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História Cold Little Heart - Capítulo Doze.


Escrita por: Cernunnos

Notas do Autor


Olá, meninas(os)!
Como estão?
Mil desculpas pela demora, mas a vida cobra e então temos que lidar com ela. Contudo, como sempre digo, nunca irei parar de escrever minhas fics <3 Então por mais que demore e me descabele, irei continuar!

Obrigada pelos cometário maravilhosos e bem vinda aos novos leitores(as) <3
Agradeço de coração o carinho e espero que tenham paciência!

Capítulo 13 - Capítulo Doze.


Capítulo Doze.

 

Frente aos portões da grande mansão, respirou fundo tomando coragem. Precisaria de coragem para ouvir o que ele tinha a dizer.

Num silêncio atípico, os portões abriram-se sem um ranger sequer. Trocando a marcha do seu pequeno carro, dirigiu por entre os gramados bem cuidados. Ao parar na vaga frente a entrada da mansão, um empregado da casa, devidamente trajado em uniforme, estava à sua espera.

- Senhorita Hyuuga - o senhor já de idade a cumprimentou com um inclinar de cabeça - O senhor Inuzuka está a sua espera no ginásio.

- Obrigada - sorriu em resposta.

Entrando na casa, não impressionou-se com o quanto de luxo estava empregado em cada cômodo por onde passava. A grande família fazia parte da Akatsuki por tantos anos quanto o próprio clã Hyuuga, sendo uma das primeiras a entrar para a organização. Dinheiro e poder eram uma base regular na família, conhecida por produzir grandes lutadores de várias categorias de artes marciais.

Seguindo por corredores silenciosos e depois uma escadaria, Hinata viu-se parada frente a porta dupla de vidro temperada, que não dava uma visão certa do ambiente adentro. O senhor que a acompanhava abriu espaço para que pudesse entrar, mas a deixou sozinha logo em seguida.

O ginásio era grande, mas ela não precisou procurar pelo Inuzuka. O grande e musculoso homem batalhava com um homem tão grande quanto ele, num tatame vermelho. Ambos sangravam, o cheiro metálico e suor era como nuvem carregada circulando pelo espaço.

Luvas circulavam os pulsos dos homens, que se esmurraçavam e chutavam-se, como verdadeiros inimigos mortais. Contudo, era possível ver a grande habilidade do Inuzuka, que com alguns golpes a mais, derrubou o outro no tatame e o finalizou com um soco na mandíbula.

- Minha doutora! - ele virou-se para olhá-la, como se a tivesse visto desde o momento em que entrou no ginásio, e ela não duvidava que foi exatamente o que aconteceu.

Kiba Inuzuka era tão treinado e experiente quanto os  outros homens da Akatsuki, sendo criado dentro da organização. O sorriso no rosto dele a lembrava de um lobo, pois seus caninos eram ligeiramente maiores do que o normal, e os olhos eram tão atentos quanto o animal.

- Kiba - Hinata sorriu revirando os olhos. Ele era sempre um pouco exagerado quando se tratava dela.

O outro homem, que recuperava-se lentamente, levantou-se e saiu sem nada dizer. Era então claramente alguém contratado para treinar. Inuzuka aproximou-se da morena com um sorriso, que para Hinata era uma assinatura da canalhice dele.

Kiba sabia que podia derreter uma mulher com aquele sorriso, e Hinata sabia que se fosse uma visita social, talvez entrasse naquele jogo. Porém, o assunto que a trazia era delicado e pessoal.

- Então, o que posso fazer por você? - ele perguntou quando próximo o suficiente. O calor vindo do corpo dele era abrasador - Fiquei surpreso pela ligação. Saudades? Nossa última noite foi...

- Ontem houve uma reunião - Hinata o cortou rapidamente. Não estava ali para relembrar momentos quentes - Sei que era sobre Hanabi.

A postura receptiva mudou drasticamente, Kiba desfez o sorriso e ficou todo negócios, com a face dura e os olhos neutros. A Hyuuga conhecia o verdadeiro “eu” do Inuzuka, pois foram criados juntos e compartilharam  muitos momentos tensos dentro da organização. Contudo, ela não era permitida dentro dos negócios, por ser mulher, e Kiba era seu canal mais próximo por informações.

