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História Cold Little Heart - Capítulo Trinta e Dois.


Escrita por: Cernunnos

Notas do Autor


Olá!
Vocês já sabem o motivo do meu sumiço porque expliquei tudo no meu insta, então vamos pular essa parte hj!

Gente, esse é um cap importante e que encerra um ciclo na fic. No próximo cap vai haver um salto de tempo em um ano ou dois, estou me decidindo. Então espero que gostem do cap e podem ter certeza que as coisas vão começar a esquentar nos próximos capítulos!

Ah, e um dúvida recorrente no cap passado foi se Deidara e Itachi se beijaram... E não gente, o cap foi sobre o ponto de vista do Sasuke e ele só viu Deidara deixando Itachi para trás assim como descrevi no cap ainda sobre o ponto de vista do Deidara.

Os beijos e cenas quentes vão acontecer meu povo. Para uns a fic pode parecer parada, mas as coisas na vida não acontecem do dia pra noite, e minha proposta de fic é essa mesmo, o que é bem diferente de My Alpha por exemplo.

Capítulo 33 - Capítulo Trinta e Dois.


Capítulo Trinta e Dois.

Um mês depois

 

Shikamaru escrevia no quadro negro que lhe foi dado para trabalhar, algumas formas matemáticas um pouco mais avançadas do que pensaria estar trabalhando em tão curto tempo. Contudo, a rosada tinha uma mente rápida para cálculos e fórmulas matemáticas, logo estavam avançando rapidamente nessa questão.

Em outras áreas Sakura também avançava conforme o planejado, mas era na leitura que os avanços eram claramente visíveis. A Haruno lia tudo o que podia, livros, embalagens, e tudo o que podia consumir avidamente. Tinha fome por aprendizado, o que como professor, admirava feliz.

- Vamos tentar esses problemas e então podemos...

- Oi!

Ainda virado olhando para as fórmulas escritas, Shikamaru sentiu seu corpo retesar. Olhando por cima do ombro, viu a loira alegre saltitando feliz e puxando uma cadeira ao lado de Sakura, que estava concentrada escrevendo em seu caderno.

No último mês a pequena loira sentou-se em todas as aulas dando palpite em tudo o que podia. Shikamaru não gostava de tê-la por perto, pelo fato de que seu corpo respondia a sua aproximação nada sutil. Em sua mente gritava consigo mesmo por ter pensamentos com menina tão jovem e fútil, porém.

- Como está indo Sakura? Oi, professor Shikamaru! – ela acenou ao pegar seu olhar.

- Hum – resmungou voltando a escrever.

Simplesmente a ignorando. A princesa loira dos Haruno não existia para si.

A Haruno mais nova disparou em falar sobre o baile de formatura que seria no dia seguinte e que a rosada ainda não havia confirmado se ia. Revirando os olhos para o monólogo da loira, o Nara terminou escrever suas equações e virou-se a tempo de ver Sakura parar de escrever e apenas olhar para o caderno parecendo nervosa a cada segundo que passava.

Franzindo o cenho, estranhou, pois a rosada não ficava nervosa naquele ambiente de estudo que montou para ela. Mirando novamente Ino, reparou que a mesma, em sua empolgação, não percebia que sua conversa estava enviando a rosada numa espiral de ansiedade pelo modo como mordia os lábios.

- Esse... – Shikamaru interrompeu a fala dela abruptamente – É um momento de estudo, senhorita Haruno. Peço que nos deixe para que possamos continuar. Depois terá tempo de terminar sua conversa.

Ino o encarou com espanto, afinal nunca havia dito mais do que duas palavras para ela. Observou as bochechas dela corarem forte pelo corte frio, e o moreno sentiu seus dedos coçarem para tocar a pele rosada e ver o quão aquecida estava. Contudo, manteve a postura séria que lhe era característica e a encarou esperando algumas reação real.

- Tudo bem – levantou-se ela ainda corada de vergonha – Desculpe.

Shikamaru a admirou deixar o cômodo com pressa, seu vestido azul fazendo um efeito suave a sua volta. Desviando o olhar para Sakura, viu como suspirou parecendo aliviada, deixando de morder seu lábios agora ainda mais rosados pela força que fez.

- Você está bem? – perguntou solicito.

Sakura era uma mulher fácil de se lidar, em sua opinião. Bastava lhe dar o espaço que precisava que ela cresceria imensamente e logo ficaria confortável. Porém, suas emoções eram difíceis de serem lidar quando não se podia olhar em seus orbes verdes. Eram eles que espelhavam e a entregava.

- Sim – disse simplesmente e reiniciou a escrever.

- Você não mente tão bem quanto pensa, sabia? – provocou ainda a encarando e quando ela o olhou de volta, sorriu singelo.

- Sou ótima mentirosa – Sakura sorriu pequeno de volta dando de ombros – Você que é um bom observador.

De fato, era um excelente observador, afinal era um dos melhores e mais inteligente estrategistas da organização. Shikamaru não foi o escolhido para ensinar a mais nova Haruno displicentemente; ele era também um professor dentro da organização, ensinando logística e estratégias para os soldados, afinal, qualquer deslize no mundo onde viviam levaria à morte.

- O que te incomoda? – indagou depois de um tempo em silêncio.

- Nada.

- Está mentindo novamente.

Suspirando, Sakura o contemplou por um momento, decidindo-se se falaria ou não, o que Shikamaru aguardou pacientemente.

- Ela quer que eu vá ao baile – disse por fim.

- Você não quer ir? Então fale para ela – respondeu simples.

- Mas eu quero ir – Sakura respondeu e voltou a praticar sua escrita e tentando o ignorar.

Mas Shikamaru estava intrigado e queria saber mais. Pessoalmente não conseguia imaginar a rosada numa festa tão tipicamente adolescente. Sakura apesar de jovem tinha vivências que faziam ser muito madura para a idade que realmente tinha.

- Você apenas está me deixando confuso – murmurou suspirando tedioso.

Sakura não o olhou mais ou respondeu, apenas continuo a escrever concentrada dando por encerrado o assunto. Shikamaru sentou-se na cadeira e esperou paciente enquanto ela terminava de fazer os exercícios, o que não demorou muito, e logo ela estava o entregando o caderno onde praticava.

Colocando seus óculos de leitura, o Nara se pôs a corrigir os cálculos dela meticulosamente. O silêncio se instalou entres eles, mas pelo canto do olho o moreno a via se remexer inquieta e voltar a morder os lábios.

- Eu quero ir – disse Sakura baixinho – Mas não sou como Ino.

