História Coincidence or not. - Dramione - Truth or Dare.

Pov. Draco

...Sexta...

20:30 P.M.

Pra mim não, pra mim não, pra mim não!

Era só o que eu conseguia pensar vendo aquela garrafa girar com a ponta da resposta deslizando para possivelmente acabar apontando pra mim. De quem foi a maldita ideia de jogar verdade ou desafio mesmo? 

Do Zabini, claro. Nota mental: Assassinar meu melhor amigo. Aliás, ex- melhor amigo.

Vou explicar. Ele estava aqui enchendo meu saco, quando acabou as aulas, e as meninas chegaram, ficamos conversando, de vez em quando Gina (Hermione me obrigou á parar de chamá-la de Weasley fêmea, longa história de ontem que você não quer saber) e Zabini ficavam trocando olhares e eu conversando mentalmente sobre isso com Mione (é, ela acabou deixando eu chamá-la assim, outra longa história de ontem, que você não quer saber), ai Zabini teve a brilhante (note a ironia) ideia de jogarmos verdade ou desafio.

Gina aprovou na hora (vai saber) e Hermione foi convencida pelo que ela chama de O Olhar de Gato de Botas, que eu sei como é convincente porque a própria Hermione usou contra mim (depois de ser convencida por Gina a fazer isso, e antes disso Zabini ter feito uma tentativa altamente fracassada). Eu acabei aceitando, mas é que... Ela fica com aquela carinha e... Argh.

Ok, ai Gina (que conhece quase Hogwarts inteira) selecionou Testa Rachada e Cabeça de Cenoura, Astória e Pansy (duas que eu não sei o que estão fazendo aqui, mas acho que foi Zabini que pediu).

Testa Rachada e Cabeça de Cenoura ficaram boquiabertos quando entraram, o que me deixou bastante eufórico (testosterona, fazer o que), até porque é tudo meu (e da Mione, mas foda-se). Tory e Pann também, mas e daí? 

De qualquer forma, começou o maldito verdade ou desafio. Sentamos eu entre Zabini e Astória (Tory á minha esquerda), Tory do lado de Cabeça de Cenoura , Cabeça de Cenoura do lado de Testa Rachada, Testa Rachada do lado de Mione, Mione ao lado de Gina, Gina do lado de Pansy, Pansy ao lado de Zabini. E eu tenho quase certeza de que eu vou ser o primeiro alvo. 

Mas pude respirar aliviado. Eu pergunto para Gina. Eu adoro perguntar, só detesto responder.

-Verdade. -Disse logo a ruiva.

-Devo começar com um golpe baixo? -Me perguntei. Senti um sorriso completamente cruel e malicioso surgir no meu rosto quando tive uma ideia.

-Ai Merlin. -Sussurrou Gina. -Um sorriso Weasley.

De Weasley não tinha nada, mas ignorei o comentário.

-É verdade que você... -Pausa dramática. -... Está se pegando com o Zabini?

Zabini começou a engasgar com a própria saliva e Gina a tossir desesperadamente, o que era quase a mesma coisa. As orelhas de Gina estavam tão vermelhas quanto possível, se camuflando no cabelo. Hermione ria tanto quanto eu, enquanto Harry fazia uma careta em conjunto á Pansy e Cabeça de Cenoura ficava com suas orelhas tão vermelhas quanto as da irmã, embora fosse de raiva, e Astória ficava calada e séria, como se nada estivesse acontecendo.

-Não. -Negou ela, tentando se recuperar.

-Mentira! -Esbravejou Mione, rindo. -Eu e Draco vimos vocês dois se engolindo ontem! Na ronda!

Ué, voltamos a cumprir nossas obrigações. Eles não tinham nos visto, e decidimos não interromper. Gina voltou a seu ataque de tosse, e Zabini começou a ficar corado, o que não era coisa dele. Com certeza não.

-Vamos girar isso logo. -Disse Zabini, se inclinando pra girar a garrafa de Whisky de Fogo que Gina arrumou não sei de onde.

Ronald / Cabeça de Cenoura pareceu ficar agradecido. Zabini pergunta para Mione.  Provavelmente algo de muito ruim vai acontecer.

-Verdade ou desafio? -Pergunta Zabini, parecendo saborear cada palavra.

-Verdade. -Murmurou Mione. 

-Ah, a vingança. -Diz Blásio. Deu um sorriso maldoso e perguntou: -Você é virgem?

Dai se seguiu muitas caretas da parte da Mione, risadas das sonserinas e de Gina e Zabini e olhares curiosos de mim, Testa Rachada e Cabeça de Cenoura.

-Não. -Sussurrou Mione.

Todos pararam de rir. Todos, agora todos todos mesmo, encararam Mione espantados, e isso me inclui. 