- E quem te deu essa informação? - até mesmo a voz dele tornou-se um pouco mais fria - Um dia pode acabar muito mal para você, essa coisa de ficar recortando informações. Se os Capos e Dons, sabem o que está fazendo, você pode ser banida e sabemos o que isso significa.

- Sim, a morte certa - suspirou ela afastando o nervosismo - Mas essa é a única coisa que realmente me importa. É da minha irmã de quem estamos falando. Eu preciso saber.

- E o que fará com a informação?

- Kiba - gemeu ela consternada, levando a mão ao peito dele o acariciou levemente - Apenas preciso saber se os encontraram e que vai haver vingança. Por favor?

O Inuzuka segurou a mão dela ainda sobre seu peito, a mantendo lá. Ele sabia que não deveria, que seria punido se soubessem que revelou algo de uma reunião para ela. Mas também sabia do amor que Hinata tinha pela irmã, a pequena Hanabi.

Kiba nunca resistiu aos olhos claros da sua doutora, ou assim a considerava. Mas também havia outra coisa, ou outro alguém, que o pendurava sobre falar com ela sobre a reunião. Algo que a poderia afastar para sempre de sua cama e vida.

- Não os encontraram ainda, mas já temos informações de que eram irlandeses - falava a encarando atentamente - O motivo também já foi definido, mas isso não posso falar. O clã Uzumaki está responsável para encontrá-los.

- Os Uzumaki? - Hinata engoliu em seco.

Kiba juntou seus corpos, a suavidade do corpo dela pequena comparado ao seu.

- Naruto está vindo para cá. Ele sabe apertar os botões certos para encontrá-los.

Hinata recuou ao nome, virando-se de costas. Não esperava por isso. Não esperava que chegassem ao nome dele.

- Quando? Quando ele chega?

- Daqui há poucos dias. Capo Sasuke está mais taciturno do que o comum e quer isso resolvido.

Sentindo seus ombros pesados, a Hyuuga suspirou profundamente. Os algozes de sua irmã ainda não foram encontrados, escondidos como estavam, mas sabia que levaria apenas algum tempo. Irlandeses eram extremamente fechados em torno de sua comunidade, por isso a ideia de trazer Uzumaki Naruto era uma ideia inteligente e sagaz, mas ainda assim o peito da morena comprimiu-se em dor.

- Ele a abandonou, doutora - Kiba murmurou chegando-se às costas dela, aspirando o cheiro dos fios negros - O esqueça. Minha proposta ainda é válida.

Hinata, engolindo uma respiração, forçou um sorriso em seus lábios e encarou Kiba. Sabia que não adiantava esconder-se numa concha quando se tratava dele, pois o Inuzuka sempre sabia quando estava vulnerável, mesmo que não soubesse todos os fatos de seu passado, mas ainda assim ela não queria que ele a visse dessa forma.

- Naruto é apenas um motociclista, que ajudará a encontrar os monstros que feriram minha irmã. Não há por que o esquecer - deu de ombros, tentando parecer indiferente - E não posso me casar com você.

- Por que não? Nos damos muito bem na cama, nos encaixamos perfeitamente - Kiba soprou malicioso.

- Sexo não é tudo - Hinata revirou os olhos, mas tinha agora um sorriso sincero - E você é um idiota. Não consegue manter seu pau nas calças. Não sou mulher de ser traída.

- Ah, minha doutora. Apenas você pode me curar - ele abriu o sorriso mais canalha que podia, sabendo que Hinata levaria tudo na brincadeira. Porém, a sinceridade fazia seu peito arder.

Hinata o alcançou e abraçou com carinho, não ligando para suor ou o sangue, que secavam lentamente. O Inuzuka era o único amigo que tinha desde a infância. Ele sempre a entenderia.

- Obrigada. Estou mais calma agora.