Shikamaru levantou o olhar e a encarou lhe dando toda a atenção. Se Sakura estava abrindo-se com ele, era porque confiava nele, o que demorou meses, pois apenas a dois meses havia começado a falar com ele diretamente e não apenas resmungos.

- Não gosto de conversar. Não tenho o que falar... – deu de ombros desviando o olhar para suas mãos na mesa – Não gosto de muitas pessoas e ela me disse que vão ter muitas. Eu não sei dançar....

- Bem, isso eu posso resolver – Shikamaru disse a cortando sutilmente.

- O que? – a rosada franziu o cenho confusa.

- Dançar. Posso te ensinar a dançar, claro que não como uma adolescente com hormônios furiosos, mas posso te ensinar uma valsa simples.

- Mas não sei se vou ou não...

Suspirando, Shikamaru inclinou-se sobre a mesa para poder aproximar-se um pouco.

- Você não é Ino e nunca será, Sakura – disse definitivo – Você cresceu diferente e isso sempre irá pairar sobre sua cabeça. Mas isso não faz de você menos, faz você quem é. E quem é você agora?

Sakura negou com a cabeça parecendo um pouco perdida. Ele não conseguia imaginar o que era ser tirado de uma vida, mesmo que fosse péssima, e ser jogado em outra completamente diferente.

- Sei que está sendo difícil para você, mas com o tempo tudo vai se assentar, prometo – afirmou dando-lhe um sorriso – Mas tenha em mente Sakura, que você pode fazer o que quiser agora. Você tem a oportunidade que muitos outros, que estão na situação da qual você saiu, não vão ter. Você é uma Haruno agora. Parte de uma das famílias mais ricas de todo o pais, se não do mundo, porra – continuou fervoroso – Você pode fazer o que você quiser.

- Qualquer coisa? – a rosada inclinou-se também sobre a mesa aproximando-se dele.

- Qualquer coisa – assentiu – Você vai se tornar uma grande pessoa, sinto isso. É inteligente o bastante para alcançar qualquer lugar.

Shikamaru abriu ainda mais o sorriso ao vê-la corar levemente. Sakura seria uma linda e grande mulher quando superasse seus medos e inseguranças. E que o Uchiha tenha a paciência de um Deus, por que todos os solteiros das famílias aliadas da Akatsuki irão lutar pela mão da herdeira.

- Você não parece um homem que sabe dançar – sussurrou por fim depois de alguns segundos.

Shikamaru abriu mais o sorriso e estava pronto para se gabar, quando ao levantar o olhar para a entrada da sala onde estavam, os orbes escuros o miravam.

- Eu menti – levantou-se imediatamente pigarreando – Mas o senhor Uchiha é um exímio dançarino, pelo que soube.

Sakura virou-se imediatamente encontrando Sasuke Uchiha com um novo livro em suas mãos. Sorriu ansiosa. O Uchiha vinha a alimentando com novos livros todas as vezes que terminava um. Não tinha ideia de como ele sabia sobre quando terminava de ler algo.

- Você de fato não pode dançar, senhor Nara – Sasuke afirmou aproximando-se mais – Poderia cair e quebrar um pescoço – encarou firme o professor – E não queremos isso, não é?

- Com certeza não, senhor – Shikamaru tinha agora um sorriso tenso em seu rosto – Vamos fazer uma pausa, Sakura. Vou buscar um copo de água.

- Tudo bem – concordou Sakura murmurou o ignorando completamente e não notando a tensão entre os homens.

Seu foco estava no livro nas mãos do Uchiha, que caminhou até ela confiante. Sasuke sabia que era pelo livro, mas ainda o aquecia a ver tão ansiosa por algo que vinha dele.

- O que é dessa vez?

- Bem, você devorou Harry Potter – riu ele puxando uma cadeira ao lado dela e fazendo-se confortável – Agora lhe apresento Senhor dos Anéis – esticou o livro grosso para ela.

Sakura apanhou o livro de suas mãos como se fosse um grande tesouro. Era um livro grande e com muitas páginas. Sentiu a ansiedade para começar um novo desafio, pois a cada livro terminado sentia-se cada vez mais realizada.

- Gosto muito destes – Sasuke a admirava apreciar o presente – Espero que goste também.

- É como Harry? – o olhou de volta curiosa – Tem bruxos?

- Não, é um universo totalmente diferente. É um pouco mais adulto do que Harry Potter. Mas tem muitas criaturas mágicas e tudo mais.

- Deve ser incrível então.

- É incrível sim – assegurou vendo-a passar as páginas interessada – Porque quer aprender a dançar?

Sakura corou e negou com a cabeça tentando fugir do questionamento.

- É o baile da Ino? – insistiu o moreno.

- Achei que precisaria saber dançar para ir no baile – soprou sem graça – Shikamaru disse...

- Se quer mesmo aprender posso te ensinar – Sasuke falou suavemente.

Sakura suspirou deixando o livro na mesa. Não sabia o que fazer. Amy, sua psicóloga, havia passado alguns filmes para que pudesse ver como funcionava o baile, e gostou, achou colorido e bonito. Porém, tinha muitas pessoas e dança.

- Não sei se vou – disse por fim.

- Não sente-se pronta?

Sakura encarou o Uchiha seriamente e negou com a cabeça. Sasuke foi quem a carregou quase morta e havia limpado seu vômito, e então a alimentava com livros e incentivava com os estudos. Ele não era um estranho, então não sentiu-se estranha em admitir o quão insegura estava.

- Mas você quer ir – Sasuke afirmou.

- Sim – Sakura assentiu – Queria ver como é. Ino não para de falar sobre isso.

- É. Ela está bem empolgada. Acho que já deve estar escolhendo o vestido agora mesmo.

- Não. Ela já escolheu ele antes mesmo de eu aparecer – a rosada riu dos olhos surpresos dele.

- Ok. Então ela está mais do que empolgada – Sasuke a acompanhou no riso suave – Você já tem alguma roupa escolhida?

Sakura tentou não parecer tão surpresa ao vê-lo rir. Era algo que não tinha visto ainda. Sempre conversavam brevemente quando ele lhe trazia os livros, mas nada ao que estavam fazendo no momento. E ela gostou. Sasuke Uchiha lhe despertava a curiosidade.

Sempre parecendo intenso demais e com o perigo permeando seus olhos escuros, Sasuke não era alguém com quem pensou em ter uma conversa tão banal ou mesmo sentir-se à vontade para demonstrar suas inseguranças. Contudo, ele prestava atenção cuidadosa a cada palavra que lhe dizia. 