Hermione Granger não é virgem?

OI? QUE PORRA DE MUNDO PARALELO FOI ESSE ONDE EU ME METI?

Mas a minha real dúvida é: Quem foi o filho da puta que tirou a virgindade de Hermione Granger? Eu vou matá-lo. Com muitos crucios. Talvez eu possa até assassiná-lo com torturas trouxas. 

Mione corou violentamente.

-Que foi? -Perguntou ela.

Ergui minhas sobrancelhas.

-Você. Não. É. Virgem? -Perguntei, pausadamente. -An... Que eu saiba, você é Hermione Granger. Hermione Granger é virgem. 

Ela revirou os olhos.

-Não, não sou, e... Girem isso! -Mandou ela, subitamente irritada.

Ronald girou e caiu Tory perguntando para Harry. Ela perguntou uma besteira. Depois foi Ronald perguntando para Pansy. Outra besteira. Depois Harry para Zabini. Outra besteira.

Tava começando a ficar chato. Todo mundo escolhendo verdade, nada pra perguntar... Ai foi eu perguntando para Hermione. Verdade, ela disse. Finalmente vou poder descobrir quem será o próximo homem morto.

-Quem tirou sua virgindade? -Perguntou.

Ela ficou vermelha. De novo.

-Porque só perguntam disso? -Reclamou ela. Depois respirou fundo e disse: - Um menino trouxa. Joseph Campbell. 

Paralisei. Eu já ouvi esse nome antes.

-Joseph Charlie Campbell? -Perguntei, já me sentindo enjoado.

Eu lembro de quando Voldemort me fez matá-lo. Foi a primeira pessoa que torturarei e matei, e a primeira pessoa que vi virando jantar de Nagini. No meu primeiro dia como Comensal. Voldemort exclamou seu nome o mais alto que pode e fez piadinhas. Me lembro de uma, que não entendi no dia: 

"Era muito conhecido por tirar a inocência das trouxas... E de certas bruxas também."

-Sim. -Disse Hermione, franzindo a testa. -Como você... Quer dizer, ele desapareceu. Nunca mais voltou pra casa, algum tempo depois de... -Ela corou. - Mas enfim, como você...

-Draco, você parece que vai vomitar. -Comentou Astória.

-É porque estou com vontade de vomitar. -Admiti. E essa vontade só aumentava.

Eu lembro de como ele estava desesperado, de como chorava, de como gritava de dor. Foi minha primeira reunião, e eu me traumatizei naquele dia. Eu lembro que ele era até bonito, vendo pelo ponto de vista de uma menina. Cabelo preto, olhos azuis, "forte". 

Todos me encaravam, ou preocupados, ou curiosos.

-É sério. -Falei, me levantando e correndo pro banheiro. 

Tranquei a porta. Não vomitei, mas me encarei no espelho e estava verde. Depois pálido. Molhei meu rosto. Respirei fundo três vezes. 

-Draco. -Chamou Hermione, do outro lado da porta.

-Espera ai. -Pedi.

Respirei fundo mais três vezes.

-Draco, você tá bem? -Falou ela.

-Sim. -Respondi.

Sequei meu rosto e abri a porta. Realmente eu estava melhor. 

-O que ouve? -Sussurrou ela.

-Eu... conheci ele. Decididamente da pior forma possível. -Murmurei de volta. Era uma meia verdade.

Ela arregalou os olhos.

-Conheceu Joseph? Então sabe onde ele está? -Disse ela, agora alto.

-Ele... Sabe de uma coisa? -Mudei de assunto, olhando pro relógio. 21:29 P.M.-Está tarde. Se pegarem vocês. -Falei, me virando pro povo da roda. -Vão acabar numa detenção. E acho que não querem isso. E eu estou com sono. -Menti, fingindo um bocejo que deve ter ficado exagerado. -Então... tchau.

Sai correndo pro meu dormitório. Fechei a porta com um estrondo e a tranquei. Me joguei na cama.

Meu Merlin, eu não podia ter tido uma reação melhorzinha? Não fui convincente quando menti. E eu poderia ter evitado a mentira. Será que isso me abala tanto assim? Parece que sim.

Mas acho que nem o Comensal mais durão tem estômago para a Primeira Reunião. A Primeira Morte. 

E o mais irônico de tudo era que, á um tempo atrás eu estava pensando nas maneiras que eu o mataria. Bom, agora eu sei. 

Pov. Hermione

...Sexta...

21:32 P.M.

O quadro se fechou me deixando só. Ou quase isso. 

Eu ainda estava tentando assimilar os últimos acontecimentos do verdade ou desafio, que acabou sendo um verdadeiro desastre. Me sentei no sofá. A garrafa de Whisky de Fogo ainda estava lá, jogada no chão. Fiquei encarando-a.