- Levará apenas algum tempo, Hinata - ele usou seu nome pela primeira vez, sua grande mão acariciando os fios negros - Eles vão pagar da pior forma possível. Vão morrer da pior forma possível.

- Eu sei.

- Hanabi irá se recuperar e seguir em frente. Achará um homem bom que cuidará dela.

- Eu vou cuidar dela - resmungou a morena contra o comentário sexista.

- Claro que vai - Kiba concordou sem hesitação, mas ainda assim, condescendente.

Hinata afastou-se do abraço com um suspiro. Estava na hora de voltar para a mansão dos Uchihas. Uma Sakura silenciosa a esperava.

- Preciso ir - disse tomando espaço do corpo grande outro - Novamente obrigada.

- Você é bem vinda, doutora - ele retornou ao sorriso fácil - Apenas mantenha o que te contei, certo? Cortarão minha língua se souberem que ando falando sobre as reuniões com você.

- Não se preocupe, eu apenas precisava saber que estavam fazendo algo.

- Como pôde duvidar? Somos uma família, jamais deixaríamos Hanabi sem uma vingança.

- É apenas…

Hinata corou envergonhada. A culpa a fazia vermelha. Desde de a chegada de Sakura, todos os Uchihas e Harunos, que eram de onde vinham as ordens, tinha sua atenção nela. O receio de que esquecessem a monstruosidade feita a irmã exista, mesmo que se punisse ao pensamento, pois Sakura merecia a atenção de todos realmente.

- Agora quem precisa de informações sou eu. Quem é a pessoa misteriosa dentro da mansão da realeza Uchiha? - perguntou com ironia o Inuzuka.

- Desculpe, mas não seria apenas a minha língua que cortariam se lhe contasse - Hinata sorriu nervosamente - Seria a cabeça inteira.

- Hum, tão importante assim?! - perguntou ele surpreso - Acho que vou ter que esperar como todo o resto para saber.

- Sim. Não seja um intrometido - Hinata soprou enquanto afastava-se em direção à porta.

- Olha quem fala! - exclamou Kiba a observando ir embora - Me ligue novamente e então poderemos jantar.

- Pode deixar!

Hinata negou com a cabeça enquanto saia do ginásio. Ela sabia bem onde um jantar com Kiba podia acabar.

****

“- Sakura - murmurou roucamente.

O meninos continuou sorrindo, os dentes manchados com sangue carmim. Os cabelos negros grudavam na pele pálida suada.

- Oi, Sakura - ele disse, levantando-se do meio fio da calçada.

Sakura recuou quando o viu se aproximar. Mesmo que fosse alguns centímetros mais baixo, não podia confiar. Estava fraca demais para lutar ou mesmo fugir. Porém, o dinheiro que carregava era seu e não iria abrir mão.

Lutaria se fosse preciso. Mas os olhos escuros do garoto não havia malícia ou ganância, havia fome por companhia. Sakura tinha visto aquele olhar em algumas pessoas nas ruas. Pessoas que se apegavam a qualquer um ou qualquer coisa que aparecia.

- O que você está fazendo? - perguntou curioso o menino.

Sakura, não respondendo, apenas continuou seu caminho, passando por ele. Não precisava de companhia ou de problemas. Contudo, os passos que a seguiram mostraram que não importava muito o que queria.

- Eu posso ficar com você? Eu tenho medo do escuro…

- Vá embora! - Sakura disse virando-se subitamente para ele.

O olhar assustado no rosto magro e infantil, contorceu seu coração. Aquele olhar ela conhecia na pele. O medo do desconhecido, o medo do escuro. Esse era um medo que nunca iria embora, não importa o quão alta nas drogas está.

- Volte para sua mãe garoto.

Haku baixou a cabeça e conseguiu ver as novas lágrimas que lhe caíam pelo rosto.

- Papai… - ele soluçou levantando o olhar para ela - Ele disse que vou morrer se ficar com ele.

Sakura engoliu o bolo amargo na garganta. Os grande olhos escuros do menino refletiam o medo, a dor da rejeição. Respirando fundo, Sakura suspirou num estremecimento.