- Não – negou – Ino sairá amanhã para se arrumar. Se eu for vamos comprar algo amanhã mesmo. Ela disse que não tem porque ter pressa, eu ficaria bem até num saco de batatas – revirou os olhos descrente.

Observou Sasuke ponderar por alguns segundos compenetrado. Parecia pensar em algo importante.

- Você devia ir e experenciar. Divertir-se com sua irmã – expressou ele sério – Leve Deidara para se sentir mais à vontade.

- Mas...

- Vou vir amanhã cedo e a ensinarei alguns passos – ergueu-se ele a interrompendo – Espero que goste do livro, mas não vire a noite lendo e lembre-se de comer – continuo ele acariciando levemente sua bochecha com os dedos e então a deixando novamente sozinha.

Sakura balançou a cabeça concordando. E novamente estava atônita com o quão natural era para ele a tocar e, diferente das outras vezes que seu corpo não conseguia reagir a tempo, um arrepio cruzou seu corpo com a simples carícia.

Estranhando, mirou seus braços e percebeu seus pelinhos levantados. Nunca havia sentido um arrepio daquela forma. Um arrepio que não era de medo ou um aviso de perigo, era mais suave, mas que a aquecia de igual maneira.

****

- Por que você não comprar seus livros? – Ino perguntou deitada na cama mexendo no celular distraída.

- Eu não saberia o que comprar – Sakura a respondeu sentada onde estava perto da grande janela.

Estavam em seu quarto. Ino acordará cedo, disse que queria espiar como seria essa aula de dança com o Uchiha, o que fez a rosada revirar os olhos. A loira parecia ter medo do Uchiha, não querendo ficar nem mesmo numa sala com ele, mas se arriscaria bisbilhotar às escondidas num canto.

- Por que não? São livros! Procure sobre a história na internet e pronto!

- Eu gosto dos livros que ele traz – deu de ombros tentando se concentrar nas palavras que lia – Esse aqui é legal. Os Hobits...

- É, eu sei. Não gostei muito do filme.

- Tem um filme? – perguntou Sakura tirando os olhos do livro.

- Sim. Tem uma cena...

- Eu não quero saber! – Sakura exclamou de olhos arregalados – Estou lendo, vou saber quando chegar na parte.

- Tá bom – Ino bufou sem dar importância.

Sakura voltou a sua leitura. Não a incomodava ter Ino no quarto, ela surpreendentemente conseguia ficar quieta por um tempo. Estavam mais próximas depois que ela pediu desculpas pelas coisas que havia falado e forma que a tratou.

Ino, assim como Mebuki, estava se empenhando para lhe mostrar coisas que desconhece como filmes, músicas, moda, maquiagem e tantas outras coisas que Sakura não tinha certeza que podia absorver.

- Você sabe... – Ino chamou sua atenção sentando-se na cama e deixando o celular de lado – O porquê dele estar te dando esses presentes, certo?

- O que? – indagou a encarando, fechando o livro sobre o seu colo.

- Ele te quer, boba – Ino riu divertida – Acho que isso – apontou para o livro – É tipo te cortejar.

- Cortejar?

- É! Tipo... Não sei! – Ino se embaralhou – O importante é você saber que ele está te dando presentes porque quer você. Tipo, casar com você e essas coisas que devemos fazer pela organização.

- Casamento?

- Você não sabe o que é um casamento?! – a loira exclamou indignada.

- Claro que eu sei! – Sakura se defendeu – Eu não sabia ler, não era uma idiota. E eu não vou casar com Uchiha nenhum.

- Então você devia dizer para ele – Ino sorriu abertamente se divertindo – Graças a Deus você chegou. Se não eu teria que casar com ele – tremeu visivelmente.

Sakura iria responder quando com uma batida na porta, Tsunade apareceu.

- O Uchiha chegou, querida – informou – Deixei ele na sala da TV.

Assentindo Sakura se levantou, ainda agarrada com o livro, e saiu do quarto deixando Ino mexendo no celular distraída.

Não podia acreditar que ele estava lhe dando presentes por querer algo em troca. Via nos olhos dele algo quando estavam juntos no mesmo ambiente, mas os orbes escuros eram misteriosos demais para se ler. Sentia-se magoada. Devia saber que homens sempre iriam querer algo em troca.

Ao entrar na sala dita por Tsunade, o viu afastando os móveis para que tivessem espaço para dançar supunha. Fechando a porta, os deixando a sós, caminhou diretamente para ele, que ao perceber sua presença parou o que estava fazendo.

Parando próxima a ele, inclinou a cabeça um pouco para poder o encarar nos olhos. O Uchiha era um homem forte, alto e bem construído, porém não se deixando intimidar, estendeu o livro para ele.

- Estou devolvendo todos os livros que me deu – disse firme.

- O que está acontecendo? – inquiriu estreitando os olhos.

- Você sabe o que está acontecendo – retrucou não se deixando levar pelo olhar intenso dele.

- Não, gatinha – murmurou ele aproximando-se um pouco mais dela – Porque não me diz?

- Não me chame assim – rosnou para ele, que apenas abriu um sorriso de canto – Ino disse o porquê está me dando livros. Não vou casar com você.

Sakura o viu fechar os olhos por um momento e respirar fundo. Quando os orbes negros abriram-se novamente, pareceu por um momento fugaz machucado, mas logo foi coberto por algo mais denso, obscuro.

- Gosto de lhe dar os livros, gatinha. Gosto de compartilhar isso com você e sou sincero.

- Então...

- Estou interessado em você, sim – Sasuke a cortou e diminuiu ainda mais o espaço entre eles – Mas não estamos aqui para isso. Você quer aprender a dançar.

- Mas... – Sakura tentou novamente.

- Sakura. Você não está pronta para ouvir o que tenho a dizer e sinceramente não estou pronto para falar, então vamos deixar como está por enquanto, certo? – sorriu tentando soar mais suave e menos autoritário como era de seu feitio – Ou você está pronta para conversar sobre?

Sakura engoliu em seco sem saber como agir, mas negou com a cabeça. Não estava pronta para falar sobre relações com homens, mesmo que este à sua frente a arrepiasse de forma intrigante.

- E eu vou continuar a lhe dar os livros. Admiro sua fome por leitura – Sasuke declarou afastando-se um pouco e retirando o livro de suas mãos – Me satisfaz dar-lhe eles.

- Por que? – murmurou curiosa.

- Novamente. Vamos deixar como está. Chegará o momento das respostas – depois de deixar o livro sobre alguma superfície, virou-se para e estendeu a mão – Me permiti essa dança?