"Draco pergunta para mim. Ai meu Merlin. Isso não vai prestar.

-Quem tirou sua virgindade? -Perguntou ele.

De novo a vontade de me enfiar no primeiro buraco que eu achasse. Senti meu rosto esquentar.

-Por que só perguntam disso? -Me perguntei. Respirei fundo. - Um menino trouxa. -Respondi. -Joseph Campbell.

Eu lembrava muito bem de Joseph, ou como eu o chamava, Jo. Ele era lindo, apesar de meio galinha, e de outros tantos defeitos. Apesar dos apesares, ele me tratava de um jeito especial. Tinha desistido de me perguntar qual era a minha escola até rápido, e ficou meu amigo. Nas férias antes de eu vir para meu sexto ano em Hogwarts, ele me beijou. Ficamos ficando por mais uma semana antes de ele tentar qualquer coisa.

Ele pareceu tão... desesperado para ir pra cama comigo que eu permiti. Foi uma burrada, uma burrada sem limites. Não falou comigo pelos dias seguintes ao da burrada. Algum tempo depois, antes que eu fosse para a Toca, soube que ele desapareceu. A polícia procurou por ele em todo lugar. Fui interrogada três vezes. Nada. Não se tem notícias.

Olhei para Draco. Ele estava ficando verde. Depois pálido, depois verde de novo.

-Joseph Charlie Campbell? -Perguntou ele, a voz meio trêmula.

Franzi a testa. Sim, esse era o nome todo dele. Mas como Draco o conhecia?

-Sim. -Falei. -Como você... Quer dizer, ele desapareceu. Nunca mais voltou pra casa, um tempo depois de... -Me parei. Eles entenderam. -Como você...

----------Aquela coisa toda depois--------------------------------------------------

-O que ouve? -Sussurrei.

-Eu... Conheci ele. Decididamente da pior forma possível. -Murmurou ele de volta.

Arregalei meus olhos. Não, eu não gostava mais do Jo, mas queria ajudá-lo. Se Draco o conhecia, sabia onde ele estava.

-Conheceu Joseph? Então sabe onde ele está? -Falei, agora alto.

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Draco saiu correndo para o dormitório dele. A reação dele... não tinha sentido. 

Outro mistério de Draco Malfoy que eu iria desvendar."

Suspirei. Talvez, não tendo ninguém além de mim, ele me explique. Acho que de uma forma estranha, ele me deve isso.

Subi calmamente para o dormitório dele. Tentei abrir a porta só girando a maçaneta. Trancada.

Bati na porta.

-Quem é? -Perguntou ele. Soava cansado. E meio temeroso.

-Quem mais seria? -Respondi, tentando soar... não sei. Reconfortante? Legal? Alguém que ele deixaria entrar?

-Tem mais alguém ai?

-Não.

A porta abriu e entrei por ela. Draco estava largado na cama, encarando os pés. 

-O que quer? -Disse ele.

-Saber o que aconteceu. Você disse que conheceu Joseph. -Falei. Não queria enrolar.

Ele levantou os olhos.

-Eu... -Ele suspirou. -Eu achei ele morrendo.

Meu coração começou a bater mais rápido, como toda vez que eu escutava a palavra "morte" e seus derivados. Seria uma fobia? Não importava. Sentei ao seu lado na cama.

-Morrendo? -Sussurrei.

Ele voltou a encarar os pés.

-Morrendo. -Repetiu ele. -Não havia o que fazer. Ele disse o nome dele. Mas foi a última coisa que disse. Eu ouvi um guarda chegando. Não queria que ele pensasse que tivesse sido eu que o matou, então sai correndo. Fui um covarde. -Senti mais a verdade na última frase do que em qualquer outra.

Fiquei em silêncio. Era uma história traumatizante, realmente. Entendo como ele ficou.

-Tudo bem. -Falei, tentando passar calma. Ele parecia agoniado. -Eu entendo você. Possivelmente eu faria o mesmo.

 Segurei sua mão esquerda na minha direita. Senti como um choque. Mas um choque bom. Agradável. Apertei sua mão, não com muita força. Draco não desviava o olhar das nossas mãos juntas. Nem falou nada. Parecia estar simplesmente cansado. Dei um último aperto na mão dele e me levantei para sair.

-Dorme aqui? -Pediu ele, atrás de mim.

Era só o que eu queria ouvir. Me virei e lentamente deitei ao lado dele. Não abraçados, mas só deitados um do lado do outro. Ele pegou minha mão mais uma vez. E assim, pela segunda vez na semana, dormimos no mesmo quarto.