O sentimento de ligação era estranha. Durante anos não importou-se com nada além de si mesma, e então simplesmente não podia virar as costas para Haku. Mas ela sabia o motivo. Haku era um reflexo dela anos atrás, quando Karin também a largou.

Longos segundos depois, Sakura virou as costas e retomou a caminhada.

- Vamos. O Toni’s vai abrir logo - murmurou não parando de andar.

Não precisava virar-se para saber que ele a estava seguindo. Haku tinha passos leves, mas que eram altos no silêncio da noite.”

Todos os dias que vieram depois do primeiro encontro, Haku a seguiu. Ele confiou sua vida a ela, confiou em todas as suas escolhas. Não importou-se com a distância que colocava entre eles em muitas noites ou quando o silêncio da noite os faziam parecer as únicas pessoas na terra.

Haku fez o coração dela, há muito esquecido, bater mais rápido com um sentimento desconhecido. Nunca soube o que seria o amor, mas Sakura tinha a certeza de que morreria por Haku.

Por todos os meses que ficaram juntos, cuidou dele como podia e que ninguém nunca havia feito por ela. Roubou comida quando não havia algum dinheiro. Vasculhou lixos por roupas para ele. Mas agora ele estava sozinho, e mesmo que o tenha ensinado a como sobreviver, as coisas estavam mais complicadas.

Os latinos estavam a procura dela, e todos que a conheciam sabiam sobre Haku. Sabiam como ela olhava por ele. Corpos eram encontrados degolados e qualquer outra barbárie por se envolverem e ficarem de alguma forma devendo a eles. E Sakura nem sequer podia pensar em Haku estando nas mãos deles.

Ela precisava de alguma forma saber sobre ele. O encontrar novamente, e então juntos voltariam a viver. Ela precisava dele.

- O que está fazendo? - a voz forte soou pelo quarto - Isso devia estar fechado - repreendeu severamente.

Abrindo os olhos, mirou a dança em espiral que a neve fazia enquanto caia. O vento era suave, mas tão gélido que a estremecia e arrepiava a pele. Mas em sua pele, eram como carícias. Era como ela imaginava que beijos fossem.

Passos pesados vieram logo depois da reprimenda, e então a janela bateu-se fechada com força. O calor do quarto a envolveu imediatamente, fazendo desviar os olhos da neve e mirar o homem alto parado ao seu lado.

- O que estava fazendo? - voltou ele a questionar.

- Está quente - retrucou num murmurar.

Ele piscou surpreendido pela simples resposta. Era claro que ele não esperava por isso.

- Ah… - murmurou ele por um momento sem saber o que responder, mas logo a postura séria voltou - Não pode pegar friagem dessa forma. Acabou de se recuperar, não quer cair na cama novamente, não é?

Sakura negou com a cabeça. Estava cansada de ficar deitada. E agora que, finalmente, podia andar sem sentir dores, aproveitava. Hinata havia dito que poderia sair do quarto se quisesse, mas não sentia-se a vontade. Não queria encontrar as pessoas.

- Fiz Croissant - ele apontou para a bandeja de prata na cama.

O cheiro de pão assado, a fez salivar imediatamente. Mesmo passados dias em que comia a cada hora, a fome nunca passava. Ela sempre podia comer mais um pouco. E o senhor Haruno era quem fazia suas refeições, Hinata havia lhe dito.

- Obrigada - agradeceu baixando a cabeça, como sempre via sua médica fazendo.

- Não faça isso - Kizashi a repreendeu suavemente - Não abaixe a cabeça em minha presença. Sou seu pai, não seu Dom neste momento.

Erguendo o olhar, Sakura assentiu. Em sua mente não fazia mais sentido negar as palavras quanto a ser Akemi, simplesmente a ignoravam. A ideia de que poderia ser Akemi, mesmo que negasse, começava a infiltrar-se em sua mente. As fotos que a senhora Haruno havia deixado ainda estavam ali. E mesmo que não quisesse, pegou-se pensando em como seria ter crescido ali, em torno daquelas pessoas.