Sakura fitou a grande mão dele estendida.

- Precisamos nos tocar?

- Nunca machucarei você fisicamente, Sakura – Sasuke quebrou o espaço entre eles completamente – Você pode confiar em mim.

- Eu posso?

- Absolutamente – seus dedos longos alcançaram a pequena mão dela.

Sakura fechou os olhos ao sentir os dedos deles acariciar os seus e então entrelaçar-se lentamente. O calor dele a circulou juntamente com seu perfume, o que fez a rosada inspirar profundamente gostando do cheiro amadeirado que vinha de sua camisa azul escura. Porém, quando um arrepio cruzou seu corpo com força, recuou alguns passos para trás.

- Não – negou balançando a cabeça.

- Tudo bem – ele assentiu recuando mais – Como fica mais confortável para você?

Sakura continuava a negar com cabeça, sentindo um aperto na garganta aumentar. Ela queria. Queria tocar. Queria dançar. Fechando os olhos com força, tomou uma respiração profunda e virou-se novamente para Sasuke e tomando coragem, mesmo que seu corpo gritasse para afastar-se, lentamente voltou a ficar perto dele.

- Apenas... – tentou soar firme – Apenas não...

- Vou falar todos meus movimentos, certo? – ele adivinhou o que ela queria – Sem surpresas.

- Sem surpresas – Sakura repetiu hesitante, estendeu a mão.

O Uchiha lentamente entrelaçou seus dedos sob seus olhos atentos. O arrepio de ter outra pessoa a tocando veio novamente com força, mas não havia dor física e por isso permaneceu firme.

- Vou colocar a música – sussurrou Sasuke tirando um pequeno controle do bolso de sua calça social.

- Que música? – perguntou curiosa, tentando tirar seus pensamentos da grande mão quente dele sobre a sua.

- I've Got You Under My Skin, do Frank Sinatra – disse apertando o play do som. O som suave de uma guitarra começou preencher o ambiente – Mas gosto mais dessa versão mais moderna do Ben l'Oncle Soul.

Sakura respirou fundo ao ver-se presa sob o olhar dele novamente. Frente à frente, se encaravam apenas parados, sentindo a respiração um do outro.

- Em qualquer dança, primeiro precisa sentir o ritmo – murmurou ele – Vou pegar sua outra mão, está bem? E preciso que se aproxime mais, apenas um pouco. Isso.

Sakura suspirou ao sentir sua outra mãos ser engolfada pela dele. Era de fato muito sensível à toques estranhos. Mas estava disposta a converter isso. Não queria mais ver o anseio nos olhos de Mebuki ao querer tocá-la naturalmente e não poder, pois havia o medo dela correr.

 Não queria mais temer.

Sasuke começou a balançar lentamente para os lados, sentindo a música e esperando relaxa-la o suficiente. Sakura era quente ao toque, suas pequenas mãos pareciam delicadas entres as suas, mas sabia que aquelas mãos foram fortes o suficiente para trazê-la até aquele momento. Até ele.

Quando a viu fechar os olhos aproveitando da música, sorriu de canto feliz. Sakura mal batia em seu ombro, então era fácil apenas pairar e a observar ir relaxando aos poucos. Tinha o cuidado de ir devagar e não mover seu corpo para mais perto, mesmo que quase doesse permanecer longe.

- Pronta? – ao aceno dela, continuou – Vamos dar um passo para um lado e um passo para o outro lado. Assim – a guiou.

Sakura travou num primeiro momento, mas assim como estavam antes, Sasuke permaneceu dando passadas para os lados até que ela acostumou-se novamente. E então a cada novo passo ele a guiava e dava um tempo para habituar-se. Apenas suas mãos se tocavam, mas estavam perto o suficiente para respirarem o perfume um do outro.

- Eu gosto dessa música – Sakura disse depois de longos minutos.

- Sim. Ela combina com esse momento – Sasuke afirmou aproveitando que novamente ela estava de olhos fechados e inclinou-se para cheirar os cabelos rosas.

E Sakura cheirava a lavanda, simplesmente lavanda suave. A respirou fundo guardando na memória aquele momento. Seu coração ansioso desde que a tocou, se acalmou ao respirar o cheiro reconfortante da rosada.

- Pronta para mais um passo?

- Sim – Sakura o encarou sorrindo.

- Agora vamos tentar um mais divertido.

- Divertido?

- Sim – sorriu ele para ela, divertindo-se com o olhar de expectativa dela – Vou te girar está bem? E depois vamos experimentar tudo junto.

Experimentar todos os passos juntos, estando de fato dançando fez Sakura rir alegre. Logo Sasuke a girava pela cômodo, absorvendo o máximo o som da risada dela, e então seu sorriso a acompanhava, sendo tão largo quanto.

Quando enfim os pés fincaram-se em um lugar, Sakura tinha as bochechas rosadas tanto pelo exercício quanto pelas risadas que lhe escaparam da garganta. Fios rosa lhe invadiam a face pelas vezes que girou sem fim.

- Eu sei dançar... – suspirou encantada o encarando grata.

- Você sabe – concordou Sasuke a soltando e afastando-se alguns passos.

- O que foi? – indagou o vendo de repente tenso.

- Eu tenho que ir... – disse Sasuke andando até ao blazer no sofá da sala.

- Ah, eu fui ruim? – Sakura mordeu o lábio nervosa ao vê-lo afastar-se tão rapidamente de si, como se tivesse feito algo errado.

Não entendia. Havia dado risadas. Ela não lembrava-se de dar alguma risada na vida.

O assustou?

- Não, você foi perfeita – negou ele colocando suas luvas de couro escuro – Você é perfeita.

Sakura o encarou ainda confusa, mas então viu nos olhos dele a resposta pelo súbito impulso dele para se afastar.

Sasuke Uchiha a queria.

Intensamente.

E pela primeira vez, o desejo nos olhos de alguém não a assustou. A instigou, e foi a reação de seu corpo que a assustou de verdade.

- Tenho que ir – Sasuke terminou com suas luvas e colocou o blazer – Espero que se divirta hoje à noite.

Sakura assentiu o vendo caminhar em direção à porta, mas antes que o corpo grande dele desaparecesse de sua vista o chamou fazendo-o parar.

- Obrigada.

- Não – ele a olhou por cima do ombro – Obrigado você.

Sakura então o viu partir e consigo ficou um sentimento intenso, mas que embaralhava sua mente.

