clichês, contrariado admitiu.
A leitura era fluída não exatamente por aprofundar-se em muitos pontos, porém, justamente por debruçar-se sobre questões que muitas pessoas podiam se identificar como a conexão entre os indivíduos.
Suspirou resignado, o pano de fundo era ainda um tanto ridículo, porém as motivações da personagem eram de certa forma legítimas e ele conseguia sentir identificação com personas líricas o suficiente para canalizar emoções sinceras para a sofrida princesa.
Se seria a porra de uma princesa… Encarnaria isso com dignidade.
Ao menos a personagem adquiria feições femininas apenas em suas próprias memórias e em alguns sonhos do par romântico, então ao que tudo indicava não teria que ser caracterizado como uma mulher.
Não que este fosse realmente um problema, uma vez que se propunha a um papel ele ganhava ou perdia peso, transformava sua postura e voz, estava disposto a tudo para dar veracidade àquele personagem.
Ao som de seu estômago reclamando da falta de alimento ergueu-se e voltou a se alongar.
Camus tinha um físico atlético e forte, sem exageros.
Buscou na geladeira algo, pensando que a heroína não era tão desamparada e vazia quanto a sinopse do agente tinha sugerido.
Separou os ingredientes necessários para preparar uma omelete.
Apreciava cozinhar e logo tinha uma refeição simples e bonita à sua frente. Além da omelete macia com queijo derretido, uma farta salada.
Saboreou a refeição com vagar sem prender seus pensamentos em exatamente nada.
Ao término lavou a louça.
Satisfeito escovou os dentes e tomou uma ducha rápida e só então decidiu retornar a leitura no conforto de sua cama.
Leu mais alguns capítulos, surpreso em como a autora manejava costurar situações cotidianas de forma leve bem humorada, transformando momentos quase banais em possibilidades de reflexão e empatia para os leitores. Que claro, deveriam ser pessoas jovens, provavelmente com poucas referências de relacionamentos.
Compreendia o sucesso dos livros, mas uma série na televisão teria outro ritmo. Um tremendo desafio!
Pensou na princesa e pendeu a cabeça de lado imaginando que se ela fosse um pouco mais jovem, categoricamente ele não estaria apto para o papel.
Decididamente precisava do papel!
Ainda tinha dúvidas sobre a qualidade do trabalho, contudo a necessidade haveria de ser seu motor.
Deitou-se, o grosso volume do livro repousando solene ao seu lado, deu-lhe as costas, imediatamente caiu no sono.
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