Mas não permitia que os pensamentos se fixassem por muito tempo. Não podia criar laços, nem mesmo imaginários.

- Por que não senta e come? - Kizashi seguiu para a poltrona do quarto e sentou-se.

A rosada seguiu o comando, mas hesitou para comer. Não gostava de ser observada comer, mas até ali, já começava a estar acostumada, pois havia percebido que gostavam de lhe olhar, se certificar de que estava bem. Olhando o pão, que tinha uma forma curiosa, o alcançou. O cheiro era aterrador.

- O que é? - perguntou segurando o pão, pois sabia que era um pão, ou pelo menos cheirava como um.

- É um croissant. Nunca viu um? Tem recheio de ricota.

- Ricota?

Sakura não conseguia segurar as perguntas, mesmo que ficasse completamente sem graça. Todas as vezes que lhe explicavam coisas que eram tão óbvias para eles, era como se o abismo entre as realidades ficasse mais visível.

Kizashi sorriu de canto à curiosidade que via brilhar nos orbes verdes. Hinata havia lhe dito que Sakura era curiosa quando não conhecia as coisas e palavras, perguntava espontaneamente. Para ele era emocionante ficar e a observar conhecer novas comidas. O modo como ela mastigava lentamente, aproveitando cada sabor, postergando o próximo pedaço. Sakura fazia a comida durar. Além de fazer ruídos de satisfação.

A Hyuuga estava certa. Eram ruídos dóceis, fofos. Mesmo que fofo fosse uma palavra inesperada para se associar à Sakura.

- Vim hoje para lhe dizer que está se mudando - informou enquanto ela comia lentamente.

Kizashi percebeu que comer na frente de uma pessoa, para a rosada, ia além de vergonha, era também uma questão de confiança de certa forma, mesmo que ela não percebesse, e ficava imensamente alegre por aquele pequeno passo.

- Sua mãe e irmã estão ansiosas para viver com você. Um quarto foi preparado em todos esses dias em que aqui esteve. Está na hora de integrar-se na familia.

- Há outra escolha? - murmurou Sakura, sentindo a boca seca, ao mastigar.

- Não - negou o Haruno serenamente - Sei que ainda duvida de que é realmente minha filha, mas acredite Sakura, você é. Já passei por outras crianças e jovens na tentativa de encontrá-la, e foi um erro doído todas às vezes.

Vendo o brilho de dor nos orbes do mais velho, Sakura deixou o pão de lado.

- Por que levaram Akemi? - murmurou roucamente.

Kizashi a encarou surpreendido por alguns segundos. Era a primeira vez que ela queria saber algo sobre a história que a levou para longe todos esses anos. Nos dias que vinham passando, ela apenas ignorava tudo que envolvesse o nome Akemi.

- Estávamos em guerra com os russos, alguns negócios a serem resolvidos estavam pendentes. Você tinha nascido poucos meses antes e então me afastei dos negócios por algum tempo. Mas então um dos nossos causou a morte de um importante membro dos russos...

- Akemi foi uma retaliação - Sakura terminou por ele.

- Sim. Você foi uma retaliação.

O silêncio caiu pesado entre eles. Kizashi levantou-se da poltrona e aproximou-se aos poucos. Ter Sakura a sua frente, ainda era surreal.

- Eu revirei essa cidade, mas até hoje não sei onde a deixaram. Eles a esconderam de mim. Pensei que estivesse morta por tanto tempo, tantos anos. Então, por favor, não me peça que a deixe ir. Não posso perdê-la novamente.

Sakura engoliu em seco com as palavras tão cheias de sentimentos, que eram tão incompreensíveis para si. Ela podia confiar neles? Havia confiado em Karin. Confiado nas freiras. Confiado em Sai.

- Estamos a procura do menino - Kizashi chamou sua atenção de volta para ele, fazendo seu coração disparar em ansiedade.

- Haku - murmurou fracamente.

- Sim. Sasuke me informou do quanto ele é importante para você. E tudo sobre você é importante para mim, para a Akatsuki. Vamos trazer Haku para você e então não precisará ir embora.