****

De olhos fechados, Sakura apreciava o pincel dando batidinhas em seu rosto, assim como os murmúrios de Mebuki, que concentrada a maquiava. Já havia sido maquiada por Deidara, quando o mesmo tinha alguns ataques contra sua aparência, porém nunca aproveitou ou mesmo gostou como naquele momento.

- Agora vamos colocar um pouco de... – Mebuki começou a dizer.

- Preparem-se para a entrada do homem mais gostoso que vocês conhecem, senhoras! – a voz de Deidara gritou.

Abrindo os olhos, a rosada virou-se para o closet e de lá Deidara surgiu vestido num terno rosa escuro, uma camisa branca e uma gravata borboleta rosa clara, deixando todas em choque por alguns segundos até que Ino gritou feliz.

- Eu amei! –gritou afastando-se de sua tia Emi, que era quem a maquiava – Mas você disse que ia de vestido! Eu comprei saltos para você!

- E você acha que vou usar o que com essa coisa linda, amor? – Deidara parecia horrorizado com a sugestão de usar qualquer outra coisa.

Sakura sorria da interação dos dois. Deidara e Ino tinham amor por moda e beleza e entendiam sobre tudo e um pouco mais do assunto. Teve ciúmes no começo, mas gostava de vê-los conectados, afinal, era uma proteção a mais para o loiro.

Sakura sentia os olhares de reprovação dos soldados ou dos homens que vinham visitar Kizashi. Sabia que chegaria o dia de que ele teria que se mudar, mas não estava muito preocupada. Deidara estava fazendo o que disse, estava aproveitando todas as oportunidades que lhe eram oferecidas, inclusive os cursos de estéticas que Mebuki pagava para ele.

Um dia seu irmão seria teria um salão de beleza e seria famoso, tinha certeza.

- O que achou, garota? – Deidara a olhava com expectativa.

Ele sempre a perguntava sobre as roupas que usava, pois não queria envergonhá-la perante os Harunos. Mas ele não entendia que apesar de estar gostando de tudo o que vivia, bastava um pedido dele e Sakura iria embora rapidamente. Então não, não havia forma dele envergonhá-la.

- Escandaloso – falou seriamente – Mas completamente você.

- Você me ama, garota – piscou ele divertido e caminhou até a maleta de maquiagem disposta para todas.

Voltando-se para Mebuki a encontrou sorrindo, sorriso esse que faziam seus olhos verdes brilharem infinitamente. Havia sido ideia dela junto de Emi ajuda-las a se prepararem para o baile de Ino, e Sakura sentia-se feliz por ter concordado em ir, pois bastava uma olhada nos rostos de Ino, Deidara e Mebuki para saber o quanto estavam satisfeitos.

- E a sua roupa? – Mebuki perguntou – Ino não deixou eu ver, só me disse a cor. Vai ser um vestido?

- Sim – concordou deixando-a trabalhar em seu rosto novamente – Ele é bonito.

- Você se sentiu confortável usando ele? Sei que não gosta de vestidos.

- Ele não é muito aberto como o de Ino – deu de ombros.

Depois que o Uchiha havia ido embora, Ino passou pela porta como um furacão desgovernado se atropelando nas palavras e a arrastando para fora. Não soube responder as perguntas dela muito bem, pois não sabia o que sentiu enquanto era guiada pelas mãos seguras e fortes do moreno.

Com Dan e mais alguns soldados as seguindo, Ino a levou para o centro comercial na parte mais rica da cidade. As vendedoras as receberam como velhas conhecidas e completamente hipnotizadas pelo dinheiro que a loira Haruno podia gastar. E Ino não tinha controle, apenas comprava o que queria. Sakura, no entanto, colocou-se mais para observar ao redor.

Sakura não sabia quando, mas achava que nunca ficaria confortável em gastar dinheiro indiscriminadamente como Ino o fazia. Seu instinto era guardar e reservar para emergências, mesmo que não houvesse mais emergências.

- Prontinho – Mebuki afastou-se – O que acha?

Sakura se virou para o espelho e ficou impressionada com o que viu. Em seus olhos uma sombra dourada faziam seus olhos verdes brilharem, assim como a sombra marrom esfumada lhe dava um olhar marcante, quase sedutor. Quase, porque eram seus lábios que pintados de vermelho, estavam mais volumosos e sedutores.

Sakura estava impressionada.

- Estou bonita...

- Não, querida – Emi disse encontrando seus olhos no espelho – Você agora pode colocar qualquer homem de joelhos – riu maliciosa.

- Emi! – Mebuki riu a repreendendo.

- O que? É a mais pura verdade – Emi retrucou ainda sorrindo – Agora vá pôr o seu vestido, sim? Não queremos que vocês se atrasem.

Emi era uma mulher de grande opinião e tão mandona quanto Kizashi. Sakura gostou dela, porque ela não media suas palavras e não precisava se esforçar para entender o que ela queria dizer. Porém, Sakura percebeu Emi era uma mulher mimada, irritando-se quando algo não dava certo facilmente, e era preocupante o jeito admirado que Ino a olhava.

Mebuki havia lhe contado enquanto a cunhada não juntava-se a elas, que Emi foi obrigada a casar-se. O marido dela, Kakuzu, era um homem que ligava-se apenas a dinheiro e tinha este como seu único amor, o que Emi não reclamava exatamente, afinal esbanjava com luxos.

Sakura seguiu para o closet sozinha, já que tanto Ino quanto Deidara estavam prontos. Ignorando a bagunça deixada por seu irmão loiro, caminhou diretamente para o vestido vermelho protegido por uma capa preta com o slogan da loja onde compraram.

Ao deslizar o zíper, retirou a capa e observou o vestido por um momento ansiosa pela noite que viria. Estava animada, sua primeira festa de verdade. A confraternização dos Harunos não contava, pois não era uma festa para si, mas sim sua apresentação a família e amigos. Dessa vez porém, era uma festa onde poderia beber e dançar, assim como nos filmes que viu.

O vestido deslizou facilmente por seu corpo, e olhando-se no espelho de corpo inteiro, Sakura sorriu corando feliz. O tecido vermelho era suave ao toque e descia até seus pés acompanhando as curvas recém adquiridas. O vestido tinha mangas longas e não havia decote na parte da frente, o que a deixava mais confortável. Contudo, o detalhe mais chamativo estava nas costas, onde o vestido era aberto, deixando suas costas nuas.

Com seus cabelos soltos e com a tinta rosa retocada por Deidara mais cedo, nunca se viu tão bonita em sua vida. E pela primeira vez podia ver-se como uma mulher. Alguém bonito.