Sakura levantou-se nervosamente da cama. Suspirando ansiosamente, quebrou o espaço entre eles, quase tropeçando no espesso tapete sobre seus pés.

- Para mim…? - perguntou ela sem conseguir expressar-se direito.

Kizashi ficou surpreso com o movimento tão abrupto da parte dela, mas se conteve para não a tocar. Os olhos verdes estavam tão brilhantes, tão verdadeiros. Kizashi soube então que Haku representava muito para sua filha.

- Vou trazê-lo e tratá-lo da mesma forma que tratamos você…

- A doutora irá vê-lo? - perguntou Sakura torcendo as mãos - Ele é magro. Tão pequeno.

- Hinata irá cuidar pessoalmente dele. Vamos dar comida e tudo mais. Não precisará mais passar noites na rua.

- E meias? Ele pode ter meias?

Kizashi sorriu, mas tinha um bolo apertado na garganta. Vê-la naquele momento, tão preocupada com alguém, lhe dava uma visão de como era sua vida nas ruas. Sobreviver e lutar pelo outro.

- Mas tem que me prometer que não irá fugir. Que não tentará deixar nossa casa - Kizashi soprou seriamente - Quero que confie em nós.

- Poderei ter Haku? - perguntou tentando assegurar-se.

- Sim. Assim que o encontrar, vamos trazê-lo para você. Apenas me prometa.

“Ele teria comida e calor. E meias, meias quente e fofas”, pensou ansiosa Sakura, enquanto o silêncio se instalava novamente no quarto. Era exatamente o que ela queria dar para ele. Haku merecia todas as coisas da vida. Todas as coisas boas.

Sakura voltou seus olhos para janela, a neve a cumprimentando de volta. A saudade de Haku fazia seu coração comprimir em espasmos, e então havia uma chance de tê-lo perto de si novamente. O pensamento de que ele podia fraquejar durante o inverno ou que as pessoas que estavam atrás dela o encontrasse era difícil de se engolir, mas não era impossível, afinal, era um menino de dez anos.

- Não fugirei - murmurou voltando a encarar os orbes do Haruno - Onde ele está?

- Ainda não o achamos. Há muitos garotos lá fora.

Sakura assentiu. Havia tantas pessoas vivendo nas ruas, quanto em prédios. Sabia que seria difícil para achá-lo. Tinha até mesmo feito um pequeno mapa mental para encontrá-lo quando fugisse.

- Parques, procure nos parques durante as madrugadas. Ele não ficará nos becos ou calçadas - recomendou hesitante. Abrir mão da segurança de Haku era incapacitante.

- Tudo bem - Kizashi, alegremente, concordou prontamente. Finalmente tinham avançado na relação - Continue a comer, certo? Tudo dará certo.

O observando ir embora do quarto, Sakura sentiu a ansiedade disparando em seu corpo com força. Sabia que eles poderiam o encontrar, só esperava que o encontrassem bem. Com os latinos a procurando, e não sendo um segredo que Haku andava com ela, o medo a fazia querer uma picada. Suas mãos chegavam a tremer.

As mortes pelas mãos de gangues eram violentas. Haku não podia pagar pelo sangue que ela derramou. Ela não suportaria.

O observando ir embora do quarto, Sakura sentiu a ansiedade disparando em seu corpo com força. Porém, ela estaria confiando, mesmo que fosse contra todos os seus instintos. Sabia que eles poderiam o encontrar, só esperava que o encontrassem bem. Com os latinos a procurando, e não sendo um segredo que Haku andava com ela, o medo a fazia querer uma picada. Suas mãos chegavam a tremer.

As mortes pelas mãos de gangues eram violentas. Haku não podia pagar pelo sangue que ela derramou. Ela não suportaria.

- Quando o encontrar… - chamou a atenção de Kizashi antes que ele saísse pela porta. Haku não viria com eles se não soubesse que era ela - Quando o encontrar diga, que eu disse para ele que tenho um sanduíche do Toni’s.

Kizashi assentiu, os olhos brilhando com interesse, mas nada perguntou. Assim que ele se foi, a porta fazendo-se fechada. A rosada virou-se para a janela e a abriu novamente. O frio a acalmava, e sempre o faria.

****

- Acho que não ficou bom, não é? - Hinata indagou contendo a careta.

Frente ao grande espelho, os ossos dos ombros e clavícula ainda estavam expostos e não de forma elegante. O vestido, mesmo que fosse próprio para o frio, não ajudava em nada em dar uma aparência mais saudável para Sakura.

- Vamos experimentar esse? - a voz da doutora lhe chamou a atenção.

Hinata a acompanhou em todos esses dias e mesmo que tentasse a afastar, cada vez que ela conversava sobre coisas amenas ou até mesmo sobre a irmã, sentia-se próxima, como se fosse importante de alguma forma.

Hinata perguntava o que achava das coisas e sempre a apresentava há alguma nova comida. E tinha visto lágrimas em seus olhos azuis claríssimos, quando a contou que nunca experimentou sorvete. A médica a fazia sentir-se visível e afastava um pouco a saudade sufocante de Haku.

- Por que não posso vestir minhas roupas? - perguntou enquanto via a morena estender um vestido com flores desenhadas.

Era colorido demais. Sakura nunca vestiu nada tão colorido. Ela achou uma vez um casaco roxo bonito, lembrava-se de usar ele mesmo que não fosse muito bom para o frio. O roubaram dela enquanto dormia entorpecida por heroína em alguma casa abandonada.

- Suas roupas não prestavam mais, estavam rasgadas. Foram jogadas fora…

- Jogadas fora? Elas ainda podiam aquecer - Sakura falou incisiva.

- Não, elas não podiam, Sakura - Hinata negou com a cabeça - Estavam rasgadas e molhadas. Se elas pudessem realmente aquecer, você não teria começo de hipotermia quando chegou.

Desviando os olhos da morena, Sakura nada falou. Hinata explicou que hipotermia era o frio que matava, ou foi assim que entendeu. Gostava que ela lhe explicasse as coisa que não entendia, mesmo que continuasse a não entender depois dela dizer.

- Sabe, acho que esses vestidos de Ino não vão dar. E olha que ela é magra - Hinata se afastou dela e caminhou até a poltrona que continha uma bolsa.

- Desculpe - Sakura murmurou a observando vasculhar na bolsa.

- Você não tem por que se desculpar - Hinata parou para olhá-la - Você logo conseguirá a chegar ao um bom peso. Eu achei que as roupas de Ino não dariam em você, então trouxe algumas de minha irmã. Ela magra e pequena como você.

Quando Hinata voltou, tinha nas mãos uma calça de tecido grosso, blusa de mangas compridas e um casaco. Sakura retirou o vestido e colocou as roupas. Não ligava para o que vestia, sendo quente.

- Está pronta? - indagou a morena abotoando o casaco azul escuro.

Sakura assentiu, mesmo que o quisesse realmente era pular a janela e correr. Não queria descer e enfrentar os Harunos ou a nova mudança que estava por vir. Contudo, sabia manter sua palavra, e pensar em Haku a mantinha calma. Além de que eles jamais demonstraram que poderiam a machucar.

- Não se preocupe, ainda irei acompanhá-la. Eles estão tão felizes por estar de volta - Hinata sorria, mas tornando-se séria de repente, continuou - Você não está nem um pouco feliz por ter saído das ruas?

Sakura a olhou por longos segundo sem responder imediatamente. Estava feliz de sair do frio e por ter comida e conforto. Mas ainda havia o medo. Sakura já havia confiado em pessoas, deixou-se enganar antes, e tudo o que houve foi violência e abuso. E havia Haku, ela estava confiando a vida dele nas mãos da Akatsuki.

- Vai ficar tudo bem. Sempre que precisar, pode me chamar - a morena continuou a dizer em seu silêncio - Vamos.