Sentando-se na poltrona ali disposta, colocou uma meia também vermelha para combinar e calçou o tênis preto. Ino tentou convencê-la a usar um salto, mas Sakura não sabia e não queria aprender a andar naquela coisa. Não havia o porquê sentir dor nos pés.

- Filha...! – exclamou Mebuki assim que saiu para o quarto – Você está...

- Está perfeita, garota – Deidara aproximou-se a fazendo girar – Hum... Estou com ciúmes – fez beicinho.

- Você pode usar ele depois de mim – Sakura acariciou o vestido com as mãos – Mas não acho que vai caber, você é mais alto.

- Não estou com ciúmes do vestido, Sakura – ele a encarou sério por um momento – Estou com ciúmes de você.

- De mim?!

- Você está se tornando maravilhosa aos poucos e logo muitos irão notar – ele sorriu amoroso – Você não vai me esquecer, vai?

- O que?! Porque está falando isso, idiota? – Sakura disse ficando na defensiva – Não fale besteiras!

Em vez de responder, o loiro a puxou para seus braços e a apertou. Sakura relaxou dentro do abraço, sentindo o perfume adocicado e gostoso dele. Eram de fato muito ligados, mas Deidara nunca demonstrou ter ciúmes dela, sempre parecendo confiante em todas as situações.

- Ok! – Ino exclamou – Chega de sentimentalismo, por favor.

Sakura apertou Deidara em seus braços mais uma vez antes de soltá-lo, e ao vê-lo revirando os olhos divertido pelo que a loira falou.

- Vamos buscar sua maldita coroa, princesa Haruno – Deidara disse virando-se para a loira – Podemos rasgar o vestido das outras concorrentes...

- Deidara, não – Sakura negou, sabendo o quão competitivo era o mesmo.

- O que? Você devia ensinar algumas coisinhas para essa garota. Você é a irmã mais velha, você deve corromper ela

- Não vou corromper ninguém e nada de rasgar vestidos – repreendeu séria – Vão te mandar para a cadeia.

- Amor, com um boque...

- Ok! – exclamou Mebuki dessa vez interrompendo o loiro – Vamos indo, sim?

Deidara deu de ombros saindo do quarto junto de Ino, mas Sakura ainda pôde a ouvir perguntando sobre rasgar vestidos, e mesmo que não concordasse sorriu um pouco divertindo-se.

****

Quando os carros pararam na entrada do grande e luxuoso prédio escolar, sendo um deles apenas de soldados para a segurança, Sakura olhou pela janela admirada. Ino não estudava em um colégio como os que tinha passado em frente ou mesmo os dos filmes. O prédio de fato parecia um castelo, até pequenas torres existiam, assim como vitrais.

Nunca havia visto algo tão suntuoso.

- Porra, garota – Deidara a deu voz aos seus pensamentos ao falar com Ino – Isso é uma escola?

- Sim. Um duque a construiu para férias, por isso é meio longe de tudo – deu de ombros Ino indiferente – Apenas os mais ricos estudam aqui. Tipo filhos de famosos e tal.

- Sério?! Posso encontrar com o Brad Pitti, pelo corredor?

- Não – riu a loira – Mas um sobrinho dele estuda aqui, ele que paga as mensalidades.

- Como você sabe disso? – Sakura perguntou descendo do carro junto deles.

- Sakura, aprenda uma coisa e rápido antes de entrar lá – Ino a encarou sério – Ricos fofocam o tempo inteiro. Tudo é sobre aparência, por isso Temari está sofrendo tanto.

- Aquela menina é uma vaca – Deidara murmurou desamassando seu terno rosa.

- Ei! – Ino repreendeu – Ela está passando por um momento difícil. Ainda bem que é o final de ano, por que a mãe dela não teria como manter a mensalidade por mais tempo. A escola a deixou terminar o ano sem problemas, mas como eu disse ricos fofocam e bem...

Sakura desligou-se da conversa ainda admirada com o lugar. Muitas pessoas, principalmente jovens, desciam de carros luxuosos e caminhavam em direção a entrada, que era decorada com luzes brilhantes e flores, além de alguns fotógrafos que pediam para posarem por alguns segundos.

- Você está bem? – perguntou Dan a retirando de seus pensamentos.

- Você já viu algo assim? – Sakura o olhou sentindo-se de repente bombardeada com tanto para absorver.

- Eles exageram sempre – Dan sorriu divertido.

- É, acho que sim – murmurou mordendo o lábio nervosa.

Deidara e Ino iam conversando mais à frente, nem percebendo que havia ficado para trás.

- Você está bem? – perguntou novamente o soldado.

Sakura assentiu sem saber se dizia a verdade. Ainda observando ao redor, reparou em alguns homens vestidos totalmente de preto espreitando ao redor, disfarçadamente, quase imperceptíveis, mas não aos seus olhos treinados para detectar ameaças.

- Não se preocupe, são soldados. Estão aqui para protege-las – Dan expressou sentindo a preocupação dela – Dom Kizashi não colocaria suas duas filhas num lugar sem segurança reforçada.

- Você vai ficar aqui?

- Sim, senhorita – afirmou o soldado.

Sakura ficou em pé ao lado de Dan por mais algum tempo, até que Deidara pareceu procurá-la de repente ansioso, que respirou fundo e caminhou até junta-se a ele, pois Ino já havia entrado conversando com algumas meninas.

- Está tudo bem?

- Sim. Estava falando com Dan – respondeu cruzando um dos seus braços com o dele.

- Hum... Ele é gostoso... – balançou ele as sobrancelhas enquanto iniciavam a andar para a entrada.

- Ele é bem mais velho – Sakura bufou – E Tsunade gosta dele.

- Os mais velhos são maravilhosos entre quatro paredes, garota. E como você sabe que Tsunade gosta dele?

- Por que ela cora toda vez que o vê e ele sorri feliz quando vê ela – disse sem grande interesse.

- Amo como você é observadora, amor – Deidara riu ignorando os olhares que recebia dos estranhos por causa de sua roupa – Agora vamos dançar e beber um pouco.

- Trouxe bebidas? – franziu o cenho – Mebuki disse...

- Ah, não seja chata. Só um pouquinho para se soltar mais. E aliás, você não sente falta de uma vodca? Deus, eu sinto!

Sakura sorriu para o jeito exagerado do loiro ao mesmo tempo que fotógrafos aproximavam-se com flashes, tirando fotos muito rapidamente, não dando tempo para terem de fato alguma reação. Deidara a abraçou protetoramente e apressou os passos, fugindo dos cliques irritantes.