Sakura caminhou junto a ela, enquanto saiam do quarto. O corredor mostrou-se longo e largo. Quadros, alguns poucos, estavam presos nas paredes. Chegando às escadas, Sakura hesitou por um momento, apenas um segundo.

“Eu sou Akemi?”, perguntou-se quando no primeiro degrau.

- Sakura? - Hinata, estando degraus abaixo, virou-se para encará-la - Você vem?

Sakura assentiu e continuou a descida. A casa era enorme, nunca havia visto daquela forma em toda sua vida. No final da escadaria estava o casal Haruno, que sorriram largamente. Hinata afastou-se e incentivou a andar em direção a eles.

- Sakura! - Mebuki apertava as mãos na frente do corpo, como se contivesse de alguma forma - Você está bem melhor!

- Obrigada - murmurou.

Sakura ainda não sabia como reagir quando perto da senhora Haruno. Havia receio da forma como falava, mas era algo que não sabia como controlar, pois conseguia ver que a magoava. Porém, as mulheres que cruzaram sua vida sempre foram cruéis em algum momento.

- Nós trouxemos alguém que está ansiosa para te ver - Mebuki continuou ansiosamente - Esta é Ino, sua irmã mais nova.

Sakura observou quando uma garota, poucos centímetros mais alta, deu passos à frente. Os cabelos loiros eram tão claros e os olhos azuis tão bonitos. As bochechas coradas e a pele pálida mostravam saúde.

Ino parecia um anjo. Como aqueles que Sakura viu no altar que existia no orfanato. Lembrava-se de mirar os anjos nas paredes enquanto limpava o chão. Apenas faltava as asas em Ino. Mas ela era tão bonita quanto um anjo.

- Oi - cumprimentou Ino sorrindo.

- Oi - disse a rosada a olhando fixamente.

- Você é muito bonita. É tão magra! - Ino continuou aproximando-se alguns passos.

- Ino! - repreendeu Kizashi condescendente.

Sakura observou como a garota abaixou a cabeça com reprimenda, mas ainda a olhava sorrindo. Não entendia por que seria bonita. Já foi chamada de muitas coisas, mas não bonita.

Olhando para Ino, Sakura viu o vestido colorido e com flores, muito parecido com os que Hinata a fez experimentar. Pôde ver então como eram diferentes. Ino era magra, mas havia curvas. Sakura sabia que não tinha nenhuma, era reta como um garoto.

- Você está pronta? - Kizashi perguntou.

Entregando um olhar para Hinata, que assentiu, Sakura se viu também concordando. Todos viraram-se para a porta que estava há poucos metros. Mas antes que a rosada o pudesse seguir, seu olhar cruzou com orbes negros. Dois pares de profundos olhos.

Os irmão Uchihas, parados debaixo de algum portal, os observava atentamente. Em roupas escuras, como sempre, e tão bem vestidos, estavam de pé exalando poder. Itachi sorriu de canto enquanto movia um cigarro para os lábios.

O cheiro terroso, como um dia de chuva e lama, e algo a mais, que não sabia nomear desprendia-se dele. Era o cigarro, e apenas o cheiro fazia seu estômago revirar-se em ansiedade.

Podia se livrar das drogas, mas o cigarro era diferente. A primeira tragada era sempre como uma onda de êxtase, que a fazia fechar os orbes e lamber os lábios. Além de que não havia fome com cigarros e eles eram bem mais fáceis de se arranjar.

Ninguém nunca recusa um cigarro, até mesmo os mais engomados. Todos querem compartilhar esse prazer.

Então havia Sasuke, que simplesmente a encarava, mas Sakura conseguia ver o obscuro espreitando nas bordas daqueles olhos.

Existia algo de sombrio em Sasuke Uchiha. Um sombrio cheio de promessas.

 


Notas Finais


https://www.youtube.com/watch?v=6p-c_VAP-Zw&list=RDkgf2hCZQHBg&index=3
Este é um link de um música que me ajuda a escrever. Assim que tiver um tempo, vou deixar, se vcs quiserem é claro, a minha playlist da fic. Todas as minhas histórias tem uma.
Em fim, espero que gostem e comentem!


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