E assim que entraram, Sakura arregalou os olhos impressionada. O salão onde acontecia a festa era imenso e meio escurecido, sem tantas luzes brilhantes, mas havia bastantes flores e velas em castiçais, que espalhados dava uma aparência quase medieval à festa. Contudo, a música pulsante e bem dançante não parecia combinar com o lugar. Sakura reconheceu como sendo as músicas que Ino escutava frequentemente.

O ambiente era tão grande que não parecia haver tantas pessoas assim, e isso fez a rosada sentir-se mais confortável de alguma maneira, assim como estar bem vestida. Todas as mulheres usavam vestidos, sejam eles longos ou curtos, mas todos pareciam caros mesmo de longe. Os homens vestiam ternos como Deidara, mas eram mais discretos com cores em preto e azul escuro.

- São menores de idade, senhor. Menores de idade – ouviu o loiro ao seu lado murmurar como uma oração.

- O que está dizendo? – indagou confusa.

- Esses pirralhos parecem homens, garota. Apenas me lembrando e tentando ficar fora das grades.

- Sim. Não se parecem com os das ruas. São enormes... – sussurrou novamente impressionada.

- Acho que são os esportes – Deidara assentiu – Bem, o que você acha? Consegue ficar por aqui? Podemos ir embora se quiser. Ir para o parque e beber por lá.

- Estou bem. Vamos achar um lugar para ficar.

Deidara a guiou diretamente para uma mesa não ocupada e mais afastada, mas antes que pudessem se sentar, Ino apareceu novamente acompanhada de Temari. Trajada com um vestido dourado e maquiagem forte, Temari desfilava atraindo olhares de todos, e em seus lábios o sorriso arrogante reinava.

Sakura observou como Ino desaparecia ao lado da amiga, mas não por ser menos em qualquer sentido, mas seu corpo parecia encolher-se como se pudesse se fazer desaparecer. E Sakura não gostou do que via, lembrava-a de como sentia-se quando diante das freiras no orfanato.

Inferior e suja. Uma pecadora que não merecia viver ou respirar o ar sagrado das mulheres de hábito.

- Você está linda, Sakura! – exclamou Temari parecendo animada – Ino me disse que você era o par dela, mas não acreditei que viria de verdade.

Os olhos verdes escuros da loira, não a enganavam e Sakura afastou-se quando Temari tentou tocá-la. Temari manteve o sorriso, mas o tique em seus lábios dizia o quanto irritada estava.

- Esse vestido... – continuou Temari, mas a rosada a interrompeu rapidamente.

- Não gosto de você. Vá embora – disse friamente, não suportando a falsidade.

- Sakura! – ofegou Ino de olhos arregalados.

- Você ouviu cadela – Deidara também dispensou a loira.

Temari corou forte e por um momento Sakura pensou que fosse gritar, mas a loira sorriu maliciosa se recuperando de forma rápida.

- O que esperar de uma imunda mendiga, não é mesmo? – provocou – E pelo amor de Deus, tire esse vestido, apenas está o manchando com sua sujeira das ruas. E você... – desviou o olhar para Deidara – Eu sou a cadela? Você é um puto da sarjeta, querido. Volte para o frio e vá recolher o suficiente para comer...

- Ora sua... – Deidara avançou na direção dela.

Contudo, Sakura o parou com uma mão em seu peito e Ino agiu rapidamente puxando Temari para longe deles, mas ela ainda sorria divertindo-se com o efeito que causou. Sakura a observou afastar-se com raiva borbulhando em suas veias, arrepiando sua pele corada.

Temari era falsa e perigoso, conseguia ver nos fundos dos olhos verdes escuros da menina mimada. E apesar de não gostar de violência, não gostava que ofendessem seu irmão. Não ligava para o que diziam dela, mas mexer com Deidara ou Haku era um erro que ninguém das ruas ousou fazer em todos os anos em que viveu lá.

Sakura era uma feroz protetora. E Temari saberia disso em breve.

- Você está bem? – virou-se para Deidara que estava corado.

Algumas pessoas haviam escutado as palavras de Temari e os encaravam curiosos, com até mesmo alguns sorrisos maliciosos.

- Acho que devemos ir embora... – murmurou ele de cabeça baixa envergonhado.

Vê-lo envergonhado apenas a fez ver vermelho de ódio. Seus ouvidos então estavam zunindo pela raiva.

Procurando Ino com o olhar a viu saindo por uma porta e caminhando em direção a eles com lágrimas nos olhos.

- Pegue Ino vá para o carro – murmurou para ele.

- Sakura... – tentou falar, mas ela o calou com um olhar.

- Agora – falou severamente.

Deidara avançou na direção de Ino e a pegou pelo braço suavemente sussurrando-lhe no ouvido. Sakura a viu franzir o cenho não entendendo o que estava acontecendo, mas ignorando o olhar que lhe dava, Sakura seguiu para a porta de onde Ino havia saído.

- Sakura...! – Ino tentou chama-la, mas Deidara a puxou para a direção contrária – O que ela vai fazer...? – a ouviu indagar.

Abrindo a porta, o lugar se revelou um banheiro elegante e limpo. Temari, que retocava o batom no espelho, virou-se para a enfrentar com um novo sorriso em seus lábios escuros.

- O quê? Veio me roubar? – debochou colocando a mão na cintura.

Sakura não a respondeu, mas viu a loira engolir em seco ao ouvir a tranca da porta fechar-se.

- O que vai fazer mendiga? – perguntou dessa vez mais rigidamente.

Sakura novamente não a respondeu, deixando o silêncio a perturbar ainda mais. Aproximando-se a passos lentos, puxou uma das toalhas dispostas para que secassem as mãos e a enrolou na sua mão direita firmemente.

- Você envergonhou meu irmão – finalmente quebrou o silêncio parando a centímetros da loira – Dedeira é a pessoa mais amável do mundo.

- Ele é um...

Antes que pudesse terminara a frase, a rosada socou-a na barriga com mão direita. Temari curvou-se imediatamente ofegando. Sakura não a deixou se recuperar e desferiu outro golpe, dessa vez nas costas dela, o que levou a loira ao chão.

Temari gemia e ofegava de dor. Com os olhos brilhantes de embotados de lágrimas, murmurava pedindo que a deixasse em paz.

- Eu vou te deixar em paz, sim. Não gosto do que estou fazendo, mas você me forçou – expressou respirando fundo tentando diminuir a raiva – Mas primeiro me diga quem eu sou.

- Uma mendiga suja! Sua cadela! – gritou Temari arrastando-se no chão tentou colocar espaço entre elas.

- Hum.. Errou – Sakura socou-a novamente na barriga, fazendo a loira se contorcer – De novo. Quem eu sou?

Temari se encolheu em posição fetal e começou a se balançar como um grande bebê choroso.

- Quem eu sou?!

- Sakura... – por entre os braços, Temari encontrou seu olhar e engasgou medrosa com as palavras – Sakura... Sakura Haruno.

Sakura assentiu se dando por satisfeita e desenrolou a toalha de suas mãos. Suspirando, retirou os fios rosa de seu rosto pelo esforço e tudo o que pode constatar era que estava fora de forma, o suor em sua testa comprovava o quão ficou.

- Fique longe de Ino, você não faz bem a ela – disse caminhando até a porta e a destrancar, mas antes de sair, continuou – E lembre-se de quem eu sou todas às vezes que pensar em ser uma cadela novamente.

****

A viajem para a mansão Haruno foi silenciosa. Ino não falou uma só palavra, nem mesmo a olhou diretamente. Deidara, sabendo o que havia feito, segurou sua mão durante todo o trajeto. Ele sabia que não gostava de violência, que odiava esse seu lado que fez fazer coisa más durante toda sua vida, mesmo que fosse para sobreviver.

Sakura sentia o peito apertado, mas não arrependia-se. Temari mexeu com o que não suportava que tocassem. Seu único arrependimento, foi estragar a noite para Ino. A noite que ela tanto estava empolgada e era isso que fazia seu peito apertar.

Assim que chegaram frente à entrada da mansão, Ino desceu do carro batendo a porta.

- Sou uma péssima irmã – sussurrou para o carro escuro.

- Não querida, você é a melhor – Deidara a beijou na testa e também desceu do carro deixando-a sozinha.

Esperou por mais alguns minutos para entrara na casa e Dan pacientemente esperou na direção do carro. Respirando fundo, apertou o casaco a sua volta e deslizou para a porta, mas antes que pudesse abri-la, Dan se adiantou.

- Obrigada – murmurou numa tentativa de sorrir.

- Boa noite, senhorita.

Sakura assentiu em agradecimento e caminhou até a porta aberta. Fechou a porta atrás de si, impedindo o vento gelado do inverno entrasse muito profundo na mansão. Retirando o casaco caminhou para o armário ali disposto para guarda-lo.

Quando se virou novamente deparou-se com olhos escuros. O Uchiha tinha as mãos nos bolsos de suas calça social e recostado no arco de entrada para a sala, a observava impenetrável. Seus olhos negros dançavam sobre sua figura, absorvendo tudo o que podia.

Desnudando-a sob seu olhar.

- Kizashi subiu atrás de uma Ino chorosa – quebrou ele o silêncio que se estabeleceu entre eles.

Sakura não o respondeu e se virou em direção a escada, pronta para subir e tirar o vestido de uma noite acabada.

- Quer beber comigo? – a pergunta a pegou de surpresa e virou-se para o olhar – Que tal um pouco de vodca?

Desviando o olhar para o andar de cima por um momento, pegou-se concordando com a cabeça. Não queria enfrentar ninguém naquele momento. Não queria responder perguntas. Não queria ver o olhar decepcionado de Kizashi ou Mebuki ao saberem o que fez.

Seguindo os passos de Sasuke, entraram na sala e a rosada pôde ver papeis espalhados pela mesa de café, o que revelou que os homens estavam em reunião. Sentou no sofá e puxou o vestido para que pudesse retirar os tênis de seus pés.

O Uchiha não demorou a voltar com copos cheios com vodca e gelo. Aceitando o seu, Sakura se fez confortável e recostou-se mais no sofá confortável.

- Vai me dizer o que aconteceu? – pediu Sasuke ainda de pé.

- Estraguei tudo – falou tomando um gole de seu copo e sentindo imediatamente seu corpo esquentar.

- Como?

Sakura virou a dose de vodca em sua boca escolhendo não o responder. Sasuke não a forçou a falar, logo então ficaram em silêncio por alguns minutos. Contudo, o som suave de música a fez voltar os olhos para ele novamente.

E o Uchiha tinha a mão estendida convidando-a. Sakura hesitou apenas por um momento antes de entrelaçar seus dedos, fazendo seu sangue zumbir em seus ouvidos, seja por causa da bebida ou o toque, não sabia.

- Devo dizer que você está fantástica nesse vestido – a voz dele soou rouca enquanto a puxava para mais perto – E seu cheiro... – sentiu ele afundar o nariz em seus cabelos rosa – Não há palavras para ele.

- Sasuke... – ofegou sem saber o que dizer às suas palavras.

- Tudo bem – sussurrou ele em seu ouvido – Vamos apenas dançar.

- Não mereço dançar – Sakura resmungou abatida.

- Toda mulher merece dançar – Sasuke envolveu sua outra mão entre a sua – Você quer dançar comigo, Sakura Haruno?

A rosada fechou os olhos quando assentiu. Ela queria dançar, mas não merecia. Aquela era a noite especial de Ino e estragou tudo ao perder-se para a raiva. Mas as mãos quentes do Uchiha empurraram todos seus pensamentos para depois, e tudo o que podia sentir era seu corpo arrepiando-se ao sentindo a respiração dele em seu pescoço.

Sasuke Uchiha a cheirava como um viciado. Seu nariz correndo sobre sua pele alva lentamente.

Por fim seus corpos começaram a balançar-se e diferentemente do dia anterior, Sakura estava entregue ao momento. Não havia espaços entre eles. Entrelaçavam-se e apenas seguindo o som suave do piano. Não havia passos ou giros, somente seus corpo esquentando um ao outro.

- Ela mereceu – falou ele baixinho depois de um tempo.

- Você sabe? – indagou pega de surpresa e afastou-se do peito dele, onde repousava sua cabeça, para olhá-lo.

- Sim – sorriu ele sombrio não dando mais detalhes.

Sakura entreabriu os lábios para cobrar mais respostas, mas no fim apenas voltou a concentra-se em balançar-se com ele no ritmo da música. O dia de confrontar o Uchiha chegaria, mas naquela noite estava cansada.

E enquanto se aconchegava no braços fortes dele, sabia que o Uchiha a queria mais do que imaginava.

O que faria com isso? Ela não tinha ideia.


Notas Finais


E aí?!

Recomendo que escutem a música da segunda parte onde Sasuke ensina Sakura a dançar, ela defini o que ele sente por ela, além de ser uma música maravilhosa!


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